segunda-feira, 9 de abril de 2012

Évora na minha 1ª feira de velharias e artesanato

Feira de velharias  e artesanato de Évora em dia de Páscoa!Foto com uma vista parcial da feira, do lado esquerdo banca com peças variadas em ferro e afins do Sr. Laureano, seguida do estaminé também prostrado no chão com espólio de biblioteca que me pareceu ter sido um dia de casa abastada para os lados de Miranda do Corvo: romances, postais ilustrados, outros manuscritos e,...sem pompa nem circunstância igualmente pelo chão  a minha  bancada com o meu espólio: loiça, fósseis e livros. Na hora prolongada de almoço delas tomou conta a minha  filha, apostou neste dia fazer a feira connosco, o repasto: carne à alentejana com ameijoas e migas de espargos com carne de alguidar, bom vinho, melhor pão, sobremesa conventual, almoço barato não fosse acrescido de IVA de 5€, o que é correto, mas doí no bolso em tempo de crise.O casal de estrangeiros ao nosso lado, mandou para trás o couvert, o empregado até se assustou -  só comeram uma dose de  carne à alentejana e um jarrito pequeno de vinho - Uns "unhas de fome" - desses turistas Portugal não precisa!
Sob um sol escaldante de verão, saboreando um livro de Stenhall, não sei como ela aceitou a ideia de se proteger com um chapéu em algodão branco comprado na véspera na feira da ladra por um euro, lavado ficou como novo. Cheguei em cima da 9 horas, se não fosse o Sr. Laureano a debelar os empregados camarários não me deixavam abancar. Grande favor lhe devo, apreciei a brutal calma com que falou e expôs a sua argumentação a meu favor "sem papas na língua" : aclarou eu vir de longe, estar coletada, mais feirantes só vinham enriquecer  a feira e, que Évora os deveria acolher melhor, rematando "que jeito tem estar a senhora aqui e mandá-la embora, acho que falo bem ( no seu sotaque bonito, soou a poesia)". Falou e calou-os, apenas um deles, o Sr. Domingos opinou com a retórica " devia chegar até às 8.30". Sujeitei-me ao lugar disponível na entrada ao lado do antiquário também alentejano Sr. Francisco que conheci nesse dia, julgo por ironia do destino já o conhecia de "ouvir falar dele" quem sabe até de o ter visto em novo, teria eu os meus 11 anos num dia de prova do vestido cor de rosa, enfeitado com favos na cintura e nas mangas para estrear na Páscoa na modista Lurdes 
" Cardosa", lembro-me de lhe ouvir dizer "traga tudo o que tiver de velho, papéis, loiça, rendas mesmo rotas" -  fiz espera ao seu lado no átrio onde estava o seu carro estacionado, passados instantes vejo a D. Lurdes  com uma braçada de coisas a dar-lhas para as mãos - testei-o - ele acertou nas cordenadas na rua da sapataria e da taberna, ao cimo ficava a casa. Mais tarde ouvi da Bina do Piloto que tinha vendido um móvel muito antigo quase a desmantelar a um antiquário alentejano, contei este episódio à minha mãe que me confidenciou que o tinha apreciado quando foi dar os pêsames pelo falecimento do pai, era por demais bonito, seria muito antigo já que o solar tem lindas janelas de avental, sendo grande deveria no seu tempo de esplendor ter mobiliário muito bom e interessante.Também do Dr. Mota de Santiago da Guarda ter vendido uma mesa século XVII que estava no lagar acima do seu solar e, de ouvir falar da sua governanta se ter "governado" com  pratas negras de sujas e,...também de outro homem ajuntador de velharias na Junqueira lhe ter vendido duas belíssimas cómodas e, mais peças igualmente boas, o melhor foi saber de um padre do Rabaçal que lhe vendeu um Santo da igreja em pedra, com autorização do bispo ( sorte a dos irmãos também Santos enterrados há 200 anos para evitar o seu roubo pelos invasores franceses, ocasionalmente descobertos há coisa de 6 anos com a abertura de uma vala na estrada em frente da igreja. Quem diria haver padres  que ousam atentar na blasfema ao desfazerem-se de património do povo à conta de dinheiro e, da recompensa do retorno do bom vinho alentejano para a Eucaristia. Também sobre a venda do altar da igreja da Aguda já a tinha ouvido em 1ª mão da boca do Dr. Vasconcelos na minha visita ao seu Museu de Almofala de Cima - o Sr. Francisco apenas acrescentou que se lembra quando o foi buscar à sacristia andava de roda dele uma beata perdida de vinho,  não o queria deixar levar da igreja por nada deste mundo, gritava que pertencia ao povo , o álcool não tirou o tino à mulher, já do  padre desse tempo não se pode dizer o mesmo ao vende-lo sem mais nem menos, obra talhada por marceneiros nascidos e criados naquela freguesia. Mas sobre ele haveria de coexistir um  final feliz, haveria de ser novamente comprado anos mais tarde ao mesmo antiquário que nunca o vendeu e que para se ver livre dele se sujeitou à retórica do ditador do negócio
 " compro-o, se você o for levar de onde ele veio". Assim aconteceu. Hoje, o altar jaz numa capela do Museu Maria Fontinha em Castro Daire em homenagem à mãe do signatário que o redescobriu , o Dr. Vasconcelos quando vinha de regresso de férias do Algarve parou no antiquário, um prazer que tem - reconheceu o altar que um dia tinha sido pertença da igreja da Aguda onde a esposa foi batizada. Algumas madeiras de talha sobrantes e capitéis  encontram-se no Museu de Almofala de Cima para atestar o regresso do filho pródigo (altar) à sua terra, de onde nunca deveria ter saído. Sempre é melhor do que nada. Ainda relatam o nome e, façanha dos artífices que o fizeram , lindo foi constatar que escreveram nas traves do teto do Museu os seus nomes!

Perguntava-me surpreso o Laureano no seu sotaque alentejano " você é muito alegre, gosta de conversar, acomodou-se bem" - respondi - gosto de pessoas, de ouvir e contar estórias, a minha vida foi ajudar a resolver problemas, dá-me prazer, fui bancária - espantado acrescenta " olha, diz-me ela que foi bancária"...
Em jeito de bom aviso o Sr. Francisco alvitrava -   "olhe que você safa-se melhor pela sua zona de Coimbra e arredores do que por aqui". Há mais de 40 anos que a percorro, conheço cada aldeia, cada vila ,e no Alentejo cada monte.Dormi muitas vezes no Solar da Rainha na sua terra, agora deixei de lá ficar, aqueles dois irmãos é sempre a mesma coisa, fico-me por Pedrogão. Tenho dias que preciso de me  sentir  um homem solitário, gosto de andar sozinho na procura de antiguidades com o meu detector de metais, na sua terra há por lá um núcleo medieval - estive agora na feira de Miranda do Corvo. Daqui a dias vou outra vez para  cima para buscar um brasão que ainda está na parede - isso sinceramente, entristeceu-me.Os brasões foram feitos para continuar nas paredes onde um dia alguém de estirpe os mandou colocar, para as gerações vindoiras conhecerem o legado dos seus antepassados - assim perde-se história  deste Portugal  à beira mar plantado!

