sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Falta em Ansião Associação de Defesa do seu Património Cultural !

 

Acordar com a mensagem no  Portal do Município 
«A riqueza de Ansião reside na multiplicidade da sua herança arquitectónica, histórica, cultural e de génese popular. » Um óptimo slogan!
Porém na prática  ainda fresca a herança da pouca valia  cultural de vida autártica PSD traduzida em mãos cheias de quase nada no concelho de Ansião, quando apesar de tanta destruição ainda se pode reverter e mostrar vivo no reinado PS em Passos de Memória, na já instituída rede de percursos pedestres do Município com novos a retraçar para cobrir todas as freguesias em destaque à riqueza e panóplia paisagística beijada pelo rio Nabão de inverno até junho com courelas  debruadas a  muros de pedra seca, poços de chafurdo, eiras de pedra, dolinas cársicas (lagoas) lapiaz, terra rossa, mancha de carvalho cerquinho, pinheiro, medronheiro e arbustos; carvalheiros, esteva, urze, rosmaninho e zambujeiro e para mal dos nossos pecados por todo o lado prolifera o nefasto eucalipto entre salpicos de olival frondoso e enfezado com exemplares de sobreiral e azinheira adornado  por todo o lado a pedra calcária ora em ambiente verdejante ora  quase desértico beijada a carrasco, lentisco e flores únicas do Maciço de Sicó,  a rosa albardeira, lhe chamam cuca, orquídeas, jacintos, lírios amarelos, brancos e roxos, rosas de Alexandria cobrem ribanceiras à  mistura com cascalho miúdo e nos pinhais carqueja e monteiras de erva de Santa Maria, alimento de ovelhas e cabras o travo especial ao queijo denominado Rabaçal, sempre em roteiro no respeito ao equilíbrio ecológico em fatal deslumbre também da arquitectura ancestral guardadora de vestígios únicos da herança romano/visigótica deixados na região com os piais para flores a ladear janelas, tradicional V invertido em laje calcária acima do lintel das portas, ou na horizontal e ainda arco de meia lua em laje cerâmica, balcões com ou sem telheiro, janelas de avental, duplo beirado português,  almoinhas , pequenos quintais onde se planta a horta deixada de herança pelos árabes, o era geométrica  em rigor, ainda me lembro dos talhões bem feitos à enxada para o plantio do feijão verde, sempre em âmbito cultural  a dar as mãos ao progresso de um novo e melhor futuro a começar por privilegiar a criação de uma Associação de Defesa do seu Património Cultural com inventariação a todos os tipos de património concelhio, o primeiro passo na ousadia de o levar a discussão pública à Assembleia Municipal pela cabal importância e urgência em ser criada nova segmentação sob orientação do Pelouro da Cultura, em sensibilizar a população a reflectir o que é de facto Património, os vários tipos e interesse na cultura nos dias d'hoje:

Património Histórico
Inclui o religioso, edificado, ruínas e vestígios arqueológicos romanos e outros ,muros de pedra seca, poços de chafurdo com escadaria
Património Vivo
Pessoas que detém conhecimento e técnica para a produção e preservação de aspectos da cultura popular e tradicional no respeito à sua ancestralidade. 
Património Natural
O próprio nome o indicia, rio, pedras, lápiaz, machados de pedra, grutas, lagoas cársicas.
Património Imaterial
Saberes,celebrações, festas, danças, músicas, costumes, lendas, rituais.

