segunda-feira, 26 de junho de 2023

Caminhar ao sol posto na Sarzedela em véspera de S. João

A minha primeira vez na festa de S. João na Sarzedela. Com chegada pela Quinta da Bica, ao rio da Sarzedela, estacionei atras do salão paroquial. Senti esmerado serviço de limpeza  nas ruas.

Casario de pedra com arquitetura ancestral judaica , a fresta abaixo do lintel para entrada de ar
Rio da Sarzedela
Zona de águas soltas que entravam no tanque chamado rio.
O tanque com os buracos para a saída da água corrente são iguais aos dos tanques de chafurdo debaixo do arco da Ponte da Cal. Presume  serão dos finais do sec. XIX.
A lamento o acrescento a blocos de cimento, quando deveria prevalecer a pedra!
Entretanto em amis de um seculo a subida do terreno...o deixou atrofiado
Em cima do muro um calhau rolado de grande dimensão
Instiga para uso de afiar facas... quiça para nascente aos Loureiros, sabemso existe um filão de marmore com  calhaus rolados de grandes dimensões, que puseram nos canteiros de NSPaz na Constantina, explicam a depressão de um passado de muita água, julgo sem estudo geologico.
Belas e frescas hortas, pela fartura de água, a lembrar a Constantina
Bem atestada na toponomia Lameirão
 Fonte da Bica com lintel de 1783
                                     
Belo Crucifixo azulejar na fachada de uma casa no tardoz da capela
A eira que deu a toponímia ainda lá está embora a merecer melhor destaque          
Traça de balcões
Uma janela de avental
O portal e umbreiras em cantaria trabalhadas podem ter sido aqui reutilizadas
Toponimia atesta o passado rico da vinha na Sarzedela
Falta abrir novas ruas para alargar a Sarzedela 
Um forno que não resistiu...
                                      
Reconheci a casa do Sr. Eziquiel Carvalho pelas esculturas na frente da casa 
Recantos de antanho muito bem arranjados
Toponímia atestada com a que foi a quinta da Togeira , atestada pela metade: Rua da Togeira e a poente Rua da Quinta...
Seria oportuno cobrir a ribeira agora com gradeamento para servir de estacionamento
Não há passeio pedonal e faz falta pelo movimento da via  
Alguma ruina que foi bela a precisar de requalificação
Quem aqui morou?
A contraste do belo bem requalificado
Uma bela entrada em lajes ladeada por alta vegetação
As origens pagãs da Festa de S. João
Interligadas à homenagem do Homem ao Sol como fonte de vida. 
A relação mágica “terra/céu” assume desde a pré-história um papel muito importante na vida das comunidades. 
A Festa de S. João Baptista, festa do solstício de verão, é a marca do apogeu do curso solar e herda, assim, todos os símbolos que caracterizam a festa de origem pagã. 
O culto das pedras, das ervas, da água, das plantas e do fogo há muito que se alia à celebração religiosa em honra deste Santo, com benefícios destes elementos no amor, na saúde, na felicidade e na beleza. As ervas aromáticas, também chamadas “ervas de S. João”, assumem nesta festa uma particular importância, tanto pelos benefícios que se julga trazerem à saúde, como pelas manifestações que o povo lhes atribuiu (virtudes mágicas e terapêuticas, resquícios de rituais antigos, derivados de festas romanas e célticas).
A erva de S. João Hypericum perforatum ou Hipericão
No tardoz da capela distingui árvores que parecem nogueiras
Cujos frutos lembram a malvada maça, uma bola de ferro cravada de espinhos, usada em tempo medieval, para matar.
Capelas referenciadas no Livro de Notícias e Memórias Paroquiais em 1627, na Sarzedela: 
a ermida do Espírito Santo, e a de S. Silvestre pegada ao dito lugar
Já não existiam em 1769 , tão pouco se sabe quando foi edificada a capela a S. João Batista, que reuniu o espolio das outras capelas. 
Em 1769  esta huma Capella, e nella, as Imagens de Santa Luzia , Santíssima Trindade, S. Silvestre, S. Martinho e Sam Joam, todas em vulto, bem incarnadas. A Capela hé muito baixa, forrada de guarda pó, tem seu retábulo bem pintado, e o que havia de cer dourado, he pratiado com sua cor que parece dourado, pedra de ara, quatro toalhas, trez mezas de corporais, seis sanguinhos, calis, patena e colher de prata, dois frontais, hum de damasco incarnado, e outro de osteda roixo, huma vestimenta, de osteda branca, com os bentinhos incarnados,dois castissais de bronze, e cruz de páo tudo em bom uzo, trez alvas,duas quazi novas e huma munto uzada, quatro amitos, trez novos e hu uzado, hum cordão munto uzado, sachrista, caixão, palio, alenternas, e sino, corre o seu reparo por conta do povo, tem lâmpada de latão, amarello, dois veos, hum novo, e outro uzado. 

