quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A família nobre dos Pimentéis Teixeira de Maças de D.Maria

Cortesia as fotos de Maria de Benjamim Simões de Sousa (1975/76)antigas  de um dos solares da família Pimentel Teixeira em Maças de D. Maria

Foto de Beatriz Rodrigues
Recordar a memória da ruína da casa nobre da Família Pimentel Teixeira  em 1993.
Sem saber a razão da saída do seu dono para Moçâmedes, em que data,  ficando em agonia até ao 25 de abril onde foi alvo de vandalismo e a falta de manutenção, os telhados cederam.
Foto de Beatriz Rodrigues
Capela anexa ao Solar da Família Pimentel Teixeira em 2000.
Fotos do decorrer da requalificação
Foto de Carlos Laranjeira Craveiro
Traseiras da Capela dos Pimentel Teixeira. 
O balcão telhado com varandim em madeira virado a poente, uma caraterística da arquitetura judaica, ancestral na região.
Foto do SIPA
Origem dos Pimentéis Teixeiras

Segundo um excerto de Genealogia de Luís Piçarra 

Esta registado no livro do ano de 1753 a fls.113 Cota Dep. IV-27-A-17,o assento de baptismo de José, nascido a 2.01 de 1753, filho do Capitão-mor das cinco vilas, José António Álvares Pimentel Teixeira e de sua mulher D. Francisca de Sequeira Mansa de Figueiredo, moradores nesta vila e freguesia de Maçãs de D. Maria, neto paterno de Domingos Álvares Simões e de sua mulher Luzia da Nazaré da mesma vila e freguesia e materno do Capitão Pedro Martins de Figueiredo e de sua mulher Marcela Leitão de Sequeira Mansa da Fonseca, moradores na Quinta do Fojo freguesia de Sernache do Priorado do Crato,nascido a dois de Janeiro de mil setecentos e cinquenta e três, foi solenemente batizado(...) foram padrinhos o Rev. Dr. Manuel Rodrigues Teixeira, Tesoureiro mor da Sé de Coimbra e Provisor deste Bispado, tio do batizado, e Bernarda de Sequeira (?) do Capitão Pedro Martins, tia do batizado(...)" 

Interessante tentar conhecer melhor as referidas ligações de D. Josefina Pimentel de Abreu e de D. Maria da Conceição Fróis Gil Ferrão de Pimentel Teixeira-, a Sãozinha, que dela os da minha geração e mais velhos ouviam dela falar e da sua santidade, aos avós e pais.

Excerto do livro Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega ou dos concelhos de Chão de Couce e de Maças de D. Maria do Dr. Costa Simões de 1848 " A família dos Pimentéis Teixeiras, cujos apelidos foram reunidos numa "Carta de brasão de armas, de nobreza e fidalguia" pelo Rei D. José, em 8 de Agosto de 1767 a favor de José António Alvares Pimentel Teixeira, fidalgo de cota d'armas (escudo partido com Pimentéis e Teixeiras) e capitão-mor da comarca das Cinco-Vilas e Figueiró dos Vinhos. Na segunda metade do Século XVIII mandou construir um solar em Maças de D. Maria no concelho de Alvaiázere, distrito de Leiria, com capela e brasão. (...) em 1848  o possuidor d'desta casa é o Sr. Venâncio Pimentel Teixeira , falecido a 2.09.1850. foi capitão das extintas milícias da Lousã, neto paterno do referido José António Álvares Pimentel Teixeira. Ficou herdeiro daquelas casas e das propriedades que se achavam vinculadas, o seu sobrinho n, o Sr. José Maria Pimentel Teixeira .Quem começou o processo para a desvinculação do vínculo , que só se concluiu  em 28.07.1854, depois da sua morte, em 6 de março  de 1853. Deixou à viúva  as propriedades antes mencionadas. Atualmente vive nesta casa o seu irmão Sr. Manuel Maria Pimentel Teixeira  na parte que lhe tinha cabido na partilha por morte de seu tio. Casou com a viúva e vivem  na quinta da Boa Vista  nos subúrbios de Maças de D. Maria , o primo do seu primeiro marido , em 1859, o Sr. José Gaudêncio Freire de Andrade. "

A respeito do apelido dos Pimentéis  de Maças de D. Maria
Diz o seguinte a Benedictina Lusitana
"vem da casa de Benavente de D. Rodrigo Pimentel, que foi Conde de Benavente e irmão de el-rei D. Afonso II"
 
Excerto de  https://geneall.net/pt/forum/10868/joao-afonso-martins-pimentel-conde-de-benavente/
Fernão Roiz Pimentel foi o primeiro desta família que se fixou na Aldeia Galega do Ribatejo, e que as “Genealogias Manuscritas” afirmam ser certamente dos Pimenteis dos Condes de Benavente, alicerçando essa ideia na inscrição que se encontra na sepultura de seu filho Duarte Roiz Pimentel “Descendente de Rodrigo Affonso Pimentel Progenitor dos Condes de Benavente”.

