quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Pelourinho de Lisboa ao Chiado descer ao Rossio e à Almirante Reis

"Almeida Garrett escreveu nas Viagens na minha Terra: 
"O café é uma das feições mais características de uma terra. O viajante experimentado e fino chega a qualquer parte, entra no café, observa-o, examina-o, estuda-o, e tem conhecido o pais em que está, o seu governo, as suas leis, os seus costumes, a sua religião.Levem-me de olhos tapados onde quiserem; não me desvendem senão no café; e prometo-lhes que em menos de dez minutos lhe digo a terra em que estou, se for país sublunar."
 O botequim de Marcos Filipe


"Pelas mãos do italiano Marcos Filipe Campodonico o botequim do Largo do Pelourinho põe Lisboa a saborear os novos hábitos que conquistavam o quotidiano de outras capitais europeias.É um café de nome assim chamado que até se finar por volta de 1858 ou 1860 vai acompanhar a História com que se ia fazendo Portugal. O proprietário figura na lista dos patriotas que, após a expulsão dos franceses em 1808, mais terão contribuído com donativos para as despesas do exército luso. Mais tarde o Botequim do Marcos Filipe protagonizou um papel que associaria intimamente o seu nome á história. Foi às 2 horas da manha do dia 8 de Setembro de 1838 quando uma revolta reuniu em armas junto ao café perto de quatrocentos homens de vários batalhões da Guarda Nacional e o batalhão de artífices do Arsenal exigindo a demissão do ministério Sá da Bandeira-Bonfim. Cercados por terra e por mar os revoltosos acabaram por capitular, aceitando o termo da rendição que foi assinada no próprio botequim e que ficou conhecida pela convenção do Marcos Filipe."
Para quem se desloca a Lisboa amiúde, supostamente sem tempo nem vontade em reparar no Belo, e na força que exalta a sua admiração, que por aqui se mostra a cada esquina, e neste dia de Carnaval, quis avistar em pormenor a maravilha escultórica do Pelourinho de Lisboa.
Citando Sílvia Leite/DIDA-IGESPAR, I.P./2011 "O primeiro pelourinho da cidade foi construído em data desconhecida, sendo pela primeira vez referido em documentação de finais do século XIV, mas é seguro que uma picota terá sido levantada pelo menos na sequência da outorga de foral a Lisboa por D. Afonso Henriques, em 1179. Antes do terramoto de 1755, o largo do Pelourinho de Lisboa ficava situado no local onde está hoje o último quarteirão construído da Rua do Comércio, entre as ruas dos Fanqueiros e da Madalena. Em meados do século XVI o referido largo passou a ser chamado de Pelourinho Velho, pelo que existiria já um novo, talvez a coluna que D. Manuel autorizou ao Senado de Lisboa em 1510 para substituir as de madeira que então se erguiam na Ribeira e que pouco tempo duravam de pé. Esta seria, a pedido do Senado, uma coluna de mármore (..) muito boa, a que adiante se referem como picota, e cuja base os vereadores afirmam ter já mandado começar a fazer de muito boa pedraria, com degraus muito bons (SILVA, Vieira da, 1987). Nas vistas panorâmicas de Lisboa do século XVI vê-se uma coluna com quatro ganchos de ferro em cruz, não exactamente na Ribeira mas no Terreiro do Paço, diante das chamadas portas da Ribeira, cuja primeira imagem é de 1505, e que volta a ser representada até finais do século, mas já não surge nas ilustrações posteriores. Em 1650, uma planta de Lisboa mostra um pelourinho na antiga Praça da Ribeira, que poderia ser a coluna de 1510, mas que foi demolido no mesmo século pela Câmara. O largo do Pelourinho Velho, por sua vez, ficou destruído em 1755, e com ele qualquer picota que no local ainda pudesse existir.
"O actual pelourinho de Lisboa foi levantado no largo que ocupa aproximadamente a área do antigo Largo da Patriarcal, limitado pelo Arsenal da Marinha, pelo edifício (oitocentista) da Câmara Municipal de Lisboa e pelo Largo de São Julião. Esta praça, traçada em 1783 por Eugénio dos Santos, um dos arquitectos da reconstrução pombalina, passou a chamar-se justamente Largo do Pelourinho, até passar a Praça do Município em 1886. O pelourinho que aí se ergue terá sido lavrado em torno da data de construção do largo, com traço geralmente atribuído ao mesmo Eugénio dos Santos."
O monumento, que é reconhecidamente uma obra de grande qualidade, foi cobiçado pelo general Junot, que o pretendeu levar quando deixou Lisboa em 1808, embora sem sucesso."
