Crónica com excerto publicado no Jornal Serras de Ansião
O pioneiro a falar sobre filhos desta família: António e Jeronymo, foi o Padre José Coutinho, no livro de 1986, seguiu-se em 2002, o livro dos Ilustres Ansianenses do Dr. Manuel Dias. Em 2013, o Eng.º Ricardo Charters d'Azevedo, sobrinho neto, do único filho conhecido com descendência, o médico Dr. Luís Soares Barbosa publicou – Os Soares Barbosa (…) Não sou historiador, já que a “ História requer mais engenho, mais fineza de juízo e força de discernimento”, como afirma Frei Domingos Vieira. Perdoe-me contestar, já que o autodidata Alexandre Herculano foi um dos maiores historiadores...
O livro Os Soares Barbosa
Naquele tempo a Ladeia e o Rabaçal pertencia a Ansião.
Começo por correlacionar o registo de óbito do avô paterno dos ilustres - Lázaro Freire, desta vila falecido a 14 de Abril de 1722, não fez testamento nem tinha de quê , sepultado na igreja. Em ditar foi pobre na morte - mas, conceituado no sepultamento dentro da igreja.
Em crer algumas famílias com ligação condal, com origem na Galiza, aportaram a Ansião vindas da Comenda de Soure. Graças ao Tombo de 1508 de Soure e Ega, com referência à migração de Ansião para Soure, e claro nos meados da centúria, após o Foral Manuelino de 1514, tenha sido invertida com gente de Soure para Ansião, na procura de novas oportunidades, gente com apelido Coutinho, Soares Barbosa, porque os Freire terão vindo de Pedrogão Grande. A quinta da Barbosa na freguesia de Gesteira, pode ter sido a origem do avô de Violante Rosa Soares, nascida em Pombeiro de Ribavizela, Felgueiras, a 7.03.1715, filha de Francisco Barbosa da Cunha e de Mariana Soares, casou em 17 de fevereiro de 1735 com Manuel Freire de S Lazaro de 31 anos, sem riqueza e ela com 20 anos. Presume o pai dela foi tomador da quinta do compadre onde vivia o filho, que viu a oportunidade de reaver a riqueza, se casando com a filha do novo dono, que seduziu e engravidou. Casando a 17 de Fevereiro de 1735, já pais do primeiro filho: António S. Lázaro Soares, nascido a 5 de maio de 1734. E pelos vistos nasceu de tez clara, a reindivicar genes maternos, mais fácil de atestar a consanguinidade em relação a quem fosse moreno, como seria o pai de apelido Freire. Havemos de ver mais à frente os filhos mais velhos em Coimbra, conhecidos por António Freire de S. Lázaro Soares Barbosa e, o irmão por Jerónimo Soares Barbosa Freire de S. Lázaro, elogiados pela sua beleza, quiça genes celtas. O casal teve ainda mais cinco filhos: Mariana, Luís (depois da sua morte aparece nos registos de batismo dos filhos como Fernando Luís),Custódia, Teresa Angélica e Nicolau. Segundo o autor do último livro, nenhum deles vem a usar o apelido Freire, mas tão-só os apelidos do lado materno Soares Barbosa (…) por ser hábito nessa altura, segundo Bobone (Apelidos em Portugal), pág. 83 (...) o facto poderá ainda dar azo a que se possa conjeturar que existiria uma certa ascendência social da família da esposa em relação à família do marido. Permitam-me discordar, algo aconteceu de nefasto a esta família, pelo fulcral poder e influência detido em Ansião pelo apelido Freire que se elenca em registos desde 1578, com André Freire, no papel de padrinho batismal, abastado com criadagem (…) a 16 de novembro de 1586 faleceu Baltazar, criado de André Freire. Nas Memórias Paroquiais (…) a