Esqueci qual a peça que deu  ao Sr. Francisco para comprar um jipe - azar foi roubado!
Será que foi coisa antiga no Lugar de Casas Novas?

Gostei das pessoas de Évora. Simpáticas em geral, pelo menos duas disseram que a minha banca tinha coisas bonitas.No pior, uma mulher mal disposta, entre dentes resmungava para dentro com vontade de se fazer ouvir ao mesmo tempo que contornava a  banca "coitados dos pais, os filhos tão novos já andam a vender tudo de casa"...a minha filha, que nesse instante tomava conta, para eu ir à casa de banho, fincou pés na calçada para não se indispor com a dita transeunte. Porque nem tudo o que parece é - no caso vendo coisas  supérfluas que comprei e ajuntei em 30 anos, ainda de outras que forçosamente se foram substituindo. Gosto das feiras seja pelo contacto humano, pelas estórias  que oiço e conto, ainda pela festa.Vendi umas peças de loiça, livros e fósseis do Cristo Rei, o saldo foi francamente melhor do que tem sido, apesar dos colegas dizerem à boca cheia que estava muita gente para fora, para comer o borrego em família no campo na segunda feira, uma tradição no Alentejo.
Senti que a feira tem condições para melhorar. A meu ver há falta de sinalética alusiva, não vi uma única tabuleta a dar indicação da mesma - e faz falta para as pessoas na Praça do Giraldo saberem da sua realização e não só, até porque se realiza a um nível abaixo da igreja e da capela dos Ossos, só do varandim ou quem use a escada se apercebe da realização da mesma.Outra nota desagradável, os sanitários públicos do jardim, a WC das senhoras, avariada, vi sair uma turista da dos homens, sujeitei-me na imitação estava de aflitos, tão emporcada que me deu vómitos, deveria haver um empregado permanente para manter a sua higiene, porque  Évora merece, cidade património da humanidade com muito turismo, ainda tive de ver o inusitado, sem o ser, eu é que estava no lugar errado - um homem abotoava a braguilha. Também as casas de banho no mercado escondidas pela arquitectura em cinzento tipo persianas debaixo da escadaria, pior a falta de sinalética visível na entrada do mercado, dei duas voltas ao recinto e, não as via, ainda a falta de manutenção do equipamento, tampas das sanitas no chão, deixam transbordar o cheiro nauseabundo dos esgotos e, sem sabão para lavar as mãos.De tarde fecha o mercado e, claro fica-se sem o acesso às casas de banho. Outro senão são as pedras da calçada a saltar, a pedir remendo imediato, vi pessoas de saltos finos a tropeçar, se caíssem e partissem a loiça toda, quem pagava?
A meu ver o espaço deveria estar mais bem aproveitado, cada feirante se remedeia com o espaço que quer, o que inviabiliza a mostra de poucos stands e, parece pagam a mesma maquia (?). Na frontaria do mercado poderiam também coexistir alguns stands mais pequenos, tornava a feira mais apelativa na sua mostra de velharias e artesanato. O que eu francamente gostei? Dos toldos em verde que a Câmara disponibiliza aos feirantes residentes, uma marca turística de bom gosto.Adorei o contacto humano com alguns colegas. Revi o Sr. Laureano e a esposa não menos simpática Ana Maria, o "Igrejinha" que em abono da verdade se chama António, o David  estava com a mãe minha conhecida das feiras de Oeiras e Algés, do Sr. Francisco e da esposa Teresa. Com este casal, comecei por estabelecer conversa franca com ele, senti  afinidades:   coincidência nos espaços, nas pessoas e, boatos... quanto à esposa Teresa  nesse momento mantinha-se afastada, do lado   de fora da banca, parecia não acatar o que o marido lhe dizia " sabes esta senhora conhece a Aguda, aquele altar..." a Teresa, a bem dizer pouco ou nada se mostrava interessada em participar na conversa, no meu achar senti um nadita de ciumeira - afinal eu era uma desconhecida, conversava e, ria com o marido. Não sou mulher de deixar para amanhã o que posso fazer hoje, nunca gostei de equívocos, nem tão pouco ser conetada de uma coisa que não sou - urgente testar sem delongas - mal ela se chegou a nós, eu, no meu sorriso franco e conversa escorreita lhe confidencio tal pressentimento, a sorrir ela o negou dizendo repetidamente estar apenas chateada com o marido - não me convenceu, não tivesse eu sido uma relações públicas  mais de 30 anos.Num relance ficaram  espantados com o meu estar, diziam " vejo que  é uma boa pessoa, simples, de confiar". Levanta-se num impulso o Sr Francisco do banco para apanhar dois livros da sua banca : Temas de Portugal de hoje e outro do Prec editados em 1972/3 a  quem mandou a esposa escrever dedicatória: num deles referencia a eles donatários, no outro mandou acrescentar o nome do amigo Laureano. Ofereceu-mos, ainda me deu postais de 1895 dum Andrade do Espinhal e, um alfinete em metal antigo. Faria mais ofertas: à minha filha ofereceu  outro alfinete que colocou logo no casaquinho, que bonito ficou, ao meu marido ofereceu uma fíbula medieval, incompleta - peças que encontra  em cenários de guerras por Cuba, núcleos romanos e medievais -  mostrou-me ainda uma cruz antiga com os buraquinhos onde um dia estiveram cravadas pedras preciosas, também de uma estela em metal com um Santinho que andavam no bolso do casaco.Sei que lhe disse " o que lhe hei-de dar veja na minha banca" respondeu " deixe lá isso"...
A tarde fazia-se. Eis que chegam as sobrinhas do Sr Francisco - fizeram-se apresentações. Muito bonitas e simpáticas, uma delas parecidíssima à tia Teresa, afinal só é sobrinha por afinidade. Senti que ficaram encantadas com o elogio, não era para menos - bonitas raparigas com lindo olhar quente - não se fizeram rogadas ao endereçar convite para o ensopado de borrego - a mim e, a outros pagaram na esplanada do café o que cada um quis e, ainda insistiram vastas vezes para irmos comer a  sua casa, a que o tio acrescentava " a casa não é minha, é da minha irmã, mas é como se fosse "...
Agradecemos. Despedimo-nos com a certeza de nos voltarmos a encontrar. Gente muito sã, senti!
Dizia-me o Laureano " a melhor feira que aí está é Estremoz, tem é que lá estar às 5 da manhã!"


A Teresa, ao final de tarde não se calava com o dito repetitivo a bailar na cabeça ...