"Sendo um monumento oitocentista, tem no entanto a particularidade de evocar as tipologias quinhentistas destas colunas, provando a importância simbólica dos pelourinhos erguidos por todo o país na sequência das atribuições de forais novos por D. Manuel, e provavelmente reflectindo a memória de um perdido pelourinho manuelino de Lisboa.
O pelourinho é uma monumental coluna monolítica (incluindo base e coroamento) talhada em mármore de Pero Pinheiro (SILVA, Vieira da, 1968), assente sobre plataforma octogonal de cinco degraus em cantaria de calcário. A base do fuste assenta num paralelepípedo quadrangular de ângulos côncavos. É encimado por um bolbo torso, que serve de base a um duplo tabuleiro quadrangular com cantos côncavos sobre o qual assenta uma pirâmide moldurada rematada pela esfera armilar.
O pelourinho teve uma cruzeta em ferro com ganchos, e a dada altura foi cercado por um gradeamento de ferro, ambos mais tarde retirados."
Para subir a Rua Nova do Almada, e ver obras no antigo Tribunal da Boa Hora e no quarteirão defronte onde vai nascer a Escola da  Baixa
 "O vereador e vice-presidente da Câmara, Manuel Salgado, classificou este projeto como mais “uma peça do puzzle da revitalização da Baixa” na importância de um equipamento como esta escola no processo de trazer de volta à Baixa famílias que habitem os prédios. Referindo que, pela primeira vez em 50 anos, a Baixa inverte o processo de desertificação (dados do censo de 2011 indicam um acréscimo do número de famílias a habitar na Baixa), o autarca precisou o que é necessário para que as famílias venham morar para a Baixa: estacionamento, empregos e equipamentos, como uma escola.
Para o edil lisboeta, o futuro passa por esta aposta, já que “a crise financeira instaurou um novo paradigma”, devido às dificuldades de acesso ao crédito: o arrendamento substituirá a compra de casa, a recuperação de imóveis suplantará a nova construção. Deste modo, a escola funcionará como pólo de atração para jovens casais que se queiram instalar na Baixa."
Para subir ao Chiado e na descida ao Rossio, sem antes apreciar a rua quase deserta de gente 
Apreciar a fachada a nascente dos Terraços do Carmo, recentemente inaugurados.
Nas arcadas esqueceram-se(?) de colocar filamentos aramados para os pombos não poisarem, porque o amontoar de lixo é corrosivo para a pedra e paredes...
Distingui pombos poisados a fazer lixo...
 Vista parcial da torre da igreja do Convento do Carmo
Grato prazer redescobrir fachadas de lojas emblemáticas e carismáticas, ainda de porta fechada, autenticas preciosidades de arquitetura em algumas frontarias.
Para de vesgo enxerguar a estátua do D.Pedro IV inaugurada a 29 de Abril de 1870, construída em mármore de Mafra numa coluna de 28 m de altura, no topo vemos a escultura de D. Pedro IV a segurar o foral por ele outorgado, dando origem à independência do Brasil. Por esta razão D. Pedro IV é o primeiro Imperador do Brasil, e por isso a estátua representa-o ladeado de quatro figuras femininas simbólicas - a Justiça, a Sabedoria, a Força e a Moderação - qualidades atribuídas ao monarca português. 
Ladeada por duas magníficas fontes, no centro da Praça do Rossio, designação anterior, e pelos vistos continua por aqui antigamente os senhores pertencentes quer à nobreza, quer à alta burguesia -, atavam nas argolas de ferro os seus cavalos quando se deslocavam ao Paço da Ribeira."
 A Ginjinha ainda de porta fechada
Para em pressa atravessar o Martim Moniz e em plena Rua da Palma, apreciar a bela casa, a sede do BE com as palmeiras agora limpas, numa delas presa mangueira para injectar (veneno) para matar o escaravelho, será que vão renascer? Método que vi na cidadela de Cascais , e parece estar a resultar para não serem cortadas.
Para me deixar ficar embasbacada com a fachada arquitectónica da antiga Garagem dos Barreiros(?) ao estilo Art Deco, com terminais como há iguais no antigo Eden e no Parque Mayer.
Falta o relógio na frontaria -, a precisar de restauro os ferros forjados, paredes e terminais.
Envolvente com prédios em redondo forrados a azulejo com apontamentos em platibanda e balaustre de faiança
"Chafariz do Intendente ou do Desterro de arquitetura infraestrutural, tardo-barroca. 
Chafariz urbano, implantado num pequeno largo, face principal em cantaria terminado em entablamento e platibanda plena de cantaria, almofadada, rematado por pináculos piramidais; o centro remata em espaldar curvo, com enrolamentos, sobrepujado por frontão interrompido por urna e esfera armilar com brasão nacional."

