sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Ecos ao passado da Sarzedela, Ansião

Resumo publicado em agosto e setembro de 2024 no Jornal Serras de Ansião

1ª Parte

Fiz aprendizado em anos nos meandros da investigação a destrinçar o trigo do joio, porque nem tudo o que parece o é, mesmo que tudo indicie o seja, persistencia e "calo" a elevar o conhecimento à triagem como a disciplinar o texto, por vicios do exercicio laboral profissional, à laia do pensamento de Duby; Tentar alcançar um grau académico, escrever e publicar um livro, não é praticamente nada, se não estivermos perante o nosso trabalho em total envolvimento existencial com a História o que faz, o prazer do historiador acontecer!

Começei há anos a deslindar o rico passado da Sarzedela.

Pesquisa de anos de bibliografia inédita, dedicada ao saudoso e estimado colega do meu pai - Sr. António Paz, mui afetuoso nas minhas visitas em criança ao Tribunal, jus a sua querida filha D. Augusta, extremosa a cada encontro, colegas no Externato, Celeste Marques, Cátia Simões, Pedro Silva, Tita, “Ti Emília Santana e Ti Carmita da quinta”, Helena Pires, mana de coração Fernanda Paz, Joel, menino-prodígio, e a todos que amam a Sarzedela. Cujos testemunhos foram contributo à triagem, filtro, e a limar dados enviesados. Ainda enaltecer as manas “Manguinhas”; amistosa, bondosa e sábia Augusta, Lurdes, Fátima, em aclamação à Isabel, o gesto altruísta em 1971, à laia da Rainha Santa, desafiou regras, assumiu o perigo, e destemida, facultou-me o seu rascunho, no exame de matemática do 2º ciclo, em Pombal, a validar a minha dispensa à oral. Ato de valor creditício, sem rival, a põe no meu coração, no altar do concelho!

A escritura da Quinta das Alagoas (Lagoas) em 1176, limitava a norte com a água da Sarzedela – um Lugar de termo, da Paroquia de Santa Maria de Ansião, com outros, eram pertença da Comarca de Coimbra - um território maior, que a herdade de Ansião. 
Em 1627, as memórias paroquiais referem capelas na Sarzedela, ao Espírito Santo, e São Silvestre, «pegado ao dito lugar – esta foi deslindada a sua ruína, no cimo do outeiro entre pedras, a pedido do Sr. Padre Manuel Ventura Pinho em 2016, a um jovem que fez a casa a norte e a poente, onde se suspeitava tinha sido a capela de S. Silvestre, mobilizou amigos para roçar o mato onde encontraram os restos de paredes. Não se sabe quem a instituiu, nem se chamou viandantes do ramal medieval: Fonte Coberta, Junqueira, Freixo, Netos, Areosa, Gamito e Sarzedela - a estrada real, viva na voz do povo, atestada a sul na Freixianda na Póvoa e Granja

Estrada real vinda da Areosa ao Gamito 
                                          
Cruzeiro na sala de visitas a norte da Sarzedela
Marco simbólico de cariz religioso da fé Cristã  sobre pedestal redondo em degraus que nascem mais largos na base evoluindo em graciosidade menor para encaixe  da Cruz em trevo.
Sita a norte da Sarzedela, em pequeno largo entronca com a estrada principal e o caminho para o Gamito ,  Areosa , antiga estrada real.
Não sei o apelido da familia que morou neste casario ao Cruzeiro.
                                
A sul da Casa da Câmara na beira da actual estarda, antes caminho, foi a estalagem imortalizada pela morada do “Ti António da estalagem”, que era servida pela estrada real. 

A Rua da Quelha do Melro 
Toponomia à alcunha de tez escura; moura ou "parda" do Brasil, trazida nos meados de 700, pela Casa de Pereira, para secar paules nas suas terras entre Montemor o Velho e Ansião.
                                

O nº 9 dos Cadernos de Estudos Leirienses no Numeramento Geral do Reino, de 1527

A vintena ou concelho da Sarzedela 

Surge pela primeira vez nos livros da receita e despesa da Câmara de Coimbra no ano de 1626, com valor de 500 réis, igual à de Ansião, neste mesmo ano, com Lousal, Casal da Pedra, Caniço, Anacos, Moinhos, Matos, Empoyados, Cazais, Carrascal, Fonte Galega, Machial, Carrasqueiras, Ribeira do Açor, Rio Torto, Netos, Constantina e Ariozas. Desaparece no ano seguinte, e em:1637, 1639, 1645, 1647 e 1672.

Instituída a norte, na casa de sobrado e janela de avental, sem quintal, adoçada ao que foi o curral do concelho. Em crer, a prisão e a forca, foram sitas a sul, em barracões, cujas ruinas persistem. 

Após a sua extinção, a Sarzedela integrou em 1875, a Comarca de Ansião. 

