terça-feira, 21 de março de 2017

Goucha pergunta a espetadores onde fica Ansião...

Estupefacta a semana passada ao ouvir na TVI no Programa das manhãs, o Manuel Luís Goucha perguntar a espetadores da assistência vindos pela primeira vez, de onde vinham-, a resposta Ansião, riposta onde fica? Entre Pombal e Penela...no distrito de Leiria.
O Manuel Luís Goucha nasceu em Coimbra em 1954 onde eu também nasci em 1957.
Manuel Luís Goucha
 

Largo da Portagem em Coimbra com a chegada das "caramelas" 
Alcunha dada às mulheres vindas nas carreiras com ligação diária à cidade com partida de Chão de Couce e de outras terras circundantes, também do comboio da Figueira da Foz e da automotora da Lousã, as vi muita vez chegar vestidas de avental, lenço preto atado à cabeça ou pelo pescoço, e xaile a cobrir a estoupa da canastra para esta não voar da carga variada; queijos, bolos, hortaliças, frutas, coelhos, galinhas, ovos e,...produtos da sua lavoura de minifúndio para venda no mercado, cujo dinheiro revertia para suprir a sua economia do lar!
"Mal acabada a faina da venda no mercado eram visita obrigatória nas casas; Loureiro dos Cafés, Alberto das Chitas,Talhos do Raposo ou do Girão, numa das muitas ourivesarias ou pela Farmácia, e a canastra  ou cesta de verga branca vinha na volta quase sempre abastecida do que não havia em casa. Quando se vislumbrava casamento na família ou vizinhos, não deixavam de passar pelas Mijadinhas para levar as amêndoas de casamento e confeitos. Todas as compras eram feitas nas horas de espera para apanhar a "carreira".
Chegadas a casa o ritual de arranjar carrego para o dia seguinte fosse apanha de fruta nos pomares, hortaliças nas hortas, da queijeira a lavar queijos, ajeitar ovos no taleigo, bolos na lata  até encher a canastra para no dia seguinte voltar a Coimbra!
Largo da Portagem as "caramelas" na volta a casa

Interrogo-me os se o Goucha na sua adolescência  e vivência na cidade se teria assistido a este buliço?
Quando ia a Coimbra a minha carreira parava ao Largo do Zambujal, onde já em espera estavam mulheres de canastra no chão tapadas de panos brancos, assisti muita vez o revisor a subir a escada  para arrumar as canastras que delas exalava cheiro forte a queijo...
Ao Largo da Portagem em Coimbra as mulheres das Serras de Sicó, das imediações do Rabaçal, afilavam-se em presas ao ritual de pôr a rodilha na cabeça para as centrar e tomar o caminho do mercado em passo apressado era um regalo o seu desfile pelo bailarico do laço do avental nas ancas com o aroma do queijo a evidenciar a carga na passagem à Rua Ferreira Borges, onde no Nicola o hábito de tomar o pequeno almoço - galão com pão fino em torradas e sacos de açúcar refinado, ao invés do que havia em minha casa amarelo, assim igual branco só quando as tias de Luanda mandavam sacos de 5 kg, outras mulheres saiam à Estação velha do comboio vindas da vila e Pereira com canastra abarrotar de queijadas, no uso do mesmo abençoado andar corrido ao Largo das Olarias que as via em andar corrido pela rua, das montras do Bazar onde estava com a minha mãe a comprar artigos escolares, na casa do Saul Morgado a escolher loiça e vidros, ou a convencê-la para me comprar novidades no expositor do gaveto ao Largo da Praça velha defronte da pequena porta da minúscula cave do chinoca, o único naquele tempo em Coimbra, porque de Tentugal vinham os pastéis de massa finíssima, para não falar do pregão vivo pelas ruelas da baixa, mulheres armadas de alcofa de braçado  "menina vai uma arrufada ?"...
Paisagem de Sicó
Rainha em cascalho calcário semeada que na primavera irrompe com variedade de orquídeas silvestres, alecrim e tomilho, o travo que confere o queijo denominado "Rabaçal", e o povo chama erva de Santa Maria.
Será que o Manuel Luís Goucha não é amante do bom queijo do Rabaçal ?
Num tempo que a carreira diária com partida em Chão de Couce terra dos primórdios da nacionalidade, palco de amores de Leonor Teles e do Conde Andeiro, com passagem por Ansião e Rabaçal, onde as mulheres das aldeias do maciço calcário por ser de chão pobre o seu único meio de subsistência era o queijo que vendiam diariamente no mercado em Coimbra, as freguesas quando chegavam às suas bancas perguntavam de onde vinham-, a que respondiam do "Rabaçal minha senhora"... E assim o nome lhe ficou, sendo na verdade este queijo carateristico de toda a região de Sicó, pelo que deveria ser alterada a sua denominação.
Queijo denominado "Rabaçal" de meia cura
Para me interrogar se jamais foi ao salão onde a mãe era manicura, local assíduo de algumas senhoras de Ansião. O cabeleireiro homem abençoado de arte nas mãos fazia nascer penteados a imitar Grace de Mónaco, a princesa, capa de revistas...Assim deferiu tratar os  belos cabelos da minha mãe, de fio forte cor do sol durante anos. Supostamente a sua mãe lhe tratou das unhas (?) junto à janela, enquanto se distraia a olhar para o movimento dos trolis e das gentes andantes pela rua...

