terça-feira, 12 de setembro de 2017

Políbio Gomes dos Santos poeta de Ansião

 
A foto a preto e branco do jovem poeta revela o rosto de um homem bonito, abençoado de belo olhar lânguido, a lembrar um lago de nenúfares, transparente e doce, com boca carnuda de encantar, no enlace maior o remate do borsalino, o chapéu de felpo-, um fedora, de bela aba semi levantada e copa de vinco bem marcada, ornado de bonita fita em seda que fecha com laço.Sem dúvida alguma um homem galante e sedutor!
Nem ele nem a irmã deixaram descendência.
A fraca qualidade das fotos deve-se à sala museológica com espólio do poeta e da família receber muita luz vinda de fora, as janelas deviam ter cortinas em pvc  e também porque andava um casal jovem a tirar fotos com uma boa máquina e não quis incomodar, os encontrei em dois dias...
Em Ansião, em plena República  nasceu até hoje o maior poeta  conhecido - Políbio Gomes dos Santos. 
Os seus pais quando casaram foram viver no  r/c do solar dos pais do Coronel Vitorino Henriques Godinho onde nasceu  num quartito nos fundos a 8 de agosto de 1911 .
Na década de 60 a GNR funcionava no 1º andar deste solar, e o r/c ao portão era a oficina de  dois irmãos dos lados da Lagarteira que ali consertavam bicicletas e motorizadas.
Pais do Políbio Gomes dos Santos 
Albertina de Sá e João Gomes dos Santos 
O apelido "Sá" é oriundo de Soure e Montemor o Velho, por casamento aparecem no Alvorge, de onde a sua mãe supostamente terá nascido, o pai é de Ansião, nasceu no tardoz da Albergaria da Misericórdia.
Prédio na vila onde os pais inicialmente moraram, como o conheci
Tinha lindos tectos em estuque que os via da escola primária
As fotos possíveis pela luz que se crava nas fotos...
Os irmãos
Políbio Gomes dos Santos e Paulete de Sá Santos
Foto de família de Polibio com a mãe, a irmã e o avô paterno (?) por certo foi tirada no atelier do fotografo Manuel Freire Paz, pelo enquadramento do atelier, para enviar ao marido em África, um hábito para não se esquecerem da família...
Foto do pai do Polibio em África, julgo Moçâmedes (?), quando emigrou com outros conterrâneos que voltaram ricos. O fotógrafo é francês.
Foto tirada no atelier fotográfico do amador Adriano Freire Paz  e Cª filho do 1º fotografo de Ansião que aprendeu a arte no Brasil.
Esta foto diz-nos ainda que o Manuel Freire da Paz já tinha deixado a arte de fotografo e passado ao filho que ainda conheci conhecido por "Adrianito da praça".
Políbio Gomes dos Santos após concluir o ensino primário em Ansião frequentou o Colégio Militar dos Pupilos do Exército, em Lisboa, como aluno interno, no período de 1922 a 1925. Interrompeu os estudos por motivo de doença, regressando então a Ansião, para se restabelecer.
Retoma os estudos liceais, desta vez em Coimbra, no liceu Dr. Júlio Henriques no ano de 1928. Mais tarde, entre 1933 e 1937, frequenta os cursos de Direito e de Letras da Universidade de Coimbra.

Polibio vestido com a farda dos Pupilos do Exército
 A sua mala dos Pupilos do Exército
Ao tempo da escola primária já indiciavam a sua veia poética
José Marmelo e Silva, no prefácio à edição de Poemas, da Limiar, de 1981, inclui estas quadras simples da infância de Políbio, que mostram bem o seu talento precoce:

E minha terra Ancião
A terra onde eu nasci;
Dá-me baques o coração
Cuando me lembro de ti
Teus campos tem Olivedos
Encarados pelo sol;
E teus quintais tem Silvedos
Onde canta o rouxinol…

 Os irmãos - Políbio e Paulete
Se o poeta Políbio tinha também o gosto pela pintura supostamente herdou a veia da arte por parte do pai  que desenhou a antiga Placa em triângulo com bancos, o sitio de onde anteriormente já tinham retirado o Pelourinho em 1902 para o local atual, com suporte de novas esferas, que a filha Paulete, bem se empertigou nesse tempo. Teve gosto também pela música. Nos últimos anos do ensino primário tocou flautim na Filarmónica de Ansião, e chegou a compor músicas.

