Excerto na obra de José Augusto de Sotto MayormPizarro
Linhagens Medievais Portuguesas (1279-1325) Volume II (...)já foram anteriormente estudados por nós. Aproveitaremos, agora, não só para ampliar aquelas notas mas também para corrigir algumas incorrecções que, naquele momento e por falta de dados, cometemos a propósito de alguns dos seus elementos.
O chão de Santiago da Guarda, antes foi só Guarda, pertenceu aos Bens do Mosteiro do Lorvão afetos a Santa Maria de Abiul
«Martim Afonso Alcoforado,cavaleiro referido a primeira vez em Agosto de 1282, numa inquirição feita na terra de Vouga, nela se apurando que tinha duas cavalarias na freguesia de Espinhal, (Quinta da Bouça) onde seu sogro - Vicente Godins de Coimbra, também tivera uma herdade que era cavalaria ( ANTT, Gavetas, VTfl-2-9; publ. in Milenário de Aveiro, I, doc. XL VU, p.88).
Já então era casado com Maria Vicente de Coimbra, sua primeira mulher (Z236AG10), através de quem terá obtido os bens inquiridos.
Também teve bens na freguesia de Santa Maria de Abiul onde, antes de 1294, fez composição sobre a capelania de Garda, aldeia daquela freguesia ) hoje Guarda( ANTT, Sala 25 - Most" de Lorvão, gav.6, m°3, n°16 ).
Martim Afonso Alcoforado, era representante de um ramo dos Guedões, e talvez tenha apoiado o partido de D. Dinis, a exemplo do que sucedeu com o seu irmão Vasco Afonso (um ramo Ribeiro); de resto, Martim Afonso era casado com uma meia-irmã de Gonçalo Pires Ribeiro, outro partidário de D. Dinis que se manteve na corte de D .Afonso IV.
Afonso Martins (Pires) Alcoforado, cavaleiro, em 1295, aparece associado a uma ermida na Guarda.
De resto, um seu criado, Afonso Martins, em 1325 -V.10, tomou de prazo do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra o que o mosteiro tinha em Abiul, onde o dito seu criado vivia (ANTT, CD - Most" de Sa Cruz de Coimbra, L°47, n°108).
Provavelmente antes de 1305 , casou segunda vez, agora com Maria Pires Ribeiro (ZZ3 6AG 10), mas nunca o encontrámos referido com nenhuma das suas duas mulheres. De resto, há um grande hiato de informações a seu respeito, pois só o voltamos a encontrar no reinado seguinte quando, em 1328, em Coimbra, D. Afonso IV o incluiu no grupo de 40 fidalgos portugueses que garantiram e honraram os acordos então firmados entre os monarcas português e castelhano .Concluímos que os 40 fidalgos representavam 26 famílias diferentes, distribuindo-se da seguinte forma: 17 fidalgos estavam directamente ligados ao partido de D. Afonso enquanto Infante, representando 11 linhagens (Pacheco, Chancinho, Ataíde, Pimentel-Resende, Pereira, Cunha, Azevedo, Zote, Camelo, Casal e Novais); 9 surgem nos meios cortesãos pela primeira vez, assim como as 6 linhagens a que pertenciam (Fonseca, Coutinho, Azambuja, Teixeira, Amaral e Vaiões); 3 pertenciam a 2 linhagens anteriormente ligadas à vassalidade do Infante D. Afonso de Portalegre (Correia e Farinha Góis); 11, finalmente, tinham sido apoiantes de D. Dinis durante a Guerra Civil de 1319- 1324, representando 8 linhagens (Cunha, Vasconcelos, Altero, Bugalho, Alcoforado, Redondo, Barroso e Aboim).Vistas as presenças, não deixarão de se notar algumas ausências, muito embora algumas linhagens viessem mais tarde a estar presentes na corte de D. Afonso IV, como é o caso dos Abreus, Alvins, Avelar-Soveral, Barbudos, Cambras, Cerveiras, Coelhos, Cogominhos ou Ribeiros, para além de muitas outras que, pela primeira vez, passaram a integrar o restricto grupo das linhagens de corte-Um elenco completo dessas linhagens encontra-se em R.C. GOMES, 1995, pp.45-108».
Apelidos que vigoraram e ainda vigoram na região
Dos apelidos de fidalgos ligados a D Afonso Henriques ; Pereira; Pimentel
Meios cortesãos -Fonseca, Coutinho, Teixeira e o Azambuja existiu até à centúria de 600.
Linhagem de D. Afonso IV: Abreu; Coelho. .Barbudo ainda vigorava em 800 e Cerveira vigorou na centúria de 600.
Linhagens de D. Dinis: Vasconcelos e Alcoforado, de quem descende ramo, a alcunha fidelizada no apelido - Feio.
Apelido Alcoforado no concelho de Ansião
Perdido, mantém-se porém ainda das suas Armas; Teixeira, Carvalhos e Pereiras.
Excerto de https://www.heraldrysinstitute.com/lang/pt/cognomi/Feio/Portugal « Descendem os Feios das mais antigas linhagens portuguesas; de Gil Anes de Ataide e sua mulher, D. Elvira Anes Alconforado, nasceu Martim Gil, a quem chamaram de Feio, alcunha de que derivou o apelido (Feio). Martim Gil casou-se com D. Maria Fernandes, filha de Fernão Martins Leitão e de D. Maria Anes, tiveram vários filhos, sendo um deles Martim Gil Feio, de quem parece, descedem os deste apelido (Feio), pois não se conhece a ligação dele com João Feio, fidalgo honrado do tempo de D. Fernando, ascendente certo, mais remoto da família. Alguns autores dizem que os Feios de D. Rodrigo Fernandes, O Feio de Valdorna, outros de um dos Infante de Corrião - Brandão informa que havia um Pedro Feio em 1177 antes deste, que possuía uma fazenda em Tomar, junto da de Gonçalo Zarco. Também certos autores começam a deduzir a linhagem dos Feios, não a partir de João Feio, que alguns chamam Fernão, mas de seu bisavô Fernão Feio, que dizem descendente dos Infantes de Carrião e fundador, com sua mulher, das Igrejas de Santa Maria de Peraboa e de São Silvestre de Covilhã. No século XIX e talvez mesmo anteriormente, muitas pessoas Fêo em lugar de Feio e Corrêa em vez de Correia. A grafia em nada altera a pronúncia, que era Feio e Correia. Certas pessoas da linhagem dos Feios, que adotaram a forma escrita Fêo, pronunciam o e brando e, em Lisboa passaram a proferir o apelido Feu (em analogia a riu e tiu). Julgam muitos que o apelido assim pronunciado é diverso do de Feio e que corresponde ao espanhol Feu, de que existe um ramo no Algarve. A falta de uma real confirmação da origem do apelido Feio é causa de confusão. Igual nobreza possuem os que escrevem Feio e Fêo. Outros Feios, descendentes de Paulo Cabral de Castelo-Branco.»
