quarta-feira, 22 de abril de 2020

Arte na cantaria religiosa do Calvário na Matriz de Ansião

Em Ansião a reutilização de pedras lavradas 
 A minha perspectiva  do Calvário  ex libris na matriz de Ansião a merecer catalogação 
Redescobriu-o há dois anos em dia de Páscoa, pela forte luz na capela do coro.Extasiada ao distinguir duas figuras - um soldado romano e a sua esposa.Encaminhei-me para a sacristia para cumprimentar o Sr Padre Manuel Ventura Pinho em pressa, ao jus da côngrua, a partilha - disse-me emocionado  tenho aprendido consigo a reparar nos pormenores acrescentou jamais ter reparado, nem mesmo quando aqui chegou e o Padre Coutinho juntos o contemplaram e  lhe disse - ali posto vindo da igreja velha (cemitério) e tinham sido uns "malvados", não foi este o termo, não recordo o usado na ira com que se referiu a quem fez a mudança para ter partido as cabeças aos anginhos, sem os ter colado... O padre Coutinho no seu livro de 1986 refere a capela a sul com um baixo relevo inventariado por Gustavo Sequeira em 1955, da renascença coimbrã, em calcário cinzelado e com pintura da época, representando o calvário e as figuras de Jesus crucificado, a Virgem Maria e o Discípulo Amado, em mísulas, obra da primeira metade do séc.XVI.
A  contemplação deste Calvário cuja qualidade escultórica, riqueza  figurativa e policromia em deslumbre para logo encetar investigação. Cheguei ao Mestre Pêro, o mesmo que esculpiu o túmulo da Rainha Santa Isabel, mas para o ser tinha de ter pertencido a um culto anterior - da primitiva igreja que foi a poente, ou não. A leitura despertou-me  para uma grande descoberta -  a actual igreja, antes foi palco de outro culto, portanto não é construção de raiz.E antes jamais equacionado.
Mais uma grande vitória em acrescentar história documentada ao passado de Ansião!

Mestres do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra
Adjudicação da actual Igreja de Ansião no excerto retirado de
file:///C:/Users/User/Downloads/Craveiro_Renascimento%20em%20Coimbra_Vol_1.pdf 
 (...) Em Junho de 1593, Jerónimo Francisco testemunha o contrato de Simão Fernandes para a reconstrução da capela-mor e sacristia da igreja de Ansião sem que, explicitamente, se mencione o autor da traça, mas a sua presença na qualidade de “mestre das obras” indicia a sua responsabilidade no projecto. Na sequência da visitação do bispo, a igreja sofreria grande remodelação: a capela-mor e sacristia sob a tutela do mosteiro de Santa Cruz, o corpo a cargo dos fregueses da igreja. A abóbada esquartelada da capela-mor mantém-se com os “dous cruseiros e duas formas, e tres rompantes”. A cimalha que a suporta sobrevive também com a “moldura della ... de hum capitel dórico por que os capiteis que se ham dasentar sobre as colunas do arco cruseiro, hão de ser a mesma simalha que hadandar por dentro da capella”, tal como o arco cruzeiro com “duas collunas com seus redopillares por detras com seus capiteis e vazas e o arco leuara hua volta sobre as collunas, e sobre esta volta Ja a outra que tomara a grossura da parede, e esta leuara hua moldura ... e da mesma manra terão o arco e frestas seus perfis por fora e pº dentro”. Um esquema que transportava um sentido compositivo anterior, agora na versão desornamentada, e se iria prolongar pelo século seguinte. O corpo da igreja mantém uma estrutura espacial seguramente anterior, de três naves definidas por arcarias assentes sobre colunas dóricas. Até que ponto a orientação de Jerónimo Francisco e o trabalho de Simão Fernandes aí se verificaram é de difícil apuramento mas os capitéis das colunas apresentam idêntica molduragem imposta nos capitéis do arco cruzeiro pressentindo-se a mesma campanha de obras. 
O portal principal, também datado de 1593, numa variante simplificada do portal do Paço Episcopal de Coimbra, acaba por evidenciar os mesmos ingredientes. Agora com o nicho vazio. Note-se a semelhança entre o tratamento “vegetalista” das volutas do piso superior da loggia episcopal e os capitéis das colunas do primeiro piso do colégio de Santo Agostinho.
O frontão curvo e ladeado por  frontão curvo e ladeado por dois pequenos pináculos, compõe-se de duas colunas estriadas diferentemente que sustentam a arquitrave com friso decorado com florões entre os números da data. A mesma ornamentação nos pedestais das colunas e as folhas que prendem as bases são ainda os motivos decorativos que se divulgaram a partir da primeira metade do século.