Em 1908, a sala ampla da Câmara e do Tribunal, foi dividida a tabique para morada dos avós maternos da minha querida amiga Celeste Marques, onde nasceu. Estimo o seu querido avô – José Freire Neno, do Escampado de Santa Marta, avoengo do estalajadeiro em 1736, no Bairro de Santo António, Manuel Freire Neno, do Escampado de S. Miguel, genealogia a desenlaçar por especialistas.

A Casa da Câmara da Vintena da Sarzedela

                          
Foto postada pela minha amiga Celeste Marques na sua Página do Facebook  a  16.07.2016 
Criança com a sua querida mãe, na frente de casario antigo de sobrado com janela de avental, com a sua querida avó materna à janela . 
A casa resiste de pé, herança de muitos e alguns radicados no Brasil.
                               
A notícia em 1721, sobre a Sarzedela
Memórias paroquiais (...) 144 vizinhos com 550 réis  a sua juradia até 1740. Em 1747, o Padre Luís Cardoso «são Termo da Cidade de Coimbra: a Sarzedella e com os Lugares do Termo da Villa, fazem quatrocentos e cincoenta fogos».

Excerto da Memória do tempo e presente para lição dos vindouros 
Sobre a quadrilha de salteadores . Impresso em Lisboa na Megia offictna typographtoas .
" No ano de 1802 — 4, 14 para 15, 20 (dois crimes neste dia), 23 e 31 de janeiro.
D — Noite de inverno, n — 2 e 2 para 3 de fevereiro.
E cinco datas totalmente incertas, isto é, sem dia, nem mez, nem amio designado.
Não se creia porém que está tudo dicto acerca das maldades da quadrilha.
A sentença depõe 1." de que alguns crimes foram descobertos ao acaso, isto é, por occasião de se investigar do outros que eram conhecidos
2.° e de que por esses mesmos de que ella se occupa, e porventura por outros mais não houve em tempo competente o menor procediínent o judicial .
Todas estas maldades se practicavam á vista das auctoridades publicas, cuja inércia somente pode explicar a existência e persistência do bando.
A sentença dá testemunho de que uma pistola havida pelo crime a tinha adquirido o escrivão da caudelaria, por compra, termo talvez empregado adrede para o salvar do crime de receptação e acoitador.

No  anno de 1803 
A tradição de que nos princípios d'este século houvera nas suas vizinhauçaa uma grande quadrilha de malfeitores, que, alem de outros crimes, perpetrara um assalto de casa e roubo (e até morte se accrescentava, mas não é verdade) no sitio do Calhabé a 2 kilometros na actual estrada do Alva ou da Murcella), e que, sendo por tal motivo muitos d'eliea Junho 25 José de Campos, de 31 annos, do Espinhal, juncto de Penella, solteiro, sapateiro, chefe da quadrilha.  Manuel Fernandes Figueirinhas, 30 annos, de Pousafolles, termo de Miranda do Corvo, casado, almocreve. Martinho Soares da Costa, de 26 annos, de Escarigo, juncto de Castello Rodrigo, solteiro, cigano. António Gomes (pae), 54 annos, natural de Constantina, concelho de Sarzadella, comarca de Coimbra, casado, trabalhador. anuel Rodrigues Monteiro, de 35 annos, natural dos Palhões, termo de Montemór-o-Velho, viúvo, tanoeiro. José dos Sanctos Carvalhinho, de 40 annos, do Espinhal, casado, alfaiate. Francisco António Guedes, de 29 annos, fílho de um cirurgião, de Socaes, termo da villa de Lamas de Orelhão, desertor da brigada de marinha. José Joaquim de Sousa, por outro nome José Cardoso, de 27 annos, de S. João da Pesqueira, desertor do regimento de Penamacor."

"SERIE DE DELICTOS

Mortes 4 - Assaltos e roubos de casa 6 - Assaltos para roubo de casa, frustrados 2 ; Roubos de estrada 5; Roubos em feiras 3; Roubo com arrombamento em loja desabitada 1; Roubos sein ser em estrada:
Roubos em adecras 2 ; Roubos de bezerros e éguas no curral, e nos campos de Coimbra,Formozelhe e Sancto Varào 4 - Espera sem effeito para roubo de estrada ao norte de Coimbra, depois realizado ao sul 1 Furto simples 1 Resistência 1 - Tirada de presos 2 - Ferimentos em nove victimas 9 - Estupro violento 1 Tentativa de estupro violento 1 - Ataque ao pudor 1 Lobo defronte da estalagem de Francisco Nunes, logar em que elle perpetrou a morte de António Correia do Offensas corporaes com chicote e espancamento em diversas victimas 5, Injurias ás victimas, porte e vso de arinas defesas e pequenas cousas uào merecem conta, nem menção.

