sábado, 17 de fevereiro de 2024

Certificação do palco da Quinta das Sarzedas, em Pousaflores, Ansião

 Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em fevereiro de 2024

Guardo a memória da prima Júlia Silva e da Jerica com a carroça lotada de estrume, para a sementeira do milho, na courela das Cavadas, beijada pelo ribeiro BouchaTopónimo de uma estação visigótica em Areias, Ferreira do Zêzere, alvitra a sua origem Bucha, na Ucrânia, trazido por povoadores. E, Bouxinhas na topónomia de Almoster.

prima Júlia Silva, confidenciou que a fazenda dos pais nas Cavadas, fez parte da quinta, extremava com courelas de outros familiares. Herança do seu pai de parentes do Casal Soeiro, alcunha "os pardalocos" , com outra ao cimo da Escarramoa, e um pinhal na Chã Galega.

O chão da Quinta das Sarzedas foi esquartejado pela família "Serra" da Ameixeira/Casal Soeiro, parentes dos "Reis" e também do Casal das Peras. Além  destes apelidos aparecem outros associados aos maridos das mulheres ; "André", "Marques", "Neves", Caixeiro", "Simões", "Silva", "Freire " . 
Acresce a simbiose do cargo de Capitão-Mor, o primogénito do 1º casamento de Belchior dos Reis - Marcos, foi Capitão Mor de Figueiró dos Vinhos, tendo casado em Almofala, onde morou. 
Explica ainda no século XX e ainda hoje uma maioria de lotes da várzea que foi pertença da quinta das Sarzedas, tenha sido herdada por gente oriunda da Ameixieira, Casal Soeiro, Casal das Pêras e,... 

Transcrição da mensagem do Dr. Américo Oliveira 

«Não nos conhecemos pelo que lhe devo uma explicação para este contacto inesperado... Estive a falar hoje com a sua irmã Filomena, de quem fui colega nos Correios durante muitos anos, e foi ela quem me deu o seu contacto. A razão prende-se com a procura da localização de uma "Quinta de Serzedas" onde teria residido uma minha antepassada em meados do séc. XVIII. De seu nome Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponde de Leão de Mendanha. A minha ligação a esta família é através do Sulpício José Pimentel de Almeida. Herdeiro da família dos Pimentéis, de Santo Varão, quando casou vendeu tudo o que tinha aqui e foi viver para essa quinta ."

Origem do topónimo Sarzedas segundo a Wikipédia
Provêm do latim saliceta, "salgueirais" com variantes; Salzeda, Sarzedas, Sarzedela, Sarzedelo etc.  
                                 
Ao primeiro impacto  alvirei Sarzeda
Procurei saber com a D. Helena, e o primo Adolfo Monteiro, ali nascidos e criados, só me falaram da família dos "Caixeiros", e da existência de um grande poço. Num sábado, no mercado, encontrei a Gracinda, a Augusta e a Lucília, manas do saudoso Porfírio Monteiro, e quando as questiono,  irrompe em prontidão a Gracinda " só se for onde é o lagar velho na quinta". Agradeço a descrição da ruína que a coligi nas memórias paroquiais “ o lagar e fazendas tinham contributo na manutenção da sua capela particular, na matriz de Ansião, com 14 Missas anuais. Em 1769 o seu administrador era Gaspar Godinho da Silva e Sequeira. Capela na matriz, hoje afeta ao coro, com imagens em reservas: Santo André, S. Roque e NSÓ, em crer, vindas do Morgado de Sto. Varão, em Montemor o Velho onde está atestado na toponímia o Santo André e a NSÓ, orago da igreja do castelo . 

O « Lugar da Sarzeda pertencia então cumulativamente à freguesia de Pousaflores e à de Almoster, pelo que não aparece referenciada nas Memórias Paroquiais Setecentistas do concelho de Ansião, nomeadamente da instituição da sua capela em honra de Nossa Senhora da Esperança»

A formação do palco da Quinta das Sarzedas?

Arquivo do Convento de Celas, em Coimbra 
Coligi a doação da propriedade  doada ao mosteiro,  no excerto de 1591 « N. S.ra da Esperança, Prazo em três vidas de hum oliual, que tinha duas ametades, huã deste mosteiro de Celas, outra de Dona Vrsula de Mello, da ametade do mosteiro se pagaum quatro alqueires e da de D. Vrsula sinco. Se o mosteiro de Celas herdasse a sua parte, e assy vem a ser noue alqueires, e o oliual que está alem de N. S. da Esperança aonde se chama as Courellas, parte com oliual de Suõ Bertholameu: naquelle sitio se faz o mosteiro de S.ta Clara, he necessário saber se occupaõ este oliual.»

A freguesia de Almoster e Pousaflores,  do bispado de Coimbra, era do Mosteiro da Vacariça 
Dona Ursula de Mello apelido Mello em 1591, foi vivo em Abiul e em Ansião , na centuria de 600. 
O apelido Coutinho, ou vindo de Almoster, ou do Couto de Alvaiázere, aparece em Ansião no Mestre Jesuíta Dr. António dos Santos Coutinho, e no séc. XIX com Gonçalves Coutinho.
Prof Carlos Reis, viveu no Pessegueiro, no Casal Novo. Em Almoster o apelido Coutinho, e Reis encontra-se em campas no cemitério.

O Prazo foi uma grande propriedade com início em S. Bartolomeu, ao Pereiro, Pousaflores, então dividida em duas metades de olival . Uma já do mosteiro de Celas, e outra de D. Ursula de Melo, que a veio a doar ao Mosteiro, onde a sua filha era freira , com as courelas até ao Nabão, a entestar com o Mosteiro de Santa Clara, onde houve ação moageira, de que ainda resiste um moinho de água com duas entradas para os rodízios. Ao limite norte, no Marquinho, no Serrado das Freiras – topónimo ganho do tempo que foi desse Convento , bem atestado na toponímia.