Importante tradição de património imaterial acontece em Assamassa em  Soure, exímio laboro a dar voltas e mais voltas a trabalhar o pinhão em mil enfiadas torneadas em S revirados a imitar cornucópias alusivos à fertilidade na evocação ao ritual aos deuses da Grécia, suposta herança trazida pelos povoadores na glória maior engalanar o Ramo de Pinhões ao Divino Espírito Santo, obra comandada pela paixão desta tradição ancestral só possível o tamanho sucesso deste grandioso costume em gente de excelso mérito que trabalha sem remuneração e  nos deve merecer respeito e franca admiração com Mordomes, familiares e amigos em franca união no trabalho formam fenomenal  de grande equipa, a dar bom exemplo, não só à região, como ao país e ao mundo, por terem discernimento em não deixar perder um testemunho desta natureza tão importante enraizado na cristandade que se traduz em Património Imaterial, idealizado na minha objectividade por Filisteus vindos do litoral , aportados a Lavos, trazendo a semente e a plantaram num ciclo especifico do Maciço de Sicó em Ansião, entre Pinheiro , Costa e Constantina na centúria de 500, onde vieram a instituir em meados da centúria seguinte por alvará régio a Feira Franca dos Pinhões, o certame  viria a mudar daqui para a vila em finais do século XIX onde se mantém com mais de 300 anos, à Constantina vinham vendedores de pinhão de Soure na centúria de 800, segundo relatos nos manuscritos da sua Confraria que o Dr Manuel Dias exarou em livro, debalde sem nada correlacionar da transcrição documental... Verossímil dissecar ainda na leitura o sucesso da feira, do dinheiro que geria tenha incentivado o cultivo da pinheira e do pinhão em Assamassa para fazer nascer um costume cristão/profano do Ramo de pinhões ao Divino Espírito Santo em meados de 800 (?). Jamais algum historiador ou investigador juntou estas duas realidades que se unem pelos povos e pelo produto o pinhão em concelhos limítrofes, a merecer mais estudo.Triste realidade da ineficácia da autarquia a sugestão do  título da crónica Ramo de Pinhões ao Espírito Santo, a Câmara de Soure, Depois, Vai-se a Ver e Nada!
Até hoje pese a dimensão cultural que transmitem ao Mundo de um ritual único a autarquia sem denotar sensibilidade cultural para lhe destacar o merecido crédito e mérito entregando candidatura para a sua classificação como património imaterial nas Terras de Sicó sendo certo se devia juntar com a autarquia de Ansião em virtude do conceito se mostrar enraizado e herdado nos dois concelhos. Não encontro na região maior vontade de associativismo de cariz popular em trabalhar por uma causa maior onde todos se revelam de brutal paixão na sua execução e finalidade, só quem sabe o que custa partir um pinhão sem o molestar...em Assamassa são milhares...

O que ainda faz falta em Ansião? 
Gente no concelho estudante em História, Arte, Arqueologia a explorar Teses e Dissertações de Mestrado, sobre o que foi o passado  da região onde se implantaram as Ordens Militares , as influências em Ansião nas quintas do Mosteirod e Santa Cruz a ligação a nobres dos concelhos limítrofes , actividades económicas de moengas vivas até Tomar, estalajadeiros e tradições para virem a ser contempladas pela DGPC, para não se perderem.


Pretensa e tenaz a sua divulgação, sensibilização e classificação que os vários tipos de património cultural da região; histórico, natural, vivo e imaterial deve merecer com sessões de esclarecimento à sensibilidade e reconhecimento cultural em palestras na sua Biblioteca Municipal, Associações Culturais nas vilas do concelho e na Casa Senhorial Conde de Castelo Melhor em Santiago da Guarda, complementada no Portal do Município com design estético e apelativo de conteúdos equilibrados a chamar o turismo na publicitação de eventos gastronómicos dos produtos endógenos na máxima atrair público de todo o lado no âmbito da Ciência Viva de Verão em ambiente sustentável no respeito caminhadas e traills pedestres nos carreiros, os trilhos marcados sem prejudicar o ambiente vivo, natural, histórico e imaterial, com respeito pela água, animais e aves e flora apostando em piqueniques em baldios, para contemplação e lazer a ser assinalados e limpos e a descoberta de outros pontos interessantes a estudar, patrocinando locais de produção de mel, aguardente de medronho e ameixa , avistar rebanhos nas costeiras com cabras  e ovelhas, queijarias certificadas do queijo denominado Rabaçal, o mais tradicional produzido nas quantidades da mistura de leites  que dita o preceito da sua confeção, com cardo, planta típica de Sicó, em levantamento de sítios de produtos da região. Aposta em profissional conhecedor da  paisagem cárcica, das aldeias desérticas, fauna, flora, o deslumbre do  pôr do sol ao alto da Ameixieira, serra,  das esculturas em pedra calcária trabalhadas pela  erosão e outras fossilizadas, pontos de escalada na gruta do Calais, introdução de festas em revitalizar tradições adormecidas envolvendo a população e os de fora no proveito maior mais fomentar as massas apaixonadas por esta ruralidade que acrescenta dinamização ao concelho todo o ano,  olhando ao grande potencial que se distingue se for bem dinamizado e explorado. Sem peneiras deixo palpite para a designar ANSUR a louvar o passado na ligação ao suposto parente mais chegado, o povoador Goesto Ansur, heróico cavaleiro germânico salvador de 5 donzelas, a paga anual do tributo de pazes ao rei mouro de Córdova ao derrotar os seus embaixadores que as vinham buscar no Figueiral, hoje Figueiró dos Vinhos, pese o derrube da  espada com destreza partiu um ramo de figueira e se defendeu a lhe proporcionar a alcunha, fidelizada no apelido Figueiredo, excerto da Miscelânea do Sitio da Senhora da luz do Pedrogão de Miguel Leitão Freire d'Andrada de 1629. O apelido Figueiredo no principio do século XX era de um comerciante, corria na voz do povo que tratava mal os empregados na sua loja, abaixo de animais...a minha avó materna detestava-o, o que não lhe invalidou ser considerado ilustre ansianense...Desconheço  o que fez de mais valia para o concelho...

