Crónica com resumo publicado no Jornal Serras de Ansião
I parte em julho em 2022
II parte em agosto em 2022
Diz-nos o Dr. Vítor Faveiro o ancião a quem a Rainha Santa Isabel dava esmolas morava no Ribeiro da Vide...
Pura deturpação nos séculos do baldio até ao início do séc. XX, despovoado e estéril, onde a poente, entestava o correr da estrada real, vinda do Vale Mosteiro - vulgo mosteiro, onde foi sediado o esmoliadouro, foi em crer, rondado por pobres, mendigos e lázaros, na esperança de receber esmola de viandante nobre, clero, forasteiro ou, peregrinos do Caminho de Santiago. Para sul, já no termo da vila, nos finais da centúria de 600 , foi implantada na Cabeça do Bairro, a centralidade social e económica, com a Casa da Câmara , casa do administrador , almocatés, outras valências e estalagens. Entre o vulgo mosteiro e o Ribeiro da Vide , na saída para sul, do Largo do Bairro, havia a cadeia. Pela grade os presos suplicavam esmolas. Foi local também rondado por pobres e mendigos junto das estalagens, onde aportavam viandantes na chegada e na partida.
Versos a condor errado no cortejo alegórico de 2016
Em 1903, Alberto Pimentel na sua estadia em Ansião, no seu Livro Estremadura Portuguesa
No último parágrafo da página abaixo descriminada , sobre a informação recolhida - quem teriam sido as suas fontes ? Óbvio que houve propósito em aproveitar a estadia de um escritor na terra, para empolar deliberadamente a lenda da Rainha Santa, puxando galões a seus interesses do momento e futuros.
Vários autores clássicos sobre a Lenda à Rainha Santa Isabel em Ansião
A meu ver, foi primeiramente escrita a jeito de romance, dando azo aos demais de continuarem nessa empolgação, sem raciocínio lógico para avançar ou presumir, circulando todas as narrativas a enredo erróneo...
Livro do Padre Coutinho de 1986 no ponto 2.1.2.4
(…) Às portas de Ansião, chegada aos densos e frescos arvoredos, e à vista do Nabão, parou. Desceu a margem e, sob a ponte, tomou água e banhou os pés, refrescando-se na linfa pura e fresca, que abençoou. Revigorada, prosseguiu; pouco adiante, deu esmola ao anciã
(…) Diz a lenda ser esta a causa da afluência aos banhos e a origem do nome da terra, tentando assim justificar, também, a errada grafia até há anos usada no nome da vila
(…) A ligar as duas margens do rio Nabão e no seguimento do troço viário, então reaproveitado (?) das Lagoas para o centro da vila, passando junto a edificações novas, em finais do séc. XVII foi construída a Ponte da Cal, de alvenaria, com dois arcos em cantaria siglada, sendo o do norte dividido por um estreito passeio que, ao centro, delimitado por dois tanques de banhos: um para homens, outro para mulheres, e este, com uma pia mais funda, onde, segundo a tradição lendária, a Rainha Santa Isabel banhou os pés, refrescando-se na linfa pura e fresca, que abençoou. Revigorada, prosseguiu; pouco adiante, deu esmola ao ancião. As águas ficaram com virtudes milagrosas e, consideradas santas, são objeto de uma pratica ainda efetuada nos tanques da ponte. As águas ficaram com virtudes milagrosas e, consideradas santas, são objeto de uma prática ainda efetuada nos tanques da ponte. Até há anos havia o chamado "banho santo", ali praticado desde o dia de S. Pedro (29 de junho) ao dia da Rainha Santa Isabel (4 de julho). Diz a lenda ser esta a causa da afluência aos banhos e a origem do nome da terra, tentando assim justificar, também ,a errada grafia até há anos usada no nome da vila.
Dr. Salvador Dias Arnaut no seu Livro Ladeia e Ladera de 1937
« Graças à solicitude do meu querido amigo Dr Vitor Faveiro, de Ansião - que já identificara Fazalamir com Soucide cerca dum quilometro a noroeste das ruínas de Façalamim e diziam as pessoas uma vez dirigindo-se a Rainha Santa Isabel para sul para Estremoz , para separar o pai e o filho preparados para enfrentar uma batalha ,e pelo facto de se encontrar extremamente cansada parou na margem da ribeira( a que hoje chamamos Nabão) mas a que o povo chama ribeira de Ansião, aonde refrescou os pés. De aí o considerar-se que as águas ficaram santas sobretudo para doenças da pele.»
Livro Penela história e arte do Dr. Salvador Dias Arnault e Pedro Dias
(…) A Rainha Santa Isabel, diz a lenda, indo de Coimbra para sul, parou, muitíssimo cansada, na margem de uma ribeira, onde lavou os pés. Era perto da morada de um ancião, a que a Rainha costumava dar esmola nas suas passagens por ali. As águas ficaram a ser consideradas santas ou milagrosas - e o banho santo na água da ribeira, em Ansião, surgiu naturalmente, praticado ainda neste século (XX).
