Há anos que não frequentava a feira de velharias de Coimbra, o tempo ditou o passeio porque estava por terras da aba de Sicó.Demorei horas a falar com os colegas na sua maioria meus conhecidos,outros apenas de vista. O João de Mafra arrumava a banca , a sua 1ª vez nesta feira confidenciou-me a burocracia de ter de aguardar pelas 9 horas para abancar, trazia uma bela cómoda de pau preto, alta com torneados nas quinas e belas ferragens, o primeiro gavetão fazia de escrivaninha tal o número de gavetinhas...amargurado se sentia por não ter sido flexível por causa de 30€ -, a deixou de vender na feira anterior...encontrei o Joaquim, homem loiro divorciado que conheci na feira de Tomar, voltei a estar com ele em Pombal - Carlos de olhar triste e apático, nas mãos livros de filosofia nostálgica aprecia leitura constante, tinha um belo prato de faiança de José Reis Alcobaça com pintura minimalista finais do século XIX - dizia-me " é Vilar de Mouros " a sorrir no meu jeito de DIZER AS COISAS, no caso sem quaisquer dúvidas que estaria certa na minha atribuição, pedi-lhe amavelmente para o fotografar.
Pena fiquei de não ter trazido a enfusa de Cantão Popular...ao meu marido perguntou quanto dava por ela, depois a mim pediu uma exorbitância. Conversei com o Sr João de Oleiros e da Amadora com a esposa Maria de Jesus, vendem loiça e linhos antigos - ainda me perguntaram se tinha trazido os caixotes...no Sr Manel e esposa Helena da Batalha comprei uma braseira de cobre para usar debaixo da mesa no almoço que ofereci para oito pessoas no domingo - os meus compadres e os pais da Odete.Fiz uma boa canja de galinha cozinhada ao lume em tacho de barro servida em terrina da Cesol de Coimbra, cataplana de alas de maruca, tamboril e camarões ,fechei com fondue de chocolate e variedade de frutas e claro velozes de abóbora, arroz doce, pão de ló, bolo rei - ela trouxe molotof.
Conversei com o colega obeso de Seia cujo nome esqueci e não consigo relembrar - simpatiquíssimo neste dia ao invés do carisma nefasto e azedo da última feira em Tomar no final de verão - sei agora que é bipolar - só podia! Tinha como sempre na banca belos exemplares: uma bacia e um prato de Estremoz ; Fervença ; Darque; Coimbra; Alcântara e,...
Havia noutra banca belos exemplares e grandes de Cantão Popular, uma malga de Miragaia e outra faiança interessante. Numa banca que desconheço o vendedor havia peças muito boas e de Fervença como este prato - aliás em melhor estado de conservação do que o apresentado.
Este prato que vi há tempos neste meio blogista, e tive dúvidas da sua autenticidade por apenas haver uma única foto do mesmo. Desta vez tive um na mão, as cores, o esmalte, o brilho é inigualável - e, sem dúvidas atestei ser essa a sua proveniência - Belo exemplar pelo preço com desconto de 400€!
Se nessa altura ofendi com o meu comentário CONTRADITÓRIO confesso tal propositura foi sem intenção - mas sinto devo pedir desculpas ao dono do exemplar, e a quem o postou.
Havia na feira muita qualidade de artigos a preços insuportáveis!
Fui matar saudades ao Nicola na Ferreira Borges recordar tempos de infância - em que o empregado dizia para a minha mãe " e para a menina o que vai ser?" desforrei-me a comer um bom bolo com chantily e um salgado maravilhoso sem gordura e muito fresco. Perdi-me nas montras da Briosa mas acabei por enfeirar bolos artesanais numa camponesa de avental com a pucieira de verga cheia de bolos de Ancã e merendeiras de passas a fazer lembrar tempos que as via pelo mercado - agora os vende ás escondidas nas escadinhas de acesso à Praça Velha antes dos sanitários.Ainda comprei um ramo de geribérias amarelas com azevinho para o meu oratório.