" TU GOSTAS, MAS APANHAS POUCO"...


   

segunda-feira, 2 de abril de 2012

1ºdomingo de abril na feira de velharais de Montemor o Novo

Dia 1 de abril, podia ser uma mentira, mas foi verdade. Feira bimensal de artesanato e velharias. Recordei nesta terra aqui parar pela primeira vez quando era ainda adolescente no verão de 75 - ano da efeméride da liberdade. Lugar de eleição para se comer e verter águas a caminho dos Algarves. Tanta afluência de gente que aqui parava - enchia cafés e restaurantes, ainda dava tempo para apreciar o bom artesanato em cobre, latão e cortiça. Falo de Montemor o Novo com o centro histórico altaneiro e vista fabulosa sob a planície alentejana. Voltei outras vezes, fiz as mesmas coisas, aqui  haveria de voltar para comemorar o meu aniversario - 45 primaveras, desta vez em caminhada percorri ruas e ruelas desconhecidas do burgo, subi a grande escadaria a caminho do castelo, uma vez  lá, deambulei de um lado para o outro a ver a paisagem, as ruínas, o jardim e,...deleitei-me nas muralhas a sonhar com uma papoila nas mãos. Adorei conhecer o monte histórico, julgo que na altura a única coisa que me fez confusão foi ver num dos  conventos uma discoteca...passei o tempo a abaixar-me na louca procura de caquinhos de faiança do século XVIII e XIX - a terra lavrada deixou-os à vista  - sem rodeios em dia de aniversário dei uma prenda a mim mesma: fingi que estava magra!
Em rota de despedida do monte altaneiro pela estrada  vislumbrei o Museu aberto, senti que  tinham vontade de fechar para almoço...sem ter batido as badaladas!

Ontem na feira só vi trapologia e objectos em prata, será que veria mal?
Velharias - essas sim, muita coisa e boa!
A feira desenvolve-se em lugar estratégico, depois do cruzamento para Ponte de Sôr a seguir à Rodoviária o recinto acompanha o passeio ao longo da estrada principal, com bom parque de estacionamento, casas de banho, uma mais valia, limpas - falta sabão.
Na boca do Sr. Custódio - "se não houver lugares, entra-se pelo cemitério adentro"...organizador da feira - homem de cabelos grisalhos, uma simpatia, melhor impossível, dá uma palavrinha a todos, pergunta como está a correr o negócio, e ainda o vi a tomar conta das bancas do Sr. Carlos e da esposa D. Maria de Lurdes enquanto foram almoçar. Um homem baixo, mas alto em personalidade!
Tomei conhecimento do certame através da Luísa na feira de Vendas Novas, funcionária na Câmara, mal a fui cumprimentar ofereceu-me a mim e aos demais, inclusive a um casal de potenciais compradores que passava no momento, fatias de bolo de iogurte com banana que fez de véspera, apesar de ter vindo a Lisboa participar na manifestação da abolição de Juntas de Freguesia. Fez-me lembrar o  Pão de Ló, húmido, doce da minha mãe. Pequena de estatura mas grande mulher, o tempo dá-lhe para tudo, é muito despachada, tal e qual a comparo com a minha comadre Odete!
No entanto, a 1ª pessoa que estabeleci conversa foi com o colega  David que conheço das feiras de Paço D'Arcos e Algés, estava ao telemóvel, na minha mania de inventar "acredito que a conversa era com o Nuno,  perguntava -lhe se a mãe dele aparecia em Oeiras para montar banca" - respondeu " que ela não pensava ir!
Revi o Sr. Carlos e a esposa D. Maria de Lurdes, sempre simpáticos e atenciosos. Reconheci outro colega que não sei o nome, vende prata. Comprei uma miniatura de uma sanita a fazer de cinzeiro, um saleiro de duas covinhas e asinha ao centro e uma moldura ladeada com a beata Saozinha e um crucifixo.
Conversei com o Sr. António, alentejano de gema, boa figura, 58 anos, cara tisnada pelo sol da feira de Estremoz e de outras, já que não usa chapéu, vale-se da forte cabeleira . Gosto do ver vestido de bata cinzenta na arrumação do estaminé - muita calma , sem pressas, depois de tudo exposto veste o seu lindo casaco de antílope - um homem charmoso. Se há coisa que adoro ver vestida num homem é - antílope.O Sr António - para os amigos Igrejinha, agora anda com um caozito lindo - grande o carinho como dele trata, nunca se esquece de por uma malga com água à sombra para ele se refrescar. Um senhor - sempre na companhia do seu fiel amigo Óscar!
Talvez por isso mesmo ultimamente tem sido a estrela escolhida nas reportagens televisivas feitas sobre o negócio de velharias.  No meu giro após o almoço ao passar pela mesa improvisada onde ele e outro amigo, o Laureano degustavam couvetes compradas no  Pingo Doce: feijoada de choco, bem servida, acompanhada com vinho do melhor, uma pomada de 14º de Évora, ainda tinham uma palete de queijos estrangeiros,vteimaram para comer, provei o roqueforte, e saboreei o nétar do tinto, apesar de só cobrir o fundo do copo numa de os acompanhar - sim nestas coisas alinho sempre, nunca me faço de rogada!
O Sr. Laureano, outro alentejano, louro, sardento, igualmente alto e chapéu à cowboy, muito falador, a esposa não alinha, vi-a atrás da  banca sentada, quando a instiguei para se juntar à festa disse-me" ele só quer vinho". A fazer parelha na conversa do almoço - o "Manel Ourives" estava de pé , disse que gostava de fazer a feira de Tomar onde tem um contato que lhe arranja rodas de carroça. Muito boa gente. Vendem sobretudo quinquelharia em ferro, latão, cobre, madeira e loiça. Bem - com o trago do néctar, deitei o copo  num saco de plástico que estava no chão...naquilo a Ana Rita disse-me "é para fazer companhia às bananas"...reparei o erro - pedi desculpa, o raio do caixote do lixo estava a um metro, afinal. Isto do álcool subir à cabeça é do Katano!
Abanquei entre dois colegas que já tinham as suas bancas armadas e compostas com a mercadoria. De um lado um casal na casa dos 40 de Carcavelos - Isabel e o Rogério. Tinham artigos variados: livros, loiças e bijutaria, tudo bem distribuído nas bancadas com os preços. Venderam bem.Simpáticos e afáveis.
Do outro lado igualmente outro casal da minha faixa etária vindos da Marinha Grande - Henrique e Ilda, grandes bancadas com vidraria, na frente roupas e algum  mobiliário, ainda tinham para venda um triciclo anos 60 igualzinho ao da minha irmã que acabou em trator da nossa mini horta atrás da casa, um canteiro que o nosso pai nos disponibilizou para as nossas sementeiras - na verdade as primeiras batatas a comer em casa eram as nossas, e o feijão verde igual..