Livro Património Religioso do Concelho de Ansião António Simões, Joana Dias e Manuel Dias
2.1.4.3 Capela da Rainha Santa Isabel e de S. Pedro
(…) junto da Ponte da Cal, sobre o rio Nabão, precisamente no local onde, onde segundo a lenda, a Rainha Santa se apeava da sua montada para refrescar os pés nas límpidas águas do rio, foi construída na margem direita, a pequena Capela da Rainha Santa e de S. Pedro. As nossas fontes apontam o Dr. António Santos, como fundador desta capelinha (…) na década de 1960 quando se iniciaram grandes festejos na vila de Ansião, a Procissão das Velas, em que a imagem da Santa Isabel era “rainha”, mas depois o bispo de Coimbra criou algumas dificuldades à realização desta festa da Rainha Santa Isabel e, nos últimos dois anos, e se comprova pelos cartazes a festa é dedicada ao S. Pedro (...) que ambos os santos que partilham a capela, são homenageados pelos habitantes da Vila de Ansião ( sobretudo os do Fundo da Rua e de Além da Ponte). Durante muitos anos foi costume a prática do "banho santo", para homens e mulheres , praticado nos dias de festa, nos respetivos tanques, que ainda se veem por baixo do arco do lado Norte da Ponte da Cal.
No final do livro, o Dr. Manuel Dias faz um grande apontamento floreado à Rainha Santa Isabel
(…) graças a estas passagens da santa rainha pelo concelho, subitamente, Ansião que já tinha este nome há séculos atrás, passa, segundo a lenda, a denominar-se assim, pois sempre que Isabel aqui passava dava esmola a um ancião e o rio Nabão junto à Ponte da Cal a possuir +aguas milagrosas, pois acredita-se que a rainha santa se banhava naquele local. Esta devoção continua bem viva, como podemos verificar pelo painel de azulejos da Rainha Santa, quase um "ex-libris", da vila, pela sua festa todos os anos realizada com efervescência e graças á grande divulgação que a lenda ainda possui.
Padre Manuel Pinho na Página Facebook da Igreja de Ansião
Junto à Ponte da Cal está uma capelinha que se pensa ser dos finais do século XVII e talvez tenha sido construída por ordem do Dr. António dos Santos, cónego da Sé de Lamego, natural da vila de Ansião. Esta capela tem as imagens de S. Pedro, Rainha Santa e S. João Baptista. A tradição diz que por aqui passou, em 1320, a Rainha Santa a caminho de Lisboa para acalmar as fúrias do filho D. Duarte, o futuro rei de Portugal, que tinha declarado guerra ao pai, por pensar que a sua sucessão ao trono estava ameaçada pelo seu irmão bastardo, Afonso Sanches (...) Em 1336, Afonso IV declarou guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de Portugal, e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua esposa D. Maria, filha do rei português. E a Santa Isabel partiu para Estremoz como medianeira da paz, e por aqui passou novamente já defunta a caminho de Coimbra. Mas o mais provável é que tenha sempre passado pela estrada real que vinha de Santiago da Guarda e atravessava o Nabão pela Ponte Galiz. Afinal a vila no tempo da Rainha Santa ainda estava edificada na zona da Igreja Velha e a Ponte da Cal não existia, nem existiriam habitações no hoje chamado lugar de Além da Ponte, nem sequer no que hoje é a vila de Ansião . Mas a história contada de geração em geração vai-se adaptando. E assim os tanques do “banho santo” fizeram-se não onde a rainha se banhou, mas debaixo da nova ponte. E o mesmo sucedeu com a construção da Capela em honra da mesma Santa. Mas até teve uma vantagem: a Ponte Galiz ficava longe e a devoção à Rainha Santa era capaz de se perder.
(…) Reza a lenda que a Rainha Santa, ao se deslocar entre Coimbra e Leiria, percorria este trajeto acudindo-se de uma estrada real que unia o Norte ao Sul do País. Nos tempos de primavera e de verão descia de sua mula e desfrutava das águas do rio Nabão. Em uma dessas ocasiões, ao prosseguir a viagem, teria deparado com um ancião pedinte ordenando que a comitiva se detivesse para oferecer esmolas a esse senhor. Assim, surgiu o nome: Ansião
A Rainha Santa passou em Ansião - Com certeza!
Então sulcada por estradas romanas/medievais secundárias vindas de norte de Santiago da Guarda, Vale de Boi ( com um troço catalogado) , Nabão e Vale Mosteiro e, de nascente, Lagarteira, Constantina, Lagoas, Alto da Lameira, Nabão e Vale Mosteiro. Local do primeiro burgo social, no vulgo mosteiro e, o religioso, no atual cemitério de Ansião. Faz sentido admitir que no esmoliadouro do Vale Mosteiro, referido na extrema de uma das quintas que formou a herdade de Ansião, em 1175/6, mandou depositar esmolas que serviam ao apoio assistencial na enfermaria rudimentar da estalagem, que acolhia doentes e pobres aportados de viagem. É difícil acreditar que a própria Rainha se abeirava dos pobres para lhes dar esmola, fosse pelo cheiro nauseabundo, bicheza que carregavam (piolhos, lêndeas, pulgas , percevejos etc.), receio de contágio de doenças e, ainda o de embuste.