A autora  Maria de Lurdes Anjos Craveiro não relatou o Calvário. Não visitou a igreja. Não fez referencia ao Inventario Artístico de Portugal de 1955, nem o Livro do Padre Coutinho, onde o Calvário está referenciado.
A deixar Ansião mais uma vez pela metade numa Tese em História e Arte, em 2002.
Felizmente a sua leitura a 29 de fevereiro de 2020 deu-me a visão e  talento para o discernir.

Capela do Calvário na Matriz de Ansião
Esta capela aparece referenciada nas Memórias Paroquiais  - tendo  permissão para a decorar com  o Calvário, se comprometendo em mandar fazer um retábulo, que nunca o mandou fazer pelo despique que teve com os padres crúzios na obrigação destes fazerem a tribuna, que nunca a fizeram.
O elemento artístico da Caveira 
(...)  tema da caveira tem, igualmente, uma larga difusão através da gravura, expressando-se com enorme versatilidade em numerosos contextos e desde muito cedo (...)Enquanto a presença dos símbolos da morte anuncia também a riqueza da vida além terrena, em colaboração estreita com outros elementos decorativos que se estendem à composição retabular do túmulo e às chaves da abóbada da capela, no púlpito crúzio os indícios vão mais no sentido do aproveitamento deste motivo ornamental cuja ondulação se adequa ao espaço apertado do friso. É, portanto, em situações e espaços indiscriminados que ele aparece, conferindo movimento rítmico à decoração e não perdendo nunca o caudal simbólico da abundância que transmite.

A caveira também está ligada à maçonaria.

Coluna lateral do Calvário
Jamais as colunas a ladear o Calvário a merecer destaque para no Museu do Rabaçal encontrar possível comparação de objectos para as colunas reportarem a uma época anterior à que se encontra atestada- séc- XVI e aventar terem sido de um reaproveitamento de pedras do tempo  romano , em mármore ou pedra de Ançã, para a delicadeza com que foi esculpida em linha com remate ao rodapé de duas figuras  um soldado romano e a esposa, parecem esclarecer.
Distinguem-se  -vasos - cruzetas e rostos de pessoas
A minha perspectiva na semelhança figurativa no Museu do Rabaçal, a merecer estudo
 

Os pilares do Calvário com a figura de um soldado romano e seria a esposa
Portal de Monte Agraço
A semelhança ao tipo de escultura nas colunas laterais 
Será pedra de Ançã?
Em Penela, na igreja de Santa Eufémia
           
Obra de Mestre Pêro na Igreja da Matriz de Oliveira do Hospital na  Capela Ferreiros 
Franca semelhança a  Imagem de Nossa Senhora d'O em  Ansião e no requinte do Calvário
Capela particular da família de Gaspar Godinho da Silva e Sequeira Mendanha
Depois de esquecida  a N. Sra. d’Ó tão adorada que foi para o ser  ignorada no Inventário Artístico de 1955 de Gustavo Sequeira - sorte ou não, em reservas, sem estrelato merecido! 
A título de curiosidade, Hora - outro nome dado à N. Sra. do Ó .
Faz-se hora!De Ansião progredir em Cultura!
Um dever apelar a todos exigindo afincadamente que a Arte Sacra do concelho de Ansião tem de ser classificada e guardada em local seguro no seu Museu de Ansião, para gáudio de todos os Ansianenses,na terra e no Mundo e ainda engrandecer de júbilo o nosso passado,  onde afinal em glória dizer - nem tudo se perdeu, vendeu, roubou ou desapareceu!