Aprender a reconhecer e proteger o Património público e privado começa com Educação Patrimonial
Num processo que conduz ao entendimento do mundo em que se está inserido, elevando a sua auto-estima e à consequente valorização da sua cultura, na melhor forma através do respeito e interesse de cada um de nós em assegurar a protecção dos testemunhos herdados, permitindo assim o exercício pleno da cidadania no papel fundamental no momento presente em se querer projectar para o futuro, transmitindo às gerações vindouras as referências de um tempo e de um espaço singulares, jamais voltarão a ser revividos, somente revisitados, criando a consciência da interligação do que foi o passado na história. A Constituição de 1946 contempla no seu texto a proteção do património dizendo no seu artigo 175: "As obras, monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do Poder Público ou seja, são coisas que têm valor histórico ou sentimental para os habitantes de uma região por se referirem às origens e à forma que escolhemos para sermos lembrados e o Património Imaterial um bem de natureza intangível, a sua importância abrange valores ao reconhecimento das tradições orais e Imateriais da cultura popular.
A Constituição de 1976 determina no seu Artº 78 que "incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais promover a salva-guarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum."
Segundo a Lei de bases do Património compete ao IPPAR atribuições que serão assumidas pelo IGESPAR-Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, no âmbito da nova lei orgânica do Ministério da Cultura - proceder à inventariação e classificação dos bens culturais portugueses.De acordo com a lei, os organismos competentes definem os critérios de seleção dos locais, quer numa óptica histórico-cultural, estético-social ou técnico-científica, quer ainda na perspectiva da integridade, autenticidade e exemplaridade do bem.A inventariação e classificação dos bens culturais leva a que sejam desencadeados mecanismos de proteção a esses mesmos bens, quer no que diz respeito à sua manutenção e conservação, quer à sua eventual alienação ou alteração.
Infelizmente na prática pese haver leis de proteção ao património cultural assiste-se no tempo a um registo de tramitação lenta por cabal falta de sensibilidade, conhecimento e inércia de quem tem o poder nas mãos, acrescida da falta de perfil e de interesse em se destacar na função pública, e mesmo aquele que depois de ter sido inventariado e com estudo levantado continua em abandono, em geral porque é de domínio particular e a autarquia não tem capacidade financeira para o adquirir e claro requalificar . O fatal esquecimento caí em ruína, roubo e destruição para mal dos nossos pecados a ditar incúria a testemunhos ricos de património que se perderam irremediavelmente para sempre, e outro se estão a perder, apenas se salvou o que se mostrava claramente espectacular em contexto de ruína como a Casa dos Condes de Castelo Melhor .

Precisa-se de angariar gente credetícia com perfil
Pessoa amante do concelho, que o conheça como as palmas da mão, sensível a distinguir a diferença e a sua personalidade para o diferenciar em contexto de Património concelhio, público e privado, no dever de ser inventariado com apoio das Juntas de Freguesia, conhecedoras das suas próprias realidades sobre tudo o que mereça destaque e olhar diferente no edificado, ruína, natural e vivo - uma janela com parapeito em pedra diferente, uma porta com ombreira larga ou com inscrição no lintel, ou acima da verga pedras em forma de V invertido ou em meia lua em lajes cerâmicas, restos de paredes grossas, piais a ladear janelas, muros de pedra seca com lajes em degraus sobrepostos, sitio de fornos de cal e outros, lagares, teares, adegas, moinhos de água, vento, etc tudo a ser documentado com fotos em todas as perspectivas, coordenadas do local e preenchimento de relatório com ajuda de sociólogo no terreno para aprofundar os indícios de usos, costumes, cancioneiro, lendas, toponímia dos nomes antigos que foi alterada, no mesmo os caminhos antigos desativados pelo traçado de novas estradas, localização de fontes e minas de água na Nexebra e das aguas férreas referenciadas no Livro Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega de António Augusto da Costa Simões de 1848. As regadas soltas das minas da serra de Nexebra na Mouta Redonda, Pousaflores, ainda me lembro, poços de chafurdo com escadaria junto das antigas estradas, lagoas cársicas vivas e as que foram entupidas, levantamento de apelidos do passado se ficou descendência ou se perdeu e outras vivências de rituais e tradições, usos e costumes na oralidade ainda é fiel guardadora, como o pedido do terço na casa das pessoas, tradições nos casamentos com roscas e rocas de espigas e outras, do uso do vinagre para quase tudo, da barrela para lavar a roupa, da sopa da panela, das sementeiras descontinuadas como da feijoca de flor vermelha, do chicharo há anos revitalizado com o festival em Alvaiázere, da forragem para os animais, o ferrrujal os gatos adoravam nele se embrulhar no cio, dos utensílios usados na terra e nas casas e outros demais para não mais se perder sendo classificado nas suas diferentes categorias.