Sendo óbvio, se olhar ao seu cariz de mulher corajosa e valente - permitia sem permitir, que a si se achegassem mendigos que rondavam esmoliadouros e pontos de encontro de paragem nas estalagens. Para ter sido retratada em gravuras a sua bondade, dando a esmola a pobres.
Painel primitivo já desaparecido ao Fundo da Rua
Gravura a buril de Neves
Ansião teve no Vale Mosteiro a arte de bem receber! Que continua!
O povo falava de uma cama de pedra da Rainha no Vale Mosteiro. Se o vulgo mosteiro foi implantado em habitat catalogado romano , indicia que aqui pernoitou numa cama de pedra, reutilizada de um altar pagão ou podium .
Sobre a lenda onde se refrescou em Ansião?
Foto do Alto da Lameira Remax
Para visualização do troço romano/medieval, vindo de Lagoas para o Vale Mosteiro.
Há quem avente que a Rainha Santa a se refrescar em Ansião foi na Ponte Galiz. Dizem que a ponte Galiz é romana, mas não é . No tempo da Rainha Santa a estrada vinda de Santiago da Guarda para Matos de Façalamim, hoje Santana, que foi Vintena, seguia para os Nogueiros, e nos Poios , atravessava a ponte no Nabão, seguindo à frente para o Escampado, Albarrol, Suimo, Almoster. Sendo que falta apurar se teve corredor para a Igreja Velha na ligação ao Vale Mosteiro.
A ligação da ponte Galiz, ao Lousal ,será dos finais do sec. XIX. Apresenta ainda hoje margens altas onde houve moinhos de água, hoje como há séculos não reunia condições favoráveis. A ponte não esta classificada, em abandono, sem utilização, bem merecia abarcar um passadiço desde a pedreira e Senhor do Bonfim para o Lousal, Caniço etc...
Leva-me a presumir que a Rainha Santa a se ter refrescado em Ansião, o foi no Alto da Lameira, pelo troço romano de Lagoas, para o Vale Mosteiro. Demorei anos para correlacionar o entroncamento às Lagoas da via romana; a que seguia para sul para o Vale Mosteiro, e a outra seguia para a atual vila , a meu ver para habitats romanos, só alguns estudados, seguindo para os Empiados, Casal Soeiro, Casais Maduros, Venda do Negro, Vale da Couda etc.
Ao Alto da Lameira na cota superior do maciço, irrompia uma nascente perene, do vale aquífero do Nabão. O chamado Fontanário da Bica. Era beijado a sul, por grande tanque que me parecia uma piscina, todo em lajes de pedra , debruado a degrau na sua volta. No tempo, era uma criança e não percebi a sua função, julgando seria para as mulheres lavarem roupa e não molharem os pés. Porém, não haviam pedras para lavar a roupa... Hoje, soterrado no nó do IC8. Aclarei mais há poucos anos com a descoberta de um tanque semelhante que foi de termas de Chaves, que se mostra na foto abaixo, que me avivou a ideia que aquele que conheci, também o teria sido. Aliás, descobri há anos, em Chão de Couce um mais pequeno, no tardoz da que foi a Casa da Câmara, que devia ser estudado para mais se avançar deste passado na região.
Termas de Chaves
Conjetura creditícia à passagem da Rainha Santa por Ansião
A estratégia que coligi neste ensaio
2º- No tempo da Rainha Santa, Ansião, e a região, viviam a sua centralidade, sulcada por vias romanas/medievais vindas de Espanha, de norte para sul e para o litoral – credível, em alguma passou a Rainha Santa para Lisboa!
3º- Maria de Lurdes Cidraes "(...) Povoações associadas à presença ou às memórias de D. Isabel de Aragão/ sem data) Vila das Dores (Nossa Senhora do Pranto - Dornes) (Lenda/ sem data certa), Ansião, Almoster (Santarém) , Sangalhos, Cartaxo, Vila Flor, Pataias e Odivelas.
Em Peregrinatio Hispanica, 1531 - 1533
O secretário, autor do diário das viagens, Frei Claude de Bronseval vindo à Península Ibérica na comitiva de Dom Edme de Salieu, abade de Claraval, visitar as abadias cistercienses, o Padre Coutinho no seu livro de 1986 já referenciara a passagem por Ansião em 06.07.1532 para Lisboa. Coligi com outra que fizeram por Alfeizerão, de José Lopes Coutinho na Academia EDU a cruzar com as viagens da Rainha Santa descritas por Maria de Lurdes Cidraes.
Na viagem de 8 de Novembro a 21 de Fevereiro de 1533
Visitou quantos mosteiros lhe ficavam no caminho entre eles os de Alcobaça, Tomar, Seiça, Coimbra, Maceira, Dão, Arouca, Tarouca, Salcedas, Bouro, Fiães no Alto Minho, Júnias em Trás-os-Montes, Santa Maria de Aguiar e os demais da Beira, Portalegre, Avis até Évora onde então poisava a Corte - no dia 07 de dezembro dirigindo-se para Évora de novo passou por Ansião.
No dia 30 de janeiro de 1533, foi a última vez que atravessou estas terras. Vinha de sul, passou pelo ópido (principal povoação) chamado Ansião e foi ficar ao Rabaçal.