O  adro  mostra-se  atrofiado adensado por casario e quintais 
Espectável que  o entestante da courela com o adro seja agraciado de ação filantropa na sua doação  para se recolocar o coreto dando amplitude à capela. Com atribuição do seu nome na toponímia, para os vindouros reconhecerem o mérito e a valia na arte musical dos genes ancestrais ainda pujantes na Sarzedela.

Antes da década de 60 do séc. XX a capela de S. João era assim...
A capela teve nos tempos requalificações. A norte ostenta hoje uma frecha alta antiga, que julgo aqui foi requalificada. Teve na frontaria um óculo redondo e depois outro tetra lobado, a Cruz e até o pilarete que teve na direita, aqui requalificados, vindos da capela de Nossa Senhora da Boa Morte. 
A ultima requalificação, o que  o que foi feito a este óculo antigo e ao pilarete? Como o arco sineiro tinha alguma coisa no vértice...
Requalificação em 2013
Foto google
Tenho muita dificuldade em enquadrar requalificações modernas no património religioso.
Ao meu olhar  a capela mostra-se modernizada em demasia sem os valores da sua ancestralidade como  o óculo tetralobado, os bancos tradicionais ocos em prol de modernos em bloco, como os patamares das portas em detrimento dos degraus em meia lua . Já no interior não me chocou o modernismo com o enquadramento das colunas laterais com as Imagens e o altar moderno, como seria o antigo?
No banco a mãe da  Tita e a D. Augusta Manguinhas, com apelido Paz por parte da mãe
Decoração  alusiva ao norte ao mastro de cores variadas ainda viva em Soure 
Belo enquadramento do céu azul com a panóplia de cores das flores 
O património religioso
O altar primitivo com retábulo de talha dourado muito interessante com belo sacrário e a Imagem do padroeiro S. João Batista, mui graciosa.
Já as duas Imagens novas, no meu julgar estão em demasia  e chocam como as antigas  que deviam ser apenas Estas, a ser premiadas por serem todas de cultos na Sarzedela, tendo o povo aqui as reunido nesta capela, já se fosse  igreja faria sentido.
Acresce a boa escolha na aquisição do quadro no corpo da capela bem enquadrado
Fotos de Tita Silva
 Orago  S . João da capela da Sarzedela
Santíssima Trindade e em baixo Santa Luzia
 S. Silvestre e em baixo S. Martinho
Das duas uma - ou há duas imagens de S. João, ou apenas esta. Ainda há pessoas no Casal ad Pedra que se lembram de ouvir falar aos bisavós que foi  trazida a imagem de S.João da capela desativada por alguém da Sarzedela, num carro de bois.
Em verdade houve ligação familiar entre o lugar e a Sarzedela. Teria sido o caso da capela do Casal da Pedra para a família  ter ido buscar o S. João para a Sarzedela. 
Falta confirmar se esta aqui nesta capela. 