capela que instituiu João Freire desta villa aos 18 de outubro de 1603, parte dela possui Luísa Freire desta villa e outra parte a possue Domingos Freire, morador na mesma villa. Em 1623, era juiz da Confraria da Igreja João Freire, o velho (…) a 20 de abril de 1726, faleceu Domingos, filho de Manuel Gomes e de Luísa Freire da vila, sepultado na igreja. Defendo a estratégica colocação da estela de Domingas Freire, para a Confraria lhe rezar missas, na parede sul da igreja a indicar a morada da sua família, já que a defronte ainda hoje quase livre. Como revela parentesco o sítio do solar de Pascoal de Mello Freire dos Reis, retratado na foto na ligação ao dos Soares Barbosa. Em 1937 foi expropriado a parte do alto jardim, para a Praça do Peixe e novas acessibilidades. Mais acima, na rua à direita, a casa quinhentista, que foi de Zulmira Portela, na voz da D. Alda Gaspar, fez parte da herança do solar focado, a conjeturar, onde tenha nascido António, até o solar de família ser construído. Em período anterior, esta casa fora da quinta do Bairro, de Belchior dos Reis, pai de Pascoal. Nos anos 30, do séc. XX, diz-nos César Nogueira, no seu Livro Ansião a Terra e a Gente (…) a conversa na Taberna do “Piloto” instalada, ao tempo, na loja do lado sul do grande prédio onde, ao que se dizia, o eminente Pascoal Freire terá nascido em 1738. Bem podia, pelo conforto da casa, já que a sua mãe era Freire, de Vila Cã, casada em Ansião, viveu segundo o Dr. Manuel Dias, ao Largo do Ribeiro da Vide, só podia ter sido na casa típica judaica, de balcão com janela de avental a nascente, ainda conheci onde viveu sua descendência - a família André. Acresce o recente conhecimento do topónimo – Fonte da Quinta, num livro de 1842, da Misericórdia de Ansião, só conhecido desde 1924, por Quinta da Fonte, pela aquisição de Adriano Carvalho. A fonte em poço de chafurdo foi alterada ao longo dos séculos, sem jamais ter perdido a denominação original romana de fonte, comum à do Alvorge.
Casa comprada por Adriano Carvalho antes de 1924, em chão da quinta da Fonte, que foi desmembrada
Começamos por Nicolau, o filho mais novo
Nasceu em Ansião a 13 de abril de 1750 e batizado no dia 23. Em 1774 aos 23 anos era bacharel, Professor de Grego em Tomar e em 1795, de Gramática, no Colégio das Artes em Coimbra.
Temos a publicação em 2006, na geneall/net do seu testamento, partilhado por outro sobrinho neto – José Frazão. Em 2013, fez parte do livro Soares Barbosa (…) acabou a carreira académica na qualidade de Lente jubilado na cadeira de Retórica e Poética na Universidade de Coimbra. Faleceu a 28 de dezembro de 1833 na sua Quinta de Arroio, Coimbra, com 83 anos, lavrou testamento a 10 de maio de 1829 entregue ao prior de S. João de Almedina, João de Morais Coutinho que o abriu e tornou público, no dia da morte. Manifestando ser sepultado nessa mesma igreja junto aos restos mortais da sua família. O 1º testamento de meu Irmão o Sr. Dr. António Soares Barbosa, pelo qual deixou a minha Irmã a Sª D. Teresa Angélica Soares Barbosa herdeira sua universal de todos os seus bens de raiz e móveis. O 2º da minha sobredita Irmã e Sª, em que ela também nomeou meu Irmão e Sr. Dr. Jerónimo Soares Barbosa (…) que me instituiu seu testamenteiro e seu herdeiro universal de todos os seus bens de raiz e móveis, adquiridos e herdados e a meu Irmão Sr. Dr. Luís Soares