A comitiva deixou Évora a 15 de Março direito a Castela, atravessaram o Caia junto a Elvas no dia 17.
As estradas ao tempo da Rainha Santa na região centro
Nas suas deslocações a Rainha Santa de Coimbra para Leiria, ou Pombal - em crer, de Coimbra, Alcabideque, Conímbriga, onde seguia por Ega e Soure ( onde encontrei em casas alguma invocação ao seu nome em painéis azulejares) , seguindo pela Redinha, em trajeto mais curto e de piso mais direito, Pombal, Santiago de Litém, Albergaria dos Doze, Estreito, já em Ourem, onde em Rio de Couros entroncava a estrada romana/medieval vinda de Chãos, a nascente pela ponte romana da Quebrada para Formigais , que seguia para Colipo, em Leiria. Despertei na leitura da Carta Arqueológica de Ferreira do Zêzere de 2006, ao ser avistado um troço de calçada de 150 metros, em Chãos. Numa caminhada em junho de 2022, em Chãos, reconheci o troço de calçada e de onde parte a sua derivação para o litoral pela ponte da Quebrada , indo embocar entre Casais do Vento e Formigais.
Já a estrada principal braga/Lisboa, em Chão passa no Casal de Santa Iria, Almogadel. Senti inegavelmente o corredor da via de Sellium (Tomar) para Coimbra, mas, que alguns historiadores, como o Dr. António Baião, de Ferreira do Zêzere, aventou não ser esta a via de Olissipo a Bracara Augusta, mas, sim por Rio Maior, onde no seu tempo tinham sido descobertas grandes calçadas. Não há duvida nenhuma que aqui passou uma via romana . Como outra em Rio Maior, entre outras secundarias. Transmito o que senti no terreno. O coração nevrálgico da centralidade romana, a ligar Espanha pelo Zêzere com o litoral para Ourém e, norte de Braga para Lisboa. Juntei na caminhada em Almogadel, dois poços de chafurdo, adulterados em fontes. Jamais alguém se referiu a este tipo de poços, em geral são herança romana , que associei à região cársica, por possibilitar no verão, à medida que a água escasseia, a entrada pela escadaria do poço . Demorei 50 anos para perceber a sua função, pelo poço que ainda existe no quintal dos meus pais, em Ansião, centrado junto de uma via romana/medieval, ao ser diferente dos demais, alongado tipo urna, sem ninguém me saber responder, mas nunca desisti. Ao longo dos anos os fui catalogando junto das vias romanas, em vários formatos, nos concelhos de Ansião, Alvaiázere, Soure (nascente ao limite com Ansião) e outros haverá, ou já não existem. De todos, o mais impressionante na largura dos degraus da escadaria é o poço Minchinho, na Lagarteira, Ansião, com acesso à boca do algar. Em Alvaiázere, perdurou uma bela fonte de mergulho em Paradelas, e outra em Dedona foi destruída, inseridas na via romana vinda e Ansião. Na várzea de Aljazede em Ansião, junto do corredor romana temos a Fonte dos Mouros e o poço do Carril, ambos adulterados para fontes na década de 60 do séc. XX. Foram contudo menção no livro de 1937 do Dr. Salvador Dias Arnault.
O entroncamento do Tojal, no concelho de Ferreira do Zêzere ao limite com o sul de Alvaiázere a estrada romana, em época medieval foi chamada a estrada coimbrã.
De certa forma é facilitado refazer o itinerário antigo pelas antigas quintas . O escritor João de Barros teve a sua em Santiago de Litém. De Ansião para Leiria, não havia a atual estrada IC8, nem a antiga distrital dos finais do séc. XIX. Tinha que se apanhar a que foi focada em Rio de Couros.
Para a perceção das deslocações da Rainha Santa para Dornes
Terras da Rainha Santa onde mandou erigir uma ermida.
Estive em Alcabideque, localizei com a ajuda de populares a que foi a estrada romana/medieval , onde seguramente passou muita vez a Rainha Santa, seguindo para sul por um corredor hoje desativado que mantem uma ponte com arcos, quiçá medieval e logo à frente foi cortada pela estrada Penela/Condeixa. Segue-se em frente para o Poço ( seria outro poço de chafurdo a ditar o topónimo) com entroncamento para Conimbriga , e para nascente seguia para a Fonte Coberta ( foi uma fonte de mergulho) ,Zambujal , Povoa de Pegas, Rabaçal, Tamazinos, onde foi descoberto um belo miliário. Ao monte Vês, houve uma derivação com dois sentidos para sul; o corredor principal seguia na direção nascente de Casas Novas, Poço dos Mouros na Ateanha, Poço do Carril, Póvoa da Coelhosa na Lagarteira, Carrascos, Vale do Peão, Figueiras de S. João , onde derivava para poente pela Constantina, Lagoas, Vale Mosteiro, já citada acima. A via principal seguia pela Cabeça Redonda, Venda das Figueiras, Togeira ( no Avelar ), ponte romana do Pontão, e a sul, a uns 200 metros teve uma derivação junto da represa da Quinta de Mouta de Bela pela Ladeira ,Chão de Couce, Pereiro, Carregal, Maçãs de Caminho , Alvaiázere , Pussos , Cabaços, S. Pedro de Pussos, Rego da Murta, Tojal.