O Estandarte com data de 1955
Uma Virgem com o Menino
Na parede lateral um grande quadro com S. João a batizar Jesus
Falta saber o autor e quando e como foi adquirido
 Andores com Imagens recentes de Nossa Senhora de Fátima e do Divino Espírito Santo
Pia de água benta foto google
O Coreto da Sarzedela? Fotos retiradas da página facebook da Sarzedela
Segundo a minha grande amiga Fernanda da Paz Freire o coreto desapareceu, o recordo quando passava de camioneta para Coimbra, de o visualizar junto da fonte. As pedras são semelhantes ás da fonte que tem data de 1926, será esta a data do coreto?
Grande perca por representar a simbologia musical do povo da Sarzedela de cariz festivaleiro.
Derrubar o coreto foi um grave atentado ao património cultural, enquanto marco arquitetónico, fazia parte de um ritual tradicional. Pois já não temos o Sr. Eziquiel Carvalho para orientar a obra , como em Coimbra, repôs em 1986, com louvor a fonte nova e antes se chamou a Fonte dos Judeus, afinal a herança dos nossos  avoengos fariseus e dos genes gregos, amigos de festa e da música.
Arraial com concertina na Sarzedela onde se juntam gerações

Fonte da Sarzedela

Foto retirada da página Facebook da Sarzedela
Com o então Sr. Padre Olívio 
WC funcional, julgo tenha sido ali posto para servir a festa

Em junho de 2023, aderiu muito público à caminhada 6 km pelo Lousal, Outeirinho, Gamitos, quinta da Bica e rio da Sarzedela .

Cátia ao alto da escadaria a dar as indicações

Contornamos a Serradinha e a que foi a quinta da Texugueira que foi da Irmandade do Santíssimo  de Ansião, em 1877. Pagava foro trezena de laudemio

O alho porro símbolo do S. João

Tabelei conversa com a D. Augusta Manguinhas, o Sr. Rodrigues Feio e a senhora que não sei o nome...
Uma casa de madeira com telheiro soalheiro a sul. Um paraíso.
Bom percurso pela natureza com bons caminhos de boa floresta e olival debruadas a muros de pedra seca.
Cheguei com a vassoura amiga do colégio Fernanda Bernardino e a sua linda filha Simone
Arraial com bom caldo verde com chouriça verdadeira e bifana. O vinho era pomada.

FONTES
Foto retirada da página facebook da Sarzedela
Comentário de Maria Manuela Lopes
Fotos de Tita Silva
Fotos google 

5 comentários:

  1. Também lá estive no S. João! A casa branca por trás das duas caminheiras da última foto, é a casa que foi dos meus avós e que agora me pertence.

    ResponderExcluir
  2. Caro António Bastos, obrigado pela cortesia da visita. Não percebi onde é a sua casa. O que me chamou a atenção foi o seu apelido , tenho um avoengo Bastos Guimarães.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esta última foto, com a Fernanda Bernardino, a minha casa é a que fica na Rua do Lameirão (branca e cinzenta com telhado sandwich em 2º plano). Na busca que fiz pelos meus antepassados, encontrei um padrinho de uma filha dos meus 7os avós com apelido Bastos, oriundo das terras em volta do Alvorge (acho que do Pombalinho). O apelido da minha mãe tem origem precisamente no Alvorge (o 7º avô era de lá, a esposa era do Casal da Pedra).

      Excluir
    2. Relativamente ao meu apelido "Bastos", ele tem origem em Pardilhó e Avanca, em Estarreja, Aveiro.

      Excluir
  3. Caro António Bastos obrigado, julgo que já antes falamos, ou então é outro senhor com o mesmo apelido. O meu veio de Guimarães. Tenho outro avoengo vindo de Arrancada do Vouga. já sei qual é a sua casa, junto do rio, no chão que foi a quinta da Bica.

    ResponderExcluir

Seguidores

Arquivo do blog