Fechar em justa reviravolta, com mais uma descoberta da adjudicação da actual igreja em 1593, em palco de antigo culto e antes jamais alguém o correlacionou!


terça-feira, 21 de abril de 2020

A arte da cantaria do séc. XVI/I da Ladeia até Tomar

A arte da cantaria ou de Lavrante, como ainda corre em Ansião, devia ser alvo de proteção e de cadastro cultural, seja em âmbito religioso, como em contexto urbano. Prevalecem ricas varandas de pedra em grade, setecentistas, a par de outros motivos esculpidos em portais, cantarias, estela e num pedestal de Cruzeiro com motivos : rosetas de flores, losangos, coração e outras simbologias, da crucificação de Cristo , simbologia Jesuita e da maçonaria, a merecer estudo e datação.
Alguns elementos revelam-se comuns nalguns concelhos limítrofes - em particular o coração.
Que se apresenta com a ponta virada para a direita e noutros para a esquerda. Desconheço a razão. Contudo, a forma do coração reporta ao Minho. De onde seja verossímil admitir que a arte de assim o esculpir tenha vindo trazido pelos povoadores do norte para; Ansião , Alvaiázere e Ferreira do Zêzere, onde se distinguem e, claro noutras terras aos seus limites ainda por descobrir e coligir.
Ao admitir que a região é resulto de heranças das tradições celtas vindas da Galiza , pagãs, ao solstício de verão como o dia da espiga, o culto ao sol; ervas, plantas, águas, pedras e ao fogo. O símbolo do coração estará ligado ao culto do Divino Espírito Santo enraizado no séc. XVII , mas, também indicia ligação aos afetos no Minho, dando inicio ao artesanato dos Lenços dos Namorados, nos meados do séc. XVIII. Onde predomina sempre o coração, e se estendeu a Ansião, no bordado apenas a uma cor, em vermelho, seriam povoadores de Guimarães? Um avoengo meu aportou a Ansião nas primeiras décadas de 800, era natural de Fafe. Porque o passado está interligado com os primeiros povoadores vindos da Galiza, a que se juntaram judeus expulsos de Espanha em 1492, que ao longo dos tempos se foram encaminhando e fixando no interior - na nossa região - e por casamento, trabalho, ou à procura de melhores oportunidades se foram ramificando por terras aos seus limites. Por isso somos todos aprenets! Fulcral contributo no aumento populacional para atribuição de Forais Manuelinos em 1514; Ansião, Avelar, Chão de Couce, Pousaflores, Aguda etc. A diversa cultura dos clãs, espalhou-se, acabando por sacralizar as festas aos Santos populares, com enfoque ao Espírito Santo, que atribuo trazido de Pedrogão Grande, onde ainda hoje é grandioso. Em Ansião, temos o apelido Freire Andrade, vindo de Pedrogão, de família nobre dos Leitão Freire de Andrade, com vários ramos, em 1578, já evidente que se expandiram nos concelhos limítrofes, como outros de nobreza rural - Godinhos, de Ansião com casamento em Ferreira do Zêzere, entre outros  para Cem Soldos, Tomar. 
O culto à Rainha Santa Isabel, se julga foi iniciado com o seu cortejo fúnebre a 05 a 11 de julho de 1336, de Estremoz, passando pelo Zêzere, por terras de Ferreira do Zêzere, Alvaiázere, Ansião até Coimbra. O chamado bodo aos pobres, quiçá aduzido pela Rainha Santa, acabou por paganizar de mãos dadas o profano e o religioso. O bolo era ázimo - símbolo ao corpo de Cristo “o pão nosso de cada dia nos dai hoje” no Bodo em Pombal – demolido o forno, reza a história Abiul e Avelar. 
Ainda viva a ação de graças à abundância do pão na Festa dos Tabuleiros em Tomar como em Pousaflores, no concelho de Ansião.

Localizei o  primeiro coração esculpido na porta da que foi a primitiva sacristia da igreja de Almoster, em Alvaiázere. Verossímil aqui houve uma estalagem com capela ao orago Senhor do Mundo. Onde mais tarde fizeram a primeira a igreja. Por o coração estar inciso com outros simbologia- flores- data uma época dos finais de 500 a meados de e 600, sendo comuns no portal da igreja de Ansião, como  em Dornes e noutros sítios.