Espólio do poeta doado pela irmã
Desde que me lembro sempre dele ouvi falar e da intenção da sua irmã o doar, e também da casa para nele se instalar um Museu . Por ter tido uma vida longa, julgo que chegou a concretizar a intenção para a desfazer várias vezes, para no último reduto a ter doado à Misericórdia, que a viria a vender posteriormente à sua governanta que dela cuidou até falecer.
Para mim a ilação a retirar sendo  mulher culta, não tendo descendência, a casa  feita pelo pai e tão arreigada à terra deveria ter percebido que depois da morte o que fica é o legado do património, e se o tivesse doado à Câmara com contrato de apoio no complemento da velhice, hoje  prevalecia em Ansião a Casa Museu Políbio Gomes dos Santos.
Suposto dizer que ao não ter feito o que devia, mostrou a meu ver arrogância e altivez, aliás postura defendida na boca de quem a conheceu, basta lembrar que exigia o trato à francesa "Paullete) que determinou ficasse escrito na sua campa fúnebre...
Senhora dona de personalidade vincada em manias e caprichosa.Na boca de outras pessoas a retratam de temperamento extremamente tímido, instável e de difícil acesso, solitária, nada dada a afectos, fechava-se no seu casulo com os seus papeis e memórias. Quiçá tenha sofrido de dor de cotovelo (?) , por não ter sido tão Grande, como afinal o seu  irmão o foi em poucos anos de vida, em prol dela que teve uma vida quase centenária, mas pelos vistos vã de coisa válida, apesar de ter percorrido o mundo por duas vezes...
Em nova se apaixonou por homem da terra que a preteriu, que também não tratou nem respeitou a esposa, por a ter também  trocado pela governanta que amou eternamente...
Conhecia a D.Paulete quando era miúda no dia de Todos os Santos, quando com os cachopos do Bairro de Santo António fomos a sua casa pedir os "bolinhos dos Santos", tanto ela como a mãe se mostraram sorridentes com a alegria das crianças, dando-nos uma nota de 20$00.  
Obviamente teria qualidades, fui ao seu funeral, bem recordo o padre José Eduardo Coutinho que tendo convivido com a senhora na missa  lhe teceu rasgados elogios, para também reparar que os primeiríssimos a abandonar o cemitério foram precisamente quem estava ao tempo na Provedoria da Santa Casa, a quem ela deixou o património...

Vitrines na sala museológica dedicada ao poeta integrada na biblioteca de Ansião
 
Exame de Admissão aos Liceus em 1923
Da esquerda para a direita de pé
Manuel Esteves Alves; Joaquim Rodrigues Maneira; Edmundo Dias; Júlio Gomes da Silva; Amaro  da Costa Faria e José Esteves Alves
Sentados da esquerda para a direita 
Alfredo Simões Lopes Silveira;o Sr José Maria Vaz Prof destes alunos, e Polibio Gomes dos Santos
Não ficou na fotografia António Caseiro por não estar na terra.Retrato tirado 4 anos depois em setembro de 1927.
O Professor José Maria Vaz, tio do Dr. Alfredo Simões Lopes Silveira  natural da Venda Nova, no limite de Chão de Couce com Maças de D. Maria na beira da estrada ainda se encontra a casa na frente baixa em relação há chaminé que se mostra grandessíssima, no cemitério de Ansião há um jazigo de família onde se encontram sepultados.

Venda Nova, ao limite sul do concelho de Ansião com o de Alvaiazere
Casa com a grande chaminé, julgo foi desta familia Vaz
 O jazigo no cemitério em Ansião

Dedicatória do poeta Fernando Namora, passou férias na casa de uma avó no Vale Florido no Alvorge