Nos Cabaços havia outra derivação para Dornes, como outra mais a sul S. Domingos, Meneixas, Corte da Ordem, Cardal, Areias, Pias, Bairrada para atravessar o Zezere .
Características das águas do Nabão
As águas do Nabão são sadias para eczemas de pele. Deve-se aos romanos, a descoberta das suas virtudes curativas. No habitat romano classificado no sítio da Ponte da Cal, onde por certo tiveram os seus tanques a que chamavam termas. Como alvitro o tanque ao Alto da Lameira, já referenciado.
É mito associar os banhos milagrosos à Rainha Santa na Ponte da Cal, que ainda não existia .
Como é mito chamar à pia inserida no tanque das mulheres – a pia da Rainha – o chafurdo das crianças sob olhar das mães.
A referência a cura em águas milagrosas, admito, vinda à luz com o milagre da Fonte Santa em 1623. Os romeiros banhavam-se no poço de chafurdo , a troco de esmolas. A cura, nada mais do que a lavagem ao maior órgão do corpo - a pele, ressequida de sujidade e suores, sentindo ligeiro alivio, a que davam o nome de milagre em águas milagrosas...induzidos pela forte beatização.
Em verdade, o sabão e, os banhos públicos (hammams) eram praticados no âmbito de preceitos higiénicos de profunda influência muçulmana na região.
A partir do século XIII, o sabão era recomendado pelos médicos, como benéfico para a pele. Desta forma, a sua utilização no banho generalizou-se. No séc. XVII, a utilização regular do sabão constituía uma pista usada pela Inquisição espanhola para distinguir e localizar os muçulmanos convertidos.
Nos finais do séc. XIX os banhos em Ansião, voltaram à ribalta, para celebrar a paz pública .
O Ritual do Banho Santo na Ponte da Cal
Debaixo do arco norte com dois tanques de chafurdo: um para homens e outro para mulheres, que tem uma pia para as crianças.O culto e ritual do chamado banho santo, em Ansião foi-se desvanecendo pela escassez de água com as grandes secas ocorridas em 1939 e, na década de 40, do séc. XX, quando já dava cartas o afluente do Agroal, cujas águas parece não provem do mesmo algar cársico do Maciço de Sicó, mas, com as mesmas características químicas.
A nova rota de cura para maleitas de pele onde foi de carroça o meu avô José Afonso Lucas a banhos para tratar um eczema de pele, e onde efetivamente vi durante anos pessoas a tomar banho com sabão azul e branco, isso sim, era banho anual para uma maioria. Recordo de haver uma mezinha com uns poses comprados na farmácia fervidos em púcaro ficando ao relento uma noite e depois passava-se na pele e tomava-se banho, para sarar as feridas. Na década de 60 tinham um serviço de aluguer de fatos de banho e até banhos quentes. O Agroal destronou o chamado banho santo em Ansião.
O Agroal
A Quinta de Além da Ponte
Com muita matéria coligida:
1º Nos Cadernos de Estudos Leirienses de setembro do de 2016, a vinda de um contratador de sabão para Ansião, em 1630 " Por sentença deste ano, o Mosteiro de Santa Cruz embargou-lhe o intento, para evitar que, no fabrico deste produto, queimassem os carvalhos com cuja lande se criavam muitos porcos com os quais os caseiros da sua grande herdade lhe pagavam os foros das marrãs."
A saboaria foi implantada junto do Nabão - não sabemos o local. Recentemente foi demolida uma ruína de casario abaixo do Pingo Doce, que por último serviu de curral, e talvez tenha sido ali que laborou. Por conta da queixa a saboaria fechou.
3º Descobri a adjudicação da Ponte da Cal em 1648, nos arquivos da Universidade.
5º Em 1863, foram extintos os morgadios. Em Além da Ponte, o do Mestre jesuíta, teria criado arrufos na divisão da terra, parte ainda hoje é de seus descendentes e da família Duarte Faveiro. Desconheço o modo da sua aquisição.
6º O novo dono da Quinta de Além da Ponte - Dr. Abel Falcão, chegou a Ansião, nos finais do século XIX, com uma criança mulata, que já conheci mulher idosa. Alegada filha, porque uma casa ao Cimo da Rua, que foi dele, foi ela que nem sabia, que a vendeu...Ele era irmão de Rosa Falcão, que foi presidente da câmara de Ansião e Governador Civil, eram dos lados do Espinhal.
A meu ver, acresce o preconceito à criança mulata que tinha de ser calado . Ao admitir a sua envolvente ação nos planos da nova comarca de Ansião, com quem se coligou de mãos dadas no propósito de abafar os conturbados conflitos pela divisão da terra que fora do mosteiro e dos morgadios. Moveram interesses comuns a contributo da paz pública, em diversas ações encetadas. Credível que o palco da Capela da Rainha Santa em 1696, foi mais acima, onde em 1926, foi construída a casa do Dr. Vítor Faveiro. Para não estragar a utilidade futura desse lote a Capelinha de S. Pedro, foi levantada acima da margem norte, ao género das Alminhas, teria sido custeada pelo Dr. Abel Falcão, que doou os Santos: S. Pedro seria do oratório da casa, já que a família Alarcão, teve uma capela a este orago no Vale da Couda, em Almoster. Ou não e foi comprado porque era o único Santo popular em falta em Ansião. Já o S. João Batista, foi da capela do moinho de água da Quinta de Além da Ponte .
