Pintura do Dr Filipe Antunes
Vista de norte da Rua Dr Adriano Rego a caminho do Externato António Soares Barbosa
Solar onde se supõe nasceram os Soares Barbosa Em 2020 requalificado
O Externato funcionou primeiro no Largo Adolfo Figueiredo
Fundado em 1941, na casa de Pedro Veiga - predio ao gaveto com o adro, com entrada ao portão, que ainda existe, hoje de herdeiros de Porfirio Monteiro onde foi fundado o colégio e estudaram os meus pais e depois se mudaram para completar o 5º ano.
Por fim o Externato mudou-se para o solar
Decorria o ano de 1972/73 quando entrei no Externato António Soares Barbosa em Ansião. No meu tempo o diretor era ao tempo o Dr. Silveira.
Foto com o Dr Silveira e a esposa na frente do carro alegórico
A minha vontade de ir estudar para o colégio era grande, poder usar bata azul às preguinhas vincadas, julgava eu poder conviver com os rapazes que eram muitos e giros... Estava enganada, os recreios eram separados!
Carrinha do Externato António Soares Barbosa o motorista Alberto Lucas de Pousaflores, meu tio
Carrinha do Externato António Soares Barbosa o motorista Alberto Lucas de Pousaflores, meu tio
Julgo de 66, retirei a foto de uma partilha no facebook
66 colegio de ansião maria armanda neves, maria santos lamport-stokes, fernando alberto caetano, fernanda oliveira,jose garrido lopes, pedro silva, fernando silva Agostinho, falecidi
Cortesia Joao Patrício
Cortesia da Suzete ao permitir a partilha pela Odete Antunes na página do Facebook dos antigos colegas do Externato
Cortesia da Suzete ao permitir a partilha pela Odete Antunes na página do Facebook dos antigos colegas do Externato
Na foto: Eugénia Nunes, Suzete, São Vicente, Silvina, Emília de Almoster, eu e Odete do Marquinho.
Sentadas no banco defronte da capela que ainda não tinha sido remodelada, tendo-lhe sido retirado os bancos de pedra ocos que tinha na frontaria, portanto antes de 1965 (?).
Só reconheci o local pela casa feita para o casamento da prima São do balanço do poço e o muro de pedra no seguimento para a casa dos meus pais a nascente.
Painel que hoje existe na lateral do edifício monstruoso, a descaraterizar a zona histórica da vila
Por último onde funcionava o Externato, a parte a poente para o quintal, o recreio dos rapazes onde fizeram as casas de banho a norte e o jardim era subido com escadinha, a nascente, tinha poço e árvores.
Depois do 25 de abril a má decisão da sua demolição para a construção de um prédio quadrado de varandas... desenquadrado na história da vila...
Despertava em mim e neles a adolescência. Recém chegada ao Externato deparei-me com novas modas-, uma delas um inquérito num caderno com perguntas para darmos a nossa resposta sobre "Intimidades" ...De manhã lembro-me dos rapazes chegarem na carrinha vindos das aldeias distantes, em particular do Carlos Gomes do Vale da Couda -, rapaz giro ornado de cabelos escorridos para o compridote que lhe conferiam um ar de atrevido, hoje diretor na Polícia Judiciária teimava que acabaria com o meu namoro em dois tempos...Muito gostavam eles de estarem à porta defronte da grande escadaria em meia lua de pedra à espera das miúdas, no caso de me "inspecionar" se tinha usado as pinturas da minha mãe -, nada percebiam, só queriam certezas se as pestanas bonitas e fortes eram minhas , pois usava o rímel da minha mãe...
Chegava de bicicleta com a minha mini-saia a esvoaçar com a brisa matinal.