A Quinta das Sarzedas 

Plantada no corredor romano/medieval, a poente da Escarramoa, à sombra da Fonte das Cavadas, antes fora Fonte de Mergulho, guarda o testemunho da secular glicínia  de cachos roxos ou cachos da Índia, no meu tempo de miúda só existiam  assim com troncos grossos na que foi a estalagem da Ti Maria da Torre no Bairro de Santo António, sacrificada com o alargamento da estrada depois do 25 de abril, outra a ornar a escadaria do primeiro hospital da Misericórdia, na vila, destruída com a construção da CGD, e a que ainda existe como esta no jardim da casa de herdeiros do Dr. Adriano Rego ao Fundo da Rua.

Quantos viandantes aqui saciaram a sede e se acoitaram da sua sombra...
Um tanque de água
Uma tradição na região de Sicó. 
Este por acaso é em tijolo que se encontra uns metros acima na estrada nova, mas existe outro tanque junto da fonte em pedra como manda a tradição que não registei em foto porque lhe puseram uma rede em frente por segurança.
Várzea da Quinta das Sarzedas

Apresenta-se em maioria de courelas em pousio com canavial infestante... e, casario disperso a contornar a várzea da quinta  das Sarzedas a jeito de ferradura com o Suímo a norte. 

Courelas onde ainda há  vinha e hortas e um poço antigo em pedra com o pilar do balanço
A casa de um padre?
Um barracão onde ainda se distingue uma parede antiga e o que resta de outra que se desmoronou, sendo no tempo acrescentado, foi a casa de um padre, mas dele nada sei, segundo me confidenciou o António Freire, vizinho da minha mãe que nasceu nas Cavadas.
O poço de chafurdo
Azar, cheguei atarsada um mes, tinha acabado de ser requalificado... com manilhas...

                                 

Uma pedra! O que pode revelar? Um marco territorial?! 

Nas Memórias Paroquiais de 1758  «  o Lugar das Sarzedas e a parte de São Satornino (Albarrol), e o da Barreyra freguesia de Almoster».
Dizem que logo à frente na casa que foi de um barbeiro existe um marco.

 
Lagar
Vista nascente  do lagar velho desmoronada parcialmente 


Sobrevive na frontaria um frondoso carvalho com um pé de grande diâmetro e duas valentes pernadas com séculos. Quantas histórias com estória, assistiu dos que por  aqui passaram...
              
Entrada do lagar a sul onde se encontram ainda duas pedras de fuso.Uma visível e a outra semi escondida pela laje à esquerda.
 
  
 
O que realmente me motivou a entrar aqui por este corredor de porta aberta?
Avistei um tronco da estrada a julgar ter sido em madeira e se teria feito parte do lagar
O mote para entrar na propriedade. Afinal um tronco secular de hera, que ainda resiste a norte do lagar, cuja terra fofa enterrei os chinelos...com  metade da prensa  em pedra partida ao meio  e outras pedras.
A grande pedra circular lagareira, com bico, partida, evidencia ter sido romana ou do legado Al-Andaluz,  devia ser preservada em Museu!
Outra pedra com buraco no terreno...
Ao proprietário peço desculpa de ter invadido a sua propriedade particular, no intuito de registar memórias do passado da que foi a Quinta de Sarzedas.
Parede a norte em adobe e barro com calhaus rolados encastrados em filas de telhos cerâmicos 
Aventa do legado Al-Andalus, por outras existirem ao longo do Nabão. 
Verifica-se a reutilização do Lagar, com esta parede,  parte em pedra e outra em tijolos de cimento. 

A mesma técnica só que a contornar os adobes, na Pombaria, Alvaiázere,  foto tirada pelo Dr. João Pedro Santos
 Outra vista com a parede poente do lagar velho  em pedra, adobe e a tijolos de cimento...
 Vista sobre a várzea para norte
Entroncamento da Rua da Carapota com a estrada desfrutando da várzea

Origem do topónimo Carapota

Palavra com origem no dialeto mirandês significa a ponta de cima;cume!
Para quem gosta de aprofundar o conhecimento em discernir a importância que a toponímia deve merecer, vamos falar da Rua da Carapota . 
A rua vem de sul,  onde foram as casas nobres da Quinta das Sarzedas, tinha defronte a ermida e entroncava na via romana/medieval. Veremos mais à frente, que na centuria de 700, aqui viveram familias do Porto, e pelo excerto seguinte percebemos onde se fudamenta a origem do toponimo Carapota. Fundada nos ideais socialistas, cujos valores se exaltaram para melhorias do povo. 
O sofrimento das gentes que viveram e lutaram em Ilhas, no Porto, com teares em casa para os patrões não os terem nas fabricas para pagarem menos impostos. 
As crianças ajudavam, porque não haviam ordenados, eram pagos à peça. 
Até, que em finais do século XIX operários letrados começaram a ler Piotr Kropotkin, o revolucionário pensador político, que falava das minorias que viviam e trabalhavam em condições sub humanas para ganhar o pão para comer. Valores que transmitiam a outros colegas analfabetos e se espalhou.
Grande adesão ao conhecimento da evolução socialista, numa dessas Ilhas o apelido Kropotkin acabou fidelizado em carapota e no plural Carapotas. O topónimo é disso demonstrativo.

Ruina da primitiva casa da Quinta das Sarzedas na Carapota

A casa da quinta está de facto a um nivel mais alto a par a planura da sua várzea

                           

Teria tido brasão...

A sul das Cavadas há uma casa que tem na frontaria uma pedra esculpida que dizem veio desta quinta, teria feito parte do brazão? Bom, não falei com os donos. Na minha opnião a casa foi feita após a abertura da estrada, no inicio do séc. XX. E quem a fez tenha ido ao Brasil e regressado com dinheiro para a fazer alta de sobrado e ornado com a pedra.

                            

Em Alvaiázere encontrei esta pedra esculpida com a data 1901, com petalas a jus de coração como a rosa em baixo apresenta, quiça é de origem da casa por altura da estrada nova e não vinda da casa da quinta...