Ainda hoje vive o apelido Feio, no Maxial, em Ansião.
A ermida desconhece-se onde foi localizada.
Caminho de Peregrinação a Compostela
O topónimo Guarda ou deriva de ter sido local de guardar a passagem como noutros locais de fronteira de carácter defensivo na visa, deter a progressão de uma força inimiga – muçulmana ou cristã – ou de recuperar o que por ela tivesse sido saqueado, e aqui pelo corredor do Caminho Português de Santiago de Compostela, no percurso Santarém-Leiria-Coimbra. Mais tarde, o paço ao ter uma concha de vieira esculpida no lintel da uma janela aventa ali ter funcionado uma albergaria de peregrinos. Acresce a iconografia ao apóstolo, na primitiva matriz da Orada e, concha de vieira esculpida no lintel da porta da torre medieval. Ou, o topónimo Guarda, lhe advenha do pagamento da portagem à Feira franqueada da Mouta Santa.
Feira da Mouta Santa
Excertos da Dissertação de Mestrado de Estudos Medievais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto no período de 1125 a 1521 - Evolução, Organização e Articulação, de Paulo Morgado e Cunha, em 2019 «A 25 de junho de 1439, a primeira referência à Feira da Mouta Santa, na carta de ofício a João de Coimbra. (...) Em 1476, João Rodrigues doa à sua esposa alguns dos direitos desta Feira - a instituidora da capela. (...) A Feira foi reafirmada em 1490, ao seu filho Pero de Sousa Ribeiro. (...) Em 1517 a 7 de agosto a nomeação de escrivão Gonçalo da Mouta para a feira da Guarda. Substitui Diogo Pires no cargo, pois este teria posto outros a exercer as suas funções sem ter para tal autorização.Era o escrivão da portagem da feira franqueada.»
Mário Sáa na sua obra "As Grandes Vias da Lusitânia, II, Lisboa MCMLIX, 196
O Padre José Eduardo Coutinho alude referencia no seu livro de 1986, dizendo que o autor apresenta uma leitura diferente da inscrição romana encastrada na torre medieval - VEIPMVICNI, e com relação nada convincente: a uma "inscrição romana de culto indígena"(...) Em finais de 1976, aquando de uma recolha de informações populares sobre tradições e demais patrimónios culturais oralmente conservados , foi-nos referida a existência de uns "buracos" no lugar do "Poço do Carvalhal" onde pessoas tinham entrado e percorrido uma grande extensão, com lampiões , que se apagaram sem que totalmente percorressem essas galerias ( informações de Ilídio Batista) (...) um pequeno livro dos anos 40 - do qual, infelizmente, se perdeu toda e qualquer referencia ou alusão - vimos uma sumária descrição de ruínas de casas árabes junto a carvalhos, e um a fotografia daquele local, aproveitámos as férias de verão para ali nos deslocarmos, além do Ilídio o Manuel Dias de Ansião). A fotografia correspondia , sem alterações, à realidade ainda lá existente, porém, a grande casa circular é uma eira e, sob os carvalhos nada existia de vestígios árabes, apenas materiais romanos...»
Pedra encastrada na torre
O primeiro interesse em classificar este complexo ruinal
Graças ao PSD, após o 25 de abril, na pessoa do seu primeiro presidente em missão autárquica - Dr Higino Rodrigues Valente, homem muito interessado na redescoberta do passado do concelho, apoiado pelo historiado - o Padre José Reis Coutinho, juntamente com colegas na Faculdade, vieram convidaram o Prof. Dr Jorge Alarcão para vir classificar um troço de calçada romana no Vale de Boi. A que se seguiu encetar esforços para também catalogar como Monumento Nacional, a torre em 1978 por decreto nº 95/78, publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º 210, de 12 de setembro. Pioneiros, a levantar cabeça e a fazer bem feito com o património herdado. Debalde em aparente esquecimento os seus nomes em placa desterrada na receção... A possibilidade de existência de um sítio romano perto da torre de Santiago da Guarda é pela primeira vez referida pelo Padre José Coutinho, no seu livro de 1986 - Ansião - Perspetiva Global da Arqueologia, História E Arte Da Vila E Do Concelho - onde faz alusão à existência, nas paredes do solar, de “pedaços de tegulae e pedras aparelhadas não comuns ao usual da construção”em finais de 1976, em que o Sr. António Amorim encontrou um mosaico policromo e restos de antigas paredes, com tijoleiras ao levantar um pilar. Reafirmada em 1988 « presença de alicerces, tegulae e canalizações na obra Portugal Romano, do Dr Jorge Alarcão de 1988, 101. E a presença de um capitel no pátio, junto da escada que dá acesso à torre (COUTINHO, 1988, 10). Só após o restauro do monumento medieval, que lhe está anexo (em 1996), é que foi de facto confirmada a existência de uma villa romana no local. Além das descobertas supra citadas, acresce a pedra com inscrição romana encastrada na torre a nível visível, para ter sido identificada como romana, a única existente no concelho.
Família Sousa Prado Dr Miguel Portela
«Em 1456 Rui Vasques Ribeiro e a sua esposa D. Violante de Sousa cujo ossário se encontra na igreja de Figueiró dos Vinhos.Belchior Temudo Godinho filho de Manuel Filipe e Ana Ventura de Figueiró dos Vinhos casou com Paula de Lemos.O irmão de Belchior Temudo Godinho ordenou-se sacerdote nas Ordens Menores a 9.5.1664 Francisco Temudo, conforme aquivo da Universidade de Coimbra no proc de ordenação na caixa 529, DIII - S 1º e- e8-t4 - Nº 27, FLS 6.
Avós paternos Manoel Filipe e Anna Ventura e os maternos Silvestre Rodriguez e Maria da Vide, naturais e moradores em Maçans de Donna Maria(...) cujos seus descendentes vieram a ocupar os principais cargos de administração concelhia em vários concelhos, cargos militares, quadros económicos, sociais e religiosos na vila de Figueiró dos Vinhos e concelhos vizinhos.»