Pena fiquei de não ter trazido a enfusa de Cantão Popular...ao meu marido perguntou quanto dava por ela, depois a mim pediu uma exorbitância. Conversei com o Sr João de Oleiros e da Amadora com a esposa Maria de Jesus, vendem loiça e linhos antigos - ainda me perguntaram se tinha trazido os caixotes...no Sr Manel e esposa Helena da Batalha comprei uma braseira de cobre para usar debaixo da mesa no almoço que ofereci para oito pessoas no domingo - os meus compadres e os pais da Odete.Fiz uma boa canja de galinha cozinhada ao lume em tacho de barro servida em terrina da Cesol de Coimbra, cataplana de alas de maruca, tamboril e camarões ,fechei com fondue de chocolate e variedade de frutas e claro velozes de abóbora, arroz doce, pão de ló, bolo rei - ela trouxe molotof.
Conversei com o colega obeso de Seia cujo nome esqueci e não consigo relembrar - simpatiquíssimo neste dia ao invés do carisma nefasto e azedo da última feira em Tomar no final de verão - sei agora que é bipolar - só podia! Tinha como sempre na banca belos exemplares: uma bacia e um prato de Estremoz ; Fervença ; Darque; Coimbra; Alcântara e,...
Havia noutra banca belos exemplares e grandes de Cantão Popular, uma malga de Miragaia e outra faiança interessante. Numa banca que desconheço o vendedor havia peças muito boas e de Fervença como este prato - aliás em melhor estado de conservação do que o apresentado.
Este prato que vi há tempos neste meio blogista, e tive dúvidas da sua autenticidade por apenas haver uma única foto do mesmo. Desta vez tive um na mão, as cores, o esmalte, o brilho é inigualável - e, sem dúvidas atestei ser essa a sua proveniência - Belo exemplar pelo preço com desconto de 400€!
Se nessa altura ofendi com o meu comentário CONTRADITÓRIO confesso tal propositura foi sem intenção - mas sinto devo pedir desculpas ao dono do exemplar, e a quem o postou.
Outro exemplar de Fervença |
Fui matar saudades ao Nicola na Ferreira Borges recordar tempos de infância - em que o empregado dizia para a minha mãe " e para a menina o que vai ser?" desforrei-me a comer um bom bolo com chantily e um salgado maravilhoso sem gordura e muito fresco. Perdi-me nas montras da Briosa mas acabei por enfeirar bolos artesanais numa camponesa de avental com a pucieira de verga cheia de bolos de Ancã e merendeiras de passas a fazer lembrar tempos que as via pelo mercado - agora os vende ás escondidas nas escadinhas de acesso à Praça Velha antes dos sanitários.Ainda comprei um ramo de geribérias amarelas com azevinho para o meu oratório.
Remato com esta foto em frente da Igreja de Santa Cruz...cuja fachada em pedra de Ancã desfalece a olhos vistos com a erosão - euzinha de botas abertas à frigstone - termo por mim inventado há 30 anos! Achei piada ao homem fardado e medalhado na quina do portal, vi outro assim igualzinho no Funchal há anos...
Cara Maria Isabel
ResponderExcluirJá ando para comentar este post há já alguns semanas, mas, tem-me faltado tempo para lhe escrever qualquer coisa conciliatória, mas sincera.
Não estou propriamente zangado consigo e naturalmente que aceito as suas desculpas.
Escrevo o blog há cerca de três anos com o objectivo de me distrair com coisas que gosto e não propriamente com a intenção fazer de desfazer amizades.
A Maria Isabel é livre de ter as suas opiniões sobre faiança e de escrever o que lhe apetecer sobre o assunto.