Capela de Nossa Senhora da Boa Esperança
Confidenciou-me a minha querida mãe que aqui veio à festa comigo ainda bebe de colo onde perdi um sapatinho, e o meu pai ao reparar lhe infringiu culpa com uma bofetada... em tempo que os homens mal, pouco ou nada respeitavam as mulheres...episódio que facilmente a minha mãe esqueceu até que anos mais tarde uma moradora daqui nos correios a voltou a recordar...
Fotos retiradas da Página do Facebook
Imagem na foto em pedra  no nicho  primitivo da ermida
Localizei na  internet a Imagem  de NSEsperança, com o Menino, no nicho de pedra do seu altar . 
Uma filha do Sr. Abílio Rodrigues, informou-me que a antiga capela era defronte da casa da quinta, mais pequena, que nos finais do séc. XX, foi demolida e feita uma capela nova maior, favorecendo o adro para a festa. Na altura as pedras do altar foram deixadas no tardoz da nova capela. Há anos, um padre ao olhá-las, perguntou de onde tinham vindo, sendo respondido que eram da capela antiga e, logo as mandou  recolocar e bem, no altar .
A norte das casas da quinta das Sarzedas , casario mais recente do último proprietário
Augusto da capela" de apelido "Freire" 
Ao que parece deixou os bens ao Sr. Manuel Diogo de Albarrol e ao Sr. Leopoldino, o que me disseram e à família dos "Caixeiros" ...

Lado  norte entre as janelas com um encaixe em foram de duas meias luas para entrada de ar
A reportar para simbologia judaica.
Fecha o adro no entroncamento
Vista do adro sobre a várzea cultivada de milho e casario a norte no Suímo

Casario em ruína da família com alcunha"Pirões"

alcunha "Pirões" tenha sido supostamente trazida por ascendentes emigrados em finais do séc. XIX a S. Tomé e Príncipe, como capatazes nas rossas de café, oriundos do Casal de S.Brás e Fonte Galega em Ansião, que um deles aqui se fidelizou. Emigrantes  a ganho da alcunha deturpada de "pirão" alusivo ao pilão, usado para bater a mandioca. A família que conheço com apelido "Rodrigues" do Casal de S. Brás, o teria vindo a juntar ao seu apelido por ser muito usual ao tempo, e assim se distinguir dos demais acrescentou " Tomé" (alusivo à ilha onde emigrou) mas não o viria a dar a todos os filhos. Um deles por não gostar da alcunha,  não sei as razões, veio a dar aos filhos o apelido da mulher "Moreira".

Aqui na Carapota tenha regressado com dinheiro para construir uma boa casa

Graças a uma velhota de 95 anos, cujo nome me esqueci, mas recordo o apelido "Pires" nascida na Fonte Galega veio viver para as Cavadas com 10 anos, não perguntei se veio servir ou por outra razão. Confirmou o lagar velho e a quinta que foi de gente do Casal Soeiro e Ameixeira da família dos "Serras". Falou-me ainda do ribeiro que rebenta com as primeiras águas de inverno no Vale do Bicho e toma o nome Boucha, desaguando no Nabão, percorrendo a várzea do que foi a quinta das Sarzedas e ainda me falou que as tais ruínas depois do lagar ao alto era casa dos "Pirões".
 
 
Genealogia da Quinta das Sarzedas

Renato Freire da Paz
A propósito dos Mendanha, Pedro e Francisco de Mendanha vieram fixar-se em Portugal após a batalha de Toro. O cronista Rui de Pina a propósito deste Pedro que era Alcaide de Castro Nuno, em cujo castelo D. Afonso V o marido da também apelidada Beltraneja, sua esposa rainha D. Joana de Transtâmara, se veio a acolher depois da dita batalha. Este nosso rei comulou-o de Mercês e passou a viver no Porto e daí, finais do séc. XV saiu a descendência dos Mendanha portugueses. 
A Ana Mendanha, com quinta em Ansião finais do séc. XVI era uma das descendentes.
O Dr . Filipe Pinheiro de Campos tem na sua BD Ana de Mendanha cc Martim de Covilhã salvo erro em Vila Nova de Anços, e com uma filha Isabel de Mendanha.
De facto vieo depois para Ansião, para a quinta da Boavista, ao Senhor do Bonfim, outra familia que tinha parentesco com esta e depois se ramificou à Quinta dos Sequeiras na Ribeiar do Açor.

Dois registos partilha de Renato Freire da Paz em abril de 2021 na ermida da Quinta das Sarzedas 

“No dia 26 de fevereiro de 1595 na ermida de NSEsperança baptizei Manuel, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha na sua quinta abaixo de Ansião. Padrinhos Leão de Barros da quinta da Guarda e Maria de Abreu filha de Joana de Abreu de Ansião.” 

Aos 14 do dito mês de maio da dita era de 1600. Batizei de minha licença Francisco, filho de Jácome de Sequeira e de sua mulher Isabel de Mendanha da quinta do lagar abaixo de Ansião.
Padrinhos Francisco da Costa, da Lousã e Helena de Presença mulher de Manuel Álvares do dito Ansião 
Cortesia de Henrique Dias
Registo de batismo de Joana escrava do Capitão Gaspar Godinho
Aos dezanove de Outubro de mil setecentos e trinta e seis, digo em o primeiro de Novembro de mil setecentos e trinta e seis, Batizei a Joana preta escrava do Capitão-mor Gaspar Godinho dos Reis desta Vila (Ansião). Foram Padrinhos o Reverendo Padre Henrique Godinho desta Vila e Antónia Pereira da Sarzedela de que fiz este assento,D. Jerónimo da Encarnação.
 