Em cúmulo andou há uns meses a navegar através do seu Blog-, este meu Blog dias seguidos, o que será que lhe motivou interesse? Velharias? Temos essa cumplicidade...Coincidência para alvitrar tenha sido palpite para a reportagem que havia de passar no programa sobre um novo espaço na Rua do Ouro em Lisboa pela novidade em vender  bolos ao metro, por já o ter focado numa crónica...Ou sobre a crónica que escrevi sobre o meu pai, por nessa altura sobre o dele também escreveu? Ou...
Acredito o que mais o fascinou e deslumbrou tenha sido o modo como descrevo emoções e afetos, viagens e passeios, com fotos e achega histórica, e o uso de palavras não muito comuns que diz adorar como, quiçá...Desculpem a franqueza, o homem ainda não inventou nada, limita-se a copiar!

Mantenho este meu espaço há anos, onde gosto de escrever uma panóplia de assuntos e nomeadamente sobre Ansião falo e refilo exponencialmente, a minha terra adotiva, que amo de paixão onde vivi até casar e mantenho a minha segunda habitação.

Tive o privilégio de ter assistido ao ensaio geral da televisão na Feira Popular na barriga da minha mãe para nascer no ano do seu arranque, pelo que guardo a boa memória de bons comunicadores da caixinha mágica-, seja pela voz bem colocada, uso de bom português, postura, e sobretudo conhecimento, para me deixar desalentada com o Manuel Luís Goucha, homem dos media, de quem não aprecio a voz estridente, nem deselegância imprevista, mas a quem tiro o chapéu pelo ganho de cultura geral na universidade da vida, como eu afinal, mas não lhe perdoo o facto de não saber onde se situa Ansião, terra sita a escassos 40 km de Coimbra, cuja autarquia anualmente convida esta Estação televisiva para patrocinar um certame com mais de 300 anos, designado por Feira dos Pinhões a decorrer no mês de janeiro, mas também por esta terra ter sido no passado importante enquanto via de comunicação a ligar a cidade de Coimbra a  Lisboa no tempo medieval também chamada Estrada Coimbrã ou Real.