Casa construída pelo pai da D.Paulete e de Políbio Gomes dos Santos
O pai do poeta nasceu num casario  no tardoz da que foi a albergaria da Misericórdia de Ansião 
Este predio foi a albergaria
Suposto dizer que foi com o dinheiro trazido de África que o pai de Políbio comprou o lote de gaveto e construiu a casa em arquitetura romântica, airosa, onde não falta o telheiro no tardoz e as pedras laterais nas janelas.Na verdade naquele tempo os que voltavam da emigração com dinheiro as suas casas mostravam a diferença, em contraditório da década de 60, em que os novos emigrantes construiriam aberrações...
Homem de grande habilidade manual e na arte do desenho. Nasceu num casario atrás da taberna que no meu tempo era explorada pelo Carlos Antunes, e haviam no tardoz uns barracões da antiga estalagem que aqui existiu na vila junto da ermida de Nossa Senhora da Conceição. 
Construiu esta casa ao estilo art déco, quando se avizinhava fazer a avenida. A filha Paulete começou por ser professora na Ameixieira,  no seu funeral apreciei antigas alunas do Ribeirinho. 
Um episódio que me contou a D. Piedade Lopes- a sua filha Tininha  teve um azedume com a D.Laura Simões e não queria voltar à escola, era o marido Sr Diamantino que a levava à Ameixieira dando boleia também à professora D.Paulete.
 Textos- Políbio escrevia em qualquer papel
Citar excerto de https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/category/polibio-gomes-dos-santos
"Apesar de uma vida curta e de uma obra não muito extensa, não deixa de ser reconhecido como um grande poeta. Segundo os críticos, a sua poesia possuía influências presencistas caracterizada pelo seu tom intimista. Apesar destas influências não deixou de fazer emergir uma intenção social, o que o aproximou do Neo-Realismo.Apesar de uma vida curta e de uma obra não muito extensa, não deixa de ser reconhecido como um grande poeta. Segundo os críticos, a sua poesia possuía influências presencistas caracterizada pelo seu tom intimista. Apesar destas influências não deixou de fazer emergir uma intenção social, o que o aproximou do Neo-Realismo.
O movimento do Novo Cancioneiro constituiu-se a partir da publicação de uma colecção de poemas, por parte de um grupo de jovens poetas que, enquadrados no movimento do Neo-Realismo, tentaram criar uma poesia de carácter social de oposição ao regime de Salazar. Deste grupo faziam parte: Políbio Gomes dos Santos, Manuel da Fonseca, Fernando Namora, Joaquim Namorado, João José Cochofel, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, Álvaro Feijó e Francisco José Tenreiro."

Tem dois livros publicados

Um, em vida, “As Três Pessoas”, editado em 1938

A “Voz que Escuta” publicado postumamente em 1944, pelo grupo do Novo Cancioneiro.


Era um tempo novo com gente ilustre 

Jovens escritores e poetas, como o nosso ansianense Políbio Gomes dos Santos, em cada terra pelas desigualdades, começaram a fazer eco a um mundo novo ( em Ansião, o pai do poeta insurgiu-se com a mudança do Pelourinho da frente dos Paços do Concelho) .
Estes jovens solitários começaram por se agrupar em cafés; Coimbra, Vila Franca de Xira, Lisboa, Porto etc, por esse pais fora, onde se discutiam ideias a um novo movimento ou acontecimento, nascido pela espontaneidade, assente na pobreza e profunda injustiça que se vivia em Portugal, emergido na Europa e Américas, nos anos 30 do séc. XX. As obras do Neorrealismo social representam os oprimidos na sociedade, sendo imortalizado na fotografia, escultura, teatro, cinema , desenho e na pintura : O trabalho infantil, os ferroviários, as varinas, as carquejeiras, a mulher e a criança em sofrimento pelo desemparo do homem ir para o mar, os Trolhas...Etc


Temos de ler os poemas do Políbio, para perceber o seu neorrealismo. Os seus poemas são espolio no Museu do Neorrealismo de Vila Franca de Xira. Já o livro Gaibéus  - com um herói coletivo -  de Alves Redol, o texto que me saiu no exame de português do 5ºano. A minha primeira visão a um mundo de trabalho, sacrifício e dor!

O quadro O Carrossel, de Rui Filipe de 1961pintado numa fase tardia do neorrealismo, mostra a esperança  do futuro de um mundo melhor com a menina de cabelos soltos ao vento.