Carece investigação à ligação a outras famílias com o mesmo apelido "Pimentel"
  • A família de Maças de D. Maria teve uma quinta em Sendelgas, com o mesmo brasão. 
  • Pedra de armas da família Pimentel Teixeira no Convento de Sandelgas, S. Martinho de Árvore, Montemor-o-Velho
  •  Por morte de  José Venâncio Pimentel Teixeira, ficam menores Manuel Maria de Pimentel Teixeira e uma irmã sob a tulela do curador de órfãos das Cinco Vilas, o Dr. Joaquim de Mello Freire dos Reis de Almofala , que veio a vender o solar em Sendelgas, em Montemor o Velho. Como vendeu o que herdou ainda por finalizar, em Ansião , que tinha sido mandado fazer, pelo seu tio o jurisconsulto Pascoal José de Mello Freire dos Reis .
  • Em Ansião; temos  Suplício José de Almeida Pimentel, de Montemor o Velho casou e viveu na quinta das Sarzedas, em Ansião . E outros Pimenteis na Quinta da Boa Vista ao Senhor do Bonfim como  na quinta dos Sequeiras na Ribeira do Açor que teve capela a Nossa Senhora dos Anjos. Na centúria de 800, um Pimentel, teve cargo na Vintena em Ansião, sediada na Cabeça do Bairro, ao Ribeiro da Vide, em Ansião.
  • O Dr. Joaquim Manuel de Morais de Mesquita Pimentel, viveu na quinta de Valouro entre Espinhal e Penela, com a mulher, duas criadas e três criados e continuava a habitar nesta quinta a maior parte do ano, mesmo em 1828, quando é eleito procurador às Cortes, tem o seu domicilio no lugar da Sarzedela, freguesia de Ansião, onde seria Juiz na Vintena ?
  • Quando estive em Torre de Moncorvo  apreciei  o Solar dos Pimentéis, « uma construção dos meados do séc. XVIII que pertenceu a D. Engrácia da Silva, casada com o Capitão-mor João Carlos d'Oliveira Pimentel, pais do General António José Claudino d'Oliveira Pimentel, aqui nascido em 1776»
Fotos de Carlos Laranjeira Craveiro  
Solar na vila  com as colunatas de pedra onde foi encastrado o brasão como a foto documenta
 
Em baixo, o solar em Torre de Moncorvo,  com cantarias semelhantes, mas, mais requintadas.
Sem saber se as famílias tem ramo familiar . 
Os primeiros povoadores de Maças de D. Maria foram caçadores - coletores nómadas, no circuito associado aos carreteiros pro- históricos, circunscritos entre o castro de Conímbriga,  para nascente e para sul entre outros; Germanelo, Ateanha, Torre de Vale de Todos, Lagarteira, Castelo da Serra dos Carrascos , Castelo de Pousaflores, Marzugueira, Portas de Alvaiázere, Castelo Sobral Chão etc. , até Ourém. Seguiram-se outros povos , alguns vindos do mar Mediterrâneo,  que se encaminharam de colónias sediadas no litoral . Seguidos dos romanos e  visigodos.
Após a reconquista  cristã, os cavaleiros vilãos, do povo franco que prestaram ajuda ao rei D. Afonso Henriques, no combate dos sarracenos, receberam pelos altos serviços prestados títulos e terras para povoar. O povoamento foi feito com gente que de deslocou do norte; judeus sefarditas vindos da Galiza, com celtas e iberos. 
 
A "Ribeirinha", de seu nome Maria Paes Ribeira, em crer de origem celta, bela, de cabelos fulvos ruivos, foi amante do rei D. Sancho I, recebendo dele na região, a herdade de Almofala .
 
Depois de 1492, foram expulsos judeus asquenazes de Espanha, aportando alguns às Beiras, de onde irradiaram para a nossa região .E desses alguns clãs acabaram por se fixar na região. Em Maças de D. Maria viveu uma comunidade de Fariseus e outra de Galileus. Informação dada pela minha bisavó Brizida Ferreira, da Mouta Redonda, Pousaflores, ao seu neto Alberto Lucas, publicado, no livro A História de Pousaflores. 
Chegaram aos nossos dias genes de todos estes povos; do mar Mediterrâneo; grega, fenícia etc; alta silhueta, secos de carnes, olhar escuro penetrante , tez branca, pés e mãos finas, de grande inteligência, com muitos talentos e obstinação no trabalho.  
Outros indivíduos altos de tronco entroncado, olhos claros, com origem no povo franco, no território que é hoje a Alemanha e outros de Itália e Inglaterra, entre minorias da antiga Rússia. 
Dos vários clãs de judeus aportados à  região, também ainda se reconhecem genes ; orelhas grandes e narizes, como o rosto oval, com realce a talento para angariar dinheiro. 
Tanta mistura de povos em tanta geração, ficaram por cá mouros a perdurar na miscelânea mourisca de tez morena, baixa estatura, pele sedosa e cabelos encaracolados. Na região centro de Ansião e Cinco Vilas, ainda se encontram muitos com os seus genes e carregam apelidos com origem judaica. Debalde jamais objeto de estudo.
  • Os apelidos; Pimentel e Teixeira, presumo são de judeus sefarditas que já viviam na Galiza, e se deslocaram quando se formou o Condado Portucalense. Como outro nobre aportado à região, em Pedrogão Grande - Leitão Freire de Andrade.
Carece a genealogia de Ansião  e concelhos limítrofes ao estudo do apelido Pimentel aportado por casamento ou a trabalho. 
Além da família representada coligi na centúria de 800, um administrador da vila e Ansião sediada na Cabeça do Bairro, ao Ribeiro da Videm julgo de Maças de D. Maria de apelido Pimentel. Temos Suplício José de Almeida Pimentel, de Montemor-o-Velho, que casou e viveu na quinta das Sarzedas, a sul de Ansião. Outros de apelido Pimentel e Sequeira viveram na Quinta da Boa Vista ao Senhor do Bonfim e, na Ribeira do Açor, na Quinta dos Sequeiras. Em 1828, foi eleito procurador às Cortes, com domicílio no lugar da Sarzedela, onde seria Juiz na Vintena, o Dr. Joaquim Manuel de Morais de Mesquita Pimentel da quinta de Valouro, entre Espinhal e Penela.
  •  O brasão dos Pimentéis Teixeira 
    Com conchas de vieira evidencia origem dos Pimentéis na Galiza.
  • Descendência dos Pimentéis Teixeira de Maças de D. Maria
    A sua descendência provêm dos Pimentéis do Conde de Benavente – D. Rodrigo Pimentel, irmão do Rei D. Afonso II.
    Tiveram dois solares  em  Maças de D. Maria; na vila e para sul a Quinta da Boa Vista  solar ornamentado com as respetivas pedras d'armas, cujo interior tinha painéis azulejares em azul e branco.
Tapeçaria com Brasão de Armas da Família Pimentel Teixeira de Maçãs de D. Maria 
De Carlos Alberto Pereira de Figueiredo Pimentel Teixeira
Foto  Henrique Dias
Interessante as conchas de vieira alusivas aApóstolo Santiago de Compostela
Descrição do Brasão de Armas dos seus antepassados no verso