No chão de Ansião em 1336 passou o séquito fúnebre da Rainha Santa Isabel vindo de Estremoz para Coimbra.
 Em 1828  a estrada Coimbra /Lisboa ainda seguia a  direção de Ansião.
Traçado alterado Condeixa /Pombal, estrada Nº 1 pela mão do Ministro Fontes Pereira de Melo nascido em 1819.
Relato de um episódio  passado em 1828, ao limite sul de Condeixa a velha

Citar excerto http://astiascamelas.blogspot.pt/2015_09_01_archive.html
"Em 1828 foi palco de um histórico e dramático episódio à saída de Condeixa, um dos acontecimentos mais trágicos e apaixonantes das lutas civis e da vida académica daquela época. Pela tarde de 17 de Março de 1828, partiram de Coimbra em direção à capital, a fim de apresentar cumprimentos a D. Miguel e pedir a expulsão dos elementos liberais da Universidade. Nomeados pela Universidade, o doutor Matheus de Sousa Coutinho, lente da faculdade de cânones, o doutor Jeronymo Joaquim de Figueiredo, lente da faculdade de medicina , e o doutor António José das Neves Mello, lente da faculdade de filosofia. Por parte da catedral o deão António de Brito e o cónego Pedro Falcão Cotta e Menezes. O grupo era maior, porque se fazia acompanhar por alguns familiares. Pernoitaram segundo o Prof. Hermano Saraiva num pinhal a nascente à saída de Condeixa a Velha, de onde saíram pelas cinco horas da manhã seguinte. Chegando ao sítio do Cartaxinho, uma légua distante de Condeixa, entre as sete e as oito, foram atacados por uns homens mascarados com lenços, e armados de armas de fogo. Apoderaram-se do dinheiro e o que mais precioso encontraram, e de seguida mataram dois dos lentes e feriram gravemente o deão António de Brito e o cónego Pedro Menezes. Os salteadores pertenciam a uma sociedade secreta - “Divodignos”, criada por estudantes de Coimbra que defendiam os ideais liberais e o objetivo principal, era impedir que a delegação alcançasse Lisboa. A sociedade era presidida por Francisco Cesário Rodrigues Moacho, falecido na Bélgica em 1866, reunia na Rua do Loureiro e fazia as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos. Uma mulher de Venda Nova, aldeia vizinha, que presenciou, avisou os povos circunvizinhos, ao que eles acudiram prontamente e perseguissem e prendessem quase em flagrante nove dos malfeitores que se tinham posto em fuga. Os estudantes acabaram na forca às quatro horas da tarde, no Cais do Tojo, em 20 de Junho, salvo três, que conseguiram fugir. Nos anos seguintes foram riscados da matrícula outros estudantes, assim tendo sido extinta a Sociedade dos Divodignos. Em 1829 elevava-se a 457 o número de estudantes expulsos!"

O Sr. Goucha de idade bastante para planear retirada em alta e gozar a vida, dando lugar a novos!
Quem não conhece a região onde nasceu ou viveu, não tem identidade!

Fontes
Duas fotos e excertos de http://astiascamelas.blogspot.pt/2015_09_01_archive.html

Explorar o Tejo na falésia do Cristo Rei

Quarta etapa no Dia da Mulher na subida do Arealva a falésia do Cristo Rei.
As vistas sobre o Tejo e a ponte são magníficas.
 
 
Na subida da falésia do Cristo Rei tomámos o caminho dos pescadores na direção ao Tejo no antigo caminho aberto  por altura da construção da ponte.
O caminho começa largo para em baixo estreitar num carreiro usado pelos pescadores que o vão mantendo aberto, cortando a vegetação e canas.
 
Margem do Tejo com pequena enseada onde existiu uma construção com tijoleira com resquícios na arriba e blocos em cimento armado de toneladas com ferro ferrugento como se fossem raízes , seriam do cais de suporte aquando da construção da ponte (?) ...não deviam aqui ter ficado...
 
Do lado do pilar sul da ponte vinha a saltitar pedras uma rapariga em topless...quando nos viu tapou o peito com a camisola, chegando a nós amedrontada, com um terço da mamoca adolescente desnudada - dizia que tinha vindo do hospital de Almada, estava acompanhada com um homem que há anos por ali tinha trabalhado, mas perdidos, não encontravam o caminho...
Cicerone fui no dia da Mulher!