A família construiu um paço em Figueiró dos Vinhos e outro em Santiago da Guarda
A Quintã da Guarda , casa e torre
DGPC Isabel Mendonça 1991 / Cecília Matias 2002
«Em 1449, antes de - a Quintã da Guarda (Casa e Torre), propriedade onde estava integrada a residência senhorial, encontrava-se na posse do Infante D. Pedro.
Em 1449 na sequência da batalha de Alfarrobeira, passa para Rui Borges, Senhor de Alva, cavaleiro da casa real e alcaide-mor do Castelo de Santarém
Em 1468 D. Afonso V doa esta propriedade a João Rodrigues Ribeiro de Vasconcelos , 3º senhor de Figueiró e Pedrogão, filho único de Rui Vaz Ribeiro e D. Violante de Sousa, trineto de Mem Rodrigues de Vasconcelos e quinto neto de João Pires de Vasconcelos e a todos os seus sucessores, com todas as suas rendas, direitos e pertenças.
Em 1476 D. Afonso V transforma esta doação em couto de honra.
Em 1486 D. João II confirma estes privilégios.
Em 1489 a morte de João Rodrigues Vasconcelos.
Em 1497 a carta régia confirmando os privilégios da Quintã da Guarda, que coube por herança a Pedro de Sousa Ribeiro, filho segundo, fidalgo da casa real e do conselho do rei, iniciando este uma longa campanha de obras.
Nos finais do Séc. 15 e início de 16 a data provável da 1ª campanha da (re)construção da casa-torre.
Cerca de 1505 a morte de Pedro de Sousa Ribeiro.
Prossecução dos trabalhos sob a responsabilidade de Simão de Sousa Ribeiro, filho primogénito, alcaide-mor de Pombal; os espaços envolventes são transformados em hortas e pomares de função essencialmente recreativa.
Em 1544 data assinalada no portal de acesso ao pátio, sob o brasão esquartelado dos Vasconcelos, Ribeiros e Sousas do Prado, hoje desaparecido. O portal do Paço, hoje desaparecido, foi fotografado e descrito por Gustavo de Matos Sequeira em 1955. Em cantaria apresentava moldura interior chanfrada e debruada por um único filete com recorte ao nível da chave. Sobre a verga, onde se gravava a data de 1544, encontravam-se as armas dos Vasconcelos Ribeiros e Sousas do Prado. , que corresponderá à ultima campanha de obras com a edificação da capela cuja cobertura exterior apresenta somente a abóbada, devendo ter sido coberta por telhados.
Em 1621 João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa recebe o título de 2º conde de Castelo Melhor, razão porque o paço é conhecido a partir de então como residência senhorial dos Castelo Melhor.
No séc. 18 ampliação de um 2º piso sobre a ala norte.
Em 1989 foi alugado a António Melriça.
Em 1989 o proprietário pedia 100 mil contos pelo imóvel.
Em 1994 depois de reunião entre o IPPAR e a CMA, o primeiro manifestou interesse no processo tendente à recuperação, prometendo apoio técnico à elaboração do projecto de recuperação e à realização das obras de consolidação.
No Séc. 20, anos 90 foi adquirido pela Câmara Municipal de Ansião ao proprietário Dr. José Artur Nápoles Vieira da Mota.»
«Complexo constituído por torre, paço e capela
TORRE de planta quadrangular, com os ângulos reforçados por silhares, coroada por merlões, rasgada por frestas e pequenas janelas de arco quebrado. O acesso ao interior faz-se ao nível do primeiro piso, a partir de uma escada em pedra, localizada na fachada virada ao pátio. O PAÇO, de planta aproximadamente quadrangular, com quatro alas em torno de um pátio central, desenvolve-se num só piso. INTERIOR: da entrada principal, a nascente, que se encontrava rigorosamente a eixo da porta da torre, acedia-se a uma câmara com funções distributivas com existência de uma comunicação directa entre as diversas salas, encontrando-se as portas rasgadas no mesmo alinhamento; todos os interiores obedeciam a uma rigorosa simetria conseguida pela repetição de um módulo quadrado, à excepção da sala nobre onde, pelas suas funções se preferiu um rectângulo; esta, situada à esquerda, apresenta, frente a frente, em cada um dos lados maiores do rectângulo, duas janelas conversadeiras e entre elas uma lareira, do lado oposto, também enquadrado por duas janelas, encontra-se um nicho de arco perfeito; o aquecimento do paço era assegurado pela existência de fogões de sala, dos quais subsistem . CAPELA de planta quadrangular, apoiada por dois grossos contrafortes, ergue-se adjacente ao penúltimo compartimento da ala nobre, sendo o único elemento que se destaca do quadrilátero em que toda a residência se estrutura. INTERIOR com cobertura em abóbada de nervuras de perfil abatido; arranque das nervuras suportados por mísulas com decoração geometrizante e vegetalista, gramática decorativa adoptada nas chaves da abóbada à excepção da central que ostenta a pedra de armas dos Câmaras (TRINDADE, 2001).
A Torre, remonta a uma primitiva torre senhorial, erguida por determinação de Afonso I de Portugal, juntamente com outras sentinelas; Alvorge, Torre de Vale Todos, Ateanha, Soucide, e demais desaparecidas, e sentinelas, numa estratégica de cintura de complemento defensivo da fronteira movediça das algaras de mouros vindos de Santarém, na defesa de Coimbra, com os castelos; Germanelo, Ateanha (escarpa natural), Arouce (Lousã), Penela, Pombal, Leiria, Soure e Montemor-o-Velho, e outros desaparecidos, a perdurar na toponímia- Castelo, em Santiago da Guarda, Lagoa do Castelo, em Ansião, Castelo, em Avelar. Apresenta-se de planta quadrangular. Em cantaria de pedra calcária, é coroada por merlões. As fachadas são rasgadas por janelas góticas e seteiras. O acesso é feito por um portal, antecedido por uma escada de pedra. É dividida internamente em três pisos, acedidos por escadas. O paço quinhentista anexo, apresenta planta no formato quadrangular, com um só piso. Desenvolve-se em quatro alas formando um pátio interior. Destacam-se nas suas fachadas as janelas, em estilo manuelino, todas com desenho distinto. No interior destaca-se uma vieira esculpida, a recordar aos peregrinos neste tramo do Caminho de Santiago de Compostela, que aqui poderiam abrigar-se.
Gustavo Matos Sequeira nesse âmbito fotografa o portal do Paço, hoje desaparecido, se considere perdido por venda e hoje viva em nova casa em Lisboa..,: sobre a verga estava gravada a data de 1544 e o brasão de armas esquartelado dos Vasconcelos, Ribeiros e Sousas do Prado. Ela corresponderá à última campanha de obras, com a edificação da capela.