A tomada de ações do Dr. Abel Falcão e da comarca teve o sucesso desejado.
O povo passou a celebrar a festa ao seus santos populares no Bairro de Santo António, na Sarzedela e agora ao que faltava S. Pedro em Além da Ponte. Claro que havia arraial, música no coreto, bailarico na ponte e banhos santos, em anos de seca os tanques eram cheios de água que vinha em pipas...Desse ritual falam os orifícios nos rebordos dos tanques, onde os ferros das guardas enfiavam para maior privacidade. Como a ponte foi apetrechada de guardas e de bancos em pedra. E ainda inventaram uma procissão .
Ponderei a data da construção dos tanques. Se da campanha da obra em 1648, pelo que havia romano , ou mais tardios, por influência do milagre da Fonte Santa, ou não, e são desta campanha de iniciativas. E sim são, porque o tanque do Rio da Sarzedela é muito semelhante, pelos buracos de escoamento, serão dos finais do séc. XIX.
Falta saber se a Imagem da Rainha Santa Isabel, ainda se lembram estava num oratório de madeira, se é da mesma altura da que veio para o novo altar da Capela da Misericórdia, a custas do Visconde de Santiago da Guarda, então administrador do Concelho. Porque faz sentido, no propósito de não se perder a memória ao seu obreiro tão esquecido, o Mestre Jesuíta Dr. António dos Santos Coutinho, o pioneiro em Ansião, da Capela à Rainha Santa como da Capela da Misericórdia – porém, em ambos os cultos, em 2º plano.
Perspetiva da ponte da Cal com os bancos
Altar da Capela da Misericórdia de Ansião
Exíguo altar onde convivem S. Pedro ladeado pela Rainha Santa e pelo S. João Baptista
Origem ao culto da Rainha Santa
É admitido por historiadores que foi iniciado com o seu cortejo fúnebre de 05 a 11 de julho de 1336, de Estremoz até Coimbra.
(…) no dia seguinte a 5 de Julho (sexta-feira) inicia-se a viagem para Coimbra, sob um calor abrasador, sendo o cortejo fúnebre acompanhado por muitos cavalheiros, damas da Corte e prelados, entre os quais se contava o bispo de Lamego, D. Frei Salvador. Apesar das medidas preventivas, a interrupção da viagem foi admitida devido à vacilação do cadáver provocada pelos movimentos dos transportadores, já que durante o primeiro dia de viagem algumas das tábuas do ataúde despregaram-se e pelas fendas começou a escorrer líquido. O desespero apossou-se da caravana, o corpo entrava em decomposição e em breve se iria produzir um cheiro intolerante. Mas a verdade é que o ataúde exalava cheiro agradável, uma situação devida às essências aromáticas usadas na preparação do corpo ou então devida a um fenómeno natural, o que levou os acompanhantes a proclamarem grande milagre. A 11 de Julho, ao princípio da tarde e após sete dias de viagem, o cortejo fúnebre chega a Coimbra e entra na igreja do Mosteiro de Santa Clara, ao som das harmonias plangentes das freiras clarissas, gritos e lágrimas do povo do burgo de Santa Clara.
Dr. António R. Rebelo (…) Em 1556, D. João III determinou a realização de um conjunto de iniciativas nas dioceses do país, nos mosteiros, na Universidade e no Colégio das Artes; encomendou a elaboração de uma biografia de D. Isabel, que narrasse a sua vida, obras e milagres; solicitou cópias de documentos antigos relacionados com esta figura conservados no cartório do mosteiro de Santa Clara; mandou fazer estátuas da rainha e averiguar da veracidade dos milagres (…) são instituídas por D. Manuel I as Festas em Louvor da Rainha Santa Isabel que se realizam em Coimbra (…) obtida autorização pontifícia em 21 de Janeiro de 1556 do papa Paulo IV, o rei D. João III, para que a sua santa avó pudesse ser excecionalmente celebrada em todo o reino. Naquele século, o culto a Santa Isabel conheceu um forte incremento em Coimbra, que culminou com a criação da Confraria em seu nome (…) O seu túmulo foi aberto em 26 de março de 1612, estando o seu corpo incorrupto. A 25 de maio de 1625 é canonizada pelo papa Urbano VIII, que a considera «uma das mais perfeitas mulheres da Idade Média». Nesse mesmo ano (14 de Outubro) o rei Filipe III, II de Espanha de onde a Rainha Santa era natural de Aragão, a declara «Padroeira de Portugal. Porquanto o famoso milagre das rosas o seja devido atribuir à sua tia Isabel da Hungria, embora não tenha sido por acaso que seu avô Jaime I lhe chamava «a rosa da Casa de Aragão», ao jus do seu rosto de candura, abençoada de humanidade ao aceitar um marido de paixão fácil tendo criado filhos bastardos como se fossem seus, apaziguadora em guerrilhas no reinos de Portugal e Espanha, ainda a extrema bondade para com os mais necessitados, o seja para mim tanto predicado para verdadeiros milagres, acontecidos num tempo longínquo praticado por uma Rainha sem medo nem pudor se abeirar dignamente do seu povo empestado de doenças e pestilento de sujidade para com eles interagir e dar esmola.