No entanto, quando comenta outros blogs e o faz emitindo juízos sem qualquer base científica e arvora um ar doutoral, arrisca-se obviamente a que lhe chamem a atenção para o que facto de as suas opiniões serem meros palpites, sem fundamento em catálogos de exposições ou colecções de cerâmica. Foi o que lhe fiz notar na resposta ao seu comentário sobre o prato atribuído a Fervença.
A Maria Isabel desconfia dos livros e acredita mais na experiência que tem como coleccionadora amadora. É livre de o fazer, mas arrisca-se a que as suas “catalogações” de faiança ou porcelana sejam muitas vezes tiros ao lado. Se me permite o conselho, comece a comprar todos os livros que encontrar sobre cerâmica e evite atribuir de imediato um fabricante a tudo aquilo que compra. Seja paciente. Muitas vezes só ao fim de um, dois três anos encontramos a solução ou nunca a encontramos.
Bjos e desejo-lhe um óptimo fim-de-semana
Caro LuísY
ResponderExcluirMuito obrigado pela cortesia da visita, e do comentário sábio e oportuno num tema que nos é tão caro.
Não se preocupe com a exaltação de ânimos ocorrida no passado que eclodiu com o prato de Fervença, fazendo fé na minha intuição o azedume vinha na realidade muito de trás...
Aceito as razões exaradas com estima, porque em si vejo além do meu primeiro amigo neste meio virtual, um homem inteligente,inteletual, estudioso, de conhecimento , onde a pesquisa, e o querer saber certezas, ser mote de exigência que não descoroa, ao invés de mim quem sabe por ser mulher com um grau de escolaridade inferior, mais prática, e precipitada, me deixo encantar pelo entusiasmo frenético de analisar as peças precipitadamente , quando na realidade o deveria fazer ponderadamente com estudo apelando ao bom senso .
Em matéria de paixões, sou assim...
Quero que saiba que tenho já vastas obras editadas sobre a temática, não diria que não acredito no que está escrito nos livros - seria tonta com tal afirmação, diria antes que fico desolada quanto baste, porque em todas acho sempre parca informação , no meu ver os autores deveriam ter sido mais tenazes na procura, mostrar mais fotos das peças, sobretudo falar dos detalhes para os outros que delas também gostam poderem com mais exatidão as distinguir:seja pela textura,esmalte,pintura,peso ou outras , digo mais até das diferenças das fábricas mais importantes motivada pelas transferências de oleiros e pintores.
Por exemplo no meu julgar precipitado, mas pode ter sentido, advento que a saída do Vanderlli de Coimbra para Gaia onde se instalou numa fábrica, sendo um químico e mentor da nova palete de cores, criando novas partindo das 4 existentes, acredito (?) veio dar origem às decorações graciosas e muito alegres que conhecemos em Darque,Bandeira,Fervença,Santo António da Piedade,Afurada,Miragaia e...
O impulsionador da faiança, o génio que se lembrou de começar a catalogar a faiança portuguesa - José Queiroz- fico sempre enchavida ao folhear o seu livro, para mim tem muita parra e pouca uva, no tempo havia ainda muitas peças, fábricas abertas, outras que tinham fechado há poucos anos, deveria no meu pensar ter sido mais persistente, teimoso, sobretudo mais esclarecedor na sua abordagem, que sobre algumas fábricas o que escreveu e disse com o Lepierre -, não é nada, ou pouco...a minha revolta no entanto tem o mérito de ter sido o PIONEIRO,e só por isso é o bastante!
Posto isto quero dizer que para não aborrecer mais ninguém, nem tão pouco a minha pessoa se melindrar decidi descontinuar o Lérias e Velharias por já não me dar prazer(?) só não o fecho atendendo ao carinho de muitos que me seguem e estimam, também por ser a montra da minha coleção.
Como remate acrescento recebi do arrufo o dobro beneficio com e-mails de alguns dos seus seguidores preocupados com a minha ausência sentindo falta dos meus comentários de cariz frontal.
Fato que me deixou deveras emocionada.