O Arménio fazia espera por mim à porta da sapataria do amigo Sá...O problema é que não estudava nada, tal o enamoramento que por ele sentia, na matemática nos testes não passava dos dois valores. A português a coisa também estava preta, embora melhor. Mesmo assim, decidi falsificar a assinatura do meu pai. A tarefa correu-me mal, a assinatura do meu pai elaborada de arco de volta perfeita com remate minucioso...Quis o raça da mão a pensar no namoro tremer a fugir do papel químico azul que trouxera do correio. A Prof.Ilda conservadora, de cariz inglês, austera, altiva e platónica exigiu logo ali naquele instante outra assinatura do meu pai.Em plena aula mando-me sair para ir ao Tribunal ... atrapalhada, difícil era engendrar forma airosa de sair daquela cena. Na rua vi que os funcionários estavam todos à conversa na Placa ( assim se passou a chamar o terreiro onde outrora estivera o Pelourinho, dai mudado -, foi calcetado à portuguesa em 1937 defronte dos Paços de concelho o antigo solar dos Menezes, donos da vila ) todos queimando os últimos cartuchos antes de voltarem ao trabalho da parte da tarde.Como se nada fosse, com aquele arzinho de boazinha disse "paizinho a Dra. Ilda quer que assine novamente a prova..."Mal será dizer que levei logo diante do Cascão e do Zé Carlos uma tremenda bofetada, e recado,- para o ano seguinte iria estudar para um colégio religioso.
Mas antes ainda tinha de fazer exame em Pombal.No dia previsto da reunião de Professores para decidirem quais os alunos propostos a exame -,eu sabia que não reunia as condições, habituada a chumbos e a perder por estar calada, decidi intervir a meu abono.
Afoita, telefonei à minha mãe, pedi-lhe que telefonasse ao Dr. Silveira, diretor do Externato, para me propor a exame. Assim foi, coitado de quem é mãe.
No dia seguinte para meu espanto na vitrine estava o meu nome proposto a todas as disciplinas, enquanto o de outros melhores do que eu, tinham à perna um chumbo a matemática às costas, uma injustiça!Recordo o Dr Cardoso o Prof de matemática que achincalhava alguns alunos-, aos gémeos Rui e Rogério de Chão de Couce usavam óculos de lentes grossas os apelidava de "co-natos" e a outros "cavalgadura"!
No átrio da Escola Secundária de Pombal recordo o Dr. Silveira
Homem alto de cabelo esbranquiçado que alcunhei "estepe russa" …
Ficou célebre a pergunta " oh piquena sabes o que é a Républica?"
...Res -coisa - publica – de todos… Risada geral!
Foto na Mata? Estou vestida de cambursine castanha
No átrio da Escola Secundária de Pombal recordo o Dr. Silveira
Homem alto de cabelo esbranquiçado que alcunhei "estepe russa" …
Ficou célebre a pergunta " oh piquena sabes o que é a Républica?"
...Res -coisa - publica – de todos… Risada geral!
Foto na Mata? Estou vestida de cambursine castanha
Foto no recreio das meninas
Geração anterior à minha
Alguns que conheci, à esquerda, de óculos a Robetina, conhecida por Tina morava ao cimo do meu quintal, e a outra com ar de regila também de óculos a Celeste Marques da Sarzedela e com boas parecenças a minha prima Helena Freire da vila e a Odete do Moinho das Moutas a rir, o Amândio, filho do correeiro e a linda Manuela Franco.Outros conheço de vista, mas não associo aos nomes.
A minha prima Célinha Fonseca, a Manuela Franco e a Odete muito giras, modernas,o Freire de Albarrol em cenário com mobiliário Art Déco, na peça de teatro, não sei se no Ensaio?
Jamais fotogénica, embora mui gira com os seus belos cabelos negros lisos brilhantes asa de corvo , resquícios da nossa origem fenícia por parte paterna, em corte à tigela...