Museu de Vila Franca de Xira 

Imagem relacionada
Poema Radiografia deste poeta maior ansianense, escrito em Fevereiro de 1939
Interprete: Maria Barroso Ano: 1966
Radiografia
Não sei se era uma esplêndida loucura.
Porém a noite escura, àquela hora,
Veio pôr-me nos olhos
Uma super-visão de Raios X.
Tudo transparente e sombrio!:
Nas caves os criados trintanários,
Sonolentos, senis, alquebrados,
Como em pego profundo, no fundo dum rio,
Deitados.
E em sobrados nos altos das casas
Pessoas suspensas e presas
Nas invisíveis asas.
O clarão dos escuros e silêncios
Apunhalava as coisas indefesas
E era o meu guia.
E eu via, via tudo, entretinha-me a ver,
Aplaudindo em meus olhos
A tragédia funérea de ser. A mulher que eu amava dormia.
E lá estava perdendo a magia
Das formas,
O mistério das coisas opacas.
Ai, eu via os seus órgãos medonhos, eu via,
Comprimidos boiando em fluidos
De estranha alquimia.
As donzelas! as puras donzelas!
– Como eram iguais seus esqueletos
E gesto de guardar a virgindade
Num halo,
Fechadas nas casas, sonhando!
E aqui, ali, além, de quando em quando
As cenas abismais,
Infiltrações letais – promiscuidade!:
Nos ângulos mornos de alcovas solenes,
Dormiam, jaziam casados,
Ventrudos, coitados, casais de burgueses!:
Um respirava o ar que o outro expira,
Cantado, resfolgado,
Como o vapor em máquinas cansadas
Ou moléstias em papos de reses;
E na parede, sobre a mesa de pau-santo,
O cuco do relógio veniava
Quatro vezes.
E ó ruas, ó ruas viscosas,
Dormindo venenosas, como cobras
Digerindo!
Ó casas leprosas,
Envenenando o ar amigo meu e deles!
– O ar já gás emagrecido, manso mas cansado,
Azul e quente,
Pairando sobre as camas a gemer,
Piedosamente!
Ó gente,………………. E lá vinha, e lá vinha a elevar-se do rio,
Um calmo doentio nevoeiro grosso!
Tão velho rio!
Cantado pelos bárbaros poetas…
Tão límpido!
Mostrando-me as enguias nas buracas
E os cadáveres inchados
De afogados,
Espetados nas estacas.
E o silêncio!
Eu e uma cidade!
Apenas o rumor de traças infernais,
A roerem humanos, ocultas, danadas,
Como caruncho em madeiras
De casas abandonadas.
Eu e uma cidade…
Que a lava da noite veio sepultar
Dentro de mim…
Esta Pompeia que me entrou plos olhos,
Com suas mil estátuas e cenas do fim…
Este burgo dos ídolos partidos e painéis
Cruéis, sumidos,
Que a minha alma ansiosa anda a escavar,
E que o loiro dinheiro dos Lords
Não pode comprar.

Em 1938 é internado no Sanatório Sousa Martins (Guarda) com tuberculose, doença que o levaria, prematuramente, à morte apenas com 27 anos de idade a 3 de Agosto de 1939.

Vitorino Nemésio 
Dedica a Políbio um poema, integrado na obra “Eu, Comovido a Oeste”. É muito significativo do afeto e da consideração que por ele sente.Este poema está escrito na sua sepultura. 
      
À Memória de Políbio Gomes dos Santos

O poeta que morreu entrou agora,
Não se sabe bem onde, mas entrou,
Todo coberto de demora,
No bocado de noite em que ficou.

As ervas lhe desenham
Seu espaço devido:
Depressa, venham
Lê-lo no chão os que o não tenham lido.

Que o sorriso que o veste
Já galga como um potro
As coisas tenebrosas,
E esquecido – só outro:
Este
Nem precisa de rosas

A sepulturas no cemitério de Ansião

 

Os pais e os dois irmãos: Paulete e Políbio Gomes dos Santos jazem lado a lado eternamente!

 

As Três Pessoas
Testamento Aberto
Só para ver curar minhas pernas partidas
Nas dores eternas
Dos saltos gorados,
Eu amo a aparente inconsciência dos loucos,
Embora fique aos poucos nos meus saltos
Desabridos e falhados.