Fontes
http://aviagemdosargonautas.net/2014/07/15/vamos-beber-um-cafe-11-por-jose-brandao/
http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70709
http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-monumento-da-estatua-do-rei-d-pedro-iv-rossio-24351
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4055

Entrudo de ontem e hoje a minha quarta-feira de Cinzas

Ontem na baixa lisboeta deparei com algumas pessoas a desfilar vestidas ao Entrudo. 
Confesso aprecio muito mais do que o Carnaval. Gente sem medo da chuva molha tolos que teimava cair. Fizeram-se se às fotos um casal vestido à motard, mui vaidosos.
"gaja", pela voz parecia um homem- perguntou-me gostaste? 
A que respondi com sotaque brasuca em voz lânguida - amei!

Hoje quarta-feira de cinzas, com chuva ,convida a ficar relaxada a ouvir música, intervalar com a televisão e escrever.
O primeiro dia da Quaresma no calendário Cristão ocidental (Católico). 
"As cinzas que os Cristãos Católicos recebem neste dia são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. 
As cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efémera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.
Foto alusiva a cinzas retirada do facebook Cruz na testa
A origem das cinzas usadas tem o seu significado, são preparadas pela queima de palmas usadas na procissão de Ramos, do ano anterior. Lembram, portanto, o Cristo vitorioso sobre a morte. A palma é símbolo de vitória e de triunfo. Assim, se os cristãos aceitam reconhecer sua condição de criaturas mortais, e transformar-se em pó, ou seja, passar pela experiência da morte, a exemplo de Cristo, pela renúncia de si mesmos, participarão também da vida que ressurge das cinzas.
Pintura Quarta feira de Cinzas do pintor alemão Carl Spitzweq
"A Bíblia refere que o general Holofernes, com um grande exército, marchou contra a cidade de Betúlia. O povo da cidade, aterrorizado, reuniu-se para rezar a Deus. E todos cobriram de cinzas as suas cabeças, pedindo o perdão e a misericórdia de Deus. E Deus salvou o povo pelas mãos de Judite."
Hoje os católicos não comem carne. Não que seja muito de seguir à risca preceitos religiosos, por alguns me fazerem confusão, e outros achar desadequados aos dias d'hoje. O meu almoço foi um bacalhau cozido desfiado em cebolada a que juntei batata frita, grelos cozidos, e molho bechamel , foi ao forno gratinar com pão ralado, mas podia ser com queijo)...acompanhei com uma boa salada de alface, cebola portuguesa e beterraba.

FONTES
Wiquipédia

Cais do Sodré em obras sem obra escultórica a rivalizar Gaudí ?

Não sabia que o Cais do Sodré já se chamou Praça dos Remolares!
A palavra "Remolares" está associada à construção e reparo das Caravelas, na época dos Descobrimentos.
No século XVI "Remolares" significava carpinteiros especializados na construção ou manufaturarão de apetrechos navais, designadamente de "remos". 
Sabe-se que esta Praça foi empedrada em 1849, embora já houvesse ideia para aquele local desde o imediato pós-terramoto. Ao centro da pracinha existiu, até 1872, um "Relógio de sol", assente sobre um pedestal. 
O eterno humorista lisboeta, chamava-lhe o "O Meridiano dos Remolares", numa alusão à função do relógio e ao sítio vizinho dos Remolares, que ainda conserva o nome.
A praça com a Merediana dos Remolares até 1874.
No Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa há uma imagem da Meridiana dos Remolares, numa ilustração ligeiramente diferente da que é incluída em “A Ribeira de Lisboa”. O mesmo arquivo tem depois imagens da praça a sofrer as terraplanagens para receber a estátua e para o assentamento de carris do “americano”, o antecessor do eléctrico, que tanto basbaque iria provocar na capital."
"Pelas ilustrações se pode deduzir que o relógio de sol dos Remolares era constituído por uma coluna de pedra, no cimo da qual se colocara uma escala e um gnómon, cuja sombra indicava no mostrador a hora solar. Para onde terá ido, depois de destronada pela estátua equestre? Ninguém sabe. Para entulho, possivelmente.
" A meridiana foi enfim substituída (e com vantagem) pelo monumento do Duque da Terceira, cuja primeira pedra se assentou em 24 de Julho de 1875”, conclui Castilho."