LOGABES

Foram estes crimes perpetrados nos sítios ou togares seguintes: Adega no sitio da Cheira, aros de Coimbra. Aluialaguez, teimo de Coimbra. Braçal, termo do Rabaçal. Calhabé, subúrbios de Coimbra. Casal de Sancto António da Ribeira, termo de Revelles.Campos de Coimbra a Montemor (diversos sítios). Constantina (Feira da Senhora da Paz), termo de Sarzedella, comarca de Coimbra. Copeira, subúrbios de Coimbra. Estrada real, juncto a Alcabideque. Feira de IS. Bartholomeu, de Coimbra. Fonte Gallega, termo de Sarzedella, comarca de Coimbra. Lameira das Poldras, limite da Viila de Cabra. Lapa do Lobo. Loja juncto á egreja de S. Bartholomeu (Coimbra). Nabainhos, termo de Gouveia. Nazareth{Feira) termo da Villa da Pederneira. Patòes, concelho de Legação, comarca de Coimbra. Rebolhinos, concelho de Alva. Sancto António do Cântaro. Sitio da Vinha, juncto da Anobra,
concelho de Coimbra. Sitio da Ponte do Curro, na estrada de Louçaiuha, termo de Penella. Sitio das Calçadas de Coimbra (estrada de Lisboa).Sitio fronteiro a Villa Secca, na estrada de Coimbra para Chão de Lamas. S. João de Tarouca.Venda do Peste (na Charneca de Pombal). Venda do Atalho, Ansião (Ribeiro da Vide).

DATAS

Quanto ás datas dos crimes, estas constam da sentença.
1799 — Dia incerto de janeiro. Amaral; a de Figuelrinhas no sitio da Cruz dos Mourouços, como centro da união desta infame quadrilha 
1799 — 23, 23 para 24 (assim, intenda- se sempre pela noite) e 24 para 25 de abril.
1800 — 16 de fevereiro. » — 25 de outubro.
1801 — 1 de fevereiro. » — 11 p;ira 12 de abril. . — 27 e 29 de junho. » — 24 para 25 de agosto.
» — 6 para 7 de setembro, » » — 13 de novembro. » — 18 para 19 e 30 de dezembro. »
Dia incerto de dezembro,
1802 — 4, 14 para 15, 20 (dois crimes neste dia), 23 e 31 de janeiro.
D — Noite de inverno, n — 2 e 2 para 3 de fevereiro.
E cinco datas totalmente incertas,isto é, sem dia, nem mez, nem amio designado. Não se creia porém que está tudo dicto acerca das maldades da quadrilha.
A sentença depõe 1." de que alguns crimes foram descobertos ao acaso, isto é, por occasião de se
investigar do outros que eram conhecidos; 2.° e de que por esses mesmos de que ella se occupa,
e porventura por outros mais não houve em tempo competente o menor procediínent o judicial .
Todas estas maldades se practicava á vista das auctoridades publicas, cuja inércia somente pode
explicar a existência e persistência do bando. A sentença dá testemunho de que uma pistola havida pelo crime a tinha adquirido o escrivão da caudelaria, por compra, termo talvez empregado adrede para o salvar do crime de receptação e acoitador. Com effeito, apsim como nas quadrilhas hailavtes ha pares dos dois sexos, também nas quadrilhas que secevam nos direitos do cidadâo ou do estado, com ofiPensa da lei e da moral, ha pares de duas ordens, os milifantes e os auxiliares ou officiaes e officiosns, sem que, dada a essência, importe a forma, ou se tracto de saltear ou de construir a estrada publica, ou de assaltar o domicilio, ou a urna eleitoral, ou de impor o jugo do tributo de sangue ao que o nâo deve, ou de eximir d'elle o devedor, ou de metter a mão nas algibeiras do cidadão, ou nos cofres do estado, ou dos bancos das companhias, ou ainda dos estabelecimentos de piedade,ou de administrar a fazenda publica, egualando-a a roupa de francezes ou a pao do nosso compadre, ou de a converter em ganânciaindividual, e assim ..."

" de Soares do sitio da Feira da Paz, concelho de Sarzadella, onde a mesma quadrilha practicou os
escandalosos insultos, que ficam recontados, diz a sentença, de certo no intuito do estupro violento,
practicado ahi pelo réo.
Foram alem de condemnados em penas pecuniárias desde 20;5000 a 200;
000 réis para 08 despezas da Relação, já se sabe, e junctamente cora os cúmplices de menores penas
também nas custas do processo  "
Retrata a Feira da Senhora da Paz, e não Feira dos Pinhões…

A Rua da Quinta atestada a nascente
                                        
A norte, na frente da estrada
Uma casa corrida de sobrado, requalifiacda, ainda ostenta no r/c um a ferragem de 700, encimada por Cruz. 