Barbosa deixou um legado em dinheiro metálico e bens de raiz (…) Nomeio por Herdeiros meus universais e testamenteiros os meus Sobrinhos o Sr. Dr. Aureliano Pereira Frazão d'Aguiar e a Sª D. Joaquina Eufrásia Soares Barbosa, os quais ficarão senhores de todos os meus bens de raiz e móveis assim adquiridos como herdados que possuo tanto em Ansião e seus contornos, como em Coimbra e seus subúrbios e no Campo de Maiorca . Deixo outros sim a minhas Sobrinhas as Sª s D. Maria Violante Soares Barbosa, D. Ana Bárbara Soares Barbosa, D. Violante Rosa Soares Barbosa, casadas, estabelecidas na Cidade de Leiria, quatrocentos mil reis a cada uma em dinheiro metálico. Contemplou também os seus criados e consignou os dinheiros ao Sufrágios de Missas (…) em nº de «seiscentas de esmola de duzentos e quarenta reis.» Esmolas e Orações pela sua alma e pelas almas de seus Irmãos, Irmãs e Pais. «E se algum dos interessados nele quiser litigar em juízo sobre o que nele disponho, o hei por esse facto excluído do que lhe deixo no mesmo testamento e que nesse caso será distribuído pelos Co-herdeiros.» Sentiu-se obrigado atestar o título de legítimo possuidor do património que deixou em testamento, haveria contestatários entre os seus sobrinhos. Aureliano e Joaquina Eufrásia, ficaram com a parte do leão; as outras sobrinhas ficaram com os despojos e, não terá sido aceite de ânimo pacífico. A preferência por estes sobrinhos, pela mais íntima ligação familiar, viviam na mesma cidade, sendo escolhido para padrinho de batismo do sobrinho-neto António de Aguiar Pereira Frazão Soares, meu bisavô.
Descrição do solar dos Barbosa em Ansião pelos jesuítas na saída de Coimbra
No livro Algumas Horas na minha Livraria de 1910 de Francisco Augusto Martins de Carvalho (...)saíram do Colégio ads Artes no dia 30 de mayo de 1834 em direção a Lisboa, (…) os padres Alexandre Mallet, reitor; Cypriano Margottet, ministro; José Buckacinscki, Jorge Koulac, Luiz Deriquebourg, Ivo Estanislau Basiu, Luiz Soimier, Jorge Eousseau, António Sales, Theodoro Cotei e Alexandre Fidelis Martin. (…) Foram os jesuítas acompanhados por uma força dos voluntários do Minho, comandada por um oficial subalterno. (…) transcrição da primeira d'essas cartas, escrita da Torre de S. Julião da Barra, pelo padre Luiz Deriquebourg, a um seu amigo de Coimbra. (…) " Irmão em Christo — Não é por ser o mais hábil de todos, mas sim um dos mais desocupados, que o padre Luiz da Musica, como se chamava em outros tempos, foi escolhido para lhe noticiar todos os acontecimentos da nossa jornada por terra e por mar. Grande gosto .é para este pobresinho poder ainda uma vez entre ter-se com um ami^o d'aquelles, que já se não acham neste mundo; mas vamos ao nosso caso, sem perder tempo nem papel. Nada direi do que se passou até ao Rocio, porque o senhor até ahi quiz presenciar. Chegados que fomos á Cruz dos Morouços, o tenente da escolta mandou desformar a sua tropa. Então os soldados chegando-se a nós, entrámos a fallar uns com os outros, e eis que em pouco tempo achámos que éramos quasi todos amigos. Bom é dizer, que antes de sahirem da cidade, o tenente lhes tinha mandado que nos tratassem com a decência e respeito devido; protestaram-nos que não era outro o motivo, pelo qual nos acompanhavam, senão para prevenir insultos; e com eífeito, cumpriram com a ordem recebida, e mais de uma vez