Praça Duque da Terceira 1911 
"Uma das centralidades do tempo público alfacinha, mesmo antes de lá ter sido colocado o Relógio da Hora Legal estava situada no largo dos Remolares, hoje Cais do Sodré. Além da pesca e dos apetrechos a ela ligados, a zona começava a estar povoada de agentes transitários, para quem a hora certa era um instrumento diário de trabalho.
"Antes do relógio mecânico, esteve aqui um relógio de sol, horizontal. Alguém saberá do seu paradeiro?"
"Diz-nos Júlio de Castilho em “A Ribeira de Lisboa, Descrição Histórica da Margem do Tejo, desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho”: “Em 1860 havia no centro da praça uma escadaria circular de poucos degraus, e de 2 metros de diâmetro, tendo ao centro, sobre um pedestal, uma meridiana ou relógio de sol. Essa meridiana (como tantas coisas inofensivas e úteis!) tornou-se alvo dos epigramas, mais ou menos agudos, do Lisboeta. Há uns certos sujeitos inúteis, que só sabem rir, rir de quem trabalha, epigramar a quem serve. A meridiana era proveitosa; fazia o seu serviço, e cumpria-o bem; andava às ordens do sol, e obedecia-lhe pontualíssima, em benefício dos próprios ociosos que a desprezavam. Pois era moda dizer mal dela”.E Júlio de Castilho, sem dar pormenores sobre quando a meridiana terá sido construída ou sobre quem a terá feito, conta várias histórias do quotidiano alfacinha que girava à volta da Meridiana dos Remolares. Uma delas diz respeito a “um pobre saloio, para quem um instrumento assim se figurava novidade inaudita, ouvindo dizer que era relógio se lhe aproximara e, desconfiado de que o pretendiam enganar, aplicara o ouvido, e tornara a aplicá-lo, concluindo (depois de maduro exame) que seria talvez relógio, mas estava parado”.
“Outro beócio chegando ali às Ave-Marias, quando já não havia sol, esperou pacientemente que se acendessem os candeeiros de gás da iluminação municipal, e foi depois consultar a meridiana... que lhe disse não sei bem o quê”, acrescente o conhecido olissipógrafo"...
Por isso a existência do relógio de hora legal
Curiosidade
"É um pequeno objeto em madeira, de 4,5 x 4 cm que foi encontrado no final do século passado (XX) em trabalhos arqueológicos no Largo do Corpo Santo, na Lisboa ribeirinha. Mas só agora foi por nós identificado – trata-se da base de um relógio de sol portátil, o mais antigo do seu género de que há conhecimento no país.Esta meridiana, nome por que é conhecido o tipo de relógio de sol em causa, chegou aos nossos dias com a madeira praticamente intata porque esteve durante mais de 500 anos  enterrado e assim protegido".
Os relógios de sol foram introduzidos na Península Ibérica pelos romanos, havendo alguns exemplares encontrados no território português.
"A meridiana do Corpo Santo em madeira , foi recolhida num nível junto à praia, ou seja, na base dum aterro , podendo assim datar-se do final do século XV, é pois o mais antigo relógio de sol portátil encontrado até hoje no país."
Formato octogonal (?)
Numeração árabe
Deu origem a outro tipo de relógios como gnómon, para projetar a sombra do Sol.
O meu relógio de madeira
Relíquia completa com bússula e pêndulo para o sol, que encontrei num ribeiro na extrema do quintal, onde a minha sogra após o pai falecer, e feitas as partilhas com os irmãos, por ter herdado a casa a limpou, sendo que achou por bem deitar fora pertences que achava não terem valia. Suposta oferta por proprietário abastado onde se deslocava fazer a poda de oliveiras na região centro.
Foto da praça quando foi retirado o meridiano e colocada a estátua do Duque da Terceira