Nova medida para protecção do património histórico
No acto da venda a parceria com os Notários para a  sensibilização aos compradores nacionais e estrangeiros da obrigatoriedade da manutenção da traça ancestral, já regulamentada, e nem sempre cumprida, onde o moderno e o antigo não esbarre em desaire , mantendo os testemunhos do passado com  fotos do antes e do depois e  vistoria com coimas para os infractores.Contrariar em definitivo o que se distingue com venda a estrangeiros e outros em contexto de ruína e dela fazerem o que lhes apetece, descaracterizando a região com a perda significativa de valores que mais podiam vir a falar do passado, está na hora de clamar o património toda uma vida descuidado, chegou a hora  em ser exaltado!

Desafiar em crítica acutilante o património religioso pertença do Bispado
Das fábricas de igrejas e suas capelas, com requalificações no passado sem olhar à preservação dos testemunhos antigos sem respeito pela traça antiga, modernizando-se, sem se equacionar o valor do património herdado e o dever de ser protegido e salvaguardado, não culpo as pessoas que se empenharam, antes os padres, ao estar nas paroquias deviam supervisionar as obras explicando a necessidade em proteger o passado e os seus testemunhos, tendo sido na maioria desleixados nesse fulcral interesse, por isso tanta aberração. Nesse pressuposto para não mais se perder devia nascer articulação também ao bispado com os padres das paróquias e estes por sua vez com as respectivas entidades camarárias, todos em parceria se envolver na essência fulcral de ser criado um novo conceito na protecção do património religioso concelhio que mobilize todas as partes e o publico nessa necessidade urgente de se valorizar e não mais se perder, além do edificado, o espólio que todos os dias se assiste em feiras de velharias com estaminés com venda de arte sacra, pias de água benta , distingui um frontão de entrada do tamanho de colcha em veludo ricamente bordado ao meio com cruzes sobrepostas a fio de ouro e pendões enormes com simbologia às quinas dos castelos, uns em em verde e outros em vermelho suspensos em rolo de madeira a lembrar os editais no tempo dos Reis que eram lidos ao povo debruados a cordões de cetim engalanado de faustosas borlas, embora com uso e velhos, sem estar rotos deviam fazer parte de um espaço museológico, o local certo - das duas uma ou foram desviados pelo amigo do alheio, postos no lixo e recuperados, ou vendidos por serem velhos....ao meu desagrado ouvi alguém em tempos abordado para comprar Santos de um Santuário na Beira Baixa, cujos padres pretendiam vender para ajudar as obras da igreja...está tudo dito! Pior, é não haver qualquer fiscalização nestas feiras com suposta gente a trazer objectos roubados ...um vaso em pedra gomado, partido do seu pescoço, o pé estaria cimentado, sendo decepado pelo lado mais frágil e pias minúsculas de água benta em mármore de Carrera e em pedra, uma fonte roubada de uma quinta nos arrabaldes a norte de Lisboa vendida ao telefone a alguém da Ericeira, e outros objectos de providência duvidosa a serem mostrados dentro de porta bagagens, ora quem esconde pende que dele algum mal se suspeite...Tanta conversa para se acordar sobre o espólio roubado vendido a preço ridículo, o certo estar acautelado em Espaços Museológicos, por ser herança do passado de todos nós.
Descobri pela persistência em Ansião, uma Imagem de pedra, grande, de talhe meticuloso - Senhora d'Ó, espólio que foi da capela particular da quinta de Sarzedas na matriz de Ansião. O seu donatário foi Capitão-mor. Esta Imagem, o Santo André de pau e ainda outra arrumadas com outras em reservas, algumas há séculos . A Imagem da Senhora D'Ó um tesouro - uma das 7 maravilhas na escultura sacra escondida a 7 chaves...Não pode ser!
Ontem já se fazia tarde para tomar providências!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

As festas de agosto em Ansião em 2018

A primeira vez que recebi convite para a abertura solene das Festas de Ansião, debalde a minha ausência prendeu-se por ter os netos a meu encargo que não podia negligenciar a sua atenção, mas fiquei triste!