vimos, que a escolta nos era muito útil. Em Alcabideque jantámos; depois de três horas de descanço, pozemo-nos outra vez a caminho até ao Rabaçal. Precedia-nos o meirinho para apromptar as estalagens; de modo que á nossa chegada achávamos agasalho. Houve na dita villa regosijo naquella noite, por causa dos acontecimentos políticos; e temendo o nosso tenente algum barulho, assentou seu quartel em a nossa estalagem, de modo que a noute foi para nós quieta. No dia seguinte, ás 4 horas, pouco mais ou menos, marchámos até á Junqueira, aonde almoçámos. Pouco antes de entrar naquelle logar, o padre reitor despediu o Francisco; coitado! Estava muito triste, chorava ; mas não havia outro remedio. Chegámos a Ancião ás 11 horas. Hospedou-nos um bom velho, feitor a meu ver do dr. Soares, morto em Coimbra, no fim do anno passado. A casa era grande e limpa, e nada nos faltou do que nos era preciso. Visitaram-nos o vigário da villa, e pouco depois o cura. Este ultimo nos tinha mandado antes uma garrafa de vinho para reparar as forças. Falou comnosco com muita coi'tezia e franqueza, e experimentámos que nào era tão serio como nos tinha parecido. Depois de algam descanço, caminhámos até á noute, para fazer as três léguas de Ancião a Payalvo. Ai Jesus! que léguas eram aquellas ! Paciência
A ceia e a noute nos íizeram esquecer o cansaço. O nosso agasalho em Perucha, foi uma estalagem bastante boa. Não é inútil dizer, que em cada logar, o tenente visitava a casa, para ver se nada faltava — aos seus padres — assim é que nos chamava. Antes de dar as boas noutes — amanhã, — dizia elle, é domingo, o nosso prelado nos dirá a missa ás 4 horas. — Dito, feito: Ouvimos missa; commungámos todos; quasi cheia estava a egreja pelo povo que queria também assistir ao sacrifício. Logo depois tomámos uma chicara de chá; entrámos a marchar até Chão de Maçãs. Lá encontrámos algumas pessoas que voltavam para Coimbra. A calma era quasi insupportavel para gente pouco acostumada a jornadas; porém com as bestas que usavam os mais cansados, emquanto andavam de pé os mais valentes, pouco a pouco Íamos chegando ao termo. Naquelle dia pernoitámos em Piíyalvo. Neste logar, assim como em alguns o atros, as esteiras e o taboado faziam as vezes de cama. Deus comtudo acudia, e dormíamos bastante bem, para não nos lembrarmos do cansaço da jornada precedente. Na segunda feira jantámos e passámos o resto do dia na Gollegâ. Alguns insultos, mas só de palavras, nos deram a entender, que o nome de jesaitas não cheirava bem naquella terra. Como no Rabaçal, as sentinellas postas pelo nosso tenente á porta da esta- lagem, nos fizeram passar bem a noute. O padre reitor mandou ao mesmo senhor algumas laranjas. Picou elle muito agradecido, e veiu iazer-nos uma visita á noute. Em fím terça feira chegámos a Santarém.
O topónimo Payalvo é referente à estalagem da Malaposta, na estrada do Arneiro, para a Perucha.
De supor pelas palavras escritas que a comitiva ao deixar Ansião, seguiu para sul por caminho pedregoso: Empiados, Venda do Negro, Vale da Couda, Almoster, ao lado do Nabão, a oeste da serra de Alvaiázere, atestada estrada medieval em 1992, pelo Dr. Jorge Alarcão.
A Casa de Aveiro
A Mitra do Episcopado de Coimbra detém arquivo da sentença contra
a Casa de Aveiro, nas terras onde tinha interesses, por impedimentos colocados aos juízes da Mitra, em 1711 (liv.