                                                     
Logo a sul da Rua da Quinta, quiça foi a quinta da Togeira, que existe logo a sul como é toponimo no Avelar e na Nexebra, recuada da estrada está uma ruína de sobrado, adoçada à morada de apelidos italianos: Patrício Parola, aportados para ensino do ciclo da seda. 
Graças ao testemunho da “ D. Carmita da quinta”; a casa teve varanda em grade de pedra, como a da Quinta das Lagoas e outra no tardoz da capela da Constantina, foi de gente muito rica, a criada não dava nada aos pobres. 
Arquitetura setecentista da arte de lavrante regional, com beirado triplo; a chamada eira, beira e tribeira, 3 janelas de avental, bancos namoradeiros, concavidades nas paredes, uma exibe cantaria no lintel. 
O palco da capela ao Divino Espírito Santo, só podia ter sido aqui, instituída pela “antiquíssima e nobilíssima Caza da família Mendes de Vasconcelos”. 
Como estimo foi morada da Sra. D. Maria Leonor de Vasconcelos, natural da Sarzedela, casada, filha de Nicolau Subtil de Carvalho e D. Isabel Maria da Paz Mendes de Noronha e Menezes. 
Em 1771, ingressou na Ordem Terceira de S. Francisco, em Coimbra. 
Sendo desconhecida a razão, como a situação futura da quinta, a modos aclarada nas cartas dos manos Azeredo Coutinho, da Casa de Pereira, no arquivo da Univ. de Coimbra; “ em 1776 das trez fazendas compradas ao Snor. Marquez (Pombal) em Ancião, huma terra sita acima da Quinta de Ansião. Hé pois necessário que determineis o género de cultura a que quereis aplicá-las. O meyo de fazer ali grande rendimento hé o de pôr amoreiras; pois hé sítio muito próprio dellas. A pôr amoreiras não devem ser aos centos, porque nenhuma conta faz armar fábrica para criaçoens tão insignificantes. Hé necessário pô-las aos milhares. Ahi se podem pôr quatro, ou sinco mil, ou mais. Tem a grande conveniência, de que não embaraçaõ a sementeira do milho, e não custaõ a pegar
Viva, a contar a historia desse tempo uma velhinha amoreira na Quinta da Bica.
                                       
Anexos
O janelo terá sido da capela ao Divino Espirito Santo?
            
Notícias em 1721, das Villas e Lugares da Comarca de Coimbra
(...) Nas Notícias em 1721, das Villas e Lugares da Comarca de Coimbra; a Sarzedella, he hum lugar que tem huma ermida a Santa Luzia; esta nam tem rendimentos; tem um morgado que he Marcos Teixeira Gomes e Colaso; tem mais e tem mais vinte e seis vizinhos; este Lugar tem uma fonte para a parte do Nascente e tem água todo o anno

O herdeiro de um Morgado era o primogénito, a capela servia o culto familiar e sepulcro. 
Induz o orago Santa Luzia vir do Minho, a origem do seu instituidor aportado a Penela, de apelido Colaço, antes de 1176, por datar nessa altura o toponimo na escritura da quinta das Alagoas.

O Mosteiro de Celas,  fez aquisição de terras e recebeu doações . 
As abadessas; Maria Manuel e Maria de Mendonça, eleita em 1648, foram as pioneiras de mandar compilar o seu património a Frei Bernardo da Assunção. 
Apelido Colaço que nos aparece no cartório do mosteiro de Ceals, em 1555, como outros: Gomes Colaço, Vaz, Rodrigues e Soares na região; em 1608 o aforamento no termo de Penella por três vidas o cazal da Lagarteira, que tem muytas propriedades feito a Manoel Vaz, e seu irmão António Vaz, que o mosteiro ouue do D. Manoel Collaço, pay de D. Hieronyma de Vasconcellos, D. Catherina Ferreira, e D. Francisca, com foro de 133 alqueires de trigo, e 5 alqueires de azeite: na condição que farão entupir de três fornos de cal, dous delles. E, em 1647, desistio do cazal da Lagarteira, Manoel Vaz, e obrigação que fizeraõ Diogo Rodriguez, e António Vaz, o novo, de pagarem 70 alqueires de trigo de duas ametades deste cazal, do qual se pagauaõ 130 alqueires (…) Em 1555, o dote de Izabel Gomez e Magdalena Collaça, duas Religiosas com condição de herdar o casal de Caneue, em Penela, a fazenda comprada no dito lugar, em 1541, por António Colaço, que depois herdarão as suas filhas Colaças e o mosteiro (…) O prazo de Caneve foi dos Colaços (…) Petição para fazer concerto com Antonio Gomez Collaço sobre herança de D. Maria Joana Suarez, filha do Sr. Cristovão Suarez.

Aclara a notícia uma fonte perene, no chão do Morgado
A fonte sofreu restauro em 1904, foi um poço de chafurdo ou fonte de mergulho, de origem romana, como outra na quelha do Lombardo, resta o arco de pedra, a desentulhar para memória dos vindouros!