Adquirir o imóvel ruinal foi um rombo nas finanças da autarquia de AnsiãoSem qualquer doação do Visconde Alfredo César Lopes Vieira do que foi o património ruinal do morgadio da Guarda, adquirido após a sua extinção no reinado de D. Luís, seguido do herdeiro, o sobrinho advogado Dr. José Artur Nápoles Vieira da Mota. Sem terem deixado geração. Seria honra maior, patriotismo e ação benemérita em prol da coisa pública! Debalde NÃO!
Na boca de antiquários que varejavam sazonalmente a região, eram visita frequente à casado agora do seu sobrinho Dr. Mota, para compra de rico mobiliário em pau santo, havia uma enorme mesa, que não vendia , até chegou a ir mais tarde à Figueira da Foz para convencer o herdeiro para lhe a vender ...apenas convencimento à governanta para ir buscar as pratas escuras, em anos arrecadadas, que lhe as vendeu como se fossem suas... Mas, pior sem permissão que se explorasse ao Carvalhal uns "buracos" do passado romano. Na verdade sem registo de ação benemérita a Santiago da Guarda.
O complexo monumental com a torre foi arrendado para habitações, comércios, estábulos e arrecadações, iniciando-se um processo de degradação que se acentuou ao longo do século XX. Sendo edificado a norte e sul, casario e a parede da frontaria do velho paço, em 1955 foi derrubada.
Em 1996 o complexo foi adquirido oneroso, pela Câmara de Ansião
Ao Dr. José Artur Nápoles Vieira da Mota, que julgo morava na Figueira da Foz .
Aspeto da torre após o derrube da parede que tinha a pedra do brasão
Fotos da autoria do Sr Padre Manuel Ventura Pinho
Década de 60 quando paroquiou alguns meses esta freguesia
Novo casario para alojar desalojados do complexo ruinal
A que acresceu na fatura, a nova morada a locatários desalojados, sem traço arquitetónico a respeitar o rico centro histórico, quando esbarra o olhar tão inestéticas casas sombrias, quadradas e frias. Deviam ser reestruturadas com aplicação em pedra, para não colidir...Fazendo aprendizado com os erros! casas, a sul da torre medieval para realojar moradores aquando da aquisição do imóvel histórico, de fato sem equacionar este centro histórico...
Fotos retiradas de http://www.monumentos.gov.pt
Tardoz a nascente, no enquadramento do velho com o novo, desapareceu a chaminé que era castiça.
Na frente estabelecimentos comerciais - tabernas e mercearia
Os locatários foram indemnizados, apenas as pombas tiveram de arredar poiso deixando toneladas de excrementos sem jamais pagar renda!
Tive o privilégio de estar presente na inauguração da Estação dos Correios de Santiago da Guarda na década de 70, na companhia da minha mãe . Como não tinha nada para fazer sai sozinha à descoberta do que existia em Santiago da Guarda.Lembro-me da torre medieval cheia de ervas com uma figueira a crescer numa brecha da parede ladeada por duas tabernas e uma mercearia, numa delas havia o posto do telefone público. Entre a ala norte e a ala sul onde as mesmas se distribuíam havia uma passagem que dava acesso a um átrio grande na lateral com uma pequena escada de pedra de acesso à torre, e ao fundo avistei janelas estilo manuelino entupidas e fechadas de pedras soltas.
Atualmente a torre requalificada
O sitio do portão podia ter sido requalificado na traça antiga, mas disso nem se lembraram...
O complexo ruinal o que foi e escondia?
A descomunal ruína da torre e residência senhorial integrava a Quintã da Guarda, propriedade de que era senhor o Infante Pedro de Portugal, 1.º duque de Coimbra. Após a sua morte na batalha de Alfarrobeira (20 de maio de 1449), passou para Rui Borges, Senhor de Alva, cavaleiro da Casa Real e alcaide-mor do Castelo de Santarém. Pouco depois, em 1468 Afonso V de Portugal (1438-1481) doou esta propriedade com todas as suas rendas, direitos e pertenças, a João Rodrigues Ribeiro de Vasconcelos, fidalgo da Casa Real e do Conselho do Rei, e seus sucessores. Em 1476 o soberano transformou esta doação em Couto de Honra, privilégio confirmado em 1486 por João II de Portugal (1481-1495). Vindo João Rodrigues de Vasconcelos a falecer (1489), Manuel I de Portugal (1495-1521) expediu Carta-régia (1497) confirmando os privilégios da Quintã da Guarda, que coube por herança a Pedro de Sousa Ribeiro, filho segundo, fidalgo da Casa Real e do Conselho do Rei. Na posse deste, teve lugar extensa campanha de obras entre o final do século XV e o início do XVI, com a (re)construção da casa-torre. Vindo Pedro de Sousa Ribeiro a falecer por volta de 1505, os trabalhos prosseguiram sob a responsabilidade de Simão de Sousa Ribeiro, seu filho primogénito, alcaide-mor de Pombal. Neste período, os espaços envolventes foram transformados em hortas e pomares de função essencialmente recreativa. Em contexto da União Ibérica (1580-1640), em 1621, João de Vasconcelos e Sousa recebeu o título de 2.º conde de Castelo Melhor, razão porque o paço é conhecido a partir de então como residência senhorial dos Castelo Melhor. No século XVIII o paço sofreu ampliação com um 2.º piso sobre a ala norte.
O subsolo da ruína escondia um tesouro
Exemplar de arquitetura civil, em estilo manuelino, o paço senhorial, de cariz rural, construído sobre uma villa romana . As obras puseram a descoberto uma riqueza, um património inexcedível de belos mosaicos de pedrinhas às cores do tempo romano. O complexo hoje denominado - Residência dos Condes de Castelo Melhor, a“villa” tardo-romana, séc. IV e V, com 17 pavimentos a mosaico.
Ex libris da sala de visitas a norte de Ansião.Somente por hora a mais extraordinária sala de visitas a norte de Ansião!
Porque há outras , empoeiradas, precisam que lhe passem brilho!
O meu amigo o Prof Arnaldo Silva na visita que lhe proporcionei em 2016
Com o meu marido
Fecharam as frestas de lançar as setas...Não havia necessidade
Janelas estilo Manuelino
Ao mirá-las senti o impato quando as conheci atulhadas de pedras... De cara lavada as janelas manuelinas e a torre , espaço bem estruturado digno de ser visto!