Aparato jamais visto, o ataúde exalava aroma floral, criando impacto nas terras por onde passou e nos viandantes – ao lhe aludir santidade! Ao ter ajudado os mais desfavorecidos e lutando pela paz no reino.
Credível, em pleno verão, depois de passar por Amieira do Tejo, passou o Zêzere e, ao ramal do Tojal, tomou a via do Rego da Murta, a caminho de Chão de Couce e Avelar, e não pela serra por Ansião.
O pedido para a sua beatização do rei D. Manuel I, ao bispo embaixador em Roma - D. Miguel da Silva, com raízes no senhorio de Abiul.
Foi canonizada em 1625 pelo papa Urbano VIII. Está sepultada no túmulo feito pelo Mestre Pêro, que se julga de Aragão, no Mosteiro de Santa Clara a Nova em Coimbra.
Em 1578, o primeiro livro da igreja de Ansião afirmava amiúde o nome Isabel.
Somos um povo resultado de heranças das tradições celtas, pagãs, ao solstício de verão - o dia da espiga e o culto ao sol; ervas e plantas, águas, pedras e fogo. A partir de 1492, a chegada de judeus veio contribuir na atribuição de Forais Manuelinos em 1514; Ansião, Avelar, Chão de Couce, Pousaflores, Aguda, etc. A cultura diversificada dos clãs, em religião e paganismo, ditou sacralizar as festas aos Santos cristãos mais populares ( S. António, S. João e S. Pedro) e, ao Divino Espírito Santo - a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, criando a unidade de um só Deus de poder divino. Simbologia manifestada nas suas mais diversas formas, existem no concelho de Ansião, muitas imagens em igrejas, capelas e em reservas, mutiladas. Este culto era muito vivo na Beira Baixa, teria vindo de Pedrogão Grande com um ramo dos Freire de Andrade, para terras do Duque de Aveiro (Aguda, Avelar, Penela, Abiul, Pombal etc.) que se estendeu a Ansião, onde o apelido Freire, nos aparece na centúria de 500, de grande influência, sendo ainda muito vivo.
Orago ao Divino Espirito Santo
Igreja da Aguda e de Avelar
Capela no Alvorge
No Escampado de Santa Marta, existe uma bela escultura, admito ali guardada, foi pertença de outra capela que foi desativada. Na matriz de Ansião existe uma imagem mutilada, falta-lhe uma asa na pomba. Muitas outras capelas do concelho guardam bela imagens ao Divino Espírito Santo.
O chamado bodo aos pobres
Quiçá aduzido pela Rainha Santa, paganizou de mãos dadas o profano e o religioso. O bolo era ázimo - símbolo ao corpo de Cristo “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”, no Bodo em Pombal - após a República, o forno de foi demolido como o de Santiago de Litém. Anos depois, o bispo de Coimbra, proíbe a entrada do homem no forno. Reza o que foi essa história - o forno de Abiúl (Pombal) e o de Avelar, no Concelho de Ansião , porque o de Penela, também já não existe. Ainda se mantém viva a ação de graças à abundância do pão na grandiosa Festa dos Tabuleiros em Tomar e em menor escala em Pousaflores, com o seu elegante tabuleiro fiel há mais de cem anos. Tenho uma foto na festa de agosto, no adro da igreja, a minha mãe, teria uns 6 anos com os irmãos já adultos junto do tabuleiro. Família que se prezasse tinha o seu.
II Parte
Mítica sala de visitas de Ansião de Além da Ponte, beijada pelo Nabão e pela levada. Na margem norte, em 1696, foram instituídas duas capelas - à Rainha Santa Isabel, pelo Mestre jesuíta Dr. António dos Santos Coutinho e, no moinho de Além da Ponte, a S. João Baptista, por Joana Baptista.
Em 1903, Alberto Pimentel no seu Livro Estremadura Portuguesa
Logo no primeiro paragrafo...E para avivar a mesma tradição se edificou ali uma capelinha a invocação da Rainha Santa - onde convergem os povos circunvizinhos em romaria nos dias 28 e 29 de junho. anedota pitoresca refere que em determinado anno, por estar quasi secca, a ribeira, a engrossaram com algumas pipas de água para não se quebrar a tradição do banho" ...
A incorreta informação julgo foi deliberada, a enaltecer o culto à Rainha Santa de novo em Além da Ponte.
O Dr. Manuel Dias, refere no Livro da Confraria de NSPaz, da Constantina
Em 1697, o pedido de alvará régio, para uma Feira Franca a 2 de julho em honra da Rainha Santa.
Exaltada a Confraria de NSPaz da Constantina à sua memória, no ano seguinte, da instituição da capela à Rainha Santa em Além da Ponte . Sem explicação a escolha deste dia, sendo venerada a 4.