Cortesia Henrique Dias 9.4.2021
Registo de óbito localizado por Renato Freire da Paz
Aos 17 de maio de 1606 faleceu Ana de Mendanha foi enterrada na capela da sua quinta presente mês e ano"
Localizei o registo de óbito de Maria Ponces
Aos 19 de junho de 1669 faleceu Maria Ponces e foi enterrada na Ermida da sua quinta 
O pomposo nome da nobre Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponce de Leão de Mendanha, nascida na Quinta de Sarzedas, em 1738, avoenga do Dr. Américo Oliveira, quem me pediu ajuda para localizar o palco da quinta das Sarzedas, e dedico a crónica. Com ajuda de Henrique Dias, a elaboração da árvore genealógica, pese disponivel na internet  . 
Filha de Gaspar Godinho de Nisa e Reis, Capitão-mor de Ansião e de Josefa Silva e Sequeira Ponce Leão e Mendanha. 
Casou com Suplício José Pimentel de Almeida, herdeiro da família dos Pimentéis, de Santo Varão, Montemor-o-Velho. Vendeu o seu património e veio para a quinta das Sarzedas. 
Era familiar o Santo Ofício por carta de 6 de julho de 1755. 
Filho único de António Pimentel Raposo e de sua mulher D. Luísa Coelho Pimentel, administradora do Morgado da capela e NS da Tocha em Santo Varão. 
Tiveram vários filhos; José, António, João da Silva e Sequeira e, a D. Perpétua Máxima Silva e Sequeira Ponce de Leão e Mendanha nascida em 1768. Casou no Porto, em 1764, com António Pereira de Almeida Sequeira, Lente da Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra, e Desembargador da Relação, falecido a 23 Janeiro 1828. Tiveram um filho, Fiel Pereira de Almeida, batizado em Coimbra em 1805, onde tirou o 4º e Grau de Bacharel em 19.06.1826. Viveu na terra do pai, o Porto, com a mãe viúva, com abandono da quinta das Sarzedas, faleceu a 22.9.1846.

Excerto do I Congresso de Historia da Alta Estremadura do Dr. José Pedro Bernardes , Indígenas a Romanos, os Suplícios de Leiria 
O nome Suplício aparece  numa inscrição funerária encastrada numa das torres do castelo de Porto de Mós  onde se homenageia um tal Caio Sulpício Pélio, filho de Céltio...parecem outros Sulpícios na região, quer pertencendo ao território de Collippo, quer ao território vizinho de Conimbriga onde por vezes aparecem, tal como Pélio, com cognome indígena(...). Certo é que, no século II, os Sulpícios, aliados aos Cláudios, já são uma das mais influentes famílias da região, ocupando magistraturas na cidade de Collippo. 

A curiosidade do nome Suplício pode derivar de Itália de Nápoles do Beato Núncio Sulprício. 

Assinatura de Suplício José Pimentel por Filipe de Campos Pinheiro
Cortesia do Dr. Américo Oliveira 
Os Mendanhas
Suplício José Pimentel 
Natural de Santo Varão, filho único de António Pimentel Raposo e de sua mulher D. Luísa Coelho Pimentel, administradora do Morgado da Capela da Sra. da Tocha, pertence ainda hoje à casa de Maiorca.
Ele casou D. Josefa da Silva e Sequeira Ponce Leão e Medanha

A última moradora na Quinta de Sarzedas?
A nobre Mariana Josefa teria sido a última moradora na Quinta das Sarzedas em virtude da filha Perpétua Máxima ter casado em 1764 com o Desembargador da Relação António Pereira de Almeida Sequeiro, e o seu filho Fiel Pereira Almeida  foi batizado em Coimbra, onde veio a tirar o curso de Direito . Encontrei a sua inscrição na Faculdade de Direito de Coimbra a Matrícula de Fiel Pereira Almeida: 08.10.1822 Exames: 3º: 09.06.1825, Aprovado , Atos nº 15, fl. 5 4º e Grau de Bacharel: 19.06.1826. Estabeleceu-se  na terra do pai, o Porto, na companhia da sua mãe viúva 

Ascendência da nobre Mariana Josefa enviado por Henrique Dias
A partir do seu bisavô Luís da Silva e Sequeira nascido em 1637 e Ana Feo, 1657, de Coimbra
Grafico de Henrique Dias 

Ainda existem em Ansião os apelidos "Godinho e Reis".

Cortesia da Dra. Ana Ferreira

Registo de casamento dos pais de Mariana Josefa Pimentel de Almeida da Silva e Sequeira Ponde de Leão de Mendanha
 Cortesia da Dra.  Ana Ferreira 
Registo de casamento de José da Silva e Sequeira e Maria Josefa Henriques
Cortesia da Dra.  Ana Ferreira 
Casamento de Luís da Silva e Sequeira com Ana Feio

Alvará dos foros de escudeiro - fidalgo e cavaleiro-fidalgo de Henrique Ponce de Leão
Cortesia do Dr. Américo Oliveira

O apelido Ponce prevaleceu no Canto na vila de Ansião nos finais do séc. XIX, pobres, assistidos pela Mesericórdia de Ansião.

Porta aberta à investigação  genealógica  sobre o  Senhorio da Vila de Sarzedas, em Castelo Branco que a meu ver tem um ramo na Quinta de Sarzedas

A chave da Casa de Sarzedas?

Cortesia do Dr. Américo Oliveira em fevereiro de 2021 do livro «Mendanhas do Campo de Coimbra , de José de Lima, Oficinas da «Atlântida», Montemor-o-Velho, 1942, p. 38 
(...) Pêro de Covilhã e a sua descendência de José de Lima, Tipografia Porto Médico, Porto, 1954 p. 42.
O 1º Senhor da vila de Sarzeda 
Foi Fernão da Silveira , filho de Nuno Martins da Silveira e de sua mulher Leonor Gonçalves Abreu, neta materna de um inglês. (…) como Embaixador a Castela e, pelos serviços que prestou, ao Rei João II que lhe deu os Senhorios das vilas; Sarzedas, Sobreira Formosa e de Ansião, segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e brasileira). Ora Ansião, somente é conhecida a doação a D. Luís de Menezes nos meados da centúria de 600.

O 1º  Conde da vila de Sarzedas
Foi D. Rodrigo Lobo da Silveira por mercê do rei D. Filipe III de Portugal! 

O último Senhor de Ansião e da Casa de Sarzeda
«D. Luís Eusébio Maria de Menezes Silveira nasceu em 1780, embora casado não teve descendência, à sua morte extinguiram-se os títulos; 4º Marquês do Louriçal; 8º Conde de Ericeira; 6º Senhor de Ansião ; 11º Senhor do Prazo de Louriçal; Sr. do Morgado da Anunciada, e dos da Casa de Sarzeda que passaram a ser representados pelos Condes de Lumiares, herdeiros da sua Casa.»
Primeiro Conde de Lumiares -Titulo criado por D. José a favor de Carlos Carneiro de Sousa e Faro.