A concha de Santiago indicia aqui ter funcionado uma albergaria por aqui passar o caminho de Santiago de Compostela
Lintel na porta da torre
A minha querida mãe na visita que lhe propurcionei
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Uma princesa tão bonita sentada num banco namoradeiro da janela da torre medieval , que o foi no passado de pele branquinha, olhos verdes, cabelos cor d'oiro como o trigo a reivindicar genes celtas! |
A minha visita em 06. 07.2012 junto das janelas da Torre medieval com bancos namoradeiros
Acima desta janela consegue-se ver que antes tinha uma porta(?) que terminava em "V" invertido, ainda tradicional na região de origem visigótica.
Parede em cerâmica
Ao fundo do lado direito um poço que antes era uma cisterna sem qualquer proteção que abastecia de água os proprietários que aqui viviam, atendendo ao local se olharmos na diagonal aponta para o poço do Carvalhal e deste para o túnel romano, será que faziam entre si ligação? Que o povo na tradição oral sempre falou na existência de um túnel?
Chão primitivo em calhau rolado em calcário
A capela
A leste do conjunto ergue-se uma capela, também quinhentista, de planta quadrangular, apoiada por dois contrafortes. Nela se destaca a cobertura em abóbada nervurada, cujo arranque é sustentado por mísulas com decoração manuelina, gramática ornamental adoptada para as chaves da abóbada à excepção da central que ostenta a pedra de armas dos Câmaras. Este espaço, no passado, foi utilizado como palheiro.
Capela minúscula mas de belo teto em cúpula com o brasão dos Câmara de Lobos
Os Condes de Castelo Melhor foram também Condes de Figueiró dos Vinhos e Condes da Calheta um ramo dos Câmara de Lobos.
Brasão da pequena capela da Casa Senhorial de Santiago da Guarda
Arcos ao estilo manuelino e cordas rematado com o brasão da família de Câmara de Lobos, os Condes da Calheta.
Após a recuperação deste espaço emblemático chamaram pessoas da terra para apreciar o que se escondia - uma velhota boquiaberta acabou por confidenciar sobre a capela " durante anos aqui se guardou palha e também o altar que existia o venderam aos bocadinhos por ser dourado, como se fosse ouro"...
Encontrei na descrição da lápide sepulcral de Dom Manuel de Noronha, nascido no Funchal, foi bispo de Lamego, a mesma decoração do centro deste brasão e claro a ligação da família a entroncar na Quinta das Lagoas, em Ansião, por o brasão que existiu até 1955 também fotografado por Gustavo Sequeira, era desta família. Mas, antes ninguém o alvitrou!
Brasão no túmulo do bispo
No chão da capela de São Nicolau encontra-se a sua sepultura, coberta por lápide armoriada (com as armas atrás descritas) . No que respeita às borlas presentes, para que representassem a honra de bispo teria de apresentar três ordens. Porém, estas armas ostentam um número de borlas superior, com uma ordem de quatro. Assim sendo, estaríamos aqui a atribuir a honra de arcebispo a D. Manuel de Noronha, dignidade que não alcançou.
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Dom Manuel de Noronha era filho de Simão Gonçalves da Câmara, 3º Capitão da ilha Terceira e de D. Joana de Castelo-Branco. Neto (pelo lado paterno) de João Gonçalves da Câmara (dito da Câmara de Lobos), 2º Capitão da Ilha Terceira; e de D. Mecia de Noronha. Neto (pelo lado materno) de D. Gonçalo de Castelo-Branco, Governador de Lisboa, Senhor de Vila Nova de Portimão ( um seu descendente padre está sepultado na Igreja da Misericórdia de Ansião). Descendente de João Gonçalves Zarco, cavaleiro e criado Infante D. Henrique, 1º Capitão da Ilha Terceira.
Esteve no Episcopado em Lamego 1551-1569 e Outros episcopados Dignidades eclesiásticas Capelão de el-rei; Camarista-mor do Papa Leão X. Encaminhado desde cedo para a carreira eclesiástica, D. Manuel de Noronha ascendeu a cargos de grande importância no reino português e em Roma, onde terá permanecido como camarista-mor do papa Leão X, função que lhe foi atribuída com apenas 12 anos . Pelo que pudemos apurar e, contrariamente ao que se veio a passar com os restantes bispos do nosso estudo, D. Manuel de Noronha não teve nenhum nível de formação académica (...)Em todo o caso, o facto de ter estado ao serviço do Papa conferiu-lhe o estatuto necessário a singrar no estado de eclesiástico(...) Do tempo que ficou em Roma foi-lhe concebido pelo Papa Leão X o título de representante da Santa Sé em Portugal, para além de outros benefícios. Marcou a presença no seu tempo ao introduzir a cultura renascentista em Lamego na arquitetura civil. Fundou o Colégio de S. Nicolau o qual durante muito tempo como seminário destinado a desenvolver a cultura do clero, segundo o que as diretrizes tridentinas impunham . E na catedral mandou D. Manuel edificar várias capelas, como as de São Nicolau, Santo António e São João Batista, todas viradas ao claustro da catedral, espaços que aqui propomos abordar (...) Nas grades da capela de São João Batista, da Sé de Lamego o escudo aqui presente exibe as armas dos Câmara .No dia 4 de Julho de 1460, D. Afonso V, atribui a João Gonçalves Zarco – avô de Simão Gonçalves da Câmara, pai de D. Manuel de Noronha, o apelido Câmara de Lobos (nome dado por João Gonçalves Zarco a uma localidade do Funchal, donde era governador). Porém, na geração que se seguiu, o apelido foi alterado ficando apenas o nome Câmara, o nome de família do lado paterno. O apelido de Noronha que o bispo faz questão de usar, provém da família de D. Joana de Castelo Branco, sua mãe; porém, esse apelido não faz parte das armas do bispo .
Espaço exterior defronte da frontaria da torre
Reparei na atrocidade do poste de madeira de telecomunicações ali posto em local indevido, sem qualquer estética em cima do monumento e ainda com um cabo desalinhado em zona turística revela no mínimo falta de cuidador que deve manter a harmonia e a segurança na vila, no mesmo os caixotes
do lixo cheios...
Achava estranho o concelho de Ansião não ter memorial ou placa com os seus mortos da 1ª Guerra e eis que na sombra me deparei com um...Quase imperceptível de ler, a gravação em mármore nunca é boa aposta...Intriga-me a razão de ter sido o memorial posto aqui, fico sem o saber, o certo seria na vila sede de concelho.Supostamente o que parece é uma iniciativa local aos mortos da Freguesia(?) de Santiago da Guarda, mas que a Câmara também participou (?), pois está mencionada em rodapé(?).