Em 2015, identifiquei no pedestal de um Cruzeiro, ao Cimo da Rua em Ansião, simbologia Católica e li outra como Maçónica, que divulguei neste Blogue. O Coração  será de Viana, herança de povoadores  do norte, ao culto do Sagrado Coração de Jesus, com outros elementos da fé cristã; Cálice, Coroa de Espinhos, Lança e o símbolo de 3 setas da Companhia Jesuíta, que tiveram um paço na Granja, Santiago da Guarda. Como simbologia dos maçons pedreiros; Martelo/Picadeira, Escada e Turquês. 
O pedestal não está catalogado.

A simbologia maçónica encerra muito do secretismo judaico-cristão. A maçonaria foi uma doutrina que saiu da religião cristã. Foi  no nosso tempo Grão Mestre da Maçonaria, o Dr. Arnault, pai do SNS , nascido na Cumeeira, em Penela. Temporariamente fechado o museu da maçonaria em Troviscais, Pedrogão Grande. Com um passado para descobrir na região, onde tudo é e não é. Para melhor se entender temos de ir à historia de quem foram os nossos avoengos e perceber os enigmas que não ficaram escritos.

Fotos de cantaria esculpida na região foram comprimidas por Henrique Dias com acrescento do Dr. João Santos na Página Facebook no Grupo de Ansião
Altar da capela de NSPranto na Venda do Negro, Ansião; Porta da sacristia da que foi a 1ª igreja de Almoster, em Alvaiázere; Aventais de janelas na Junqueira, Ansião; Janela da Casa da câmara de Maçãs de Caminho, em Alvaiázere.
Graças à partilha de um amigo da pagina Facebook de Ansião, o Dr. João Santos, a quem agradeço a estimável valia informativa e fotos, ao enriquecimento da crónica, nesta temática, jamais antes explorada nesta perspetiva, com tantos exemplares retratados, que se atribui aos meados do  século XVI .
Para a  temática discutida  não se perder, tomei a liberdade de a compilar. 

Diz o Dr. João Santos (...) Todos estes elementos decorativos aparentemente derivam de uma moda determinada pela ermida de N. S. da Conceição em Tomar, uma obra renascentista que iniciou o designado estilo em Portugal em meados do séc. XVI -  A Igreja de S. Agustin na Itália onde este estilo teve o seu inicio.

De facto ainda persistem genes italianos na região, e em Ansião. Da  Itália, um país com tanta costa marítima desde sempre habitada por vários povos; gregos, fenícios, romanos, entre outras minorias que aportaram a Portugal. Na centúria de 700 vieram de Piemonte, mestres para ensinar a arte da seda e como tratar dos bichos. Na região há quem já fez exame de DNA para saber a sua origem, com percentagem romana, entre outras.

No século XVI os grandes mestres no Mosteiro de Santa Cruz, João Castilho,  interviu na igreja monumental de Areias, em Ferreira do Zêzere, como outros mestres de apelido Fernandes, Fonseca  tenham trazido a  arte que conheciam da Igreja S. Agustin, na minha interpretação.

Igreja de S. Agustin na Itália

Ermida de N.S. da Conceição, em Tomar  inaugurou, o novo estilo.
Infelizmente nunca entrei nesta ermida de N Senhora da Conceição na encosta do castelo de Tomar, pese ter ido ao castelo e à cidade várias vezes com os meus pais. O meu pai adorava Tomar , muito gostava de falar do Colégio Nuno Álvares que frequentou. Recordo a ermida sempre fechada e escura, agora mostra-se limpa, com os seus lindos pórticos acima das janelas e de lado colunas jónicas, gregas, no fecho como se fossem rolos que enroscam nos terminais como se distinguem no altar da Venda do Negro, as escadarias em meia lua e as cúpulas a me reportar para a herança árabe. Fui rever as imagens e verifica-se que os tetos é que tem esta decoração relevada.