Decidi perder-me na escrita das minhas estórias de ontem e d'hoje pelas feiras no Coysas e Loysas onde posso dar azo à minha loucura...prefaciando as suas palavras "A Maria Isabel é livre de ter as suas opiniões e de escrever o que lhe apetecer "
Sabe que mais ?
Divirto-me imenso!
Bem haja pelo carinho como me "admoestou" e aconselhou.
Continuação de boa semana
Bjs
Isabel
Maria Isabel
ResponderExcluirTambém por vezes me sinto frustrado com os livros de faiança, sobretudo quando começam a descrever o prato ou a travessa flor a flor, ou risca à risca em vez de explicar ou interpretar. Mas os livros, ou os manuais são os nossos únicos guias e foram escritos porque quem lidou com cerâmica a vida inteira e pelas suas mãos passaram as melhores peças portuguesas. O José Queiroz foi um dos primeiros conservadores de cerâmica no Museu Nacional de Arte Antiga e a sua obra é absolutamente pioneira em Portugal. Claro, é um chato do caraças, mas temos que nos reportar ao período em que ele escreveu os seus livros, quando quase nada havia sobre o assunto.
Depois, a Maria Isabel tem que perceber que há poucos arquivos sobre fábricas ou oficinas de faiança. Fervença ou Bandeira eram fabriquetas familiares com meia dúzia de empregados. Os seus arquivos seriam meros livros de contas e registo de encomendas. Não constituíram ficheiros com os desenhos das obras ou publicaram catálogos com os seus produtos, como fizeram fábricas evoluídas como Sacavém ou a Vista Alegre. Mais, muitos desses arquivos foram destruídos, quando as fábricas fecharam portas. Portanto, os investigadores têm um trabalho complicado pela frente quando querem estudar a fábrica da Afurada, Estremoz ou Viana ou uma outra qualquer. E quando se publica um livro, não se pode faze-lo com intuições. Há que basear-se nos poucos documentos de arquivos existentes, nas peças marcadas, fazer comparações cuidadosas e mesmo assim sabe Deus. Um bom caminho a seguir seriam as escavações arqueológicas nos terrenos das antigas fábricas e estudar as caqueiras. Fizeram-no em Miragaia e embora só tivessem escavado um talhão tiveram bons resultados. Mas a arqueologia é cara e como sabe ninguém dá dinheiro para a cultura
Claro, isto é o trabalho dos investigadores. Nós somos meros amadores e podemos também fazer um bom trabalho de inventariação e catalogação, mas sempre com a devida cautela. E enfim, também podemos fazer este trabalho amador de forma divertida e com humor
beijos
Caro LuísY
ResponderExcluirMuito obrigada pelo comentário que aclarou com vasta informação e quiçá apesar de leiga(?) me parece boa matéria para introdução de um livro temático - isto porque a linguagem é escorreita, atrativa e mui esclarecedora.
Não me afeta mesmo nada admitir os meus erros e enganos -, mas não os lamentemos; o melhor pensar será corrigi-los e continuar a andar. Isto porque as lamentações só trazem tristeza e frustração, por isso decidi postar ontem Sacavém numa de " move on!" parece estar a despoletar um sucesso que andava arreigado de mim...o fascínio renasceu das cinzas qual fénix em alvoroço!
Bem haja pelo carinho demonstrado que retribuo em dobro.
Permita-me que endereça um cumprimento especial para o seu amigo Manel que dele saudades tenho e me lembro amiúde - talvez por saber que tem raízes nas abas de Sicó que me é tão querida.
Sendo sonhadora ,algumas vezes dou comigo a delirar com as vossas deambulações pela feira de Estremoz,também da casa de xisto, branca de tijoleira artesanal com azulejos pombalinos, e do quintal , das flores ...lembro as açucenas brancas pela paz que me dão quando delas me lembro.
Domingo vou fazer pela primeira vez a feira de S. Martinho do Porto pela mão de um amigo que conheci na Expoeste.
Bom fim de semana
Beijos