Boas as conversas quando não havia fregueses...falou-nos do seu tempo que trabalhou no vidro,como era feita a cor " casca de cebola" a temperaturas muito altas. Explicou-me que os filamentos pretos da aba do cestinho que eu tinha na banca  eram fios de cristal. Ainda falou sobre a arte do vidro branco e azul da fábrica Irmãos Stephans numa de imitar Bacará, disse o nome...
O Simão - "rapaz" de chapéu de palha rotooo...vende livros, parou ao passar na minha banca.Instruído, sabe o que diz, não come carne, só peixe, muito menos de porco, quando o meu marido lhe disse que tinha comido uma bifana à maneira, nada haver com a que tinha tragado em  Vendas Novas - enfezada, fina, esta grossa e saborosa! O Sr Carlos, lastimava-se da carestia do bitoque, 6€...como sempre levei farnel onde não faltaram morangos, chocolate ,amendoins, água e pão de forma integral com frango.
Reparei que a Luísa foi almoçar, deixou apenas a banca exposta, o terrado do chão já o tinha vendido, apenas uma saladeira de Sacavém saltou para a banca. Enfeirou bem, é da terra, sabe quem tem dinheiro!

Reparei também nuns pratões de faiança de Coimbra a muito bom preço, dois foram vendidos ainda de manhã.Ainda uma linda travessa oitavada com motivo casario e uma maravilhosa e resplandecente terrina que me ficou na retina - o pé não é raso como os demais, é aberto, denota um fabrico com sabedoria, não é coisa normal, sim refinada, agora saber a origem?. O motivo cantão popular numa versão com semelhanças a Miragaia em tonalidade escura. Noutra banca vi um conjunto travessa e terrina mesmo motivo, pasta muito grosseira e pesada e tonalidade azul clara. Na banca da D.Isabel apreciei uma escarradeira de Sacavém , branca, o preço apesar de o ter baixado, ainda caro para mim, não a trouxe comigo!
Noutra banca havia bilhas das Caldas e púcaros de duas asas, lindíssimos.O estaminé do David  "pobrezinho" nada comparado com o que conheço  por aqui...sorte a dele, ficar ao lado do Nuno onde compra barato peças excecionais, enriquecem qualquer banca como a da Luísa , seu fornecedor.

Podia ter feito "uma boa feira"... vendi um pratão de Sacavém e outro do cavalinho, caixinhas de miniatura, fósseis do Cristo Rei, livros e até rótulos do vinho Benfica do Arialva. Mesmo assim fiz o dobro de Torres Novas. Deixei de vender peças ( bule, jarra, terrina e...) porque "quem tudo quer tudo perde"...vou ter de aprender a ser mais esperta, fazer o preço a contento do cliente com a dica " é para ficar freguez"...
Gostei muito de ter ido à feira de Montemor o Novo. A meu ver a Câmara que sei vai legislar a mesma e cobrar pela utilização do espaço, no meu entender deveria ser mensal, para o cliente se habituar a enfeirar e também o vendedor se fidelizar, já que com o intervalo tem de arranjar alternativa!

Andava na feira uma senhora de boa estirpe cheia de compras...perguntou-me se sabia de um vendedor que vendia quadros...que lhe tinha vendido um "Pé- curto"(?) cuja  certificação, aguarda há mais de 6 meses e,...bem, vi um elemento GNR a acarretar sacos para o seu Mercedes!
Ameaçou chuva, ainda recolhi os livros, esqueci-me de levar o plástico.
Na vinda a 5 mn de caminho a berma da estrada estava cheia de "escardoça",assim chamada por terras de Ansião,  vulgo granizo!
Espero que o Sr António que ficou sem vontade de arrumar não tivesse sido surpreendido com a trovoada!
Disse-me que não tinha pressas " não tenho mulher à espera"...remendou " até tenho"...
Dizia-me o Sr Lauriano  - "então domingo vamos comer uma sopinha de tomate a Évora", respondi, tenho de convencer o meu marido, se estiver bom tempo, até sou bem capaz de ir.Também a Isabel me perguntou a próxima feira onde vou, falou-me de Ponte de Sôr, sobre a das Caldas disse que havia muita areia, sujava-se tudo.O Sr Henrique e a esposa ponderavam fazer a feira anual de Figueiró dos Vinhos, este ano como não vou à terra não a  faço.
No recinto vi andar uma senhora com uma máquina de filmar. De longe julgo que me apanhou, fazia-me também para os planos das minhas fotos!
Ao chegar a casa depois do duche sentia a cara quente. Culpa deste chapéu esburacado, tenho de comprar outro de aba mais larga.
Coisa para voltar!

sábado, 31 de março de 2012

Hoje olhei para os azulejos em Lisboa!

Fachada em Santo Estêvão em Alfama revestida a azulejos branco e azul encimadas por colunata a servir de varandim que ostenta graciosas estatuária e pináculos elegantes em porcelana possivelmente da fábrica Santo António da Piedade,Devezas ou Massarelos.Sem dúvida do norte, sim!

 Gosto sobretudo do remate em círculos, uma característica que haveria de encontrar ainda noutra casa a caminho de Santa Apolónia.

Nesta casa à venda com uma vista maravilhosa sobre o Tejo o r/c é revestido todo a azulejos em círculos .

A parede do jardim. Denota uma beleza singular a curvatura da pedra em rodapé onde sobressai pequena tira em azulejo e depois o remate  do mural, com uma pintura soberba a imitar uma colunata.
Na esquina vê-se o nome da viela com o nome de Beco das Atafonas. Sabem o que era uma atafona?
Um pequeno moinho!
Outra perspetiva do mural e do remate.

Na chaminé pode ver-se a data em azulejo - 1872.
Vê-se ainda a colunata como términos do edifício e o remate de azulejos semi-curvalíneos como se fossem galões.

Fotos tiradas hoje a caminho da feira da ladra e à vinda. Tinha encontro marcado com a minha amiga Isabel Saraiva, uma entusiasta das velharias, igualzinha a mim.
Tenho de aprender a conter-me nas despesas, Exagerei como sempre. Perdi a cabeça com um par de pratinhos minúsculos de Coimbra com coraçãozinhos....
Gosto também imenso desta simbiose: branco, amarelo e azul.

Lindo painel com o Santo António o menino ao colo e um ramo de acúcenas ladeado de um bispo. Interessante a inscrição do ano 1749 anterior ao terramoto 1755.