1914 - 1918
AOS FILHOS DA TERRA QUE LUTARAM PELA PAZ
JUNTA DE FREGUESIA DE SANTIAGO DA GUARDA
CÂMARA MUNICIPAL DE ANSIÃO IVG 2002/2003
A obra foi feita pelos alunos do 6ºA
Dorindo Luís- supostamente o escultor que orientou a obra aos alunos mas em que escola? Na região não conheço nenhuma escola de cantaria, ou há, e desconheço?
Aspeto da Torre e da Residência Senhorial dos Condes de Castelo Melhor, enquadrada na rota da romanização - Villa Sicó
Espaço museológico no átrio ?
Em verdade os achados foram escassos, roubados ou vendidos, sobraram cacos e poucos, para abertura de ala museológica na Residência do Conde Castelo Melhor. Seja expectável não se dar nova "machadada para Ansião" , ao seu Museu Municipal nascido torto, fechou por falta de acessibilidades (?), já quanto aos artefatos, não sei se guardados a ferros (?) , com os Romanos de Ansião, não devem vir para aqui enquanto se aguarda o novo projeto que dignifique a vila sede de concelho, é chegada a hora de o desencalhar!
Nesta última visita já havia algum espólio inventariado exposto
Faiança medieval decorada a aranhões, azul e manganês, do tempo dos Senhores nobres
Cerâmica romana- Vulgo telhas ; Tegule e ímbrice e pesos de tear?
Na frontaria para poente do complexo existia uma dolina cársicaAssoreada para alargar a estrada. Da torre avista-se parte do sítio da lagoa que em tempo de invernia no terreno em frente junto das oliveiras onde ainda se juntam as águas.
Freguesia de tantos caminhos com salpico de aldeias
Alho, Lagoa Parada, Casal do Louco, na imensidão muros a lajedo, terra rossa, cancelas em madeira, calhaus brancos e orégãos.
Carvalhal onde prevalecem as cancelas tradicionais em madeira a fechar as courelas
Vale da Abrunheira perto de Soucide, foto do Dr Leonel Morgado, postou no Grupo Ansião para saber se era de fato um poço de chafurdo. E sim é, análogo ao poço da Ameixieira.
Poços de chafurdo
Sem estudo nem catalogação e, outros adulterados em fontes. Marco histórico a reconhecer em Sicó. Em 50 anos, identifiquei outros em corredor romano – a estimada origem e não árabe, por apurar; graças ao poço oval no quintal dos meus pais no verão baixa a água à mina de chafurdo.
Poço do Carvalhal
Alterado na década de 60, o que faz crer pela roda em ferro e o pedestal da fonte. Teria sido o meu avô "Zé do Bairro" por conta do empreiteiro o Sr Margarido de Santiago da Guarda, por outras obras iguais no concelho, ou não por outro pedreiro. Naturalmente ainda há alguém que se lembre antes da intervenção, para confirmar o que avanço - um poço de chafurdo sob o comprido, a cúpula é disso exemplo e tinha escadaria - um poço de chafurdo, o 1º que conheci diferente aos demais o do quintal dos meus pais, do Ti Parolo, do Ti Augusto do Carvalhal, outro no Cimo da Rua, como seria o da Granja, da Fonte do Alvorge e da Fonte da Costa em Ansião, só para falar de alguns que em anos fui identificando em corredores romano.
Em letargia ao Carvalhal a Cisterna romana
Inexplicável este lugar ao pensar no tempo que foi usado pelos romanos, senti-me Agripina ou Messalina...
Deficiente sinalética para a Granja
No Carvalhal, antes do cruzamento dei conta que o roteamento da estrada nova para o Alvorge, deixou um pequeno troço do caminho velho, que alguém mantém limpo debruado a sardinheiras de ambos os lados.
Deslumbre maravilhoso de bom gosto, a rivalizar o melhor jardim florido em tanta policromia.
Em Ansião, é costume alguns troços da estrada real ou outros, serem absorvidos supostamente para uso próprio por particulares na "fuça" de quem tem o poder, lamentavelmente tem conhecimento, debalde não actuam, e porque será? Ora aqui o troço antigo do caminho está preservado como o deve ser!
Terra que merece honras de vassalagem, a preservar as tradições do concelho de Ansião aos portugueses espalhados pelo mundo, a maior valia e conforto pelas mensagens que recebo, no caso concreto, nomeadamente de França, a filha da dona da bela casa restaurada ladeada de explosão de sardinheiras floridas, no Carvalhal que adorou...
A razão de estar atestada Rua dos Condes de Linhares?
Título antigo, dos séculos XVI-XVII, foi criado por carta de D. João III de Portugal a de 20 de Outubro de 1525 para D. António de Noronha, segundo varão de D. Pedro de Menezes, 1ºMarquês de Vila Real, com ligação à linhagem por bastardia à Quinta das Lagoas, em Ansião.
Falta-me tempo para achar as pedras na origem ao topónimo – Castelo.
Granja
Em pujança com a Casa dos Fósseis, antes foi da Câmara, na Vintena da Cabeça de Façalamim, guarda o janelo a Casa da Roda e a Residência Jesuíta de Évora, o sítio da forca, em suposto habitat romano por estudar!
Nítida reutilização das ruínas; um arco fechado.
O topónimo Vale do Boi Indicia à partida local de produção de gado bovino e, sim sabemos que existiu em Ansião, na região da Lagarteira e do Martim Vaqueiro, de onde derivaram apelidos; Ganadeiro e Ganaio. Contudo, pode ser bem mais antigo, derivado do Vale Aquífero do Nabão, nos primórdios era chamado - Vale do Buyo, em chão do Paúl de Ansião - a nascente pelo topónimo Porto Largo ao Fundo da Rua pela existencial água na cave de um prédio com bombas a bombear (?).
Jaz soterrado o troço catalogado da calçada romana em Vale de Boi!
Portelinhos entaipados a pedra...
Santiago da Guarda ama-se em todas as estações do ano
Outono com azeite novo, mosto de vinho e aguardentes; abrunho ou medronho. Perdida a arte da moenga nas azenhas, sem exemplar histórico ao estandarte a chamar o turismo, a jus dos moinhos de vento, mais recentes.
Gostei de reaver o moinho tradicional do Maciço de Sicó que fez parte do cortejo alegórico do Povo, nas festas do concelho, e que o Presidente da Junta que não conhecia, e com quem tabelei conversa em noite de festa, enquanto guardião do mesmo na Mata, e sem eu saber quem era já adiantava que o mesmo devia ser protegido em espaço público para acabar por confidenciar o iria enquadrar, acabou por se apresentar. Parabéns, mostrou ser homem de palavra.