28). Permite conhecer, no que diz respeito a instituições litigantes, as
frequentes questões com os corregedores da Beira e Estremadura e o corregedor
da comarca de Coimbra, sobre a sua ingerência em áreas de jurisdição exclusiva
da Mitra, nas seguintes localidades: Santo Varão, Formoselha, Arazede,
Condeixa, Monforte, Trouxemil, Vacariça, Barrô do Luso, Casal Comba, Mogofores
e Barrô de Aguada, Reveles, Lavos e Tavarede, S. Martinho, Coja, Arganil, Vila
Cova, Couto do Mosteiro, Lourosa, Alcáçova, Beco, Dornes, Chão de Couce, Ansião, Pedrulha e Vale de Canas.
Desde a reconquista cristã que aportou migração interna, à região de Ansião, pela via romana, agora medieval desde galegos, celtas, judeus sefarditas entre. Depois do êxodo de 1492 de Espanha aportaram das raia outros judeus, asquenazes. Da região mondeguinha aparece desde a centúria de 600 famílias de Soure, Vila Nova de Anços, Santo Varão etc: a exemplo Ponce Leão; Pimentel, etc. Como outras vindas do Porto, Arnao, etc.
A mãe dos ilustres ansianenses nasceu em Pombeiro de Ribavizela, Felgueiras
Os avós maternos dos Soares Barbosa constam no registo de batismo do neto Jerónimo como sendo da Freguesia de Pombeiro, do arcebispado de Braga.
Presume-se que um membro desta família se deslocou de norte para o senhorio em Campo de Maiorca, atendendo a bens deixados em herança e daqui para o de Ansião, onde o apelido apela ao topónimo Cunha – em talhos a sul, da que foi a Quinta da Fonte. Como a nascente, o topónimo - Rua da Gatina – doença na produção de bichos-da-seda. Após a morte em 1759, do duque de Aveiro, o marquês de Pombal, apodera- se de alguns dos seus bens. Caído em desgraça em 1777, a Casa de Pereira fez aquisição documentada no arquivo da Universidade de Coimbra, em cartas soltas dos manos; o bispo conde de Arganil D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho e o Desembargador João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho. Tiveram o solar de família Sotto Maior, em Condeixa. Na curiosa observação com a transferência da Imagem e NSPilar, da quinta da Fonte do Alvorge, para a capela de S. Tomé em Condeixa, alvitra parentesco à família Carneiro Figueiredo.
Os manos acima referidos, nascidos no Brasil, foram incrementadores de novas técnicas na agricultura desde Condeixa, Montemor , Soure e Ansião. A chegada de colonos brasileiros para enxugar paules para maior aproveitamento de chão lagunal em arável . A seda em terras de Miranda, Bragança, julga-se desde o séc. XV. Em 1786 chegaram a Lisboa José Maria Arnaud, e o seu filho Caetano Arnaud, vindos de Piemonte, Itália. Tenham sido chamados pelos manos acima referidos que defendiam altos cargos ,com correspondência trocada diariamente, e pelo conhecimento que o ministro em Turim, nesse tempo era D. Rodrigo de Sousa Coutinho, a chave para importar as mudas de amoreira e piemonteses para ensinar. Com produção em terras de Ansião até Castelo Branco, como na margem sul, no Seixal, com uma fábrica em Tomar.Sendo clara a descendência italiana que ainda se distingue hoje em muitos em Ansião, como o apelido Arnaud, aventa ter sido mal fidelizado ao constactar na região: Arnao, Arnault ,entre outros.
Existe uma velha amoreira nas Lagoas junto ao muro de uma casa que foi de um padre e outra segundo Henrique Caseira, no Curcialinho.
De supor que a aquisição da quinta da Fonte pelos Soares Barbosa, aconteceu nesta altura após a queda do marquês de Pombal.