Abandono, desprezo não gosto mesmo nada.Incrível as ervas que nascem nas fendas das casas e sobretudo nos beirados dos telhados.Os azulejos castanhos não são os meus favoritos, contudo mereciam melhor sorte.Marcam uma época e no contexto do prédio estreito possivelmente teriam graça.

terça-feira, 27 de março de 2012

Estreia na feira de velharias em Torres Novas

Em rota de fim de semana prolongado, tinha na agenda o prazer de fazer uma feira na região centro. O dia escolhido foi domingo em Torre Novas.Com a mudança da hora, cheguei em cima das 9 . Perguntei a um colega se havia alguém organizador da feira, resposta prática e platónica -, "não". Com a pressa da escolha do local não acertei pela  falta de prática e de jeito.Tenho os caixotes com a mercadoria divididos em melhores e piores...
  • Decididamente os que levei eram francamente os restos, os piores.
Na andança com os caixotes pelas mãos a caminho do terrado o  meu marido ouviu "entre dentes" um dos colegas (Joaquim cigano) a dizer para outro..."de onde vieram estes"...Até parece que não estou licenciada para vender velharias.Estou sim senhor!
Em pressas, vi uma colega (Ermelinda) que não conhecia ir com o marido que se começou a sentir mal, por causa dos diabetes, o pequeno almoço já devia estar no bucho, andava ela com uma amiga a "encornar" à volta da organização da banca...
Cedo me estreei na venda de DVD's que a minha irmã me ofertou a preços "da uva mijona"...2€ só depois pensei que podia ter ganho mais dinheiro.
  • Reconheci um comprador enfezado de olhar escuro, forte e verruga grande no nariz, melhor ficaria no queixo tal qual a da Catarina Furtado, deu umas 4 voltas à feira, na penúltima comprou-me um naperon redondo e disse-me " na feira de Tomar comprei um parecido à tempos, cheguei a casa e a minha mulher disse-me, podias ter trazido o outro"... respondi eu, comprou-mo a mim!
Vi chegar uma colega magricela de cabelos aloirados encaracolados que conheci na feira de Pombal, a Luísa. Vinha sozinha na sua carrinha. Sem pressas tirou as bancadas e a mercadoria. Depois foi estacionar, de volta lá vinha ela com o seu ar muito naif de bicicleta e calça de perna arregaçada, feliz! 
Nas minhas voltas pelo certame a vi almoçar em mesa junto da sua banca, sempre com ar alegre de boa onda. De tarde veio até mim, comprou-me dois pratinhos um da Viúva Lamego e outro em faiança, à pergunta se era antigo respondi " sim, veja os arrepiados, a argila com impurezas, o esmalte não agarrou aqui, ali é de Lagoa, Açores" responde-me ela, não percebo nada disto!
Uma senhora de cabelos alvos, baixota ,trazia no saco peças de loiça, parou para apressar uma travessa inicio século XX de Coimbra, quando ouviu o preço, disse" tão cara nem marca tem" -, respondi sem hesitação " em faiança rara é a peça marcada"...Nem me deu ouvidos...Só conhece Sacavém e pelos vistos mal!
O meu colega de frente, o Sr Joaquim vendia em conta: boas peças da VA, um bule de caldo de Massarelos, umas floreiras de Alcobaça, alguidares, saíram uns 6, ainda cantaras, Cristos, molduras debruadas a arame retorcido tal e qual como a minha mãe tinha no nosso corredor.Fez boa feira, ainda vendeu guardanapos...Não eram senão naperons em pano debruados com lindas rendas,  lençóis, fronhas, travesseiros, cobertores e mantas de tear.


Relaxei o espírito atormentado. Na sexta, percebemos que fomos novamente sorteados em matéria de assaltos.Na casa rural, desta vez sorteada foi a garagem. Imagimem o inusitado fiquei com o meu marido a olhar para o telhado, pensando que tinham entrado através dele...Pura ilusão, entraram com chave falsa, abriram e fecharam.Uma coisa é certa, nunca até hoje estragaram portas. Roubaram a roçadeira, combustível e acessórios, coisa a rondar os 500€. Mais do que o valor, a falta que faz o equipamento, ainda pelo natal nos fartámos de roçar silvas, giestas e erva alta. Incansável o trabalho para manter limpos os quintais em roda da casa.Ainda por ser comprida deram com o disco no telheiro do patim, partiram 3 telhas que tivemos de substituir. Pior, era da minha mãe.
  • As pinheiras plantadas pelo natal estavam amarelitas pela secura, o meu marido regou-as com água do pocito recuperado por nós de rebordo em xisto feito por mim, esqueci-me de levar a máquina para tirar uma foto. Muitas flores secaram. Pior me senti ao arrancar podres de secas: glicinia; cameleira banca; a magnólia de folhas perenes; laranjeira e uma oliveira de azeitona grossa que me tinha custado 5€. Todos os pés do arbusto "lágrimas"que transplantei, nenhum vingou...Teimosa, insisto... 
Terra ressequida, constatei que se perdeu a anilha de borracha da mangueira, conclusão não pude abrir totalmente a torneira, ficou tudo mal regado. A magicar problemas de consciência porque ando com anilhas no porta moedas e com a mania da troca e baldroca das carteiras de uma casa para a outra, não levei a que as tem no bolso guardadas.

As fotos são de estaminés de colegas. Peças que gosto.Ainda vi um grande pratão em faiança de Coimbra finais do século XIX, com flores circundadas por arabescos a vinoso, marcado 200€, fazia-me 100...Nunca vi nada igual, não me lembrei de pedir à colega para me deixar fotografar, foi do sol de verão que se fazia sentir. Quem o podia comprar, se só fiz 20...
Enfeirei um par de cães de Fó  de pintura policroma, espetacular; um travessa de faiança de Coimbra com flores em tons  rosa e verdes; um copo casca de cebola raro igual a outras peças que tenho; um travesseiro em algodão novo, bordado a ponto  ajour e um lençol em linho ainda cozido ao meio à mão com um monograma ao centro, mesmo a propósito um "C" numa de graça a fazer jus ao apelido de família -, os dois por 2€, belíssima compra nem na feira da ladra o trazia por menos de 10 a 15€ .

Na minha passeata pelo lindo jardim de Torres Novas, intrigada andava porque não via uma escultura em mármore que há anos me tinha ficado na retina, por falta de objetiva no momento deixei de a captar. Capitulou-me a ideia para o erotismo. Coisa de sexo oral...Gesto  gigantesco para quem como eu só gosta de homens. Claro que  me fez lembrar os lábios grandes de uma vulva, revirados...Uma "joaninha"esculpida com arte ...De todos os nomes, este o meu eleito!
Fica para fotografar da próxima vez...
Para meu espanto estava mesmo à minha frente entaipada com caixotes de um estaminé, semi coberta com um pano...
  • Quando a descobri disse para o meu colega do lado "estou farta de a procurar julgava que a tinham retirado" responde ele...O quê, o mexilhão?...

segunda-feira, 19 de março de 2012

Compras nas feiras de Setúbal e Paço d'Arcos

Sábado rumei até Setúbal. Cada vez mais feirantes de ocasião. Trazem para venda os haveres de herança.
Só vendi livros, um hábito que me chateia. A loiça não sai...nada mesmo!
Ganhei o dia!
Nesses vendedores comprei peças de Sacavém: covilhete motivo cavalinho em verde ligeiramente ondulado num dos lados. Magnífico, elegante. Peça de coleção.
Encontrei a muito bom preço nove peças para a cozinha, poderão ter 100 anos!
( arroz, farinha, assucar, massa, feijão encarnado, feijão branco, grão, colorau e pimenta) para oferta no dia de aniversário da minha filha. Eu sei que ela adora estas peças.
Não resisti a duas chávenas de café e a leiteira com motivo de "Violetas".
Ainda outra leiteira de igual tamanho estilo Arte Nova.
Uma manteigueira branca com frisos dourados.