Falta saber se na igreja  de S. Agustin na Itália existem Corações esculpidos como na ermida de NSConceição em Tomar
Sobre isso diz o Dr. João Santos -  não necessita de verificar se a ermida de Tomar tem relevos destes ou a de Itália, podem não ter. Mas os elementos comuns ao renascimento maneirismo e neoclassicismo, esses repetem-se frequentemente.
Fotos google do interior da ermida restaurada em 2016
Claustro de D. João III em Tomar 
Medalhões ovais  medalhões retângulos
Partilha pelo Dr. João Santos 
O Dr. João Santos levanta o véu podem ser obras encomendadas pelo Mosteiro de Coimbra
Nesse caso, pode-se jogar a hipótese de muitos destes projetos serem encomendados pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra , e na passagem para o séc. XVII, se começar a veneração do sagrado coração, ostentado em alguns relevos, acrescentando que também é um símbolo dos crúzios de S. Agostinho.

Sim, o serão com muita certeza as cantarias nas igrejas, já  nas capelas pela instituição particular a primar a vaidade e ostentação, no que melhor se fazia a lavrar pedra, o que em parece verossímil afirmar.
Recentemente li um estudo sobre os mestres do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, e as várias obras encetadas, onde vim a descobrir que a atual matriz de Ansião de 1593, não foi uma construção de raiz  (...) O Mosteiro suportou a requalificação da capela mor e fez a sacristia e o corpo da igreja a cargo dos fregueses.  Caindo por terra que seria feita de raiz. Se atender que a metros foi classificado um palco de habitat romano - sem terem investigado o local da igreja , que podia ter sido um pódio romano.

Acrescenta mais o Dr. João Santos
(...) De notar motivos estéticos recorrentes da Renascença Italiana, inclusive na talha, em cima a sacristia nova do Convento em Tomar, no fundo na Catedral de Salvador em Olinda no Brasil...
De notar motivos estéticos recorrentes da Renascença Italiana, inclusive na talha, em cima a sacristia nova do Convento em Tomar, no fundo na Catedral de Salvador em Olinda no Brasil...


Maria Isabel Coimbra


Gosto

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De notar motivos estéticos recorrentes da Renascença Italiana, inclusive na talha, em cima a sacristia nova do Convento em Tomar, no fundo na Catedral de Salvador em Olinda no Brasil...

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De notar motivos estéticos recorrentes da Renascença Italiana, inclusive na talha, em cima a sacristia nova do Convento em Tomar, no fundo na Catedral de Salvador em Olinda no Brasil...

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Estes motivos eram repetidos , com manual de instruções, que os arquitectos traziam de Itália, e reproduzidos pelos canteiros, por gerações, mesmo depois de estarem muito passadas de moda, nestas nossas remotas regiões
Teto da Igreja de Dornes
Mosaico romano em Santiago da Guarda
Onde aparecem as Cruzes
Este tipo de Cruzes aparecem na centúria de 700 em estelas com o ano, atestando casas de cristãos novos. Temos uma na Portela de S. Lourenço, em Pousaflores, Ansião, julgo 1758?
Acrescenta o Dr. João Santos
(...) Eu não entendo muito de Azulejaria, mas foi uma arte desenvolvida por árabes e estabelecida na Hispânia , em conjunto com Berberes e Moçárabes, as as suas ultimas manifestações prolongaram-se pelo Sec. XIV e XV, quando o reino de Granada foi conquistado. Mas nesta região, que foi conquistada bastante antes desse tempo, viviam Moçárabes que falavam essa língua, cujos topónimos estão por todo lado...assim o conhecimento da azulejaria prolongou-se por muitas gerações, ...nesse exemplo verificam-se elementos geométricos, florais e cruciformes....vêm-se pequenas flores de lis. um elemento muito usado pela idade média, cruzes e composições cruciformes, os Moçárabes mantiveram-se cristãos...tudo enquadrado numa moldura geométrica que ´transmite a estética marroquina, que frequentemente e ainda usa nas suas bandeiras estrelas compostas, e eventualmente ainda terão influencias hebraicas.....assim esta peça deriva de um contexto onde o artista conjugou todos estes fatores.
Mas se o mosaico é romano, aventa que os moçárabes que se lhe seguiram é que copiaram os motivos dos romanos?

