Pousaflores, entesta a poente com a Serra de Ariques, pertença de Almoster, do concelho de Alvaiázere.
Dada a posição estrategica de Ansião e Alvaiazere, no centro de Portugal, onde foi assente a espinha dorsal de carreteiros da proto-história de N/S , do castro da Idade do Bronze de Conímbriga, o do Germanelo, o de Ateanha, o do Castelo, na Torre de Vale de Todos, o Castelo da Serra do Mouro (devia ser da Serra dos Carrascos) , o do Castelo de Pousaflores , o da Marzugueira, o da serra de Alvaiazere, entre demais em Ferreira do Zezere, Vale Rodrigo, Calvinos, Ourém , Tomar, etc.
Na centúria de 700, a Serra de Pousaflores é descrita nas Memórias Paroquiais por Branca (pela imensidão de calcário).
A origem do topónimo da aldeia da Portela
O topónimo prende-se com entrada para a serra, à laia Porta e Portelinho.Antes da extinção das Ordens Religiosas em 1834, Pousaflores, cuja aldeia da Portela faz parte, pertencia ao Mosteiro do Lorvão.
Já a Venda do Negro e Pousaflores, pertenciam a Penela.
Após a instauração da Comarca de Ansião em 1875, assumiu das antigas Cinco Vilas; Pousaflores, Chão de Couce e Avelar .
Em crer, a partir dos meados da centúria de 700, um foreiro do senhorio do Mosteiro do Lorvão, começou a desbravar matos maninhos entre a serra de Ariques e a Venda do Negro, fixando-se na Portela, no rebordo da serra, em local estratégico, com vista deslumbrante, sobranceiro ao vale do Talegre, para se fixar , atestando a sua morada com estela de pedra "Casa da Portela 1756".
A estela retrata que eram cristãos novos com a data encravada entre Cruzes. A que se seguiram outros pelo costado e na vertente do Outeiro e vale do Talegre, formando no tempo duas aldeias com o mesmo topónimo que para se diferenciar passaram a ser chamadas: Portela de Cima e Portela de Baixo. Mais tarde foram fidelizadas ao orago das suas capelas; Portela de S. Lourenço e Portela de S. Caetano.
O topónimo Cabeça da Ovelha
A história retrata o primeiro conhecimento da Serra de Pousaflores no Foral de Penela de 1137.
Cujo limite a sul era a Cabazan de Ovelia; cabeça de ovelha, corresponde ao desnível sul da Serra de Pousaflores, com outro ainda mais baixo, o miradouro, que no passado ficou conhecido pelo Monte da Ovelha, e a cabeça, o ponto mais alto, com 612 metros, foi denominado pelos moleiros Serra da Portela, o nome da aldeia que abriu caminho para o ponto mais alto, para a arte da moenga.
Em 2022, no âmbito de Territórios de Pedra, o topónimo antigo, Monte da Ovelha foi agraciado com uma bela escultura com ovelhas, em sua homenagem. E mais duas a norte.
O topónimo Anjo da Guarda
O topónimo mais recente nas serras de Ansião !
Sita a nascente da serra de Pousaflores, na sua parte mais baixa, corresponde ao focinho do animal, fidelizada no tempo por Monte da Ovelha. Serviu de pastorícia, às populações das Portelas. Nos anos 50, do séc. XX onde foi feita uma capela ao orago Anjo da Guarda. O povo a partir daí a batizou Serra do Anjo da Guarda. Romarias à Capela Divindade cristã muito venerada pelo povo de Pousaflores. Bem me lembro da minha avó Maria da Luz Ferreira, da Mouta Redonda, nos anos 60, do séc. XX, todas as noites lhe endereçar reza pedindo proteção e abertura de bons caminhos.
Mas,
Só aparece pela primeira vez na carta militar de 1984, no local da Capela e, também na Carta de de 2004, acrescido da designação "Miradouro do Anjo da Guarda".
O local recebeu outras infraestruturas ao longo dos tempos; Casa de apoio aos Caçadores, Ciclo do Pão e um bom Parque de Merendas, oferecendo excecional miradouro a Pousaflores.
O topónimo do vértice geodésico - o mais antigo menciona "Moura"
Por certo a referencia à Cova da Moura, um abrigo natural usado desde sempre pelo homem e, mouros e por ultimo por pastores como ao Buraco do Lobo.
O costado nascente da Serra de Pousaflores toma o nome de Serra de Ucha ( topónimo vindo com povoadores da Galiza , (sinonimo de queimada de mato em chão de pousio), foi palco de 3 moinhos de vento, beija e protege Lisboinha e a sua fórnia beija o Vale Garcia.
O topónimo Serra dos Carrascos
Os nascidos na Mouta Redonda, em Pousaflores, ainda chamam à serra de Pousaflores, a Serra dos Carrascos. Recordo em miúda de ouvir falar do "Ti Mateus", avô do meu marido, ter vindo à Serra dos Carrascos com o seu burro buscar lajes para se lavar a roupa no ribeiro da Nexebra.