Comprei ainda uma moldura quadrada para pôr um azulejo. O brasuca que me roubou há mais de um mês passou pela minha banca de mochila às costas e cabelo delambido para trás por duas vezes, a última ia a rir...sabe bem que o reconheci, e não posso fazer nada. Depois do almoço ameaçou chuva, comecei a ver colegas a arrumar, contra a vontade do meu marido que queria ficar, decidi fazer o mesmo. Farta estava com as flores que caiam das árvores, a banca parecia um mar de pólen e flores, a minha garganta não gostou. Pior. Imaginem que um dos pés da banca cedeu, os arrebites afinal são frouxos, não aguentaram com o peso. E eu julgava que era das melhores. Como me enganei. O meu copo alto do Sporting foi-se!

Domingo fui até Paço 'Arcos. Tinha marcado encontro com a minha amiga Isabel Saraiva a quem comprei uma Caixa Métrica Nº 2 da Escola Primária. Fizemos compras. Somos tão parecidas!

Não resisti a comprar este conjunto de duas chávenas para chá e pires para o bolo. Porcelana de Aveiro com a marca "em triângulo e dentro um A". O brilho dos dourados remeteu-me para loiça inglesa, mas quando vi a marca portuguesa, comprei, apesar de não ser a minha praia...

Não resisti a este prato da fábrica Cavaco.Não está marcado. Mas não engana. Tenho vários exemplares. O mais interessante é constatar que são todos de tamanhos diferentes. Este motivo floral foi a 1º vez que o vi, havia outro igual e ainda mais 4 só com a bordadura e círculos ao centro.
E esta belezura de faiança de Coimbra do século XX  com cerejas. Quem não gosta de cerejas?
Já tenho visto travessinhas iguais da mesma fábrica com frases :" Amo-te" e "Recordação de Leiria". Os chamados pratos falantes.
Esta apetece-me oferece-la a um amigo especial  no seu próximo aniversário, adora cerejas !
Ainda comprei mais umas coisitas...ficam para depois mostrar. Uma feira e pêras!

Acabei por vir embora, gastei demais!

segunda-feira, 12 de março de 2012

Feira de Azeitão, tive tempo para pensar!

Feira de Azeitão - sol abrasador - muitos feirantes não habituais. Gente somente a passear, compradores poucos, manhã fraca, só o final da tarde aqueceu a carteira. Houve colegas que nem se estrearam. A D. Ana minha conhecida das feiras de Lisboa, dizia-me "hoje ainda não me estreei e tinha lugar pago na Avª da Liberdade, nada barato, 17€ ". Naquilo vi chegar do almoço a D. São, via-a despejar um saquinho de açúcar em volta da banca, fiquei intrigada...ao revelar o insólito à D. Ana, esta vira-se para mim e diz "já não sei em que feira foi vi fazerem o mesmo - ritual para chamar a freguesia - puseram também na minha banca, mas não deu resultado nenhum"...via jeito de ser a minha pior feira em termos monetários - o meu colega de frente, um rapaz simpático que conheço da feira de Setúbal - Paulo Filipe, abeira-se de mim e, dá-me uma moeda de 10 réis do reinado de D. Luís I  com a retórica " é para não estar triste" - de tarde deu-me outra do reinado de D. Carlos  - " esta foi pela conversa"...apesar de ter posto letreiros com preços de saldo - salvei o julgamento, estreando-me ao vender dois livros a um senhor magro, tipo intelectual, apressado para eu não reconhecer os títulos - então não os sabia de cor - "um deles era um inquérito sobre o orgasmo na mulher, o outro sexo em grupo" -  rápido a pagar e a descer a escadaria no sentido do carro, para meu espanto entrou num jipe Porche...e, só pagou por dois bons livros 2 €, porque o Sr. meu marido ao expo-los na banca decidiu desvalorizar os temas. Vendi para salvar a honra do convento mais livros, uma travessa e um prato. Curiosamente a senhora que os comprou ficou encantada com a travessa inglesa em tom azul liláz lindíssima, gateada - dizia para a mãe que a acompanhava - " elas (as filhas) só gostam das peças assim, partidas e com gatos - ofereço e ainda vou ouvir coices..." Perguntaram o preço das terrinas, da jarra da Marinha Grande em azuis a imitar a boémia e, ainda de uma garrafa. A foto apresenta apenas metade do estaminé, falta ainda a bancada e outra no chão com livros.A melhor feira em termos organizativos, a senhora encarregue - D. Lúcia, além de afável, é muito compreensiva e calma. Quem a escolheu sabe diagnosticar perfiz de profissionalidade, não há dúvida alguma, sempre com o mesmo sorriso - acode aqui e ali, a todos - nunca sai do registo de atendimento personalizado, eficaz. Um exemplo a seguir para outras feiras, nomeadamente para a da Costa da Caparica onde nos últimos tempos assisti a uma rebeldia por falta de um elemento organizativo da Junta, que em tempos houve, e por não conseguir impor a sua determinação - no dizer de colegas, deixou-se amedrontar pela má língua, e atitudes nefastas de alguns vendedores sem escrúpulos, e  egoístas, que não gostam de obedecer e respeitar os demais. Incrivelmente esta feira parou um mês para remodelação.

Tive o cuidado de endereçar um e-mail  à Junta de Freguesia da Costa de Caparica
Tendo conhecimento de alterações na feira de velharias, solicito as seguintes  informações:Se a mesma se volta a realizar já no 3º domingo de março.
Se há lugares marcados. Existência de vários preçários. Se no local vai estar alguém da Junta como é preceito noutras localidades para a distribuição dos lugares habituais e dos eventuais.

Resposta  da Junta - Na sequência do seu e-mail de 24/02/2012, que agradecemos, informamos que a Feira das Velharias tomará, a partir do corrente mês, o calendário habitual, realizando-se no primeiro e terceiro domingo de cada mês e aos feriados, tendo sido distribuídos lugares aos vendedores que entregaram a documentação solicitada em devido tempo.
No dias da sua realização, estará, logo de manhã, um funcionário da Junta de Freguesia para a distribuição dos lugares. Em relação ao preçário, ainda não há um decisão final.