 
 
 A partir do acesso das autoridades e funcionários à ponte, o piso encontra-se em mau estado
 Do lado do Cristo Rei entulhos com vasos revestidos a azulejo...podiam ter sido reutilizados
Pragal , o cato aloe vera florido em laranja
 
Matou-se este dia da Mulher depois  da brutal subida para à marisqueira em frente da polícia para degustar uma boa ameijoa à Bulhão Pato, deliciosas!
 
 Com pão torrado com manteiga
 Um dia em cheio!

A Quinta de Arealva a beijar o Tejo

Terceira etapa no Dia da Mulher. Apesar dos imensos perigos ao paredão da praia  de Olho de Boi, esventrada, de muita parede e telhados em derrocada, andava muito jovem no local...
O painel azulejar da Quinta de Arealva só foi possível fotografar porque puxei as trepadeiras...
O grande portão em ferro forjado foi fechado com uma corrente, onde outrora percorri o trajeto para o solar, apesar de se encontrarem no caminho pedregulhos de toneladas caídos da falésia.
Entrada da quinta com ameias ao jus de castelo,com grande jardim do solar.

Mirante a norte da Quinta de Arealva sobranceiro ao Tejo

Cais do Arealva, o que resta da grande empresa engarrafadora de vinhos da marca Arealva; esqueletos de telhados em derrocada, paredes, arcos, janelas com grades, muita cuba em cimento, ainda me lembro de haver grandes pipas em madeira, hoje o pouco que resta pintado a grafites...
Paredão com pilares em pedra das parreiras do jardim da Quinta de Arealva
 
 Caves
 
 
 
Oratório
Ainda cheguei a entrar nesta casa que deveria ter sido do encarregado (?) no chão eram milhentos os rótulos de vinho BENFICA - AREALVA, pisados, sujos...trouxe uns 3...
Na esquerda o que resta do solar da Quinta de Arealva altaneiro tendo sido em baixo o sitio das caves onde havia o escritório, a última vez que aqui vim ainda haviam umas prateleiras minúsculas muito interessantes...

 
 
 
 Paredão de suporte ao Mirante a poente com jardim e gárgulas de escoamento de águas para o Tejo
 
 
 
 
 Casa dos operários com os vestiários e lavatórios
 
 Varanda com vista fenomenal

No meio dos escombros sobrou um telhão intacto de entrada de ar produzido pela Fábrica de Palença que teve o seu sítio ali a metros pelo rio.
 
Aqui paira a destruição total.
Só é possível aceder ao que resta do solar no piso acima por esta escada em pedra, todas as demais em madeira em derrocada e podres.
 Tecto da escadaria
 Nicho ao cimo da escadaria
 Frontaria do solar a sul defronte do jardim em patamar
 O incêndio deixou assim o solar
A grande lareira ao fundo
 Ainda restam estuques no salão
 
Piais de pedra a ladear a janela
 Estrutura em gaiola usada após o terramoto de 1755
 Uso de lajeado em cerâmica, em Palença ainda se encontra muita
 A norte virado para o Tejo o oratório altamente profanado e destruido
Incrível como no seu tardoz fizeram caves, todos os locais foram usados para fazer depósitos que fotografei através do gradeamento da frente. Reutilização do espaço antes a parede com os piais de pedra como na frontaria.
Dois depósitos atrás do oratório
Vista para o Tejo junto ao patim do  oratório
                                       
 O que resta do Lagar de varas
Como o conheci...
                                        
Da última vez que aqui vim  o lagar estava telhado, agora alegadamente foi alvo de roubo do fuso e do pedestal em pedra, ou a câmara o veio buscar para guardar (?).

Como era em 2011

Mirante a poente
 
Só os mosaicos hidráulicos do chão existem, apesar do sol brilhante e do Tejo em calmaria fiquei desolada pela alta destruição e do roubo de azulejos ...
 
                                       
                     
                           
 Jardim com bancos revestidos a azulejo
Corredor no jardim sobranceiro ao Tejo de passagem do solar para o mirante
Quem quiser apreciara em analogia a crónica sobre a mesma temática em 2011

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