O 1º Marquês do Louriçal D. Luís Carlos Inácio Xavier de Menezes
Nascido em 1689, faleceu em 1742 sem deixar descendência. Pelo que não se prevendo tão cedo a sua morte e ainda menos que não deixasse descendência ,o seu irmão D. Henrique de Menezes que tinha seguido a vida eclesiástica , cargo que renunciou, quando herdou os cargos nobiliárquicos de seu irmão, pedindo dispensa para se casar com a sobrinha e assegurar a legitima sucessão da sua importante e rica Casa Senhorial como 3º Marquês de Louriçal, 7º Conde de Ericeira, 5º Senhor de Ansião, 11º Senhor de Louriçal, Senhor do Morgado de Anunciada e dos da Casa de Sarzedas (Silveiras), e de todos os demais Vínculos e Comendas da sua Casa.»

Com ligação aos Ponce de Leão e Mendanha com descendência de um ramo ainda vivo em Ferreira do Zêzere. 

Partilha do Dr. Paulo Alcobia 
" Em 1721, era Condessa de Sarzedas, D. Teresa Marcelina da Silveira, mulher de António Luís de Távora. 
O livro dos Mendanhas, refere  Francisco Ponce de Leão e Mendanha,  mas creio que não desenvolve a sua descendência, talvez por o autor desconhecer o paradeiro deste.
Sucede que o dito Francisco, casou em Paio Mendes onde teve geração que chegou, pelo menos, ao século XX de acordo com algumas suas pesquisas.
O Dr. António Baião, não fez referencia a esta família no seu capítulo dedicado às famílias do concelho. 

Há imenso trabalho genealógico por fazer para entroncar ramos familiares de Ansião com os concelhos limitrofes.

A família nobre espanhola Ponce Leão, aportou como foreira  pela Casa de Sarzeda ou pelo Duque de Aveiro?

Após a queda dos Távora, os seus bens transitaram para a Coroa, e o Marquês de Pombal ficou com alguns. Caído em desgraça, no reinado de D. Maria I, vende à Casa de Pereira, gerida por dois manos, nascidos no Brasil, de pai português, enriquecido com engenhos de açúcar. A sua morada de família é o atual palácio Sottomayor, em Condeixa. Eram familiares dos Carneiro Figueiredo, com solar na Ladeia, no Alvorge. Os manos eram afetuosos, com troca diária de correspondência levada por mensageiros de Lisboa, para Coimbra, e vice-versa. Sobre o quotidiano e o bulício das quintas e dos seus negócios.

Coligi no arquivo da Univ. de Coimbra, várias cartas

Excerto da carta nº 6 de 14.10. 1775, de João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, desembargador da Casa da Suplicação no tempo do Marquês de Pombal, em Lisboa e o mano D. Francisco de Lemos Faria Pereira Coutinho Reitor da Universidade e Governador do Bispado de Coimbra, o 52.º Bispo de Coimbra e 17.º Conde de Arganil (...) «Mano muito do meu coração (...)A Sra. D. Teodora Higina Arnaut de Rivo, avó da mulher de João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho me deu uma carta para por ella mandar eu tomar posse da quinta das Sarzedas, e de todos os foros de trigo, que a caza de Pereira tem, em Ancião, como taobem do azeite que lá tem (...) tomo o acordo de vos mandar essa folha com o meu nome escrito para que nella mandeis escrever hum alvará de procuração necessária para aquella pessoa, que vos parecer capaz de ser mandada logo a Ancião, para ahi tomar posse da dita quinta das Sarzedas, e de todos os foros, olivaes, e mais bens, que ali há pertencentes à caza de Pereira. Deve-se cobrar os foros de trigo vencidos,e os atrazados, que se deverem. Deve-se mandar fazer o azeite; para o que se devem por escritos para se arrendarem a quem por eles mais oferecer, sendo sempre afrontado (?) um homem chamado Manoel Ferreira que mora no dito lugar, o qual disse que daria oitenta alqueires não havendo quem mais dê. Pelo lagar, que ahi há, parece que dão (?) 20. Quem há-de dar notícias disso hé o Manoel Ferreira. O que correu até agora com isso hé hum Vital António, que ahi há no mesmo lugar; o qual hé quem há-de fazer a entrega das chaves da[s] cazas da quinta, que estão quaze perdidas pelo total dezamparo em que isso está. Elle há-de declarar os que pagaõ foros, etc., e deve-se lhe pedir o que deverem, abatendo os anos de que tiverem recibo. Hé necessário que me façais o favor de despedir logo para Ancião a pessoa que encarregares do referido, porque a azeitona veyo mais cedo este anno, e se se não lhe acode, logo, perde-se e esta hé a razão, porque escrevo já e com esta pressa. Creyo esses bens todos poderão render 20 ou 25 moedas conforme os anos(...) A Deus. Irmão muito amante do coração Azeredo Coutinho »