"Da nobre estirpe dos Pimentéis descendem D. Nuno Álvares Pereira, a Sereníssima Casa de Bragança e grande parte das Casas Reais europeias.
Da família dos Teixeira, uma das mais antigas e ilustres de Espanha, deriva D. Tafez Serracin, rico-homem e senhor de Lanhoso, da casa militar do Conde D. Henrique e descendente de D. Favila, Rei das Astúrias.
Um dos descendentes desta família, Serafim Maria Pimentel de Teixeira, natural de Alvaiázere viria a casar-se com Maria Capitolina Conceição e Silva Pimentel, natural de Gavião, que viriam a ser os avós paternos de Sãozinha, estando agora explicada a sua ligação a esta vila."
Escudo brasonado da casa fotografado e medido em 1955 por Gustavo Sequeira no Inventário Artístico de Portugal
Pertinente questionar se a pedra d'Armas ainda se encontra na posse de um descendente, ou foi vendida ?Toda a região há mais de 50 anos  tem sido percorrida por antiquários, especialmente um da Vidigueira o Sr Bonito, que conheci em Ansião...Muitos anos mais tarde o reencontrei em Évora, onde me falou de tantas outras coisas, por aqui adquiriu além de brasões, relógios de sol, até o  altar da Aguda de madeira, como mobiliário do solar do Visconde de Santiago da Guarda. Tinha um recetor na Junqueira. Comprou em Abiul , uma biblioteca particular no Espinhal, com a retórica vou voltar para a sua zona buscar um brasão ou um relógio de sol ...Doeu-me a alma, porque trata-se de património que conta uma história cultural das famílias que devem perpetuar memórias aos vindouros prevalecendo nos locais onde foram um dia encastrados!
  • A família Pimentel Teixeira tiveram dois solares  em  Maças de D. Maria; na vila e para sul a Quinta da Boa Vista  solar ornamentado com as respetivas pedras d'armas, cujo interior tinha painéis azulejares em azul e branco.
Fotos retiradas de https://www.facebook.com 
Quinta da Boa Vista também desta família em Maças de D. Maria 

Foto de Leopoldina de Sousa 
Referenciada no Inventário Artístico a quinta da Boa Vista com brasão acima do portão com a Pedra de Armas da Família Pimentel Teixeira em Maçãs de D. Maria.
Foto de Manuel Maria Pimentel Teixeira
Dissecar excerto de Manuel Maria de Pimentel Teixeira
«Meu pai, a quem coube por herança a antiga casa dos Pimentéis e Teixeiras por morte do tio José Venâncio Pimentel Teixeira. Ao tempo da morte de seu irmão, ficaram os dois menores, meu Pai e minha Tia, sob a jurisdição do curador dos órfãos Dr. Joaquim de Almofada (creio que da família Rego) ,digo eu ( não seria desta família e sim Freire Mello dos Reis ,com ascendência em Ansião) sendo voz pública, que ele mais cuidava de si que dos órfãos. Ao que diziam os antigos e que eu ainda ouvi, foi o Dr. Joaquim quem promoveu a venda de uma quinta em Sendelgas, na freguesia de S. Martinho d’Arvore, a qual seria atravessada por uma ribeira, tendo perto da residência uma fonte pública, antiga pertença dos Pimentéis e Teixeiras. A quinta seria murada na sua maior parte (havia quem dissesse que o era na sua totalidade) e teria sido vendida por dois mil cruzados, correndo que o comprador, cujo nome referiam mas do qual não me recordo, teria dito após a compra que não vendia os muros pelo preço que comprara a quinta... Nunca visitei esta quinta, nem sei o fundamento do que corria na voz pública que, nem sempre, é a voz de Deus. Diziam que no muro da quinta havia argolas e tal como em Maçãs  que se fossem alcançados por criminosos, já estes não poderiam ser presos pelas justiças ordinárias, regalia concedida por D. José. Na referida quinta que tinha cavalariças e casas para cães, também se via o brasão de armas dos Pimentéis e Teixeiras

Por morte de  José Venâncio Pimentel Teixeira, ficam menores Manuel Maria de Pimentel Teixeira e uma irmã sob a tulela do curador de órfãos das Cinco Vilas, o Dr. Joaquim de Mello Freire dos Reis de Almofala, que veio a vender o solar de família em Sendelgas, em Montemor-o-Velho que tinha o mesmo brasão. Alerta a cobiça ao dinheiro, já que os menores nada viram…como em Ansião, ainda por finalizar, vendeu sem pestanejar o solar que  era do seu tio, o jurisconsulto Pascoal José de Mello Freire dos Reis.
  • O brasão de Sendelgas ainda lá está, o que desapareceu foi outro igual em Maças de D. Maria.
«Manuel Maria de Pimentel Teixeira em 1864 é designado como Regedor da Freguesia de Maças de D. Maria. 
Em 1877 foi padrinho de um casamento onde se diz que era " Juiz Ordinário no Julgado das Cinco Villas". Foi eleito para a Junta de Paróquia de Maças de D. Maria que presidiu de 19 de Dezembro de 1886 a 4 de Janeiro de 1890.

Testemunho escrito em 1923, do seu filho licenciado em Farmácia, Dr. Manuel Augusto de Pimentel Teixeira
"Em 18 de Junho de 1898 fui para Vilar de Paraíso como Diretor Técnico da Farmácia Moura, mas como tinha um especial azar à “arte de farmácia” vim para Moçâmedes, (Angola) tendo embarcado no vapor ZAIRE, chegando aqui a 19 de Maio de 1902, trazendo no bolso a importante quantia de 3810 reis, 55 quilos de peso e... esperançosos sonhos. Afinal, protegido por meu primo Serafim Simões de Figueiredo, UM GRANDE AMIGO, tive que montar a Pharmácia Moderna que abri aos 12 de Junho de 1903, a qual por questões políticas locais fui forçado a vender em 1913. Do que se seguiu e está seguindo falarão a... história. Casei com a minha mulher, D. Berta Pinto Coelho, senhora da minha grande consideração e amizade, que me presenteou com seis filhos".