             
                 
                                 
2ª Parte

A genealogia dos Colaços razoavelmente estudada foi discussão com o meu amigo Henrique Dias, cujo Morgado na Sarzedela era desconhecido. A partir da Quinta da Mouta do Lobo, em Chão de Couce, resta parte do solar com escadaria e portal de bela cantaria, onde morou António Teixeira de Mendonça, natural da Sé de Coimbra, casado com Maria Evangelho de Penela, e nasceu Jerónimo Teixeira Evangelho, Capitão-mor nas Cinco Vilas. O seu filho Marcos Teixeira Evangelho, nascido e casado com Antónia, em Chão de Couce, viúvo, casou em 2ªas núpcias a 05.05.1692, em Ansião, com Mariana Curado da Paz, da Sarzedela. Coligi em 1715, que foi juiz  e escrivão, na Confraria de NSda Paz, na Constantina, fazendo uso do apelido Gomes. O seu filho João Teixeira Evangelho Gomes Colaço, nascido na Sarzedela, casou em 6.11. 1729, com Madalena Machado Coimbra Sarmento, na capela da Quinta do Vale Damito, Penela. Entre vários filhos, em 1732, o  vereador de barrete, José Marcos Teixeira Evangelho Gomes Colaço Sarmento. E, Marcos Teixeira Evangelista Gomes Colaço, nascido na Sarzedela, batizado a 15.09.1732, em Ansião, Bacharel na Faculdade de Cânones de Coimbra em 09.07.1752. Diz na matrícula que é filho de João Teixeira Evangelho Gomes Colaço, natural de Sarzedelo, Guimarães. Aclara sem presunção a origem do topónimo Sarzedela, fidelizado no feminino, por avoengo Colaço, aportado à região antes de 1176. Indicia que a morada do Morgado foi a casa de sobrado com Crucifixo azulejar na fachada, anexa a casario com janelas de avental, ao limiar do Lameirão. Recorda a “Ti Emília Santana” foi de alguém de apelido Teixeira, cujo interior tinha pertences ricos, acrescentou a filha Tita

Genealogia dos Colaços, cortesia de Henrique Dias

Os Colaços deram origem ao 1º Visconde de Condeixa João Moreira Colaço de Magalhães Vellasquez Sarmento nascido a 15.01.1806.

Localizei no Arquivo da Univ. de Coimbra o Registo Vincular nº 10 

De  João Maria Colaço de Magalhães Velasques Sarmento (1806-1871), Visconde de Condeixa, Comendador da Ordem de NS da Conceição, pediu registo dos Vínculos dos Colaços num só, a 24.02.1863, na qualidade de herdeiro e sucessor nos direitos de seu pai, João de Magalhães Colaço Velasques Sarmento. O primeiro vínculo dos Colaços, foi situado em Penela e Chão-de-Couce, instituído por testamento do Dr. Manuel Colaço, Desembargador da Casa da Suplicação, e Comendador da Ordem de Cristo, em 30.04. 1594, em Lisboa. O segundo vínculo foi instituído pelo Dr. António Gomes Colaço de Magalhães Teixeira Sarmento, nos bens no limite da cidade de Coimbra e de Cernache

Indicia que o Morgado da Sarzedela fará parte do 1º vínculo. 

Cortesia de Rui Portela nas redes sociais

(...) Foi-me contado pelos meus bisavós que as gentes da Sarzedela vieram ao Pinheiro com uma carroça puxada por bois, levar o Santo com a conveniência da Igreja. O que resta da capela está numa rua do Casal da Pedra. A capela foi notícia do juiz João Mendes de Vale de Boi, em 1721, o Pinheiro tem 9 vizinhos e uma ermida de Sam Joam, e em 1769; há huma capela de São João no Lugar do Pinheyroe no dia do Santo he o Parocho obrigado a ir em procição, e o povo e dizer nella Missa e o costume praticado hé darem lhe de esmolla duzentos reis. Esta não tem bens alguns, só o tenue rendimento de humas fogaças que os devotos offeressem ao Santo e deste piqueno rendimento e zello dos moradores daquelle lugar, a tem muito bem asiada tanto no corpo da capella como no Altar e retabollo que há poucos annos se lhe fes, de madeira pintada, e o Santo encarnado, e hé tão bem de madeira; tem caliz, patena, e colher, missal, vestimenta de osteda branca, alva, três toalhas tudo bom, frontal de madeira pintado e do seo rendimento, e despeza the ao prezente dá conta no Eccleziastico. Presume ter sido instituída pela descendente da Quinta das Alagoas, descrita na Brasonaria de Pombal, de 1991, do Dr. Pedro França; Bernarda da Conceição casou com Sebastião Mendes, dos Anacos. Família com quatro quebras de varonia afirmou o peso dos patronímicos em potência, na filha D. Ana Maria Noronha Menezes. Casou com António Rodrigues Pereira. Assumiu o cargo de capitão-mor em Ansião em 29.07.1773, por morte de João da Silveira Furtado. 