"O "Bairro dos Remolares", cuja feição urbana remonta ao início do século XVI, era completamente diferente do que é hoje: um conjunto de estreitas ruas mais ou menos paralelas e orientadas perpendicularmente ao rio Tejo, entre o que foi o grande Palácio dos Corte Real e o Largo de S. Paulo.
Os quarteirões construídos na antiquíssima praia de "Cata-que-Farás", diretamente sobre areais formados pelo assoreamento do Tejo, constituíam-se como um prolongamento do porto de Lisboa e da então recente Ribeira das Naus.
Prefaciando "in Cronos - Pilares do Tempo", suplemento saído com o Público de 16 de Maio, no Largo do Corpo Santo trabalhos arqueológicos em 1996 para o Metro, começaram a aparecer pavimentos e paredes pertencentes ao Palácio dos Côrte-real, cuja edificação data de 1585. O Palácio dos Côrte-real, também conhecido como Palácio do Marquês de Castelo Rodrigo, sofreu um incêndio em 1751, ficando irrecuperável com o terramoto de 1755.O material escavado no aterro inclui algumas peças de qualidade excepcional, como as primeiras majólicas importadas do centro de Itália, remontando a sua cronologia ao séc.XV e XVI, produção Itália 1495-1521.
Foto junto ao parque de estacionamento do Ministério da Marinha, ao Corpo Santo, distingue-se um rasto de uma muralha que pode ser do antigo Palácio dos Corte Real (?),  que foi grandioso de forma quadrada com quatro torreões em forma de bico, cada parede ostentava 8 grandes janelas e cada torre com duas,o que perfazia 12 por parede segundo a foto (?). 
 Palácio da Ribeira com o torreão seguido do palácio do Corte Real
"As propriedades da coroa que ficavam fora das muralhas da cidade são doadas por D. Manuel I a grandes armadores e comerciantes, muitas vezes estrangeiros, principalmente financiadores das suas expedições marítimas e suporte dum império que se alargava pelas "Áfricas", "Américas" e "Índias".

"O Bairro do século XVI, "Cata-Que-Farás", tornou-se rapidamente num local privilegiado das gentes ligadas às fainas do mar e ao comércio Marítimo.No livro de Lançamento (...) "da cidade de Lisboa de 1565 aqui vemos morarem, além de ricos comerciantes portugueses, italianos, flamengos, ingleses e franceses, capitães de naus, pilotos de carreira, a par de pequenos artífices e marinheiros".
No século XVI "Cata-Que-Farás", ainda na primeira metade do século XVII "«Remolares", "Cais do Sodré" depois do terramoto,"Praça do Duque da Terceira" entre 1845 e 1849. Esta zona será durante séculos, o lugar de quem chega e parte, o ponto de habitual reunião de estrangeiros e marítimos, maraus, moços de saco e outros, segundo o cronista Baltazar Teles.Muito mais tarde, em 1862 um oficial inglês autor de uma descrição de Lisboa, escreve "o sítio do Cais do Sodré é um lugar de encontro ao fim da tarde dos mercadores de todas as nações, judeus, turcos e cristãos ali se vêm em chusma a falar de negócios".
Seja Praça Duque da Terceira, Zona portuária, Cata-Que-Farás e Remolares, o local central da zona portuária lisboeta, por isso era natural que fosse também o sítio privilegiado de Lisboa para as mais famosas hospedarias, casas de pasto e tabacarias. 
Já outro estrangeiro, agora francês, autor da Descrição de Lisboa em 1730, refere-se a Remolares escrevendo: " as boas hospedarias, quase todas francesas, inglesas e holandesas são caríssimas. Na melhor, que é francesa, situada à beira do Tejo, num pequeno largo chamado Remolares, levam 6 francos por dia".
"O emaranhado de Ruas estreitas, juntas às margens do Tejo, lugar de marinheiros e gente das mais variadas nacionalidades e origens, era natural que o lugar fosse conhecido também por seus maus costumes.
Aqui as memórias são mais vagas e as referências subentendidas.
No século XVI Baltazar Teles fala de vários frequentadores do bairro de marinheiros, marítimos e outros. Quem seriam os outros? Em 1668 o príncipe regente D. Pedro mandou tapar os becos da zona a fim de evitar que por ali se praticassem descaminhos de direitos.
Já no século XIX a Câmara Municipal de Lisboa vê-se obrigada a tomar providências pois a falta de pudor transbordava a lugares de prestigio como o Terreiro do Paço, onde "mulheres das últimas classes pouco afeitas ao feio do pudor, e rapazes em completo estado de nudez, iam banhar-se em pleno dia no cais".
Lugar elegante nos tempos de Eça de Queiroz e de má fama até há pouco, o Cais do Sodré e a Praça Duque da Terceira confundem-se, para o cidadão comum são uma e a mesma coisa, mas Cais do Sodré era noutro tempo o Largo mais perto do Tejo, junto à Estação, e Duque da Terceira a praça chegada à rua do Alecrim.
Deve o seu nome ao fato de ali terem vivido, e ali terem mercadejado, os irmãos António Vicente e Duarte Sodré. "
O Cais do Sodre 1900. Foto do Arquivo Municipal de Lisboa, de autor não identificado.
Foto: Joshua Benoliel e Mário Novais - Revista Panorama, 1947
Iniciaram novas obras de requalificação do Cais do Sodre que assenta na reorganização do terminal de autocarros e de elétricos e em mais espaços verdes, em outubro  de 2015.
Ontem dia de Carnaval nos arruamentos a serem intervencionados que se mostram fechados por grades, distingui nas terras remexidas  muitos fragmentos de azulejos séculos XVII/I, fragmentos cerâmicos e de faiança.Só olhos de lince dos amantes do azulejo os descobrem nas fotos...
  O fragmento de azulejo que apanhei fora das grades na beira da estrada pedonal
O meu fragmento de azulejo que trouxe comigo
 