Retira-se da carta que a   quinta de Sarzedas foi pertença da Casa de Pereira, cuja administradora naquela altura era a Srª D. Teodora Higina Arnault de Rivo
Excerto (...) Em 14 de outubro de 1775 a Sra. D. Teodora tão bem está já reduzida a entregar-me a administração de toda a caza de Pereira com a obrigação porém de acomodar-lhe o sobrinho como tio de minha mulher, no que convenho, e lucro muito». «A respeito do arrendamento da quinta, que por si só hé couza de muito pouco rendimento, e do lagar, hé necessário vêr cá os arrendamentos feitos pela Sra. D. Teodora a Vital António que me parece ainda não estão acabados neste anno, posto que ainda faltando algum se lhe pode tirar por ter deixado cahir parte das cazas da quinta, e nellas não ter rezidido.» «A Sra. D. Teodora está de ânimo de me entregar toda a caza de Pereira, e todo o obstáculo que tem havido até agora hé o de não querer que fique dezacomodado o sobrinho, no que tem razão, e eu tenho tomado a rezolução de prover a isso inteiramente muito a seu contento, até que possa haver providência que seja para mim de mais alívio. A dita Sra. não quer, que meu sogro administre, nem ponha administrador em Ancião, nem em Pereira. Pelo que para mais a contentar lhe tenho segurado, que o administrador há-de ser posto por vosso mandado, e na certeza de que assim se há-de executar hide lançando as linhas a quem há-de ser, porque pelo Amaral espero mandar as ordens necessárias para a entrega de toda a caza. Todas as terras do Campo, e Monte, se devem arrendar. A quinta deve-se conservar em administração por conta da caza para se não perder; mas o administrador ou feitor, deve ser hum homem de botas, que trabalhe, para o que não faltaõ capazes; e sobretudo hum inspector que vigie sobre elle, e veja de quando, em quando, o que elle faz.» « Na carta nº 46 dos irmãos Coutinho, da Caza de Pereira e a quinta das Sarzedas, falam da quinta de João Pedro Pimentel desse lugar de Fermozelhe.»  
 
A Caza de Pereira
«(...)Com bens em Ansião,  e solar de família em Condeixa a Nova, no morgadio de Nossa Senhora da Piedade instituído em 1732, por José Rodrigues Ramalho e sua mulher D. Úrsula de Oliveira Cataná. Propriedade da família Ramalho, depois dos Lemos e, por fim, dos Sotto Maior, o nome pelo qual o palacio hoje é conhecido. A capela primitiva e a casa existente nesta época foram objeto de profundas remodelações, tendo sido edificado um novo templo em 1737, que corresponde ao que hoje conhecemos. As primeiras campanhas de remodelação do palácio remontam, muito possivelmente, a este período, devendo-se a intervenção mais significativa, responsável pela ampliação do imóvel, à iniciativa do bispo-conde D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, herdeiro da casa através do casamento do seu irmão com a filha dos instituidores do morgadio (Correia;Gonçalves 1993).»

Registo bibliográfico de ilustres, no concelho de Ansião
A palmarés salvaguardar memórias para os vindouros. Espólio do lagar; duas pedras de senfim, pedra lagareira partida, parede árabe de adobe com telhos, e pedra decorativa numa casa a sul das Cavadas, presume vinda da quinta, quiçá do brasão? Em total ruína o casario da quinta. A calçada do adro deve abraçar moldura à memória sepulcral da família Ponce Leão! 
 
O meu olhar a mais uma descoberta!
Só os cabelos continuam brancos já se foi a blusa e os óculos...
FONTES
Carta Militar da década de 1984 e de 40
https://archive.org/stream/mosteirodecelasi00bern/mosteirodecelasi00bern_djvu.txt
Mensagem, livro e informação sobre Mendanhas do Dr. Américo Oliveira 
Livro de Alberto Pimental
https://geneall.net/pt/forum/165903/abiul-pombal-andre-da-silva-ou-sousa-coutinho/
Livro Notícias e Memórias Paroquiais de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
Esquema da árvore genealógica da nobre facultada por Henrique Dias
Cortesia Renato Freire da Paz com 3 registos
I Congresso de Historia da Alta Estremadura

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A Serra de Pousaflores é a Serra dos Carrascos, em Ansião

Pousaflores, entesta a poente com a Serra de Ariques,  pertença de Almoster, do concelho de Alvaiázere.

Dada a posição estrategica de Ansião e Alvaiazere, no centro de Portugal, onde foi assente a espinha dorsal de carreteiros da proto-história  de N/S ,  do castro da Idade do Bronze de Conímbriga, o do Germanelo, o de Ateanha, o do Castelo, na Torre de Vale de Todos, o Castelo da Serra do Mouro (devia ser da Serra dos Carrascos) , o do Castelo de Pousaflores , o da Marzugueira, o da serra de Alvaiazere, entre demais em Ferreira do Zezere, Vale Rodrigo, Calvinos, Ourém , Tomar, etc. 

Na centúria de 700, a Serra de Pousaflores é descrita nas Memórias Paroquiais por Branca (pela imensidão de calcário). 

A origem do topónimo da aldeia da Portela

O topónimo prende-se  com entrada para a serra, à laia Porta e Portelinho.
Antes da extinção das Ordens Religiosas em 1834, Pousaflores, cuja aldeia da Portela faz parte, pertencia ao Mosteiro do Lorvão.
Já a Venda do Negro e Pousaflores, pertenciam a Penela.
Após a instauração da Comarca de Ansião em 1875, assumiu das antigas Cinco Vilas; Pousaflores, Chão de Couce e Avelar . 
Em crer, a partir dos meados da centúria de 700, um foreiro do senhorio do Mosteiro do Lorvão, começou a desbravar matos maninhos entre a serra de Ariques e a Venda do Negro, fixando-se na Portela, no rebordo da serra, em local estratégico, com vista deslumbrante, sobranceiro ao vale do Talegre, para se fixar , atestando a sua morada com estela de pedra "Casa da Portela 1756"

Estela 

                          

A estela retrata que eram cristãos novos com a data encravada entre Cruzes. A que se seguiram outros pelo costado e na vertente do Outeiro e vale do Talegre, formando no tempo duas aldeias com o mesmo topónimo que para se diferenciar passaram a ser chamadas: Portela de Cima e Portela de Baixo. Mais tarde foram fidelizadas ao orago das suas capelas; Portela de S. Lourenço e Portela de S. Caetano.

O topónimo  Cabeça da Ovelha

A história retrata o primeiro conhecimento da Serra de Pousaflores no Foral de Penela de 1137. 
Cujo limite a sul era a Cabazan de Ovelia; cabeça de ovelha, corresponde ao desnível sul da Serra de Pousaflores, com outro ainda mais baixo, o miradouro, que no passado ficou conhecido pelo Monte da Ovelha, e a cabeça, o ponto mais alto, com 612 metros, foi denominado pelos moleiros Serra da Portela, o nome da aldeia que abriu caminho para o ponto mais alto, para a arte da moenga.
Em 2022, no âmbito de Territórios de Pedra, o topónimo antigo, Monte da Ovelha foi agraciado com uma bela escultura com ovelhas, em sua homenagem. E mais duas a norte.