Nas Memórias Paroquiais de 1721 na notícia do juiz de Vale de Boi João Mendes 

(...) o Pinheiro que tem 9 vizinhos e tem uma ermida de Sam Joam que não tem rendimento algum senão a finta em que se fintão os mesmos vizinhos. 

Em 1769 o Cura Diogo Mendes de Santiago da Guarda 

(...) a capela de S João Baptista  do Pinheiro, por ser muito pequena solicitaram licença para  ampliar a Capela, onde ouviam misas e recebiam os sacramentos. O cura emitiu parecer favorável, louvando os moradores pelo seu zelo a 2 de maio de 1747. Depois de concluídas as obras e feita a vistoria, em 1748 a administração diocesana dispensou a capela da bênção e de licença nova para na capela se poder celebrar (...) 1769 há huma capela de São João do Lugar do Pinheyro e no dia do Santo he o Parocho obrigado a ir em procição, e o povo e dizer nella Missa e o costume praticado hé darem lhe de esmolla duzentos reis. Esta não tem bens alguns, só o tenue rendimento de humas fogaças que os devotos offeressem ao Santo e deste piqueno rendimento e zello dos moradores daquelle lugar, a tem muito bem asiada tanto no corpo da capella como no Altar e retabollo que há poucos annos se lhe fes, de madeira pintada, e o Santo encarnado, e hé tão bem de madeira; tem caliz, patena, e colher, missal, vestimenta de osteda branca, alva, três toalhas tudo bom, frontal de madeira pintado e do seo rendimento, e despeza the ao prezente dá conta no Eccleziastico.

O Dr. Manuel Dias  no seu Blog https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/13441.html  menciona a Ermida  de Santa Ana, no lugar do Pinheiro, obviamente enganou-se!

Mais um testemunho a enriquecer a história do que foi o  Património Religioso de Ansião, hoje desaparecido, que não foi menção no Livro temático de um dos autores acima referenciado.

Capela de S. João Batista na Sarzedela

(...) huma Capella, e nella, as Imagens de Santa Luzia, da Santíssima Trindade, de Sam Silvestre, de Sam Martinho, e de Sam Joam todas em vulto, bem incarnadas, a Capela hé muito baixa, forrada de guarda pó, tem seu retábulo bem pintado, e o que havia de cer dourado, he pratiado com sua cor que parece dourado, pedra de ara, quatro toalhas, trez mezas de corporais, seis sanguinhos, calis, patena e colher de prata, dois frontais, hum de damasco incarnado, e outro de osteda roixo, huma vestimenta, de osteda branca, com os bentinhos incarnados,dois castissais de bronze, e cruz de páo tudo em bom uzo, trez alvas.duas quazi novas e huma munto uzada, quatro amitos, trez novos e hu uzado, hum cordão munto uzado, sachrista, caixão, palio, alenternas, e sino, corre o seu reparo por conta do povo, tem lampada de latão, amarello, dois veos, hum novo, e outro uzado.  

A situação da capela com a lei da separação da Igreja e do Estado no arquivo do Ministério das Finanças, enviado por Henrique Dias

Em 1911, o arrolo de bens: S. João; NS do Amparo e Espirito Santo – espólio menor ao descrito em 1769, com Imagem jamais elencada, retrata a falta de credibilidade dos arroladores de Ansião, já que se mostra gáudio inequívoco o cariz zelador deste povo, fiel guardador secular de Imagens sacras de capelas desaparecidas. 

Coligi um excerto do arquivo do Ministério das Finanças, enviado por Henrique Dias sobre a lei da separação da Igreja e do Estado em 25.08.1911

Reclamação feita em Ansião 25 de agosto de 1911, dos abaixo assinados Benjamim Simões Pires, casado, proprietário, António Luiz, casado, proprietário, Manuel Rodrigues da Paz, casado, proprietário e António Mendes Júnior, casado, proprietário, todos moradores no Lugar da Sarzedela, freguesia do concelho de Ansião, vem perante vós reclamar contra o arrolamento do edifício e demais objetos de culto da capela denominada Capela a São João, situada no referido Lugar da Sarzedela, pela razão da já referida capela, ser exclusivamente de uso e administração dos suplicantes e não poder de forma alguma ser considerado edifício publico. Os suplicantes tem desde …..muito    respeito  o que também procedeu com os seus antepassados  , sido os únicos possuidores da referida capela.Esperança confiados na justiça que lhes assiste que podeis vião competentes, seja dada ordem de forma lição ser conciliada, arrolada a benefício publico e restituída ao culto dos suplicantes seus legítimos possuidores da referida capela e mais objetos conforme consta do respetivo auto de arrolamento feito pela respetiva concentração. 