Em Pombal fui fazer o exame do ciclo.A prova de matemática apenas a preenchi, seguindo esquematicamente os itens solicitados, deixando o espaço em branco para as respostas e cálculos. Quando faltavam os últimos 15 minutos para a prova acabar tive uma saída brutal pedi o rascunho à colega da frente, mal conhecia, a Isabel Manguinhas da Sarzedela, trabalhava na CUF tirava o ciclo à noite para poder trabalhar nos escritórios.Naquele tempo havia uma carteira de intervalo entre os alunos a fazer exame e três professoras de cara fria à nossa frente ao jus de guardas da GNR.
Incrível ninguém viu, deu-me o rascunho e copiei tudo o que pude como pude em flecha e dentro do tempo.Uns dias mais tarde, ainda me lembro que era segunda feira, a minha mãe tinha ido fazer o turno da meia-noite nos correios, ficamos em casa muito pelo concurso Jogo do Galo com o Artur Agostinho.Toca o telefone, o meu pai atende era o padre Filipe Antunes ao vir de Coimbra lembrou-se de passar por Pombal para ver se as notas já estavam afixadas nas pautas, trazia novidades. Parabenizava o meu pai por eu ter dispensado às orais, uma coisa impensável, só possível tal o esforço surpreendeste no final de ano...Diziam, logo eu que nunca seria proposta a exame, se não copiasse tal nunca teria acontecido, até tinha dispensado...Obra de mestre!
Mais tarde agradeci o grande gesto de hombridade à Isabel numa festas em Ansião. Graças ao gesto avulso, grátis, e amigo sem ser minha amiga a me dar o passaporte para continuar a estudar na altura apesar dos atropelos tirar o 5º ano. A notícia foi recebida em muita alegria o meu pai abriu um garrafa Lágrima de Cristo, debalde a minha irmã ficou indisposta , o Porto caiu-lhe mal, fartou-se de vomitar...atrás dela andei com a pá em chapa e vassoura a limpar o chão da casa. Esteve mais de 20 anos sem beber Porto, ainda hoje julgo não lhe toca...
Olhos d'Água com a minha turma do 5º ano
Euzinha em baixo vestida de cambursina xadrez
Olhos d'Água com a minha turma do 5º ano
Euzinha em baixo vestida de cambursina xadrez
Por denuncia da Prof de Português a D. Ilda, o meu pai decidiu que era melhor para mim eu sair do Externato pelo ambiente de namoro ( apelando às suas culpas do passado quando conheceu a minha mãe que engravidou de mim, e o curso de engenharia não passou da matricula).Tive de aceitar sem resignação o colégio religioso de orago a Maria Auxiliadora no Monte Estoril!
Hino do Externato António Soares Barbosa
Autor: Dr. Filipe Santos
Lançados na vida, que é mar tenebroso,
Pedimos ajuda a nauta seguro
Aponta o caminho farol luminoso.
E assim, sem temor, coração ansioso
Vivemos um sonho dourado e puro.
Guiados pêlos mestres, irmãos devotados
Sentimos que a vida é mais proveitosa.
Saber e virtude, são bens desejados.
E a posse segura de dons tão sagrados
Virá pelo Externado Soares Barbosa.
FONTES
Algumas fotos retiradas da página do facebook do Externato
A Maria Isabel no seu melhor!
ResponderExcluirGostei imenso de ler este seu texto.
Não me fez regressar às origens, pois as minhas memórias são diferentes, mas fez-mas comparar.
Havia diferenças substanciais entre uma escola nos trópicos e outra em Ansião, só no método de aprendizagem vi semelhanças, infelizmente!
Um bom final de semana
Manel
Obrigado Manel pelo seu comentário.
ResponderExcluirÉ sempre um prazer saber que me vai lendo, fico até sem palavras!
Um homem tão atarefado, caramba, que honra!
Bom fim de semana para si também
Beijos
Isabel
Olá Isa, mais um texto de encantar!
ResponderExcluirApesar de ter entrado na escola, três anos antes da Isa, e ter frequentado a escola (só a 1ª classe) noutra região do país, as nossas experiências enquanto pequenas alunas são em quase tudo semelhantes.