Dr. João Santos 
- Estou a lembrar-me , já o vi ao vivo é muito grande, é romano tardio, o brilho fez me pensar numa cópia reduzida em real azulejo, já o tinha analisado , quanto a estas componentes,.... é extremamente fora da linha Romana Tradicional, contudo os elementos sugerem para origens semelhantes, ...retira-se a ideia moçárabe cristã, e incrementa-se o facto dos Judeus terem manifestações estelares,....o Cristianismo , já se difundia no império e as possíveis flores de lis, manifestam-se profusamente nesta região,.... na idade média, poucas gerações mais tarde começaram a ser usadas nas famílias reais de França.... mas são motivos realmente impressionantes para a época, estive lá , e embora me interesse mais por arquitetura e arte militar, fiquei muito impressionado com essa sala, e mesmo as outras salas, têm motivos muito raros, e deixam ideias muito divergentes desses romanos, que são muito diferentes daqueles das feiras romanas, que não representam esta época, próxima da idade média...este mosaico, sugere fortemente a chegada do cristianismo....

Os Árabes retiraram quase tudo dos Romanos e Bizantinos, a cultura original deles era arcaica,... eram Beduínos nómadas, e viviam sem arquitetura nem agricultura...talvez no sul da Arábia seria um bocado diferente onde se construía com Barro

As decorações na cantaria com motivos vegetalistas

As correlacionei numa fachada de uma casa na Junqueira (Alvorge).
Portal da Matriz de Ansião.
Cúpula de uma Capela particular, feita em 1608 na matriz de Ansião
Pedestal de um Cruzeiro ao Cimo da Rua 
Em Almoster, na porta da sacristia da  que foi a antiga igreja. O primeiro que localizei.
Capela de S. Pedro, em Vale da Couda, Almoster . Da família nobre Alarcão.
No portal da Matriz de Dornes
No  púlpito da igreja de Dornes 
A janela em Maças de Caminho, também conhecida por Maçanicas, pelas maças que ali eram abundantes e os viajantes levavam nos alforges em viagem 
Capela da Constantina

Capela da Constantina 
O  arco triunfal revestido de flores e corações esculpidos 
Pese ter sido objeto de estudo no livro da Confraria de NSPaz do Dr. Manuel Dias e, no levantamento em história e arte, pela Dra Filomena Malva dos painéis em madeira restaurados - nem um nem outro fizeram  qualquer referencia à pedra lavrada ... salta à vista a quantidade de caras de anjos, etc, para  situar a cantaria viva ainda no século XVII .
A capela que parece uma pequena igreja foi levantada por judeus, após o Milagre da Fonte Santa em 1623. Hoje, percebe-se que não houve milagre nenhum...

Livro de 1996 da Confraria de Nossa Senhora da Paz do Dr. Manuel Dias 
Partilha da foto de Nossa Senhora da Paz no seu altar cheio de anjos alados pequenos e grandes em toda a volta. A merecer novas fotos- aqui enquadrada pela novidade antes jamais aflorada e pela beleza, nesta altura as vestes tinham a estrela de David
Foto de autor desconhecido do altar da Capela de Nossa Senhora do Pranto na Venda do Negro - Pousaflores  
Belíssima escultura icónica em altar com mísula onde assenta a Imagem de nicho cavado e resplendor.
O altar apresenta-se ladeado por duas colunas com terminação ao estilo jónico - grego, cada uma apresenta panóplia afilada de figuras escultóricas - flores , losangos com flor, corações minhotos, o altar fecha no interior com representação em quadrados e em cada um uma flor ( na herança romana do mosaico) e lintel largo com rebordo relevado com  losangos tendo ao centro flores.
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas em pé
Foto de Henrique Dias de Maças de Caminho
Desde criança conheço esta janela.
A  mais iónica cantaria lavrada encontra-se nesta janela que se supõe ter sido da Câmara da Vintena de Maças de Caminho,(Alvaiázere). O tamanho da pedra abaixo do parapeito mais  pequena no avental é característica da centúria de 600 em Ansião e Abiul em aventar com muita certeza ter  sido da Casa da Câmara. Muitos onde me incluo sempre conheci a terra por Maçanicas - uma espécie de maças pequenas, só me apercebi à anos com a sinalética Maças de Caminho...