Terra de sabores
Pão e broa com queijo a travo da erva de Santa Maria, denominado Rabaçal, no tempo do Duque do Cadaval. Mas, o justo rotular - Terras de Sicó ou Ladeia. E, as varas de porco ruivo que eram criadas em montado de carvalhal, a essência do bom fumeiro. Aromáticas na tradição a retalhar azeitonas e, da canja com hortelã. Tremoços e chícharo. Povo trabalhador amealha riqueza do seu lavrado, reconhecido - mãos largas, a visita gorda aos filhos em dia de casamento…
Deslindei um exemplar de carvalho alvarinho em secura, ainda assim de pé, belo ao meu olhar...
As vistas para norte - outeiros ou cumeadas, belos!Miragem circundante abismal da serra de Sicó abafadora do micro clima ameno no planalto cársico das aldeias de Santiago da Guarda.Descomunal beleza ímpar; cumes e costados nus, em saibro de fósseis marinhos a contraste da primavera; a verde florido dos planaltos; cucas e orquídeas, a chamar a Páscoa. Vales rasgados de courelas de vinhedo e dolinas cársicas. Mal-amadas com assoreamento; a dolina na origem ao topónimo - Lagoa Parada, palco de igreja, por incultura ou ganância há doação palmos de chão… As, vulgo lagoas, são parte integrante da paisagem natural de Sicó, amenizam o calor, saciam a sede a aves e rebanhos como servidão a lavadouro e, o juncal usado na arte de cestaria. Riqueza do passado o pigmento escarlate de bugalhos polinizados para tingir vestes eclesiásticas, e de nobres. A matinha de grã, ditou o topónimo Graminhal. Vale Judeu, gente honrada espetou num pinheiro a cabeça do malfeitor Escarramona!
No terreiro lateral a norte da Residência Senhorial dos Condes de Castelo Melhor faz-se a feira medieval
Se me permitem, tendo uma Feira medieval catalogada desde 1476 a Feira da Mouta Santa, não havia necessidade de copiar o que congéneres fazem, por nada mais terem...comi uma boa sopa da pedra e bebi vinho e queijo do Rabaçal, em abono da verdade devia ser alterado para Terras de Sicó ou Ladeia.
Jaz sem esplendor, nem brilho o Padrão Memorial da Feira da Mouta Santa
Arredado e abafado a desprestigio esquecido do seu terreiro, sem placa identificativa alusiva ao seu passado histórico e cultural. Em 1517, era escrivão da portagem da feira franqueada - Gonçalo da Mouta. Celebra este ano 582 anos. Jamais glória ou aposta a recriação, antes criação de feiras novas de vago significado!
Um povo desconhecedor, ou, que não respeita o seu passado, comete erro crasso com marcas difíceis de apagar na herança a deixar às gerações vindouras!
O certo seria vir a enquadrar o Marco de pedra da Feira da Mouta Santa, defronte do local onde se encontra, com mais espaço inserido em redondel ajardinado e iluminado com placar com inscrição em português atual, o dignificando e ainda alterar a toponímia para a ancestral que testemunha um passado com mais de 600 anos
Solar do Visconde de Santiago da Guarda de 1891, a derrocada...
Alfredo César Lopes Vieira, o único cidadão do concelho de Ansião, a quem foi atribuído um título de nobreza - Visconde de Santiago da Guarda. Temos de recuar e falar da nobreza provincial do reinado de D. Maria I, quiçá depois das tormentas pelo que passou com o Marquês de Pombal, pressa de alguns se afirmarem nobres na solicitação de pedir títulos nobiliárquicos. Seja por isso também cognominada - a Piedosa e Louca... Em 11.09.1906 o título foi extinto.
Falar do Visconde é ingrato
Agrada a uns e a outros não, em nada me incomoda semear discórdia; impostora é que não!
Foi um dos maiores proprietários rurais do concelho, por ter sido Administrador do Concelho, altura muito favorável após a instauração da Comarca lhe permitiu almejar grande riqueza quer em Ansião quer em Santiago da Guarda, como também a fomentou a amigos e correligionários. Quando o certo passava por também a repartir pelo povo, de estatuto miserável, sem um palmo de terra para amanho do que precisava para comer. A quem apenas foi deixado migalhas, as que não quiseram, o caso mais flagrante foi o complexo ruinal do vulgo mosteiro, em Ansião. Seguiu-se no reinado de D. Luís a extinção de Morgadios, existiram alguns no concelho, a exemplo o Morgadio do Conde de Castelo Melhor. Vindo para a sua posse o complexo ruinal, conhecido por "castelo", a torre medieval e ruínas do paço.
Temos conhecimento em finais do séc. XIX aquando da requalificação da Igreja da Misericórdia de Ansião, o Visconde veio a doar o altar de madeira que ainda resiste e Imagens . O tenha sido para abafar discórdia antiga, na divisão da terra agora em ribalta de novo com a venda dos bens da Casa da Misericórdia de Ansião, sediados na vila, fazendo deslocalizar o hospital para fora do seu termo, ao Ribeiro da Vide, e ainda a anexação da ermida de NSConceição, que servia a Misericórdia, apenas num único local de culto - a igreja da Misericórdia. Desconhece-se sobre a encomenda no Porto, do orago - Senhora do Pranto, se foi também doação, ou não, foi com subscrição ao povo . Debalde, outras obras de filantropia que eu saiba não existem, ou existem e as desconheço. Não casou, sem geração, dele se falava que no leito da morte, julgando ganhar o céu agraciou os criados com esmolas, as moedas que tinha em casa...
Foto de Alfredo César Lopes Vieira em 1905
Mas, agraciado na toponímia... Será que é merecedor?
A última vez em terras da Várzea
Antes do entroncamento, defronte do seu solar reparei em pedras grandes, antigas prensas de lagar e outras que deviam ser mote de preservação. Teriam vindo deslocalizadas do lagar que foi demolido no centro?
Os portões em madeira muito velhos, mas de labor de marceneiro bem trabalhado, teriam sido belo, debalde não os fotografei...Nostalgia, não esperava tanto abandono ...Será que no sótão guarda arcas com papéis? Não se deviam perder!
Depois da subida a contornar o solar do Visconde, ao cimo a placa GUARDA
Não registei a foto da placa toponímica Guarda, que se mostra indicada para sul. Ficando a dúvida onde foi o seu primitivo começo - se abrangia a Várzea, o que parece credível.