"Muitas não outras coisas corriam sobre capoliações feitas a meu Pai e a minha Tia, não as reproduzindo aqui por ignorar se são verídicas. O que ainda posso certificar é que vi umas colchas de damasco e grandes “panos” (diziam que estes panos serviam para forrar a capela nos dias festivos) do mesmo tecido, tudo um tanto velho, servindo para secar o milho na Quinta da Boa Vista. Muito se falava também numa outra colcha de damasco com o Brazão de armas bordado ao centro, colcha esta que teria sido vendida a um sr. Pena de Condeixa, pelo segundo marido da viúva de José Maria Pimentel Teixeira. Meu pai casou com D. Maria Florencia Craveiro, do lugar da Cumeada, falecida em 29 de Maio de 1903. Era filha legítima de João Rodrigues Craveiro e de Florencia Maria. Meu pai veio a falecer em 6 de Setembro de 1903. Teve uns 13 ou 14 filhos, mas só sete chegaram à maioridade."
 
Senhoras da família Pimentel Teixeira
Maria Rosa Pimentel Teixeira (1831 - 1903), e as suas filhas, Maximina e Conceição
 
O requinte da postura, vestuário e dos penteados
Retábulo em talha pintada e dourada da Capela de N. Sra. do Amparo
Pertenceu à família Pimentel Teixeira de Maçãs de Dona Maria.
O retábulo supostamente  esteve à guarda de alguém  acabou por aparecer em venda na leiloeira do Correio Velho ..."Picture 12959 (Lote 0117) Palácio Correio Velho, Leilões e Antiguidades, S.A.
Descrição: Santíssima Trindade, fragmento de talha pintada e dourada, trabalho português do séc. XVIII, representando o Pai do Céu, Jesus Cristo e a Pomba do Espírito Santo, sobre as nuvens e cabeças de anjo aladas. Envolto em enrolamentos vegetalistas, tendo ao centro brasão de armas da família Pimentel/Teixeira. Falhas. Dim. Aprox.: 76 x 134 cm."
 
O retábulo foi desta capela  
Imagem de Nossa Senhora do Amparo 
O orago da capela, a imagem  foi doada à Igreja Matriz como à frente é mencionado.
Faria neste agora todo o sentido regressar a casa!
Toponímia atestada na rua onde morou a família
Maças de D. Maria
Requalificação do velho solar em Auditório, Junta de freguesia e envolvência do novo espaço ajardinado no dia que o visitei florido em amarelo e cerise e lhe achei uma infinita graça para descaradamente me fazer à selfie...

Tanques em pedra calcária da quinta, um uso na região
Localizado  a sul  da capela, quando o fotografei há  dois anos estava assim em abandono.,,
A Quinta dos Pimentéis Teixeira com  portão para a Fonte do Pereiro
Arte Fúnebre
Sepultura de Maria Rosa Pimentel Teixeira, de Maçãs de D. Maria, no cemitério do Avelar
Nascida a 21/01/1831.Falecida a 28/06/1903
E de sua Filha: Maximina Simões Pimentel de Figueiredo, da Rascoia.
Nascida a 25/07/1854.Falecida a. 24/03/1924
Bela obra escultórica em pedra calcária da região o que evidencia o talento na arte de cantaria sempre presente nas suas gentes. Fala o povo que o escultor quando a montou e se apercebeu que esculpiu a figura feminina para a frente do cemitério, quando deveria ter sido para defronte da sua capela, se veio a suicidar...

A parte respeitante à Sãozinha de Alenquer , cuja mãe era de Maças de D. Maria mereceu cronica em separado.  

Segundo um excerto de Genealogia de Luís Piçarra 
"Está registado no livro do ano de 1753 a fls.113 Cota Dep. IV-27-A-17, o assento de nascimento de "José filho do Capitão mor destas cinco vilas, José António Álvares Pimentel Teixeira e de sua mulher D. Francisca de Sequeira Mansa de Figueiredo, moradores nesta vila e freguesia de Maçãs de D. Maria, neto paterno de Domingos Álvares Simões e de sua mulher Luzia da Nazaré da mesma vila e freguesia e materno do Capitão Pedro Martins de Figueiredo e de sua mulher Marcela Leitão de Sequeira Mansa da Fonseca, moradores na Quinta do Fojo freguesia de Sernache do Priorado do Crato, nascido a dois de Janeiro de mil setecentos e cinquenta e três, foi solenemente batizado(...) foram padrinhos o Rev. Dr. Manuel Rodrigues Teixeira, Tesoureiro mor da Sé de Coimbra e Provisor deste Bispado, tio do batizado, e Bernarda de Sequeira (?) do Capitão Pedro Martins, tia do batizado(...)" 