Ansião
Pedestal de Cruzeiro ao Cimo da Rua 
O coração tem o buraco onde foi incisa a seta
             
Ferreira do Zêzere
Graças á partilha do Grupo no Facebook do Dr. Paulo Alcobia
(...) A da imagem superior poderá ser uma representação do Imaculado Coração de Maria? Digo isto por se encontrar no pórtico da Capela de Nossa Senhora da Luz, uma ermida de culto Mariano.

Em baixo, à esquerda, novamente um coração num escudo peninsular. Trata-se de um de quatro exemplares idênticos existentes numa Quinta antiga, nos limites da freguesia de Águas Belas.

Por fim temos uma representação mais recente, datada de 1894, que subsiste na casa que foi de Luciana de Jesus Cotrim, no Carril, e que hoje me pertence.

Além destes 6 exemplares são ainda conhecidos:
- um conjunto de representações idênticas nas ruínas da antiga Quinta de São Marcos;
- um fragmento atualmente numa das Quintas das Pias, para onde foi trazida de paradeiro incerto.
A repetição deste elementos em vários edifícios do atual território do concelho de Ferreira do Zêzere será uma casualidade?
E nos concelhos vizinhos, existirão representações semelhantes? Amigos Henrique Dias e Maria Isabel Coimbra, conhecem algo que se assemelhe na vossa região?
Deixo aqui o repto aos Heraldistas do grupo para que nos ajudem a decifrar este enigma.
Comentário de David Fernandes
Pode simplesmente não ser um coração, mas uma folha... aliás muito usada na heráldica espanhola e que se assemelha a um coração... que em Espanha se diz "panela", que é uma espécie de folha de amoreira ou de álamo... A ser uma folha ou um coração, pelo menos nas que estão inscritas em escudo, podem ser armas alegóricas ou até eventualmente uma empresa... é preciso ver o contexto específico de cada caso... Na primeira (que tem uma reentrância) até pode ser uma folha marinha ou de nenúfar; na última, talvez pela cronologia, seja mesmo um coração... Teremos de ver a história de cada local...
Diz o Dr. Paulo Alcobia
Muitíssimo obrigado pela tua leitura. In ilore tempore existiu entre as duas primeiras representações, nada menos que uma Quinta do Álamo, muito referida nos paroquiais e até nas habilitações De genere do século XVIII. A segunda representação encontra-se num edifício antiquíssimo que Baião identifica como podendo ser a "escusa", quinta pertencente a Pedro Ferreira (século XIII). Apesar deste hipótese sabiamente equacionada não se descarta a do Imaculado Coração, certo?
David Fernandes sim e não... entre nós, depende mesmo do que seja... A devoção às chagas é muito antiga... a do Imaculado Coração, só do final do século XVII em diante...
José de Castro Canelas
É realmente invulgar. A primeira representação tem o coração com a ponta virada para a esquerda (a leitura heráldica é invertida) e tem mais elementos na parte superior que, talvez por estar desfocada, não identifico. Já a segunda tem a ponta do coração virado à direita. Pessoalmente arriscria que estas representações serão de armas de Fé ou seja armas eclesiásticas uma vez que o coração está dentro de um escudo em ambas. No entanto a primeira, como refere, poderá ser uma referência à dedicação da igreja a Maria, uma vez que é um dos seus símbolos. A terceira não sendo heráldica não me parece que seja relacionável com as anteriores. Será possivel haver na região, como sugere, culto ao Imaculado Coração?
Possivelmente os heraldistas que aqui chamou terão uma opinião mais certeira pois eu sou apenas um curioso do tema.
Dr. João Santos
Publiquei este relevo, por ser mais realista. Os elementos comuns ao renascimento maneirismo e neoclassicismo, esses repetem-se frequentemente.


                                                 
Vou deixar mais umas ideias visuais
Avecasta
Recentemente distingui em Avecasta, a encastração num muro de uma pedra amarela, mais mole, chamada na região - pedra podre, esculpida ao meio como se fosse um remate em pináculo, porém de profundidade finíssima, logo me remeteu ao jus do coração com o ano, que partilhou acima. Se reparar é bem diferente dos outros corações em relevo vincados na pedra. 