Dia do Cortejo
Em casa com os netos na sesta quando comecei a sentir alvoroço na minha rua, mas nada como me lembro de outros anos na década de 60, ai sim é que era povo em massa!
A minha irmã  toca à campainha para aliciar os cachopos para a festa cujo desfile do carro da Lagoa Parada vindo do Ribeiro da Vide se anunciava.
Mais um ano em que o desfile se apresentou com poucos carros e motivos repetidos ou recriados, debalde sobressaiu alguma criatividade!
Ano de substanciais mudanças em encurtar a rota do cortejo que deixou de passar pelo Fundo da Rua, o que deixou alguns amofinados...Não me chocou era um circuito muito grande. O cortejo alegórico depois de descer a Avª Dr Vitor Faveiro tomou a direção da vila pela Rua dos Bombeiros Voluntários,  na direção da Mata.
Inédito o uso de cartazes a explicar o tema alegórico. Excelente e boa iniciativa.
Netos
A Associação ALN dos Netos tem vindo a revelar o seu cariz unânime em conjugar com êxito a escolha temática e a estética usada nos pormenores, este ano merece destaque a escolha do tractor, bem antigo, estimado a  reluzir o encarnado no contraste com as flores em preto a exaltar a obra em ferro, a prata, e esta com a grelha . Parabéns. Equipa de sucesso no trabalho PowerMaint em pôr em pratica boas ideias. 
O carro dos Netos surpreendeu mais uma vez ao trazer uma escultura de uma cabeça de máquina de costura. Obra magnifica de extraordinário talento e engenho ditou o mote ao Sr Presidente da autarquia no seu reaproveitamento como escultura urbana na vila de Ansião. Não faço ideia onde vai ser colocada. A ter a menção "NETOS" na minha opinião, o local certo seria engrandecer o Lugar dos Netos, porque urge a necessidade de crescer e se alargar por quintais adentro, que o sinto em demasia abafado. Há que pensar no futuro a serem tomadas medidas de gesto benemérito em dar chão ou outras dádivas para inauguração de um espaço lúdico em fausto largo onde a obra escultórica o embelezaria em convívio com equipamentos urbanos; bancos, mesas, aparelhos de geriatria e uma fonte seria benéfica  para se confraternizar em descanso na partida e chegada de caminhadas, trilhos ou piqueniques tendo por sombra um frondoso carvalho cerquinho ou vários!
 
Lagoa Parada 
O motivo deste ano prendeu-se na angariação de fundos do povo da Lagoa Parada para ajudar na construção da igreja de Santiago da Guarda, quando a sua primitiva sofreu um incêndio que ainda me recordo dela.
 
Alvorge
O Alvorge trouxe o motivo da Lenda dos irmãos Germanelos.
Bem me recordo de o terem trazido há mais de 30 anos, na diferença que os montes eram mais parecidos em cone e mui verdes e agora mais a mato. Contudo gostei mais deste por trazer os ferreiros no topo na partilha do martelo dando mote à lenda quando descabou e do pau nasceu um zambujo, hoje o Zambujal.
 
Lamentavelmente assisti a muito pouca gente pelas ruas...
A minha irmã com a minha neta Laura a caminho do cabeleireiro para saber se a minha mãe já estava bonita.
Depois de acompanhar alguns carros alegóricos no desfile em direcção da festa vimos algumas pessoas na sombra que o calor castigava.
O meu marido levou pela mão a Laura e eu não podia faltar na minha selfie com o Vicente...
Houve também mudança do local do pódio onde todos os carros são objecto de aclamação e engrandecimento pelo motivo e pela vinda.O cortejo ao deixar de passar pela frontaria dos Paços do Concelho foi desviado uns metros ficando na mesma na sua imediação onde distingui no palanque o Sr Presidente com o staf camarário, convidados e outros que ali se quiseram sentar. Do lado norte na bancada faltou uma pala para cortar o sol, por isso quase vazia...Não conheço quem foram os oradores, o que senti não me cativaram o suficiente quando passei para me deixar ficar...o tenha sido pelo meu conservadorismo, ainda no ouvido guardo vozes emblemáticas que recordo com saudade...Entendo que um orador deve ter perfil carismático, conhecedor do que foi o passado e as tradições e ainda dono de voz sonante, quente e poética para encher o público de cultura e ainda olvidar a estorreira do calor de agosto!
Escrevo esta crónica com muito atraso no lamento em não me conseguir lembrar do que ouvi quando o orador falava do Alvorge a propósito do solar  dos Guerras com brasão dos Carneiro Figueiredo que me pareceu não estar correcto (?) debalde a minha memória atraiçoa-me!
Santiago da Guarda 