O topónimo Serra dos Carrascos aparece referido na Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega de António Augusto Costa Simões de 1848; “A Serra dos Carrascos que dá assento a grande parte do que foi o concelho de Chão de Couce, estende-se a muita distância, dum e doutro lado, na direção de norte a sul”. Nos finais do séc. XIX aparece na menção de um achado - um machado de bronze que foi dado a conhecer pelo arqueólogo Dr. Santos Rocha da Figueira da Foz ( no castro do Castelo da Serra dos Carrascos e não Serra do Mouro, como veio a ser classificado).
O arqueólogo Dr. Santos Rocha , quem deu o nome ao Museu da Figueira da Foz.
Mas,
Serra dos Carrascos, é topónimo perdido nas Cartas Militares no Século XX.
Por falta de zelo à tradição da verdade creditícia aliado ao desinteresse e má transmissão de quem foi auscultado.
Os Mapas e Cartas Militares dos anos 1940, 1947, 1984 e 2004
Referem o topónimo Serra da Portela, com perca aos topónimos: Serra de Pousaflores e Serra dos Carrascos.
Topógrafos militares sem valia aos valores creditícios no respeito à tradição, na má auscultação da voz do povo, analfabeto, e sem dentes, num linguarejar dificil de se perceber deu azo a erros e omissões.
Não fizeram serviço público a honrar os valores herdados contribuindo com erros e neste caso, deu exclusividade ao topónimo: Serra da Portela, que é o nome da aldeia.
A jus erros e omissões, nos mapas e cartas militares em Ansião
Nabos, em vez de Netos; Moinho das Velhas, sendo Moinho das Moutas (velhas, eram as donas dos moinhos, referidas pelo povo, já Moutas, era o apelido delas).
Duas notas reveladoras da falta de cuidado ao que se ouve, sem dissecar, num tempo de analfabetismo, com aprendizado errado , a exemplo Jã Galega quando é Chã Galega.
Perdido nos Mapas e Cartas Militares o topónimo Serra dos Carrascos
A menção Serra da Portela, viria a ser atestada na Tese de Mestrado de João Forte de 2008 "O Património Geomorfológico estrutural territorial de Alvaiázere ". Na abordagem geomorfologica de Alvaiázere, a que juntou a Serra do Casal Soeiro e da Ameixieira.
A Serra de Pousaflores é formada por outras com topónimos diferenciados
O facto do topónimo Serra dos Carrascos ter sido substituido por Serra da Portela, veio a influenciar negativamente a cultura de Ansião, que a publicita ao País e ao mundo pelo todo, quando é só uma parte, o ponto mais alto, onde se praticou a industria moageira. Se o autor tivesse feito investigação teria enxergado a menção do achado no séc. XIX na Serra dos Carrascos, como a origem do topónimo Serra da Portela, nascido à volta de 180 anos, pela introdução da moenga a vento.
Reindivica a par de outras Teses de Mestrado em jovens, sem a universidade da vida, nem o conhecimento total do chão que se propoem estudar, salta à vista omissões e lacunas graves.
A exemplo o autor verificou a existencia de poços de pedra com escada, medievais...sem indagar a razão da escada...desde criança quis saber a razão de um assim no quintal dos meus pais. Demorei 55 anos para perceber a razão de ser diferente aos demais redondos, em que só mudava o diametro. E sim, fui pioneira a dar conhecimento de poços de chafurdo e fontes de mergulho, com origem romana, e alguns podem ser até da proto-historia, outros continuados pelo legado Al-Andaluz.
A sua tese à geomorfologia de Alvaiázere, ao não conhecer não associou, a poente de Ferreira do Zezere, em Avecasta, a megalapiás da Pena Furada (relevo sem evidência nos vários tipos, a meu ver túnel) e o canhão fluviocársico da Fonte do Lodo, como em Santiago da Guarda, Ansião, as megalapiás de relevo peduncular que batizei "par de cogumelos" a jus, sem aflorar as mitícas Portas de Alvaiázere, em forma de torre, fazem parte do meu imaginário de criança, quando as conheci e associava a westerns, nos anos 60, do séc. XX ... Como não referiu o nome do Vale Garcia, que o menciona vale que se estende por 1,5 Km à Serra do Mouro na descida da fórnia da Ucha. Nem o castro chamado Castelo da Serra do Mouro, que em verdade devia ser Castelo da Serra dos Carrascos.
O canhão fluviocársico do ribeiro da Serra do Mouro
O subi e noutra desci (mais dificil) em caminhadas.
O autor refere: Vale que se prolonga desde a fórnia da Ucha até à Serra do Mouro, entalhado
nos calcários do Dogger. No pormenor destaca-se o talvegue (com degrau natural) do curso de água que se estende até ao ligar da Serra do Mouro".