Interessante tentar conhecer melhor as referidas ligações de D. Josefina Pimentel de Abreu e de D. Maria da Conceição Fróis Gil Ferrão de Pimentel Teixeira-, a Sãozinha, que dela os da minha geração e mais velhos ouviam dela falar e da sua santidade, aos avós e pais.
Agradecimento muito especial ao descendente Rui Graça que ao ver o meu pedido lançado no face o encaminhou para o primo, outro descendente Filipe Pimentel Teixeira  gentilmente enviou algumas fotos com o brasão da família. Supostamente descendente do Dr. em farmácia que emigrou para Moçâmedes (?). Nos finais do século XIX houve emigração de gente do Avelar, Miranda do Corvo, Soure, Ansião e,...para África, nomeadamente para Moçâmedes e para as roças em S. Tomé. De onde alguns regressaram ricos trazendo filhos mulatos dizendo ser afilhados. Vivia-se na altura uma conjuntura politica com a abolição dos Morgadios, extinção das Ordens Religiosas e ainda a guerra liberal, muito nobre por ter apoiado os Miguelistas viram-se perdedores e com medo de morte e represálias dos absolutistas venderam às presas as terras e fugiram, dando mote aos regressados da emigração com dinheiro para comprar essas quintas.
Agradecimento extensivo a testemunhos de outros descendentes mencionados ao longo da crónica e aos titulares de fotos. 
E ainda em continuar o agradecimento ímpar aos amigos Raul Coelho e Henrique Dias amantes fervorosos da história com estórias das Cinco Vilas e genealogia das suas gentes pela ajuda e partilha de fotos retiradas das páginas do Facebook "As Cinco Vilas de Chão de Couce" e de Maças de D. Maria, em especial desta família.

Cruzeiro
No Largo da antiga câmara

Antiga Casa da Câmara 
Na frontaria apresentam os típicos bancos para descanso, uma caraterística na arquitetura trazida pelos judeus nesta região centro ainda se mostrar marcante, como os tanques em pedra.
A merecer atenção a sua requalificação e que bem aqui ficaria um Espaço Museológico!
                           
Remato a crónica com o enquadramento arquitetónico lembra a bela escadaria do solar em meia lua
Gabarito dado pelo conjunto com as escadarias na envolvente do edificado onde o antigo e o novo convivem em convivência harmoniosa que não choca o olhar.
O Mercado, onde ao domingo gosto de quando em vez  ir comprar queijo fresco ou curado, castanhas, romãs, couves para plantar e o que mais me agradar ao olhar.
Será que estas Imagens fotografadas em 1955 por Gustavo Sequeira, ainda existem ?
Fontes
Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega
Fontes bibliográficas: "Arquivo Heráldico-Genealógico",CBA nº1414,do Visconde de Sanches de Baêna ; "Inventário Artístico do Distrito de Leiria",págs 24 e 25, de Gustavo de Matos Sequeira.
http://geneall.net/pt/forum/31589/pimentel-teixeira/
https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/
Foto http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1534
http://solaresebrasoes.blogspot.com/2014/06/solar-dos-pimenteis-torre-de-moncorvo.html

sábado, 21 de novembro de 2015

Divagar sobre a Depressão Calcomargosa do Rabaçal

A Depressão Calcomargosa do  Rabaçal em Proto-História!
Muito por explorar da rede castreja se começar no castro de Conímbriga, da idade do Bronze, muito  conhecida por cidade romana, assente à origem do povoamento e seus carreteiros, os caminhos, permitiu a chegada de povos na proto-histõria entre gregos, romanos e legado Al-Andaluz.
Inegável um Marco a desafiar mil horizontes, estonteante a desencadear panóplia de múltiplas sensações inspiradoras  ... 
Segundo o Dr. Lúcio Cunha "Uma excelente compilação! A geomorfologia ao serviço da história ou como o relevo regional e local condicionou ocupações humanas ao longo dos tempos."

A mais valia ao  conhecimento e interpretação da região cársica tão esquecida, quanto bela.

Paira no ar ainda a mítica a célebre batalha de Ourique, pese celebrizada no Alentejo

1142 - 114 « (...) o fossado da Ladeia referido numa carta de doação e venda de um casal em Travancela concelho de Sátão feita por Afonso Henriques a Mónio Guímares, procurando descortinar da possibilidade de a Batalha de Ourique ter ocorrido no Chão de Ourique da Ladeia.Contudo numa obra posterior Região do Rabaçal. A terra e o homem do Dr Dias Arnault dá tal hipótese pouco provável».

Em 1669 a comitiva do Conde Cosme de Médicis vinda de Ansião não imortalizou os montes em forma de cone, característicos no Rabaçal que se impõem pela brutal diferença  na paisagem única e avassaladora. Volta a ser referenciada nas Memórias Paroquiais de 1758, nos assentos da Casa Cadavalaté à queda de D. Miguel, em 1832, todo o vale do Rabaçal pertenceria ao Senhor Duque do Cadaval.  Também a merecer obra nos escritores; Camilo Castelo Branco (em parte escrita na quinat do Salgyueiral em Chão de Couce) e Fernando Namora que vinha ao Vale Florido (Alvorge) passar férias a casa de uma avó. 

Altaneira a muralha do Castelo do Germanelo também chamado do Rabaçal
Fotos retiradas do google
D. Afonso Henriques doou em testamento a herdade de Alvorge e sua torre, situada na Terra da Ladeia, ao Mosteiro de S. Jorge que a passou a administrar. E mais tarde a herdade da Ateanha ao Mosteiro de Santa Cruz como era já a Herdade de Ansião.
A nascente defende o historiador Padre José Eduardo Coutinho, a existência de um povoado castrejo no cimo do morro de Trás de Figueiró e a poente a torre medieval de Santiago da Guarda.

O Foral do castelo do Germanelo 

« Tanto Rodrigo Pais como Maninho Nunes foram alcaides de Coimbra e é crível que esse cargo 
se estendesse também aos castelos de Penela e Germanelo .O 1º aparece como testemunha em muitos documentos e o 2º como proprietário.» 
O Rei D Afonso Henriques atribuiu Carta de Foral ao Concelho do Germanelo sem se saber a data se 1142 ou 44 - determinava além de serem livres de impostos, concedia paz, perdão e isenção de justiça a todos que tivessem cometido crimes de homicídio ou de furto, sob a condição de se refugiarem nas terras do Germanelo e de as cultivarem.
O pequeno Castelo do Germanelo também conhecido por Castelo do Rabaçal, julga-se tenha sido erguido sob um castro romanizado, construído ao estilo da época - o romântico, implantado numa área de 80 mil metros quadrados com mata circundante, foi mandado edificar por D. Afonso Henriques ara defesa de posto avançado da segurança  da  cintura fronteiriça da capital Coimbra, com limite descortinado mais tarde  a sul  na Fonte das Bogas, Formigais, hoje Fonte Grande. 
A sul do Germanelo davam-se constantes  algaras mouras vindas de Santarém integrado na cintura defensiva entre castelos e  pequenas torres de atalaia . Na maior parte desaparecidas, resta na toponímia a Torre do Chão de Pereiro,  em Penela.