Especular a origem da família aportar a Santiago da Guarda
Segundo o genealogista Henrique Dias: Alberto Vieira da Mota
Filho de Joaquim Maria Sá e Mota, juiz de direito e Maria Augusta Lopes Vieira Mota.
Foi irmão de Artur Vieira da Mota, médico e autarca de Ansião bem como familiar do Visconde de Santiago, Alfredo César Lopes Vieira.
Juiz de direito Alberto Vieira da Mota Nascido em Ansião em 1886-07-29.
Filho de Joaquim Maria Sá e Mota de Cantanhede, juiz de direito e Maria Augusta Lopes Vieira Mota do Alvorge. Foi irmão de Artur Vieira da Mota, médico e autarca de Ansião bem como familiar do Visconde de Santiago, Alfredo César Lopes Vieira. Foi Governador Civil em Leiria de 19.1.1922 a 3.2.1922. Faleceu em 1944 com 57 anos.
Excerto retirado de http://geneall.net/pt/forum "O Director de "O Mensageiro", aquando da posse de Alberto Vieira da Mota, em Janeiro de 1922, escreve no seu jornal, n.º 359, de 20.1.1922, o seguinte: "O conhecimento que temos das qualidades que exornam o caracter de seus pais, o integerrimo magistrado Sá e Mota e de sua mãe D. Maria Augusta Lopes Vieira e Mota, que tão bem conserva as tradições dos seus antepassados, grandes beneméritos do Alvorge, onde a família Lopes Vieira conserva o seu solar, são segura garantia de que a nova autoridade não cederá aos manejos de quem, indo arrancar o ex.mo sr. Vieira da Mota á contadoria d'Alemquer pretenderá torna-lo conivente nas manobras eleiçoeiras (...)". Vieira da Mota, no entanto, não teve tempo para se habituar ao cargo. Logo foi substituído por Adolfo de Figueiredo que governou o Distrito, entre Janeiro de 1922 e Novembro de 1923.
1) O apelido "Sá" aportou ao Alvorge pela via de casamentos, originários de Soure .
2) O Visconde de Santiago aparece num assento de baptismo como padrinho. Penso também ter ouvido de familiares que o Visconde seria padrinho do Dr. José Artur Vieira da Mota, mas não tenho certeza do que afirmo.
3) A Quinta da Ladeia / Torre da Ladeia. Esta Quinta foi adquirida pelo Dr. Adriano Augusto Lopes Vieira e mais dois proprietários do Alvorge em 1857, conforme vem descrito em artigo que consta do sítio monumentos ponto pt.
4) Apelido "Figueiredo"
A origem encontra-se numa família dos Casais em S. Martinho do Bispo, que não sei se terá alguma ligação com os Figueiredo de Condeixa (inicialmente também supus o mesmo), pois tudo o que consegui foi chegar a um casal António Rodrigues e Domingas Pires, casados na referida freguesia em 1639. O referido apelido aparece-me pela primeira vez, num neto deste casal de seu nome Manuel de Figueiredo (n. 1677), filho de Manuel Rodrigues (descendente dos anteriores) e Ana Simões. Uma filha de Manuel de Figueiredo, de seu nome Damásia Maria, casa com Bento José Canais, de Figueiró do Campo (filho do Capital Manuel de Seiça Henriques e Luísa Barbosa Canais, que já aparecem na BD do Geneall).
Maria Ludovina de Figueiredo, que vem a casar com José António Vieira (dos Veira / Vieira Guimarães de Soure), é filha do casamento de Manuel José de Figueiredo (filho do anterior Manuel de Figueiredo) e de Antónia Luísa Gonçalves, também de Figueiró do Campo."
Casa na vila de Ansião
Conhecida por casa do do Dr Mota, requalificada, mantém a traça antiga, atendendo ao lintel com a data de 1878.
Dr. Artur Vieira da Mota Médico. Devia ter morado nesta casa acima referida. Contudo a ter nascido em Ansião pela data do lintel não foi nesta casa. Faleceu em 1954 em Ansião.
Como se constata gente abastada, mas sem titulo de nobreza. Temos o apelido Vieira, em triângulo desta nobreza provincial com casas e quintas entre Montemor o Velho, Ansião ( Venda das Figueiras) e Espinhal.
E, anda na ligação a António Vieira Guimarães, que suscita interesse porquanto pelo último apelido presente na minha ascendência - na correlação a vendedores de couros vindos de Guimarães, à feira franca da Constantina, na centúria de 800, do séc. XX, mas, o seja ainda mais antiga. O pai o deixou na roda dos expostos, sem se saber a razão, ou porque a mãe morreu de parto, em 1800 em Guimarães , de seu nome António José de Bastos Guimarães, aportou a Ansião como oficial do tribunal na Vintena da Cabeça do Bairro. Apelido que proliferou em Figueiró dos Vinhos e induz ligação aos condes de apelido Figueiredo.
Diz-me o Henrique Dias
O Dr. António Vieira Guimarães morou em Soure, mas não sei se era natural daí, pois não localizei o baptismo do filho. Talvez se conseguir-mos localizar o casamento dele possamos ficar a saber de onde era o seu pai Manuel Vieira Guimarães.
Afinal o "nosso" homem era viúvo quando casou em Soure a 27/11/1745 com a Francisca Mª Rosa.
E é natural da Sé, Porto.... andamos lá perto...
Segundo Henrique Dias, a genealogia da família Mota elaborado por um conhecido confrade do fórum do Geneall
Ele está ligado a esta família, e posso-lhe dizer que «acertou na muche», pois confirma-se que o pai do Dr. António Vieira Guimarães, o tal Manuel Vieira Guimarães, era natural de Sampaio (Guimarães), e portanto podem ter ligação com o seu Guimarães, embora não seja fácil de provar dada a distância temporal, e as circunstâncias.
Parte do esquema da genealogia enviado por Henrique Dias
Santiago da Guarda basta-se ao grande património que encerra
Atual Residência Senhorial Conde Castelo Melhor em Santiago da Guarda
FONTES file:///C:/Users/User/Downloads/1712TD02P000079039.pdf JOSÉ AUGUSTO DE SOTTO MAYOR PIZARRO LINHAGENS MEDIEVAIS PORTUGUESAS(1279-1325) VOLUME II
Livro do Padre José Coutinho de 1986
https://www.heraldrysinstitute.com/lang/pt/cognomi/Feio/Portugal
http://www.monumentos.gov.pt
http://geneall.net/pt/forum
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