O Dr. João Santos virou a fotografia, para dar outra perspetiva, ou a gravura
Seria muito antiga, ou atendendo á data é um trabalho arcaico,...um treino. Também pode ser reaproveitamento de destroços
- Muito frequente em Ferreira, é o encastramento de marcos do Infantado nas paredes...e ainda existem os amuletos: são até um pouco banais e vêm-se em construções recentes ,ou com seculo e meio, pouco mais...deduzo que já foram inscritos sem o conhecimento do seu significado, mas derivam deste: um dos mais antigos que está em Tomar onde são vistas as estrelas de Salomão de 5 pontas como essa na igreja dos templários, a pobre milícia do templo de Salomão,...são declaradas como afastadoras de bruxas, e protetoras da sorte.
O ano passado decorreu o I Congresso de Historia e Património da Alta Estremadura e Terras de Sicó em Alvaiázere, desconheço se esta temática foi aflorada, a não ter sido foi perdida uma grande lição de história da cantaria na região...O que deixa o mais incauto a pensar!

Na minha amadora interpretação o lintel encimado por meias luas ao jus de festões com pendões que são prumos da  Maçonaria. Em baixo quadrados cada um flor, ao jus de mosaico romano, intervalado por losangos com flor , nas laterais,  trevo de 4 folhas, corações e um caminheiro do Caminho de Santiago de Compostela, pelo chapéu e veste? Pese sem a concha nem o cajado a não ser - frades ou de quem exercia o poder? Em baixo esquadros da maçonaria e repetem-se os losangos com flor ao meio a fechar em baixo losango com medalhão.

Abiul  
Segundo o Dr. João Santos, é do tempo do Senhorio de Abiul dos Duques de Aveiro  atribuído  à época do Renascimento italiano de Tomar
As minhas fotos do arco de volta perfeita na igreja velha de Almoster
Os losangos lisos no fecho de dois compassos, na simbologia da maçonaria?
Vale da Couda, Almoster
Capela de S Pedro
Quando a fotografei 29.11.17 o portal  estava invadido de vegetação...
Matriz de Ansião  
Portal com o lintel com flores que acompanham as colunas e estas nos pés  
Cúpula da capela particular mandada fazer por  André Fernandes de 1608
A mesma técnica de quadrados a imitar o mosaico romano com flor 
Só me apercebi da policromia das flores no arco da capela particular ao expandir a foto... 
Arco de outra capela particular na matriz de Ansião com losangos de corpo revelado e fecha ao meio com botão ao género de medalhão
De lado a merecer um novo olhar que a foto destaca, mas na altura não vi
Pia batismal da matriz de Ansião
Na sua volta caras de anjos alados
Cimo da Rua, Ansião o pedestal do Cruzeiro
Em Ansião, ao Cimo da Rua o pedestal que foi de um Cruzeiro, a Cruz já nem a conheci, era encaixada, desapareceu. Passa despercebido por estar  negro e com líquenes, ainda assim o meu olhar peculiar a lhe distinguir um Coração com um orifício a reportar para o Coração de Jesus na  simbologia cristã e objectos da maçonaria.
O certo passa por substituir o pedestal por um Cruzeiro com  Cruz e este pedestal depois de limpo a ser espólio do Museu de Ansião. 

O pedestal do Cruzeiro exibe nas faces
Cálice, escada, coroa , coração, turquez, maço de pedreiro na ligação à Maçonaria com utensílios de pedreiro, picareta  e simbologia  alusiva à Fé Cristã com as três setas - possível ligação aos Jesuítas.

Pedestal do Cruzeiro ao Cimo da Rua em Ansião - Setas
Cálice  e a escada 
Coração teve uma seta espetada, resta o buraco
O Coração que se localiza num pedestal de Cruzeiro, em Ansião. Foi  esculpido nas 4 faces com  simbologia cristã e julgo maçónica, porque não está catalogado.
O coração, alude a Viana, à herança dos povoadores minhotos que se revê na duplicação de topónimos, moagem com a força da água e outras tradições na região  que foi implementado à  veneração ao culto ao Sagrado Coração de Jesus, pelo orifício onde teve seta que o trespassava .

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