Com o avanço da reconquista de Santarém e Lisboa, o Castelo do Germanelo perdeu a sua principal função estratégica, vindo a ser rapidamente abandonado como estao perdidas muitas referências sobre o que foi o espírito e limites da  Genea, vulgo Ladeia. 

Cortesia de Jorge Sá Nunes
Planta do castelo do Germanelo de arquitectura militar

Excerto Esquilha Em 1890 Delfim José de Oliveira faz a primeira descrição da fortaleza: ‹‹tinha 33 metros de comprimento leste-oeste por 20 de largo e duas portas: uma ao nascente; outra ao poente. Os muros estão demolidos até à plataforma; existe d’elles só a base, feita com abundância de cal, tendo ainda hoje do lado exterior, em toda a sua circunferência, dois a três metros d’altura e dois de espessura››. Em 1939 no livro Ladeia e Ladera, com a planta do castelo e duas fotografias, uma descrição: ‹‹107 metros de perímetro, 58 de comprimento leste- -oeste e 22 de largura. (...) 


O Dr. Salvador Dias Arnaut, obreiro da História Regional e local de Penela, o adquiriu em 1941.  Marca o começo de um largo período de sistemático estudo  e  coordenou nos anos 40/50 pesquisas nas ruínas do Castelo de Germanelo,  às quais dispensou particulares cuidados no sentido da sua preservação, pondo a descoberto o sítio da porta, a cisterna, base de casas e o local da lareira e ainda a reconstrução da sua muralha norte.
Teimei conhecer a muralha do Castelo que conhecia desde criança que a distingui a caminho de Coimbra, e tanto me fascinava. Aconteceu  nos primeiros anos de casada, aos 25 anos . O Volkswagen carocha subiu  sem medo a  subida íngreme em terra argilosa, debalde teimou resvalar na lama... fácil deixa-lo e continuar a subida  a pé. Lamento naquele tempo não ter registado fotos.Brutal orgasmo intelectual pela miragem do extenso e deslumbrante  vale circundante de grandes contrastes ao invés de luxuriante, desnudado, vestido de formas belas a poiso de  muita história, para acordar e  tentar redescobrir o traçado da via romana a ligar Olisipo a Bracara Augusta, com Conímbriga .

O Vale do Rabaçal e áreas limítrofes onde se encontram quase duas dezenas de estações arqueológicas de época romana. 

O que resta do pequeno Castelo do Germanelo ou do Rabaçal 
Nos dias d'hoje nada mais do que uma muralha com 107 metros, situado na vertente oeste do vale fértil, mas apertado pela esterilidade dos montes em forma arredondada.

Interpretação ao Vale do Rabaçal e da civilização romana
"Quanto às vias que serviam o vale, elas apresentam-se indispensáveis para alcançar os mercados, tornar o território um lugar seguro e possibilitar, porventura, o regresso das riquezas produzidas, de que são reflexo a arquitectura áulica, os mosaicos e os baixos-relevos presentes, de forma eloquente, na Villa do Rabaçal. Estas constituíam um dos elementos mais importantes da prosperidade do vale do Rabaçal, pois por ele passava a estrada imperial, ligação charneira entre o Conventus Scallabitanus e as cidades capitais da Lusitânia e da Galécia. De realçar que, por aqui passavam e continuam a passar os peregrinos com destino a Santiago de Compostela-, chamados de Peregrinos, do latim "Per Aegros", "aquele que atravessa os campos"..
Como dizia Agostinho de Hipona, em De ordine, I,1,3, 

"Se alguém olhasse com tal minúcia que, num vermiculatum pavimentum, nada o seu olhar conseguisse abarcar para além da dimensão (módulo) de uma tessela, censuraria o artifex como ignorante da ordem e da composição". Isto porque consideraria perturbada a multiplicidade das pedrinhas, por não poderem ser vistos e apercebidos de uma só vez esses emblemata (ornatos) que contribuem para a configuração de uma só beleza."

"Nada menos que isto acontece aos eruditos que, não conseguindo ver em conjunto, por serem dotados de mente fraca, a adaptação e a harmonia de todas as coisas, se algo os impressionar por ser superior à sua capacidade, consideram que uma grande fealdade é inerente às coisas..."

Rotas por Sicó no palco poente da Ladeia
Terra rossa semeada a calcário
 Serra de Sicó

 Muros de pedra seca

                        
 Alminhas em pedra no Rabaçal
 Alvorge
Rota do Caminho de Santiago de Compostela
Conímbriga dista  em linha reta uns 5 Km .Outra vez parei à saída da Fonte Coberta para tabelar conversa com um peregrino espanhol, trazia às costas a gaita de foles, disse-me que vinha de Lisboa, era um passeiozito até Compostela, coisa de 700 km, e ainda confidenciou ter adorado o Rabaçal e a comida.
  
A Ladeia, Ladera, com terras metidas umas nas outras das herdades de S. Jorge, do Convento e do Mosteiro de Santa Cruz, Comenda de Soure, de Ega e do  islado Convento de Celas, onde ainda prevalecem marcos antigos de delimitação das suas propriedades, com marcas da Casa de Cadaval , Ordem de Cristo, Universidade de Coimbra e dos mosteiros e casario de gente nobre-  Casas dos Almadas, Figueiredos da Guerra ( solar com capela Nossa Senhora do Pilar no Alvorge), Corte Real e,... 