Recordo a frontaria do solar dos Soares Barbosa
Já vimos pela carta dos jesuítas que tinha ainda o feitor em 1834. Sabemos pela "Bina piloto"que foi arrendado a magistrados da nova Comarca a partir de 1875. Nessa altura era Oficial de Diligências no Tribunal, João Marques André, do Pinheiro, que veio a casar com uma mulher da Ateanha. Viveram na ultima estalagem do Bairro, que fora da Ti Maria da Torre, na parte de hospedaria depois adquirida por "António Trinta". Família com contendas familiares mais tarde apaziguadas para se mudarem para uma casa de família, no Largo do Ribeiro da Vide, onde se julga viveu Belchior dos Reis, de traça judaica com balcão alpendrado e janela de avental a nascente. Esta família detinha muita terra em Ansião, inclusive a quinta do Bairro, pela descendência em Belchior dos Reis.
O solar foi sendo alugado a magistrados até ao Estado Novo. Data de 1933, para os acolher a construção de duas vivendas de sobrado, geminadas, na frente do Pelourinho. Com o solar vago veio a ser habitado por dois irmãos, pela herança recebida do pai de Virgílio Courela, que habitou a parte norte e a parte sul pela irmã, esposa do Sr "Zé piloto".
Nada sabemos sobre a venda da quinta na manta de retalhos de muitos.
A família Marques André, perdeu uma disputa judicial que não conheço os meandros, incitada pelos filhos ilegítimos do seu filho - João Marques Freire, solteiro, a viver no Pinheiro. Ainda casou com a tia Elvira - irmã do pai, se julgue para não os vir a perder, mas em vão. Desconheço se o solar era já pertença dos Marques André, tão pouco se foi adquirido no tempo que o pai deste, foi Oficial de Diligencias no Tribunal.Disse-me a D. Alda Gaspar, filha de Virgílio Courela, que a mãe falava que tinha havido um oratório na grande sala. Na casa do "Sr. Zé piloto", no velório no solar ainda havia um lindíssimo móvel muito velhinho a desmembrar, que acabou vendido a um antiquário, como loiça Real Fábrica de Sacavém .
O pilar do portão desapareceu na nova reestruturação, viu-o no chão no tardoz junto ao estacionamento...
A rua da frontaria, como já referimos foi antiga via romana, vindo a ser atestada na toponímia nos meados do séc. XX, agraciando um dos filhos - Jerónymo Soares Barboza. O solar julga-se tenha sido construído em meados da centúria de 700. Falava-se que datava de 1735 - data de casamento dos pais dos ilustres. Numa porta do r/c a caminho do sul, havia um lintel preso com ferro de impercetível numeração, apenas se distinguia o primeiro algarismo 1, seguido de um 3. O lintel julgo se perdeu na requalificação. Não conheci o solar a norte que bem podia ter outra data esculpida...
No séc. XXI, o solar foi requalificado na Residência Sénior do Nabão
Manteve a traça antiga, sem colidir com a modernidade. Fica a sugestão de exibir placar com a menção - Solar dos Soares Barbosa, para não se perderem as memórias do passado de Ansião. Também a merecer atenção a retirada da placa da toponímia Jerónimo Soares Barbosa, em metal, com o nome em português atual. Parece-me assertivo preservar a memória atestada na placa antiga com o nome do agraciado como foi batizado.
Requalificação do solar dos Soares Barbosa em Ansião
Suposto antes da intervenção sem escavação arqueológica para apurar a sua antiguidade nos vestígios do lajeado de ardósia da cozinha, dos tanques de pedra da adega, e da casa, sem saber se foram registadas fotos do seu interior para perceber se o solar teve oratório. Como no sótão se foi encontrado algum papel que ajudasse a esclarecer quem foi a família que o mandou construir, como se chamava a quinta que se estendia pelo seu tardoz. A muito esforço pelo poço de chafurdo que ali houve e servia de fonte, na beira do troço romano/medieval, tenha sido a Quinta da Fonte. E assim se perde o que se procura achar!