Digo quase, porque quem me acompanhou no primeiro dia de aulas, não foi a minha mãe (estava longe na altura), mas sim o meu irmão e o resto da criançada, os primos, que habitavam a casa da minha avó paterna. Bem...a criançada, e a lembrança dos grandes olhos acinzentados desta minha avó, que de dedo em riste, logo me avisou que não queria choros ops! Bem, resolveu logo ali qualquer tipo de fobia escolar. Se as tive, resolvi-as sozinha :)
De resto tudo igual; a pasta de cabedal, a lousa, a escola tal como a descreve, com as deprimentes e quase sempre imundas casas de banho de buraco, os recreios separados, as brincadeiras (adorava o jogo dos reis e rainhas), a pose austera dos adultos, tudo, muito semelhante. Acrescento ainda, a toma obrigatória de óleo de fígado de bacalhau :), durante o recreio, que se processava assim: duas filas, uma de rapazes, outra de raparigas. Um garrafão de cinco, litros ao pé do professor, e duas colheres de sopa, que serviam, uma, para todos os rapazes, e outra, para todas as raparigas :)Era integrável tornava-se uma autêntico suplicio, beber semelhante mistela. Eu lá ia com a minha prima, mais velha um ano, que logo me instruiu, “não engulas! Corre para a casa de banho e deita fora!” Sábios conselhos :) que eram seguidinhos à risca lol.
Não posso deixar de referir a tabuada bem cantada, todos juntos em pé, em frente ao quadro! :)Eu, que já na altura gostava de dançaricar, balançava-me de tal maneira, tipo pêndulo, que a boa da professora tinha que me refrear os ânimos de dançarina com umas canadas. Mas nada conseguia. Demasiado branda… eu sabia, que ela tinha um fraquinho por mim :)Se fosse hoje, lá teria ido a vovó, reclamar com a professora, lá viria o Ministério relembrar a necessidade da articulação e da transversalidade dos conteúdos, enfim, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e o equilíbrio não é coisa fácil de se encontrar.
Depois regressei à minha terra e aí, a realidade era totalmente diferente.
Beijinhos para si e um bem-haja pelo condão que tem em proporcionar momentos tão agradáveis.
Maria Paula
Obrigada Maria Paula pelo seu comentário.
ResponderExcluirÉ muito gratificante relembrar episódios tão "velhos" nesta nossa vida, é como se voltássemos ao local e vivê-los outra vez...mas agora com sofisma!
Essa da tabuada, já não me lembro, acho que a declamávamos em alto e bom som.
Pouco me lembro da escola, porque vivia amedrontada!
Que bom saber que gostou de me ler...estimo muito os seus comentários, ajudam -me a crescer ainda mais.
Bem haja, também um excelente fim de semana
Beijos
Isabel
Gostei de ler e ver. Me recordo do Dr Silveira, tinha uma filha, mas năo me recordo o nome, Magda? Nao existem fotos dos anos 1962, 1963? Minhas Irmas e eu de Areosa! Gostaria de ver. Obrigadinha Lucinda
ResponderExcluirCara Lucinda agradeço a cortesia da visita e o seu elogio. Pois na época 62/3 deve haver poucas fotos. Os meus pais andaram lá até 56. E do meu tempo quase nada. O Dr Silveira teve duas filhas - a Dra Mané, Prof de desenho e ciências e a Dra Magda. Estas fotos fui encontrando por aqui e as acondicionei para gáudio de boas recordações do tempo que lá andámos. Areosa - terra ancestral , a do milagre da Fonte Santa e os da Constantina "roubaram" os louros, o certo era a capela ter sido erigida no local e não a ampliação da ermida que já existia na Constantina...Qual o seu apelido paterno? No Grupo Ansião não sei se é membro partilhamos cultura do concelho e mais se vai descobrindo do nosso passado tão obscuro.
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