O topónimo Anjo da Guarda
O topónimo mais recente nas serras de Ansião !
Sita a nascente da serra de Pousaflores, na sua parte mais baixa,  corresponde ao focinho do animal, fidelizada no tempo por  Monte da Ovelha. Serviu de pastorícia, às  populações das Portelas. Nos anos 50, do séc. XX onde foi feita uma capela ao orago Anjo da Guarda. O povo a partir daí a batizou Serra do Anjo da Guarda. Romarias à Capela Divindade cristã muito venerada pelo povo de Pousaflores. Bem me lembro da minha avó Maria da Luz Ferreira, da Mouta Redonda,  nos anos 60, do séc. XX, todas as noites lhe endereçar reza pedindo proteção e abertura de bons caminhos.

Mas,

Só aparece pela primeira vez na carta militar de 1984,  no local da Capela e, também na Carta de de 2004,  acrescido da designação "Miradouro do Anjo da Guarda".

O local recebeu outras infraestruturas  ao longo dos tempos; Casa de apoio aos Caçadores,  Ciclo do Pão e um bom Parque de Merendas, oferecendo  excecional miradouro a Pousaflores.

O topónimo do vértice geodésico - o mais antigo menciona "Moura" 
Por certo a referencia à Cova da Moura, um abrigo natural usado desde sempre pelo homem e, mouros e por ultimo por pastores como ao Buraco do Lobo. 

O topónimo Serra de Ucha
O costado  nascente da Serra de Pousaflores toma o nome de Serra de Ucha topónimo vindo com povoadores da Galiza , (sinonimo de queimada de mato em chão de pousio), foi palco de 3 moinhos de vento,  beija e protege Lisboinha  e a sua fórnia beija o Vale Garcia. 

O topónimo  Serra dos Carrascos

Os nascidos na Mouta Redonda, em Pousaflores, ainda chamam à serra de Pousaflores, a Serra dos Carrascos. Recordo em miúda de ouvir falar do "Ti Mateus", avô do meu marido, ter vindo à Serra dos Carrascos com o seu burro buscar lajes para se lavar a roupa no ribeiro da Nexebra.

O topónimo Serra dos Carrascos aparece referido na Topografia Médica das Cinco Vilas e Arega de António Augusto Costa Simões de 1848; “A Serra dos Carrascos que dá assento a grande parte do que foi o concelho de Chão de Couce, estende-se a muita distância, dum e doutro lado, na direção de norte a sul”.  Nos finais do séc. XIX  aparece na menção de um achado - um machado de bronze que foi dado a conhecer pelo arqueólogo Dr. Santos Rocha  da Figueira da Foz ( no castro do Castelo da Serra dos Carrascos e não Serra do Mouro, como veio a ser classificado).

O arqueólogo Dr. Santos Rocha , quem deu o nome ao Museu da Figueira da Foz.

Mas, 

Serra dos Carrascos, é topónimo perdido nas Cartas Militares no Século XX.  
Por falta de zelo à tradição da verdade creditícia aliado ao desinteresse e má transmissão de quem foi auscultado.  

OMapas e Cartas Militares dos anos 1940, 1947, 1984 e 2004
Referem o topónimo Serra da Portela, com perca aos topónimos: Serra de Pousaflores e Serra dos Carrascos.
Topógrafos militares sem valia aos valores creditícios no respeito à tradição, na má auscultação da voz do povo, analfabeto, e sem dentes, num linguarejar dificil de se perceber deu azo a erros e omissões.
Não fizeram serviço público a honrar os  valores herdados contribuindo com erros e neste caso, deu exclusividade ao topónimo: Serra da Portela, que é o nome da aldeia. 

A jus erros e omissões, nos mapas e cartas militares em Ansião
Nabos, em vez de Netos; Moinho das Velhas, sendo Moinho das Moutas (velhas, eram as donas dos moinhos, referidas pelo povo, já Moutas, era o apelido delas). 
Duas notas reveladoras da falta de cuidado ao que se ouve, sem dissecar, num tempo de analfabetismo, com aprendizado errado , a exemplo Jã Galega quando é Chã Galega. 
                               
Perdido nos Mapas e Cartas Militares o topónimo Serra dos Carrascos
A menção Serra da Portela, viria a ser atestada na Tese de Mestrado de João Forte de 2008 "O Património Geomorfológico estrutural territorial de Alvaiázere ". Na abordagem geomorfologica de Alvaiázere, a que juntou a Serra do Casal Soeiro e  da Ameixieira.

A Serra de Pousaflores é formada por outras com topónimos diferenciados
O facto do topónimo Serra dos Carrascos ter sido substituido por Serra da Portela, veio a influenciar negativamente a cultura de Ansião, que a publicita ao País e ao mundo pelo todo, quando é só uma parte, o ponto mais alto,  onde se praticou a industria moageira. Se o autor tivesse feito investigação teria enxergado a menção do achado no séc. XIX na Serra dos Carrascos, como a origem do topónimo Serra da Portela, nascido à volta de 180 anos, pela introdução da moenga a vento.
Reindivica a par de outras Teses de Mestrado em jovens, sem a universidade da vida, nem o conhecimento total do chão que se propoem estudar, salta à vista omissões e lacunas graves.

A exemplo o autor verificou a existencia de poços de pedra com escada, medievais...sem indagar a razão da escada...desde criança quis  saber a razão de um assim no quintal dos meus pais. Demorei 55 anos para perceber a razão de ser diferente aos demais redondos, em que só mudava o diametro. E sim, fui pioneira a dar conhecimento de poços de chafurdo e fontes de mergulho, com origem romana, e alguns podem ser até da proto-historia, outros continuados pelo legado Al-Andaluz.