A casa onde viveu a peixeira a Ti Zulmira Portela , mulher que conheci bem ainda a ostentar na frontaria pedras largas como testemunho da sua antiguidade e por dentro uma escada em pedra e que pertenceu a herdeiros do solar dos "Soares Barbosa", segundo informação da D. Alda Gaspar.~
«Muitos outros originais de Jerónimo Soares Barbosa, que ficaram sem publicação como: Tentativa sobre a inscrição incógnita do Vale de Nogueiras »
«Custódia Soares Barbosa foi baptizada a 13 de Dezembro de 1744 em Ansião . Dela nada mais encontramos, morreu com 6 anos, em 1749, om “bolhas na garganta” como o Dr. Luis Soares Barbosa, seu irmão , relatou .»
«Teresa Angélica Soares Barbosa nasceu a 30 Junho 1747 em Ansião e foi baptizada a 11 do mês seguinte em Ansião , não tendo sido encontrada qualquer outra referência a ela.» Tenho uma nota pouco explicita que casou em 1767.
O testamento contemplou também os seus criados e consignou os dinheiros sobrantes da execução dos legados e provenientes do Cofre da Universidade e do Cofre do Subsídio da Provedoria do Porto e também de algumas dívidas de particulares de que deixou escrituras e assentos, ao Sufrágios de Missas, Esmolas e Orações pela sua alma e pelas almas de seus Irmãos, Irmãs (plural J.F.) e Pais. Estipula que as missas serão ditas na Igreja de S. João de Almedina em número de «seiscentas de esmola de duzentos e quarenta reis.»
O testamento contém uma curiosa disposição, que, porventura, será de estilo, e que reza assim: «E se algum dos interessados nele quiser litigar em juízo sobre o que nele disponho, o hei por esse facto excluído do que lhe deixo no mesmo testamento e que nesse caso será distribuído pelos Co-herdeiros.»
O teor desta disposição associada às declarações, que Nicolau se sentiu obrigado a fazer para atestar o título de legítimo possuidor do património que deixou em testamento, leva-me a pensar que haveria contestatários entre os seus sobrinhos. Não restam dúvidas de que os meus trisavôs, Aureliano e Joaquina Eufrásia, ficaram com a parte do leão; as outras sobrinhas ficaram com os despojos e isso, imagino, não terá sido aceite de ânimo pacífico.
A preferência por estes sobrinhos, suponho, decorreria do facto de existir entre eles uma mais íntima ligação familiar, uma vez que viviam na mesma cidade, e daí ter sido ele escolhido para padrinho de baptismo do sobrinho-neto António de Aguiar Pereira Frazão Soares, meu bisavô.
A quinta da Barbosa, integrava os domínios da Marquesa de Vila Flor, a quem era pago foro, e como o nome deixa supor, chegou ao património dos Aguiar, no rol dos bens de raiz legados pelos tios Soares Barbosa.
Quem teria sido a Barbosa que deu o nome à quinta? Não conheço documento que esclareça esta minha dúvida; resta, portanto, fazer hipóteses. A minha hipótese é a de que foi Violante Rosa Soares Barbosa, casada com Manuel Freire, os pais de António, Jerónimo, Teresa Angélica, Luís e Nicolau Soares Barbosa.Repare-se que o apelido Freire na figura no nome dos filhos, mas tão-só os apelidos da mãe. O facto dá azo a que se possa conjecturar que existiria uma certa ascendência social da família da esposa em relação à família do marido.Também nos filhos de Aureliano houve uma mudança no nome, verificando uma subalternização do apelido Aguiar. Os filhos deveriam por regra chamar-se …Pereira Frazão de Aguiar, mas foi-lhes posto o nome de Aguiar Pereira Frazão Soares. Foram buscar o Pereira Frazão à avó paterna Ana Rita Pereira Frazão, casada com o Dr. António José Francisco d'Aguiar e o Soares à trisavó materna Mariana Soares.