Acompanhava o e-mail  um anexo em  v- card, relativo ao impresso para preencher, por incompatibilidade do meu sistema informático não consegui reenviar o mesmo preenchido - telefonei e, fiquei de passar para entregar a documentação - percebi de imediato que havia  celeuma, isto porque a Junta funciona em dois sítios, e não há consenso no tema da feira!
Imediatamente fui solicitar o cartão de vendedor na ASAE - no dia seguinte rumei até à Costa para entregar na  Junta a papelada exigida para a feira - o atendimento foi curto e rápido, não preenchi ficha nenhuma... era o Dia da Mulher...digo eu, deveria o staf estar de partida para o pavilhão do Feijó comemorar a efeméride - coisa de 700 - na maioria mulheres e alguns presidentes de Junta para o  almoço oferecido pela Câmara de Almada: filetes de salmão e lombo assado. Ao que se fez soar  no meio houve uma das ditas senhoras que disse para um dos empregados que servia o catering " não bebo nada do que tem na mesa, só bebo Gin tónico" - o empregado perante este dilema não habitual vai ter com o chefe da equipa e transmite o que ouviu da dita senhora -que se vira para ele e diz " vai ao bar e serve os que a senhora quiser"...A senhora em questão bebeu uns quantos - bastava levantar o copo e o empregado já sabia que era para encher...afinal até há gente diferente nas Juntas de Freguesia, impensável saber que uma mulher bebe Gin à refeição. Sempre a surpreender-me. Deveria ser assim no trabalho, será que é???
Nem sei quem é a dita senhora. Fico-me na louca ideia que sim - que se trata de uma  mulher e "pêras"!

O pior, o que me chateia, é que na sexta recebi outro e-mail  da Junta
Em resposta ao seu e-mail de 6 do corrente mês, informamos que, de momento, não existem lugares fixos vagos. Poderá, no entanto, ficar em lista de espera para o caso de surgir alguma desistência, devendo entregar os seguintes documentos:
- BI e cartão de contribuinte ou Cartão de Cidadão
- Cartão de Feirante
- Último IRS
- 1 foto

Mas que grande confusão! Porque raio depois de ter deixado a documentação solicitada, me estão de novo pedi-la e ainda o IRS, se tal nunca me foi solicitado - não existe uma lógica - existe sim, desencontros.
O que deu para perceber é o conflito existente entre a Câmara e a Junta quanto à realização da feira e às reais reclamações do Centro Comercial, dos quiosques e, ...por se virem quase privados de passagens pelas bancas que quase tapam as ditas entradas. Acredito e respeito que tal imposição é salutar. Porém, a meu ver o que falta na realidade é falta de coesão, de atitude de querer e, de fazer bem feito, como a Costa merece!
Sendo a  Costa de Caparica  uma zona de lazer, turística, como tal ,deveria ser olhada por quem de direito com mais respeito, determinação e otimismo em vencer. Será que foi desenhado o organograma do espaço?
Será que vai ser marcado por números no asfalto como nos outros locais?

A empregada que me atendeu disse-me haver 42 lugares de 3X1 metros...conhecendo o espaço não sei onde encaixam os lugares...também me espanta o facto de ter feito as últimas feiras e conhecendo os colegas só chego no máximo dos máximos a 33 vendedores e não 42 como me foi dito. Outra coisa é misturarem o artesanato com velharias. Sendo que o calçadão junto ao centro poderia acolher 5 bancas de artesanato e assim tornar a feira mais apelativa para todos sem estragar o ambiente aos quiosques e ao Centro Comercial. O calçadão vive de parasitas desocupados da terceira idade - falam de futebol, comida , também de cotas mulheres de altos saltos, cabelo ripado e cu espetado se pavoneiam para eles e, gabam da idade e, do belo corpo - pior é o pescoço de galo...eles pouco lhes ligam, pavoneiam-se com as miúdas  brasucas que passam - um deles de cabelo estepe russa cor da neve, viu-o fugir com uma para junto do prédio, derretiam-se em  sorrisos - os outros falam de tudo e de nada, então não os ouvi horas a fio...eles sim, estorvam a entrada do quiosque - não compram nem vendem, só dali saem para almoço e, regressam para continuar o seu dia na feira, sem enfeirar!
Acho que por não ter havido um agente organizador na feira durante muito tempo, a mesma fez-se sem "Rei nem roque" cada um se governou com o espaço que quis, inventando argumentos " pelo facto de alguns também venderem móveis tem de ter mais espaço", ocupam locais estratégicos e, até o calçadão , chegam de madrugada, não arredam pé do seu querer, então não me lembro como todos começaram a vender na feira. Sim porque fui compradora durante anos, há 30 que visito feiras de velharias todos os fins de semana.

Houve um feriado em dezembro, ao chegar estava tudo ocupado, um stand de bijutaria ocupava seguramente quatro metros, quando poderia fazer a banca em "U" e, assim dar mais espaço para outro colega -  o Paulo quando o interpelo e pergunto se posso por a minha banca junto à dele responde-me " a fulana....telefonou-me - pediu-me para lhe guardar o lugar"...pois é, senhora que tinha conhecido na feira anterior ,trazia o espólio de casa e partilhou o lugar com ele, pagaram a meias, apenas um lugar, quando na realidade eram dois...vim de regresso, não estive para me chatear!

Sabendo que o espaço  tem de obedecer a entradas francas para o Centro Comercial e quiosques, deveria a meu ver não serem todos iguais de 3X1 e, sim terem também lugares de 2 X1, sendo que cada um pagaria o valor por cada metro quadrado e não como foi no passado que cobravam 10 € a cada feirante independentemente de ocuparem 6 ou um metro, como me aconteceu em todas as vezes que participei.

Chateada, fiquei ontem em Azeitão ao falar com vendedores assíduos da feira da Costa que me perguntaram " então no domingo vemo-nos na Costa" respondi, não tenho lugar..de boca aberta disseram..."a mim ninguém me disse ainda nada"...palavras para quê!
Isto revela que alguma coisa não está bem na organização da dita feira. Confesso, estas cenas deixam-me completamente louca. Esperava muito mais do concelho onde moro há mais de 30 anos e onde pago assiduamente os meus impostos. Também porque respeito muito o trabalho das mulheres e no caso da presidente camarária ser há muito a Dra Maria Emília e o vereador da cultura Sr António Matos meu vizinho, pessoas sempre dispostas a fazer e ouvir em prol do desenvolvimento e do bem estar das populações. Por isso sinto-me francamente mal, triste, gostava de ser respeitada,no caso sinto que não me deram importância alguma. Por acaso não vou estar no próximo fim de semana, ou estarei se chuviscar. Nem me vou chatear mais...para ficar em lista de espera...(a menina do atendimento confidenciou-me que tinha já 3 para encaixar)...isso existe nesta feira desorganizada (?)...esquecem-se que o  país vive a pior recessão que há memória - então e os eventuais, divorciados, homens e mulheres que se estão a governar a vender velharias...essa resposta é o mesmo que dizer...nunca vou ter lugar na feira da Costa de Caparica - e como se tenho recibos de feiras feitas?
Assunto para gente pensante, obstinada e recta, ponderar será que os há?
Que remédio - fico-me com as feiras de Setúbal e de Azeitão, Évora, Montemor o Novo - quando for à terra continuo a fazer Figueira da Foz, Tomar, Miranda do Corvo, Torres Novas, Coimbra e, outras que me aprouver fazer, sim estou credenciada!