Fotos de dois marcos DE e V da Universidade  
Agradeço a cortesia da partilha a Norberto Marques
Marcos Miliários
Miliário encontrado no lado sul do vale do Rabaçal , próximo da povoação dos Tamazinhos, nos terrenos da Quinta da Ribeira de Alcalamouque, na estrada imperial marca a distância de 8 milhas (cerca de 12 Km que ainda falta cobrir para chegar até à cidade caput viae de Conímbriga.
Curioso formato fálico. Não resisto a contar.Tive o privilégio de sentir na minha mão um fálico em pedra encontrado no Rabaçal, apesar de imensamente frio, tão soberbo achado devia estar plantado em vitrina do seu Museu, nada mais do que o órgão genital masculino encontrado por uma pastora/queijeira que despertou interesse ao seu olhar peculiar e o guardou e que belíssima peça do neolítico. E só me o mostrou porque perante uma sala cheia de fósseis marinhos, entre outras pedras lhe perguntei onde as tinha encontrado e qual a motivação de olhar para as pedras e lhes distinguir subtilezas , no juízo errado, não teria cultura para as apreciar...debalde enganei-me, armada de sorriso maroto deixou-me e foi a outra divisão trazendo na mão um fálico completo em pedra e claro não resisti a pedir-lhe para o sentir na minha mão...Frio, imensamente frio, mas belo...Infelizmente já falecida, dona de um belo par de olhos azuis, natural do Alvorge, viveu de paredes meias com a igreja do Rabaçal, onde teria sido estalagem. Voltei a sentir mais tarde outro fálico, em negro com ranhuras como se fosse um coluna jónica, em Torre de Moncorvo.
Outro miliário grande e alto em calcário local, originário de Mocifas nas Degracias, data de 250 d.C. Nele consta o nome e título do então Imperador Décio, o que atesta a importância da via romana que viria a ser, depois, estrada medieval e, mais tarde, a Estrada de Coimbrã que (ainda o era, no século XIX).Doação do Marco Miliário: Kees e Maria Isabel Alçada Koenders. 2001, encontra-se no Museu do Rabaçal.

Fonte Coberta
Ponte filipina na Fonte Coberta  com o Rio de Mouros em caudal abundante
José da Fonseca o Mestre de obras de Ansião

O caminho entre Fonte Coberta e Poço das Casas na passagem dos invasores franceses em 1810
"Em 1854, por estas paragens passaram os exércitos das Invasões Francesas, deixando atrás de si rastos de devastação, pilhagem e muita descendência.Depois de não ter conseguido ultrapassar as Linhas de Torres, Massena e as suas tropas recuam até à região de Coimbra ,com a intenção de passarem o rio Mondego, indo ao encontro das forças de Soult estacionadas em Badajoz, para, desse modo, utilizando o rio Tejo e as planuras alentejanas procurarem, de novo, a conquista de Lisboa. Como Coimbra se encontrava devidamente protegida pelos militares luso-ingleses, Massena decide tornear o obstáculo encontrado através da circulação pela ponte da Mucela, inflectindo para Miranda de Corvo, a partir de Condeixa-a-Nova. Antes de partir nesta direcção, Massena aquartelou, no dia 13 de Março de 1811, em Fonte Coberta (freguesia do Zambujal), debaixo de uns frondosos carvalhos, hoje inexistentes, preparando, ao ar livre, o jantar, tendo por companheiros alguns membros do seu Estado-Maior, a amante e cinquenta e cinco soldados, na presunção que as divisões sob o comando do Marechal Ney lhe davam cobertura suficiente no caso de um ataque inimigo, bem como os soldados de Loison (o famigerado Maneta) dispostos entre a Fonte Coberta e a Póvoa de Pegas, e o pequeno vale fértil que se estende até à povoação do Poço das Casas e é atravessado pelo medieval e central caminho português para Santiago . 
O descanso dos invasores franceses foi inopinadamente posto em causa quando se aproximam perigosamente de Massena cinquenta militares ingleses e os espaços circunvizinhos foram ocupados por tropas da mesma proveniência. Na circunstância valeu a Massena, General Eblé, Comandante Pelet, a amante do «Filho Querido da Vitória» e granadeiros da guarda, o nevoeiro espesso anunciador do aproximar da noite. Aproveitando essa benesse natural, às vinte e duas horas do mesmo dia, o quartel-general francês abandonou a região, evitando a captura, após um irmão do General Barão de Marbot, Adolfo, de seu nome, profundo conhecedor da língua inglesa, ter ido ao encontro da força opositora escondido pelas condições climatéricas, e, em nome de Wellington, sugerir em voz audível a sua deslocação para outro local. "
Serra de Janeanes, muros de pedra seca
A valentia do povo do Vale do Rabaçal contra os invasores franceses
"Segundo reza a tradição popular da freguesia, criada em 1528, a população da aldeia da Serra de Janeanes, localizada numa pequena cadeia montanhosa mais a poente, aproximou-se do pico da Lomba, do monte sobranceiro à Fonte Coberta, e fazendo grande algazarra ajudou a afugentar os franceses.Na Fonte Coberta, a população, utilizando o caminho do Valinho. dirigiu-se para a vertente do monte anteriormente referido, escondendo-se onde foi possível, e, em particular, na reentrância geológica conhecida por «buraco da raposa». Entre os populares destacou-se a Dona Carolina, “a Velha”, que nasceu nos finais do século XVIII e faleceu no início do século XX com 114 anos de idade. Transportou consigo os galináceos que pode mas como o galo cacarejava, de modo a evitar a sua audição e reconhecimento do terreno pelos invasores, cortou-lhe a cabeça com uma pedra. "
"No monte das Pegas, situado junto da aldeia da Póvoa de Pegas, a norte, o povo local e das terras vizinhas refugiou-se no seu topo com o gado caprino e ovino produtor do afamado queijo do Rabaçal, tendo colocado nos cornos dos animais tochas acesas que deram aos franceses uma imagem dantesca e poderosa daqueles que os odiavam, contribuindo para a sua fuga. Este estratagema, utilização de tochas acesas nos cornos dos animais ocorre na ocupação romana, invasões muçulmanas e Guerra da Restauração do actual território de Portugal. Na Serra do Caramulo, monte Lafão, existe a este propósito a lenda do castelo do rei Cid Alahum, e já Aníbal, chefe cartaginês, na II.ª Guerra Púnica, século III a. C., ao ver-se, na Península Itálica, encurralado por Quinto Fábio Cunctator, colocou archotes nos galhos de dois mil bois para distrair as tropas romanas e conseguir escapar ao cerco.
Não pondo em causa a veracidade do comportamento das pessoas (aglomerações, algazarra, tochas acesas nos cornos dos animais, etc.), o que, efectivamente, levou os franceses a fugir foi o eminente aprisionamento de Massena, que teria dado ao exército anglo-luso um estrondoso incentivo psicológico e simbólico, e a presença das tropas britânicas no vale da Fonte Coberta-Poço das Casas. "

