Demanda justificada  por a capela ter sido instituída por Maria Rodrigues, mulher que foi de António Pires da Sarzedela e hoje (1721, nas memórias paroquiais) são seus administradores: António Nunes e sua mulher Maria Rodrigues, Domingas Freire viúva e António Freire, viúvo, todos da Sarzedela, a qual foi instituída a 5 de maio de 1658 com 7 missas. Não há dúvida que se trata da capela a Santa Luzia que entesta no ribeiro da Sarzedela e a norte e poente, o caminho. Presume a mudança de orago a São João Evangelista, em apelo ao apelido – Evangelho, dominante no Morgado.

Em 1911, o seu arrolo de bens: S. João, NS do Amparo, e o Divino Espirito Santo – espólio menor ao descrito em 1769, com Imagem jamais elencada, retrata a falta de credibilidade dos arroladores de Ansião, já que se mostra gáudio inequívoco o cariz zelador deste povo, fiel guardador secular de Imagens sacras de capelas desaparecidas.

Os morgadios em Portugal foram extintos em 1863.

Capela de São João na Sarzedela

              

Imagem de São João Evangelista

Guardada na sacristia até ao dia que uma corrente de ar o tombou e teve de ser restaurado. 

Mais tarde ainda foi encontrada parte da cabeça...

                                                

Encima o dourado e belo altar da capela, um Santinho escuro, quiçá fora o São João, orago no Casal da Pedra. O Sr. Silvério Costa, membro jubilado dos Bombeiros, entrou com o meu pai, pese meio século falecido, o relembra com saudade, ilustra a sua estirpe. Há muitos anos fez uma cascata sob um veio de água, junto do coreto desaparecido que encimou com Ele, debalde, a pequenez e escuridão lhe ofuscou estrelato, a fomento aquisição da graciosa Imagem São João. 

Encima o dourado e belo altar um Santinho escuro, quiçá fora o São João, orago no Casal da Pedra 

                                             

O Sr. Silvério Costa, membro jubilado dos Bombeiros

Entrou com o meu pai, pese meio século falecido, o relembra com saudade, ilustra a sua estirpe. Há muitos anos fez uma cascata sob um veio de água, junto do coreto, e a encimou com esse Santinho, cuja pequenez e escuridão, ofuscou estrelato, vindo a fomentar aquisição da graciosa Imagem São João. 

                                              
Gente aportada à Sarzedela 
Vivos genes do Minho de cariz festivaleiro e arraial. 
Enlace de gerações cruzadas de mãos dadas com o Sagrado e profano na festa do solstício de verão, da tradição celta, cuja falta do sol da meia-noite escandinavo foi imitado nas fogueiras aos Santos populares. 
Persiste a herança do Minho da “doença dos pezinhos”. 
Cita Guilhermina Mota; “ o  Dr. Joaquim Manuel de Morais de Mesquita Pimentel  da Quinta de Valouro, no Espinhal, em 1828, foi eleito procurador às Cortes, com domicílio na Sarzedela. 
O Sargento-mor Manuel Mendes Lima, do Rabaçal, casou a 1ª vez com Joaquina Rosa, da Sarzedela, o seu filho Francisco José Mendes Lima, foi médico em Ansião.
Outros vieram de Penela e Montemor-o-Velho.
Fomentou casamentos com a família nobre do Espinhal; Mascarenhas, Sarmento Velasquez e Alarcão, vinda de Espanha com a corte dos Filipes; cujos ramos se fixaram na Fonte Galega, Além da Ponte, Sarzedela, Quinta da Bouçã, Penela, e Vale da Couda, Almoster. 

Fecho em apelo ao altruísmo de mãos dadas com a Missão Autárquica, e demais órgãos da edilidade com raízes, sem delongas lançar ação filantropa, a ser atestada em lápide perpétua, ou aquisição justa; da courela que ladeia o adro a norte onde repor o coreto. A pujante arte musical privilegia a fundação da Casa da Música, na Casa da Câmara, e a ruína do solar? Casa dos Territórios de Pedra; pousada de artistas e atelier, em homenagem à arte lavrante do concelho em memória do saudoso escultor, Sr. Ezequiel Carvalho. O Salão Paroquial, já se mostra palco das Artes. Falta dotar de bom piso, lago e mais frescura, o parque de merendas do Lameirão. Saber valorizar o património histórico e cultural, sem o comprometer na memória futura, é atestar identidade à alta requalificação da capela, ganha na aposta de fundir o antigo no moderno, sem perder a graça nem a traça, jus o idílico passeio público que tanto engrandeceu a Sarzedela. Assaz convite de Bem-Vindos à sala de visitas a norte de Ansião, em franca união à vila, cujo auspício breve, seja o de eleição a Cidade! 

Resquícios de grade em ferro forjado antiga que limitava o adro a norte
                 
Fotos da procissão

                              
                                                  
 
 Arraial das marchas de S.João         

Bem-haja a todos ao me receberem tão amistosamente, na sua Sarzedela, onde me senti em casa!