"A ERA está a realizar o acompanhamento arqueológico das obras de requalificação do Cais do Sodré e do Largo do Corpo Santo, em Lisboa. Esta é uma área que integra vestígios importantes para o conhecimento da evolução da zona ribeirinha Até ao momento foram registados vestígios de estruturas portuárias do período contemporâneo da cidade."
Foto retirada https://www.facebook.com/EraumavezaERA/posts/970115929734815
A olho nu distingui o rasto de uma muralha vista no sentido contrário ao da foto acima -, segundo a ERA trata-se de vestígios de estrutura portuária identificada durante a execução dos trabalhos de acompanhamento arqueológico das obras de requalificação do Largo do Corpo Santo, em Lisboa.
A remoção de terras aqui e na frente dos Cais do Sodré , em ambos os locais  distingui muitos fragmentos de azulejo, século XVII/I cerâmica e faiança. Aliás como já o mesmo tinha visto na intervenção na frente ribeirinha. Impossível apanhá-los! O grande volume de fragmentos diversos acaso fossem, ou sejam recolhidos (?) podiam servir para quê? A meu ver simplesmente para testemunhar a efeméride deste local junto do rio que o foi desde sempre encontro de lixeiras, escombros de terramotos(1531 e 1755), e de cheias de aluvião que depositam na margem inertes com histórias, para ainda hoje passados séculos se poderem de novo contar, na audácia maior seria usa-los numa escultura moderna a embelezar o local ao jus rivalizar o celebre Antoni Gaudí , na tamanha eloquência usar fragmentos antigos com história, em detrimento da sua obra ao usar contemporâneos!

- Os "trencadis é um tipo de mosaico de cerâmica que teve grande protagonismo no modernismo, sobretudo na obra de Antoni Gaudi, técnica decorativa realizada com pequenos fragmentos de cerâmica partida em diferentes cores. Geralmente, usa-se em exteriores – murais, fachadas e esculturas. "
Escultura-gaudi-do-lagarto-da-iguana-do-dragão-do-mosaico
Em baixo um banco com passarinhos de outro autor Mário.
http://pt.blogartesanum.com/2011/04/pintar-com-azulejos-coloridos-%E2%80%93-trencadis-por-albi/
Seria belo, belíssimo ao viandante, apreciar uma obra prima feita com cacos e caquinhos que recordasse os Remolares, ao Cais do Sodré,  neste agora em obras com obra escultórica a rivalizar Gaudí ? 
No mesmo sítio onde tinha apanhado o fragmento de azulejo estava outro, que trouxe, precisamente onde se fracionou em dois, a piada, com tanta remoção de terras  ao fim de mais de 2 meses da apanha do primeiro numa vinda ao Cais do Sodré em abril ...

Fontes
http://observatoriorelogioshistoricos.blogspot.pt/2007/12/o-cais-do-sodr-antes-do-relgio-da-hora.html
http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2008/05/praa-duque-da-terceira-iii.html
http://mvieiradacruz.wix.com/quatro-almas#!cais-do-sodré,-1877/zoom/c248t/image6k2
http://postaisportugal.canalblog.com/albums/region___lisboa/photos/21492698-praca_do_duque_da_terceira.html
Fotos de Lisboa antiga you tube
Uma Foto http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/12/estacao-do-cais-do-sodre.html
Uma foto da Wikipédia e outra do google
/www.facebook.com/EraumavezaERA/photos/pcb.970115929734815/970115159734892/?type=3&theater

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