Fecha a centúria de 600, com dois grandes titãs ao culto da Rainha Santa Isabel em Ansião. Seriam clãs rivais. Já que Mestre Jesuíta, não aparece como confrade da Confraria, nem como tenha dado esmola, estando em Ansião nessa mesma altura.
Admito que nenhum quis ficar atrás um do outro - um fez uma capela, a confraria, uma feira franca!
Nos finais do séc. XIX de novo a ribalta ao culto da Rainha Santa Isabel em Além da Ponte. Chegou o progresso em 1873, com um edital para expropriação de parcela de terreno para a nova estrada distrital - Vieira /Pedrogão Grande, que em Ansião era conhecida por Pombal/Pontão.
O que nasceu primeiro?
A fonte, ou o prédio de Virgílio Rodrigues Valente?
Em 1873, a estrada Pombal /Pontão gerou o cruzamento com a Rua Direita, criando os topónimos: Cimo e Fundo da Rua. O patriarca Virgílio Rodrigues Valente casou com a “Maria das Caldas”. Os sogros exploravam uma pensão ao Fundo da Rua, onde adoçou um prédio em “L” e fundou o Café Valente. Na fachada norte foi encastrada a contento, junto ao portão, uma fonte de espaldar em pedra, com pia para bebedouro de animais.
O Dr. Manuel Dias no livro dos Ilustres Ansianenses, refere que em 1926 teve deferimento o pai do Dr. Vítor Duarte Faveiro licença para fazer uma casa em Além da Ponte. Ao murar o quintal com a ribeira privou a continuada passagem pelo tardoz da capelinha. Há quem conjeture que o foi deliberado, dignificava não só a família como a sua casa ao tipo solarenga, pelas belas arcadas para sul a beijar a Capelinha, ao ditar a falsa impressão que lhe pertencia...
Capelinha "entalada" em parte no quintal do Dr. Vítor Faveiro
Em 1937, a moldura do espaldar da fonte foi embelezada com painel azulejar falante à Rainha Santa Isabel dando esmola a um ancião.
Ponto 2.1.4.13 do livro de 1986 do Padre Coutinho em Cartaz Histórico aborda o painel, induzido em erro por um familiar ...
Capelinha de S. Pedro
Curcialinho
O Dr. Manuel Dias, no Livro Património Religioso do Concelho de Ansião, no ponto 2.8.4.7 (...) a capela à Rainha Santa Isabel, no Curcialinho, aparece mencionada nas MParoquiais de 1758.
Nada deslindei a esse propósito nas MP de Penela, onde pertenceu o Lugar. Será lapso...Em crer, a atual Capela da Rainha Santa Isabel, no Curcialinho foi reerguida em 1938, no palco que tinha sido a capela pública S. Caetano, desativada com a República. Curiosamente o ano passado descobri no espólio da Igreja de Avelar, uma Imagem de S. Caetano, cuja proveniência é desconhecida como de uma Santa. Tinha recentemente lido sobre o Curcialinho, em crer, essas duas Imagens - S. Caetano e Nossa Senhora da Esperança, foram de capelas deste Lugar, e se olhar ao passado de séculos na ligação a Penela, foram vendidas ou levadas para o Avelar, e não Ansião.
Em Pousaflores
Sarzeda
A introdução ao culto da Rainha Santa é notável no corredor da estrada romana/medieval de Ansião. Teria sido pela mão da família nobre que viveu na Quinta de Serzedas, a ditar hoje Sarzeda, pela família Ponce Leão, com origem em Espanha, ligados a laços familiares com o Senhorio de Abiul.
Pereira
Igualmente no corredor da estrada romana/ medieval, também é venerada em Pereira.
O seu culto em Coimbra
«O pequeno retábulo da Rainha Santa Isabel, pode ser considerado o primeiro ex-voto português. Segundo documentos antigos, terá sido mandado fazer por Martin de Azpilcueta, o “Navarro”, professor de Cânones em Coimbra, entre 1538-1555, em ação de graças à Rainha por ter curado sua sobrinha Ana, freira de Celas, de uma paralisia dos membros inferiores. Na moldura, em forma de pórtico, louva-se Cristo pelo poder divino «muito benéfico» da Santa.
Não existe nenhum EX - VOTO em Ansião
Em conclusão
A sala de visitas a sul de Ansião continua na sombra da sua passagem, sem qualquer menção. O propósito em vaidade foi imortalizar o Fundo da Rua, onde jamais passou!
Livro de Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/30440/1/TRab%20final%20camila%203%20(1).pdf
http://pedraformosa.blogspot.pt/2007/10/
Sobre Quinta da Sarzeda e Ponce de Leão https://pesquisa.auc.uc.pt/details?id=204440
ResponderExcluirCaro anónimo, muito obrigado pela cortesia da visita e pela achega documental. Descobri o palco da quinta, e cartas dos últimos donatários, os manos da Casa de Pereira, a ser objeto de publicação noutra cronica. Sobre este novo dado, o desconhecia. De relance levanta a hipótese de terem vindo os Mendanhas de Abrantes e se difundem por Montemor, etc.
ExcluirBem haja.