A escolha temática prendeu-se do antes e do agora ou seja do passado e do presente na arte do barbeiro.
Tenha sido este ano para mim o tema que se apresentou mais pobre. Faltou na arte de barbeiro uma cadeira de barbeiro, tão emblemáticas já devia haver uma em Espaço Museológico no concelho, não vi as navalhas de fazer a barba nem os acessórios, muito menos da bacia em faiança que o barbeiro quando ia a casa levava, tinham-me pedido que emprestava a minha. Em Ansião quem me cortou o cabelo pela primeira vez foi o barbeiro o Sr Júlio de Albarrol.
Ansião

O trigo na alusão ao pão que mata a fome ao povo!
A arte da debulha na eira de pedra com as alfaias; o malho e o ancinho onde não faltava a cesta do farnel coberto por toalha de linho com bela renda.
Amei rever as pedras da eira sentir o trigo da cor d'oiro em contraste ao linho da toalha e da renda que mãos cuidadosas e hábeis crochetou. 
Já quase ninguém se lembra do Engenho de Linho que existiu na quinta do Sr António Freire Parolo natural de Albarrol , emigrado no Brasil em principio do século XX tendo comprado parte de uma quinta (hoje o Bairro da Câmara)  onde fundou um Engenho, palavra trazida do Brasil na alusão aos engenhos do açúcar, erigido onde foi construída pela segunda vez as Escolas Primárias e ainda levantou uma grande casa com 12 janelas virada a sul com escadaria e jardim. O seu neto, o Carlitos Parolo a quem sempre assim o chamei pelo carinho que o meu pai sentia por ele se recorda a vibração sonora dos carolos em azinho...
 
Avelar
Gostei francamente do carro da vila do Avelar trazendo mais uma vez o belo Forno de Nossa Senhora da Guia com o seu escadatório por inovar ao trazer o grupo cénico de Penela na deixa medieval, em que todos se notaram belos actores, carismáticos e de excelente figura a que acresce pela primeira vez , pois não me recordo antes de ter visto trazerem  fogaças, ao jus de antanho que eram cozidas no forno de NSGUIA, que o Dr Fernando Inácio, PJFA me obsequiou e não resisti ao saborear da Padaria Rocha, apesar de estar ainda com resquícios de uma brutal virose que apanhou muitos como eu, mas não foi da água!
As fogaças e que bonitas e deliciosas estavam. Parabéns!
 
Questionei o aparente austero personagem corpulento de cabelos e barbas alvas e ainda dono de olhar forte se sabia a origem do apelido "Caspirro" que existiu no Avelar. Resposta ao sabor do humor sarcástico, debalde distraída não lhe apanhei a deixa por ser actor de craveira em que tola fiquei por a perder para apenas no respigo dizer Caspirro tinha sido um escravo do rei em Penela...
 
Mulher quiçá da região de Sicó bonita com charme, dona de belo olhar a cortar um pedaço de fogaça com a mão como o deve ser e o Pão de Ló assim também o foi e ainda é no Minho.
Torre de Vale de Todos
Trabalho muito artístico ao trazer a arte da cestaria com o vimieiro esplendoroso aberto em leque, qual pavão de cauda aberto a vaidosar os demais. Obra magnifica a rivalizar a convidada, uma das mulheres mais belas da terra, morena de olhar estonteante e sedutor a reivindicar genes de antepassados do Couto de Torre de Vale de Todos. Só faltou um cabaz à laia dos que se mandavam com batatas e feijões na carreira para Lisboa...
 