Esta subida no rio do tempo em homenagem às raízes da linhagem tem, a meu ver, uma razão política, que passo a expor, a título de conjectura: Aureliano era um miguelista convicto e seu primo Joaquim António d'Aguiar um importante liberal, várias vezes nomeado ministro e chefe do governo e um indefectível amigo de D. Pedro IV.
No contexto da luta entre conservadores e progressistas, Aureliano perdeu a cátedra e por este motivo o nome de Aguiar tornou-se ominoso, porque na sua mente ele passou a significar liberal e liberalismo. Subestimá-lo seria uma maneira de vingar a afronta! Teria sido assim? É possível!
Segundo relata José Mattoso «a família de Barbosa, de veneráveis tradições, pelos laços familiares que a ligam a famílias galegas de estirpe condal. O seu centro espiritual é o mosteiro Beneditino de Pombeiro, perto de Felgueiras, cujas ricas propriedades lhe permitiram construir uma grande igreja abacial e suscitar o interesse de outras famílias, ligadas aos de Barbosa, principalmente os de Sousa.»
A respeito deste trecho ocorre-me dizer duas coisas. A primeira é a de que o pai do poeta Bocage introduziu no seu nome o de assinando Dr. José Luís Soares de Barbosa. O próprio poeta mandou pôr no frontispício de alguns dos seus livros, como, por exemplo, o dedicado à Marquesa de Alorna o título RIMAS de MANOEL MARIA DE BARBOSA DU BOCAGE.
Ambos se reclamaram da linhagem dos de Barbosa.
A segunda refere os Sousa e Pombeiro. Em vida de Bocage o conde de Pombeiro, e mais tarde marquês de Belas por via matrimonial, era José de Vasconcelos e Sousa em cujo palácio se reuniam, às quartas-feiras, os poetas da Academia de Belas-Letras de que Bocage fazia parte. Enfastiado com a mediocridade da poesia e dos repastos de tais reuniões, vulgarmente denominadas «quartas-feiras de Lereno», Bocage escreveu um soneto em que pinta, carregando nas cores, um quadro grotesco, de todo pindérico, de tais saraus poético. A chufa deixou fulo o anfitrião «o fofo conde» e custaria a prisão do poeta, se ele se não tivesse homiziado na quinta de um amigo de Santarém. Reproduzo o poema que nos dá conta da veia sarcástica do Bocage
Soure foi verdadeiramente um alfobre de gente de prol. Na vila assentaram os Menezes, os Covilhã, os Melo, os Sequeira, os Couceiros, os Pereira Coutinho, e os Barbosa Canais; fora da vila, no Espírito Santo, os Amados de Vasconcelos, na Caparrota, os Ataíde e Melo (família da mãe de marquês de Pombal), na Telhada, os Homens de Quadros, na Quinta da Cruz, os Coelhos, no Solar do Pai Daniel, os Nápoles e os Marta, na Quinta de S. Tomé, os Coutinho de Vasconcelos, nas Degracias, os Albergarias, no Pombalinho, os Almada, na Vinha da Rainha, os Brito Teles e os Magalhães Colaço, em Figueiró, os Amado de Nápoles e no Casconho os Carvalhos Ataíde (família dos pais do marquês de Pombal)
Chamo a tua atenção para o auto de aprovação do testamento do nosso bisavô António De Aguiar Pereira Frazão Soares, onde encontrarás o nome de António Barbosa Canais Pereira de Figueiredo, casado proprietário, do lugar de Gesteira desta Comarca (onde se situa a Quinta da Barbosa) não sendo, por tal facto, de excluir a hipótese de ter sido uma senhora desta família a dar o nome à quinta onde nasceram os nossos avós.
Fontes
https://issuu.com/mariorui1/docs/ansiao_dossier:
http://maltez.info/biografia/melo%20freire.pdf
Livro de Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
Livro dos Soares Barbosa http://www.textiverso.com/
https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/soares/
https://geneall.net/pt/forum/45587/ascendencia-francesa/
Nenhum comentário:
Postar um comentário