A titulo de curiosidade na passagem destes invasores franceses o povo do Rabaçal com medo dos saques enterrou na frente da igreja, as imagens de pedra dos seus Santos. E ali ficaram mais de duzentos anos, só descobertos por casualidade quando abriram uma vala de saneamento(?) há poucos anos. Encontram-se no Museu.

Painel azulejar comemorativo da passagem dos invasores franceses
 A Junta de Freguesia de Zambujal fez erguer um painel de azulejo  perto deste local .
Citações brutais a rivalizar comigo a mesma paixão por este vale
"Eu, em Portugal, de Lisboa a Condeixa, passei por uma única terra que compreendeu o interesse desta posição estratégica e investiu de maneira inteligente no Caminho de Santiago: em sinalização, em placas, no aspecto atractivo da terra. Uma autarquia inteligente – parece haver tão poucas. Situa-se entre o Rabaçal e Condeixa; chama-se Fonte Coberta.” 

" (...) escritores também falam deste vale com paixão e acuidade.Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga e Fernando Namora referem este lugar do Rabaçal em prosa, em poesia e em obras pictóricas, conforme exposições, catálogos e guia.
E outros como Santos Rocha, João Manuel Bairrão Oleiro, Lúcio Cunha, Vasco Gil Mantas, Fernando Rebelo, Justino Maciel, A. João Nunes Monteiro, Salvador Dias Arnaut e Jorge de Alarcão e eu e ,...

A Depressão Calcogarmosa do Rabaçal é extensa- 12 km por 1/2 de largo - uma grande banheira informação complementar de Sérgio Medeiros . 

Na verdade a leitura do nº 9 dos Cadernos de Geografia de 1990, Coimbra do Dr Lúcio Cunha Alguns Problemas Ambientais em áreas Cársicas, de sobeja importância, quiçá inédita, a mais valia para melhor conhecimento e interpretação da região, afinal tão esquecida, quanto bela, que  devia ter referenciado, a falha que lamento.
Um dos mais emblemáticos e místicos locais  que eu gosto em puro delírio revisitar.
Conheço o vale desde semente na barriga da minha mãe e na viagem no táxi do Sr Estrela de Ansião com pressa de nascer em Coimbra...Voltaria de carro vezes sem conta e na camioneta do Pereira Marques a caminho da cidade, ou vinda dela para casa (Ansião). A primeira vez que senti em plenitude o chão calcomargoso, inóspito, seco, estéril, pedregoso, vestido de cepas e olival raquítico e enfezado, teria 8 anos, para conhecer a Fonte do Alvorge, onde saciámos a sede e de longe avistámos o abandono do solar dos Figueiredo da Guerra, na beira da estrada romana .
Do Alvorge na descida ao vale por caminho tortuoso as vistas eram ímpares, deslumbrantes, pese  outeiros nus a salpico de vegetação. O meu pai falava-nos  do peso da história, dos romanos e da importância da água em terras cársicas, por isso haviam poços de chafurdo, com escadaria para acesso à medida que a água escasseava até se chafurdar no fundo do poço.O primeiro que conheci no quintal dos meus pais, sob o comprido, abaulado dos lados, a mim reportava-me para caixão com grande escadaria de pedra, as vezes sem conta a subir e a descer de balde cheio o deixava ao meio da escadaria  para a minha irmã despejar em pleno agosto para regar o couval, sem  deixar afrouxar o caudal...

Em mim. este vale desde sempre desencantou encantos tamanhos com vontade desenfreada de o percorrer para mais sentir e descobrir. Seguiram-se no tempo outras  aventuras na companhia da minha mãe e outras vezes com o meu marido, jamais sozinha, para alcançar e desfrutar em plenitude a extraordinária paisagem e a beleza que irradia a vila do Alvorge, serra de Janeanes, Mocifas, Rabaçal, Fonte Coberta, Casas Novas e Aljazede, onde sempre me deslumbro e jamais me canso de olhar e sentir paixão e venho de espírito renovado por encontrar fósseis e pedras esculpidas pela erosão...trago sempre alguma no bolso! 
A minha visita à villa do Rabaçal num dia de agosto tórrido
Mosaico referente à estação do ano - Inverno

Dolina cársica da várzea de Aljazede 
Fechar a visita a nascente com a água da sua dolina na várzea...
Aos pés da que foi a Herdade da Ateanha que D. Afonso Henriques doou ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e o quanto ficou por dizer...


FONTES

Salvador Dias Arnaut, Ladeia e Ladera - Subsídios para o estudo do feito de Ourique, Coimbra, 1939
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/46578/1

http://itinerante.pt/
http://www.fmsoares.pt/
http://www.cm-ansiao.pt/
http://www.distritosdeportugal.com/leiria/alvorge/patrimonio.htm
https://www.uc.pt/fluc/depgeotur/publicacoes/Cadernos_Geografia/
file:///C:/Users/User/Downloads/Dissertação de mestrado Manuel Cravo
Duas fotos de marcos de Norberto Marques
Uma foto informativa de Jorge Sá Nunes
Testemunho de Sérgio Medeiros

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