Pousaflores
Trouxe a rede de fontes e de tanques na freguesia
Registei a minha querida mãe a olhar as fotos a preto e branco dos vários lavadouros da sua freguesia de Pousaflores  quando uma mulher irrompe e lhe diz- olhe -  está aí o da sua Moita Redonda!
Revestiram o carro com fotos a preto e branco do património de fontes e de tanques, alguns ainda não foram requalificados.
Pousaflores detém de património cultural um trunfo que julgo nunca apresentou.
Faltará alma e ensejo à equipa para aqui o vir representar?
Expoente máximo destas festas o cortejo alegórico a merecer atenção para se engrandecer e não morrer. Ao que parece  em deliberação da assembleia camarária o cortejo que se fazia de dois em dois anos, doravante será de quatro em quatro. Está gasto, digo eu, a evidenciar algo tem de mudar porque o mundo também mudou e o que ontem foi bom hoje já não é a mesma coisa. Obriga a árduo trabalho a ser desde já incrementado nas escolas e nas gentes das freguesias para de novo sentir orgulho em participar e não ficar em casa. Quem não sente orgulho na obra escolhida pelo povo da sua freguesia para vir desfilar na sede de concelho, por certo não será um suposto bom cidadão -, aquele que se preocupa com o sucesso da sua terra e gosta de ouvir criticas, em geral abonatórias, porque os carros trazem o melhor que o povo neles quis incutir a que lhes junta sempre instrumentos e acessórios do passado na valorização das tradições.Por isso não se pode perder esta grande valia do povo em que a sua participação é fulcral por se mostrar em massa em que é fulcral dever sentir brio para voltar para casa envaidecido, feliz, por ter cumprido a sua missão no melhor que pode e soube.Pessoalmente sempre senti um extraordinário orgulho em participar e em acompanhar o carro do Ribeiro da Vide e Bairro de Santo António. Nas lembranças que tenho de criança recordo do cortejo atrair muito forasteiro e gente do concelho à vila , sobretudo porque havia sempre um carro que deliciava todos pela comida ou bebida, atributos os comes e bebes , são fundamentais para presentear quem está no palanque e outros no expoente máximo da partilha. Tempos em que se cozia o pão, merendeiras dos Santos, fritavam filhoses, destilava-se aguardente, retratava-se o S.Martinho e o vinho novo, as castanhas assadas e as nozes, a curtição dos tremoços o marisco do pobre e a arte em retalhar as azeitonas jamais alguém se lembrou da marmelada que se fazia em casa e do doce de tomate e ainda do fumeiro, da nossa chouriça e claro do leitão que começou por ser rei na Nexebra no frenético dinamismo em entrosar as tradições com o público em o distrair levando a saborear e comprar na feira, sapiência que não pode morrer, antes incentivada com marketing.