Analisando o mencionado duvido do êxito da feira de velharias renovada da Costa da Caparica .
Tudo vai ser como sempre - "cada um se desenrasca a seu belo proveito" - no  domingo vão chegar os vendedores de madrugada, apressados, a funcionária sem mãos a medir para atender às solicitações, sim porque nenhum vai querer arredar pé do seu lugar de eleição - vai haver despiques, chatices, palavras azedas - há duas mulheres -  uma antiga nestas lides - a outra recente coisa de 2 anos - são do piorio -  má língua, baixa índole, invejosas, zangadas com a vida - de fugir delas - há muito que  percebi ..." só bom dia e boa tarde, porque nem desprezo é permitido com tal gente"! E a culpa de tão insólito acontecimento será a meu ver atribuído à Junta, porque ao interromper a feira para a reorganizar julgo que tiveram tempo suficiente para entrar em contacto com  todos os feirantes, tem os recibos comprovativos da feira e, ter enviado a cada um uma fotocópia do organograma da distribuição dos espaços atribuído a cada um com o preço e, ainda com a nota especial do compromisso de sempre que não possam participar de avisar atempadamente até  à véspera  a Junta, para a organizadora no dia da feira saber os feirantes participantes e os lugares vazios para assim os poder atribuir a  outros vendedores eventuais, como em qualquer feira organizada, tal procedimento é normal depois das 9 horas. Pelos vistos nada foi feito...
A meu ver deveriam frequentar feiras em locais turísticos e aprender - nesses locais as bancadas são pequenas, o artigo é selecionado - em Belém a Junta até expõe barraquinhas todas iguais em branco e, que bem ficariam na Costa em frente ao mar naquele tapete de madeira sem utilidade aparente.E deixar a feira de artesanato no local onde habitualmente se faz o recinto da feira.

Pensem em engrandecer a Costa de Caparica e, não abandonar o sonho visionário de alguém que um dia descobriu tão grande filão turístico!

Obrigado a todos os leitores que por serem tantosssss fico curiosa do porquê!

sábado, 10 de março de 2012

A feira da ladra está a mudar

Quem diria. Está a mudar sim!
São mais os feirantes eventuais do que os ditos normais. Muita gente nova, estudantes, sempre houve, mas agora entopem a feira por tudo o que é sítio.Roupa, muitos trapos,colchas de renda, lençóis de linho, naperons,calçado e malas.Ao longo da feira dei de caras com: achadiços, imigrantes, desocupados e gente a necessitar de dinheiro, não sei se para comer se para alimentar o vicio.
Na descida o aparato da equipa de filmagem que fazia uma reportagem do buliço da feira.
A capital está a ser invadida com novas feiras, hoje , dia da feira na Avª da Liberdade, sitio de muita passagem, agora vendas duvido que as façam...já lá fui por duas vezes, só ouvi queixumes. Julgo que alguns feirantes  desistiram em prol de continuar na feira da ladra.
Corri a feira e pouco ou nada vi de interessante. Fiquei com a sensação que as moto-serras da STHIL são material contrafeito, vi mais duas novas. Dei com um rapaz novo a apreçar 4 grandes frascos em vidro de farmácia,  para os vender, já teria comprador, bem regateava o preço, havia um estranho, tinha pedras de calçada brancas com um líquido choco...
Havia vendedores de ocasião que fugiam à polícia, esgueiravam-se entre os passeantes e iam abrindo os sacos, num deles comprei um cestinho em vidro e uma estatueta de Coimbra com o estudante e a menina de cântaro, ao meio a fonte, por me fazerem lembrar um tempo ido quando ia à cidade e as via em fila no  estaminé do vendedor nas escadinhas da igreja de S. Tiago.
Deliciei-me em compras de 1 e 50 cêntimos. Tinteiros, copos, ovos,caixinhas e ainda uma belezura de uma mini jarrinha que a VA produziu , sempre fez as minhas delícias.
Ao passar na banca do Rui, cada vez mais gordo, uma senhora cumprimentou-o e apressou uma travessa Companhia das Índias, estilo Mandarim, e um prato azul dinastia Quialong, responde ele "a travessa duas e meia e o prato cem" ...a mulher agradeceu boquiaberta enquanto a amiga lhe diz "duas e meia deve ser duzentos e cinquenta euros..."
A semana passada apressei um prato século XIX em cantão popular de Coimbra, magnífico, pediu-me 20€. Caro, para mim. Hoje ainda o tinha para vender, baixou para 15€, ao vê-lo na mão constatei que foi restaurado, pois...estragaram o prato, perdeu qualidade. Porque lindo, o azul é... e, continua a ser para um ignorante, só se aprende errando, eu nesta feira já fui enganada com uma grande travessa restaurada, quando cheguei a casa,na minha mania de limpeza ao pô-la em agua, começou a desfazer-se até que vi as mazelas, partida ao meio e ainda de um lado...o pior foi o alto preço que paguei por ela. Por isso "olho vivo a ver as peças".
Descobri uma jarra em cristal checo ; branca e azulão, biselado.Uma obra de arte de uma qualquer fábrica perto de Praga.Já na saída comprei uma pandeireta artesanal, feita em Moçambique, cujo som é exuberante, os feirantes um casalinho novo, vendiam o espólio do pai de um deles, por certo foi tropa.Curiosamente o ano passado na província uma vizinha fez a limpeza ao sótão, deixou ao lado do caixote do lixo uma série de coisas que não resisti a trazer comigo. Por ser aldeia, não vi vivalma, peguei na bacia de esmalte às bolinhas azuis e fiz dela um grande vaso, dentro vinha um barril em cerâmica, impecável e bem antigo, ainda um tambor que o filho Carlos trouxe de Angola no tempo da  tropa. Ofereci-o à minha irmã , agora a pandeireta de pele igual será para ela também...não sei se a merece, logo vejo!
De regresso da feira fui buscar uma Caixa Métrica Nº 2 , mobiliário do meu tempo de Escola Primária.Uma amiga professora coleciona artigos desse tempo remoto usado na educação. Descobria-a, fiquei feliz, porque sabia que ela desejava ter uma.Se ela me quiser ofertar alguma coisa, bem gostaria que me desse um mapa de Portugal com Ancião escrito à antiga. Falta-me jeito para pedir seja o que for!

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