Fontes

Livro de Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas de  Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes      

https://archive.org/stream/mosteirodecelasi00bern/mosteirodecelasi00bern_djvu.txt

Excertohttps://archive.org/stream/memoriasdotempop01henr/memoriasdotempop01henr_djvu.txt

Arquivo da Universidade de Coimbra, Casa de Pereira

Vários testemunhos; Padre Manuel Ventura Pinho , etc   

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Feira de S.Lourenço ou dos Posseiros, em Ansião

Lástima a perda até agora das Memorias Paroquiais de 1758 de Ansião, pelo que nada se sabe sobre a Feira de S. Lourenço. Aventa vir dos finais da centuria de 600, se atender às feiras francas da Constantina dessa altura, em franca concorrencia à vila, pelo ganho da aposta do milagre da Fonte Santa, que chamou  romeiros, cujas receitas permitiram a concessão de  emprestimos aos confrades. 

Pois temos de nos valer nos concelhos limitrofes, para mais entender. 

Encontrei referencia à vila de Cernache, em 1758, da feira de S. Lourenço com vendedores dos termos vizinhos, auspicia alguns de Ansião, que lhe fica a sul; “hũa quasi feyra realizada no dia de S. Lourenço, que somente consta de sal, posseyros de vimes, e verguas de salgueyro para as vendimas, e pas de pao de amieyro e encinhos, para alimpar, e ajuntar os trigos, e milhos nas eyras, e alguns poucos belforinheyros com suas tendinhas, e muytos tremoços; de sorte que o principal he o sal, que ha em muyta abundância, he somente pagam de medidas hum vintém cada carro”194 . ANTT – Memórias Paroquiais: Dicionário Geográfico… do P.e Luís Cardoso, vol. 34, n.º 133, pp. 964- 965.

Hoje a feira de Cernache, julgo perdida, apenas resiste a de Celorico da Beira, em Trancoso e a de Ansião, a 10 de agosto, em dia de S.Lourenço, Santo espanhol. 
A feira é testemunho da tradição de trabalhar o vime e canastras (muito viva em Castanheira de Pera, Figueiro dos Vinhos, e também em Ansião, trazida de Espanha, pelos judeus, ainda viva no sul - Mijas e outras terras, a cestaria de cana, como a que se faz na Bairrada, e a de vime a duas cores mantida  na tradição da  Torre de Vale de Todos, como penduram os vasos nas paredes, já entre nós perdida,  nos piais que foram poiso de penicos, agora ornados a vasos de sardinheiras de folha rendilhada. 
Julgo que a arte de fazer canastras, era com aparas de pinho. 
Em Ansião, as vendedeiras no tempo da minha avó Piedade,  até anos 50 do sec. XX, andavam de cestas de verga branca à cabeça , como a Ti Angelina de Albarrol, recentemente falecida, até o meu pai e tio Chico, fazerem a venda de pão de bicicleta pasteleira, em cestões, antes de irem para o colegio.

                        
Também chamada S. Lourenço, aos dez de agosto, por altura das Festas  do Povo, o certame decorria na rua de S.Lourenço, do cemiterio e depois na Avª Vitor Faveiro, com estaminés de cesteiros prostrados no chão, com panoplia de estilo e tamanho; cestos para as vindimas de vários feitios,  cestas de mão, cabazes, cestas de costura, fruteiras, garrafões empalhados, onde não faltavam também os carateristicos da região feitos em cana, que ainda existe uma artesã da Bairrada -, a Flor, que os faz muito bem, e dela tenho alguns exemplares. O meu bisavô Elias do Alto, a recordação que tenho dele num sábado em cima do almoço de o ver no seu passo lento vindo da Praça do Peixe a descer a rua a caminho de casa , e cesta de cana  na mão com a sardinha. 
Num passado mais antigo havia obras de vime em branco, herdei na Mouta Redonda uma cesta oval em vime branco que seria para levar piqueniques para a Nexebra.
O meu cabaz de verga branco feito na região de Ansião, que foi tanta vez na camioneta do Pereira Marques para Lisboa...
O meu pai gostava de os encomendar em Aquém da Ponte da Cal, no cesteiro artesanal ,o "Ti Zé Mau" , que trabalhava sobre um parco alpendre, levantado por troncos frágeis e secos, sem paredes, onde o dia se via por todos os lados, castiço em telha vã antes da Ponte da Cal...Onde o vi muitas vezes sentado a trabalhar.
O meu pai encomendou-lhe num ano, duas pequenas cestinhas, como a que mostro acima, uma para mim e outra para a minha irmã, e com elas pelas mãos fomos numas ferias de Natal, airosas caminho fora à "vinha", toponimo perdido no Vale Mosteiro, a  fazenda com oliveiras, fazer de conta que apanhávamos azeitona para retalhar...Julgo nunca os enchemos!

Lembro os poceiros grandes usados nas vindimas, que depois de encher algumas vezes se tornavam pesados por ficarem molhados com o mosto, havia quem os usasse para carregar o estrume à cabeça e outras tarefas.

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