Gostei francamente do carro da vila do Avelar 
Derradeira escolha já de noite a caminho do arraial  onde sem peneiras me sentei no seu escadatório para sentir rainha por breves segundos onde me fiz à foto!
No recinto encontrei um elemento da JFA, aqui me desculpo de não recordar o seu nome, extremamente simpático, tabelámos conversa agradável sobre o Avelar e o seu engrandecimento!  
A deslocalização para  o antigo campo da bola
Apreciei a escadaria nova em ziguezague moderna em cimento armado, a olho nu mais de uma  tonelada de cimento...Bom projecto!
Dá uma dimensão de grandeza ao espaço e às festas!
Apreciei a Mata desocupada na perspectiva de pulmão e fresquidão a cativar o romance de gente sentada nos bancos de pedra ou a caminhar desafogadamente.E eram muitos os que andavam nos trilhos de noite...
Até que enfim Ansião se revela em grandeza em obra de envergadura!
Óbvio que também não fui alheia às mudanças na organização das festas para imediatamente me inteirar e perceber que foi uma boa aposta. Não  me chocou parte dos eventos que aconteciam na Mata tenham passado para o campo que foi de futebol, afinal em verdade apenas foi deslocalizado o restaurante do Clube dos Caçadores, um palco manteve-se e a casa Erbach este ano não abriu. 
O executivo PSD já antes tinha optado por transferir o antigo campo da bola para um estádio, obra megalómana na Quinta das Lagoas onde ainda construiu a casa da Amizade de Erbach, ambos de grande custo para a autarquia supostamente a pensar arrecadar dividendos com a venda do projecto para o velho campo da bola, debalde ao que se fez ouvir foram alertados de que não se podia vender... Reza na escritura da sua doação - campo para se jogar à bola a ter outra finalidade (urbanística) voltaria para os herdeiros da família que o doou. Uma intenção muito em voga entre o século XIX e XX. Nesse pressuposto e uma vez herdado o campo de piso asfaltado pareceu-me muito bem enquadrar  no seu recinto a festa que se apresentou mais arrumada  onde o convívio se sentiu salutar entre expositores, palcos, restaurante (s) com casas de banho. Apreciei os toldos nos corredores dos stands para cortar o sol. Senti agregação na concentração dos expositores, comes e bebes e palcos, ao jus de outras terras em fazer obra grande em prol de obra dispersa. O espaço pode vir a  enriquecer no futuro se for apetrechado de tascas a vender os produtos da região com tapas diversas; presunto, chouriça, morcela, farinheira outras com variedade de queijo da região de pasta fresca, mole, meia cura e curado e ainda  omeletes com os bons ovos da região, peixinhos da horta, pataniscas, filetes de bacalhau e petingas albardadas,  iscas e rim frito, pastéis de carne que as criadas faziam nas casas mais ricas, comesanas do genuíno gastronómico da nossa terra. A sopa de carnes lamentavelmente nunca o povo desta terra teve imaginação para lhe dar um nome para outros de olho aberto no Ribatejo a copiaram quando os ranchos das beiras ali se deslocavam às vindimas e pela apanha da azeitona. Noutro tempo não era uso a cenoura e sim a abóbora que no verão a sopa é feita com feijão de debulhar e de inverno com feijão seco.Os aferventados de couve galega e de nabo com feijão frade ou chicharo tão caracteristicos da nossa terra e requentados que a minha avó Maria da Luz chamava fertungado.Na sua continuada ausência progride comida fast food com atendimento em fila para receber um embrulho atulhado de vegetais cortados em juliana abarrotar de molhos...
Há que saber privilegiar na diversidade a gastronomia da região e isso devia começar nas escolas!
No recinto da festa ouvi de uma feirante o seu estar de  agrado que transmitia a alguém que não conheço, acrescentando que se as pessoas não vendem, as razões serão de outra ordem por apostarem em materiais  e produtos que nos dias d'hoje já não oferecem ao visitante a vontade de os adquirir. Falta-lhes criatividade e inovação. Concordo na integra!
Pessoalmente amei a ideia criativa "Ansião Coração de Sicó" dado pelo misto da alusão à pedra calcária esculpida pela erosão, rainha de Sicó, em paralelo à cor da terra rossa do Maciço de Sicó ao sangue que bombeia vida, no coração. Ideias novas , empreendedoras a chamar o turismo de massas, são sempre bem vindas. O que não invalida a necessidade de ajustamentos. Gostei das lonas e dos slogans por invocar a maioria do património do concelho afixados na frontaria dos Paços do Concelho, acerca  desta temática elaborei uma crónica onde apontei o que achei menos bem, para em agosto as lonas terem sido retiradas.
Admito que não seja fácil para ninguém tomar as rédeas de um executivo camarário cimentado há mais de 4 décadas na linha da direita e na transição receber obras em curso a que tem de dar continuidade entre outras medidas encetadas. As pessoas são diferentes, ninguém é dono da perfeição, os valores que defendem tem  pontos de vista que podem parecer estranhos e não agradar a todos em determinadas estratégias.Em verdade em cada partido a tomada de opções diferentes  jamais agrada a todos!
Desde o 25 de abril que muitos entraram para a politica na sorte abençoados por "padrinhos e cunhas " que lhes abriram horizontes na ascensão a lugares de topo e conhecimentos, quantos sem saber o que é politica. Tristeza o que todos vemos na assembleia da república com gente que nada ou pouco faz e outros vagueiam pelos bastidores  públicos em espera de poleiro sem jamais provas dadas em cidadania...Mas também os houve e continua a haver que subiram por mérito próprio, tem dignidade, e deixam obra. A esses valorizo em dobro!
Rematar com o pensamento muito assertivo de «Maria Filomena Mónica sobre os OS MITRAS, OS BOYS E OS BETOS...Alguns têm pais que fizeram sacrifícios para os mandar para a universidade, outros provêm de famílias das classes médias com relações políticas, outros ainda nasceram nos berços de oiro há muito na posse dos antepassados. Para usar a terminologia moderna, são os mitras, os boys e os betos. Em comum, apenas têm a idade, entre 20 e 35 anos. Dentro de cada grupo, há de tudo. Uns são inteligentes, outros burros; uns são trabalhadores, outros preguiçosos; uns são cultos, outros ignorantes; uns são de esquerda, outros de direita; uns são rapazes, outros raparigas; uns são ambiciosos, outros resignados; uns são activos, outros passivos. Mas todos, em maior ou menor grau, olham o futuro com apreensão. Nem todos sofrerão da mesma maneira, mas o que aí vem é terrível. Enquanto os betos têm a família por detrás e os boys as alavancas dos partidos, os mitras acabarão em empregos mal remunerados e no desemprego. Em Portugal, a mobilidade social é um mito.»

Ensombrou as festas o inesperado acidente que ceifou a vida ao jovem promissor André Mendes da freguesia da Lagarteira que consternou todos de grande mágoa e inevitavelmente empobreceu as festas, que julgo tinha um carro e não o trouxe. Pêsames a todos os familiares e muita força.

FONTES
Excerto retirado da página facebook de   Maria Filomena Mónica sobre os OS MITRAS, OS BOYS E OS BETOS...

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