Um penedo alto a servidão de degrau que a erosão da água, da pouca que passa de inverno, em milhões de anos esculpiu em lindo rego de água.
Pautou o estudo territorial estrutural de Alvaiázere e parcial a Ansião, a meu ver, sem o conceito ao todo geomorfológico das terras de Sicó, quando o carso e as variadas formas, se interligam com o poente de Ferreira do Zezere .
Sem abordagem ao filão de arenito que se retratam nas Buracas, em Santiago da Guarda, a nascente do morro da Serrada da Mata, como a sul a mina da Mouta de Bela , à semelhança dos penedos da Serra da Mata Boa, aos pés da aldeia da Serra do Mouro, que distingui numa caminhada o costado com um afloramento de penedos. Em Alvaiázere, predominante a sul nas antas do complexo megalitico, no Rego da Murta, e em Avecasta e Chãos, em Ferreira do Zezere, onde se torna mais fragil que o povo chama "pedra podre". Tudo isto constatado a caminhar.
A arte da moenga na Serra da Portela
A minha bisavô Brígida Ferreira da Mouta Redonda, quem transmitiu ao meu tio Alberto Lucas, testemunho que deixou imortalizado na Crónica Histórica de Pousaflores sobre a vivência de galileus na Portela, no Monte das Canas - os Dias e, Fariseus em Maças de D . Maria e Chão de Couce.
Presume foram estes clãs os introdutores? Porque tinham de ser hábeis carpinteiros. E o eram!
Jamais esta temática foi mote de investigação!
Presume que carpinteiros, de apelido Gonçalves e Ventura, da aldeia da Portela, quem abriu serventia para a cabeça da serra, ao seu ponto mais alto, onde construiram rudimentares moinhos de madeira. Alguém trouxe o modelo que já era uso da Galiza à Gândara. Recordo em criança nas férias em Buarcos, ao domingo ia com os meus pais à feira da Tocha, ao lado da estrada havia um moinho tipico de Sicó, de madeira, em planura, só anso mais tarde percebi que estava plantado num alto, favorecido pelos ventos do mar, como os moinhos da serra de Pousaflores, que conheci na mesma altura, nas deslocações a festas, a casa dos meus tios emigrados em Angola. Moinhos que se estendenram ao Maciço de Sicó, Condeixa, com o último construido na Serra de Janeanes, Soure, Penela, Ansião, Alvaiázere em Ariques e Mata do Carracal e, a sul Avecasta, em Ferreira do Zêzere.
Outros moleiros se juntaram, vindos pelo quelho da Gramatinha, Venda do Negro, Chão da Porta, e Casais Maduros, com os seus burros.
Moinhos de madeira, de forma poligonal, irregular
O moinho roda sobre três rodas no eirado de pedra à força de sangue; do moleiro ou do seu burro até ficar com vento de feição. O sinal é dado pela artimanha da roda de cortiça pendurada sobre um buraquinho, que oscila com o vento e bate nas tábuas do moinho.
Ditado antigo em Ansião, aos moinhos de água ou de vento pequenos, munhos
"Quem um fole de milho carrega para o munho tem que trazer de volta outro de farinha"
Na entrada da serra à bifurcação falta sinalética aos palcos
Serra da Portela
Serra do Anjo da Guarda
Serra dos Carrascos
Serra de Ucha
Serra do Mouro
Serra do Casal Soeiro
Serra da Ameixieira
Como nos trilhos falta assinalar
Fórnia da Ucha e o profundo Vale Garcia
Fónia da Cruz, costado à junção de aguas do Ribeirinho
Talvegue da Serra do Mouro (ribeiro)
Além dos moinhos de vento na serra da Portela, que exibe um exemplar requalificado, outros existiram nos cumes circundantes; um na Serra do Castelo, dois no monte das Relvas (depois do Pereiro de Baixo a caminho de Maçanicas), que não foram mote no estudo Parque Eólico da Videira
Além destes moinhos característicos a rodar pela força do homem também se encontram na Melriça Santiago da Guarda e Outeiro no Alvorge. Em Alvaiázere também existe um recuperado na Mata do Carrascal. O de Avecasta, em Ferreira do Zezeze, ardeu e ainda não foi recuperado. Um velhimho na serra de Janeanes e Penela, nãos ei se ainda mantem algum exemplar.
Posta esta introdução num hiato de 80 anos, a Serra dos Carrascos deixou de ser mencionada, apenas viva nas pessoas de farta idade, passando a ser conhecida por Serra da Portela.
Cabe à população ser chamada a decidir que nome quer ver anunciado ao turismo da sua serra!
Fontes
Tese de Mestrado de 2008 de João Forte A Geomorfologia da Unidade territorial de Alvaiazere
Wikipédia
Livro da História de Pousaflores de Alberto Afonso Lucas
Testemunho Abel Santos Silva
PDF Academia EDU do parque eólico da Videira apresentado no I Congresso de História e Património da Alta Estremadura, em Alvaiázere.
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