A sua tese à geomorfologia de Alvaiázere, ao não conhecer não associou, a poente de Ferreira do Zezere, em Avecasta, a megalapiás da Pena Furada (relevo sem evidência nos vários tipos, a meu ver túnel) e o canhão fluviocársico da Fonte do Lodo,  como em Santiago da Guarda, Ansião, as megalapiás de relevo peduncular que batizei "par de cogumelos" a jus, sem aflorar as mitícas Portas de Alvaiázere, em forma de torre, fazem parte do meu imaginário de criança, quando as conheci e associava a westerns, nos anos 60, do séc. XX ... Como não referiu o nome do Vale Garcia, que o menciona vale que se estende por 1,5 Km à Serra do Mouro na descida da fórnia da Ucha. Nem o castro chamado Castelo da Serra do Mouro, que em verdade devia ser Castelo da Serra dos Carrascos.

O canhão fluviocársico do ribeiro da Serra do Mouro
O subi e noutra desci (mais dificil) em caminhadas.
O autor refere:  Vale que se prolonga desde a fórnia da Ucha até à Serra do Mouro, entalhado
nos calcários do Dogger. No pormenor destaca-se o talvegue (com degrau natural) do curso de água que se estende até ao ligar da Serra do Mouro".

Um penedo alto a servidão de degrau que a erosão da água, da pouca que passa de inverno, em milhões de anos esculpiu em lindo rego de água.
                        
Pautou o estudo territorial estrutural de Alvaiázere e parcial a Ansião, a meu ver, sem o conceito ao todo geomorfológico das terras de Sicó, quando o carso e as variadas formas, se interligam com o poente de Ferreira do Zezere . 

Sem abordagem ao filão de arenito que se retratam nas Buracas, em Santiago da Guarda,  a nascente do morro da Serrada da Mata, como a sul a mina da Mouta de Bela , à semelhança dos penedos da Serra da Mata Boa, aos pés da aldeia da Serra do Mouro, que distingui numa caminhada o costado com um afloramento de penedos.  Em Alvaiázere, predominante a sul nas antas do complexo megalitico, no Rego da Murta, e em Avecasta e Chãos, em Ferreira do Zezere, onde se torna mais fragil que o povo chama "pedra podre". Tudo isto constatado a caminhar.

A arte da moenga na Serra da Portela 
A minha bisavô  Brígida Ferreira da Mouta Redonda, quem transmitiu ao meu tio Alberto Lucas, testemunho que deixou imortalizado  na Crónica Histórica de Pousaflores sobre a vivência de galileus na Portela, no Monte das Canas - os Dias e, Fariseus em Maças de D . Maria e Chão de Couce.
Presume foram estes clãs os introdutores? Porque tinham de ser hábeis carpinteiros. E o eram!
Jamais esta temática foi mote de investigação!
Presume que carpinteiros, de apelido Gonçalves e Ventura, da aldeia da Portela, quem abriu serventia para a cabeça da serra, ao seu ponto mais alto,  onde construiram rudimentares moinhos de madeira. Alguém trouxe o modelo que já era uso da Galiza à Gândara. Recordo em criança nas férias em Buarcos, ao domingo ia com os meus pais à feira da Tocha, ao lado da estrada havia um moinho tipico de Sicó, de madeira, em planura, só anso mais tarde percebi que estava plantado num alto, favorecido pelos ventos do mar, como os moinhos da serra de Pousaflores, que conheci na mesma altura, nas deslocações a festas, a casa dos meus tios emigrados em Angola. Moinhos que se estendenram ao Maciço de Sicó, Condeixa, com o último construido na Serra de Janeanes, Soure,  Penela, Ansião, Alvaiázere em Ariques e Mata do Carracal e, a sul Avecasta, em Ferreira do Zêzere.  
Outros moleiros se juntaram, vindos pelo quelho da Gramatinha, Venda do Negro, Chão da Porta, e Casais Maduros, com os seus burros. 

Moinhos de  madeira, de forma poligonal, irregular
O moinho roda sobre três rodas no eirado de pedra à força de sangue; do moleiro ou do seu burro até ficar com vento de feição. O sinal é dado pela artimanha da roda de cortiça pendurada sobre um buraquinho, que oscila com o vento e bate nas tábuas do moinho.

Ditado antigo em Ansião, aos moinhos de água ou de vento pequenos, munhos

"Quem um fole de milho carrega para o munho tem que trazer de volta outro de farinha"
                              
Na entrada da serra à bifurcação falta sinalética aos palcos
Serra da Portela
Serra do Anjo da Guarda
Serra dos Carrascos
Serra de Ucha
Serra do Mouro
Serra do Casal Soeiro
Serra da Ameixieira

Como nos trilhos falta assinalar

Fórnia da Ucha  e o profundo Vale Garcia 
Fónia da Cruz, costado à junção de aguas do Ribeirinho
Talvegue da Serra do Mouro  (ribeiro)

Além dos moinhos de vento na serra da Portela, que exibe um exemplar requalificado, outros existiram nos cumes circundantes; um na Serra do Castelo, dois no monte das Relvas (depois do Pereiro de Baixo  a caminho de Maçanicas), que não foram mote no estudo Parque Eólico da Videira 
Além destes moinhos característicos a  rodar pela força do homem também se encontram na  Melriça Santiago da Guarda e Outeiro no Alvorge. Em Alvaiázere também existe um recuperado na Mata do Carrascal. O de Avecasta, em Ferreira  do Zezeze, ardeu e ainda não foi recuperado. Um velhimho na serra de Janeanes e Penela, nãos ei se ainda mantem algum exemplar.

Posta esta introdução num hiato de 80 anos, a Serra dos Carrascos deixou de ser mencionada, apenas viva nas pessoas de farta idade, passando a ser conhecida por Serra da Portela.

Cabe à população ser chamada a decidir que nome quer ver anunciado ao turismo da sua serra!


Fontes
Tese de Mestrado de 2008 de João Forte A Geomorfologia da Unidade territorial de Alvaiazere
Wikipédia
Livro da História de Pousaflores de Alberto Afonso Lucas
Testemunho Abel Santos Silva
PDF Academia EDU do parque eólico da Videira apresentado no I Congresso de História e Património  da Alta Estremadura, em Alvaiázere.

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