Apraz-me, no espelho, esta face esmagada,
À força de querer transpor o além
Da minha porta fechada...
Porém,
Seja o que for, que seja,
Se uma CERTEZA alcanço
E uma mulher me beija.
Que importa
Que eu fique molemente olhando a minha porta
Aberta,
Ou que eu parta e a morte me espreite
Num desfiladeiro?...
E quem virá chorar e quem virá,
Se a morte que vier for a de lá
Certeira e minha...

E merecida como um sono que se dorme
Após a noite perdida?...
E que piedade anda a escrever um frágil,
Na embalagem dos ossos
Que trago emprestados...
Que deixarei ficar ao sol e à chuva
E que serão limados

No entulho dos calhaus que também foram rocha?...
Para quê, se mil vezes provoco
Os tombos do chegar e do partir?!
- A minha fragilidade
Foi-me dada
                                                                        Para me servir.
 Imagem relacionada
Recorte do jornal Serras de Ansião (Ano XVIII, nº 206, 15 de Agosto de 2007, p. 17) 
"A Câmara Municipal de Ansião instituiu e retomou este ano, no âmbito da sua política cultural, o Prémio Literário Políbio Gomes dos Santos. O prémio, dedicado exclusivamente à poesia e tendo como "patrono" aquele poeta natural de Ansião, é promovido com a colaboração da Associação Portuguesa de Escritores, que indica dois dos três membros do júri.No passado dia 13 de Agosto podia ler-se o seguinte na página de entrada do site do Município de Ansião: Foi revelado no dia 12 de Agosto, em cerimónia integrada nas Festas do Concelho 2007,o vencedor do Prémio Literário Políbio Gomes dos Santos. O vencedor foi Porfírio Simões de Carvalho e Silva, de Lisboa, com o trabalho Horas do Tempo Comum. Para além do prémio monetário de 2.500 Euros, o autor teve a satisfação de, logo no momento de revelação da sua vitória, uma editora ali representada ter manifestado interesse na publicação do seu trabalho.
Este Prémio Literário tinha 68 trabalhos admitidos a concurso, um sinal inequívoco do seu mérito e do interesse que suscitou."
Não consegui apurar se este prémio literário foi descontinuado...(?)
O poeta publicou no jornal Novo Horizonte do concelho de Ansião no dia 1 de Janeiro de 1931, o poema “Soneto”.

Placa toponímica prostrada no chão...
Agosto de 2017, o prédio de gaveto onde estava a placa toponímica com o nome do poeta foi retirada por o prédio ter sido recentemente requalificado, tendo sido a placa retirada, não fazendo sentido, só se a pretendem renovar, senti profunda tristeza ao vê-la prostrada no chão jazendo em abandono sem honra nem brilho...Anda muito mal o nível cultural de muitos, e não menos  parca ou nenhuma fiscalização nesta terra!
Foi reposta uma nova em metal em finais de 2019.

FONTES
Fotos da sala museológica do poeta na biblioteca de Ansião
http://maquinaespeculativa.blogspot.pt/2007/10/prmio-literrio-polbio-gomes-dos-santos.html
http://www.coisas.com/
https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/category/polibio-gomes-dos-santos
Jornal Serras de Ansião (Ano XVIII, nº 206, 15 de Agosto de 2007, p. 17) 
https://aviagemdosargonautasdotcom.files.wordpress.com/2015/02/soneto-de-polc3adbio-gomes-dos-santos.jpg
Museu do Neorrealismod e Vila Franca de Xira

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Dom João de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão

Origem da família Alarcão do Espinhal - Um Ramo aporta a Ansião por via de casamento

Segundo o comentário noutra crónica de um descendente,  assina Alarcão  «a família veio de Toledo, Espanha , acompanhou a corte do rei Filipe I de Portugal, recebendo honras com terras no Espinhal, onde se fixou» Será João de Alarcão casado com Catarina Sarmento por volta de 1581 ? Ou no reinado de D. Sebastião, em 1557 quando veio residir para o Espinhal, D. Manuel Caetano Vellasquez Sarmento de Vasconcelos, ilustre personalidade que impulsionou a vivência do povoado?

Segundo o quadro acima D José Casimiro Mascarenhas seguiu o cargo do seu pai de Capitão mor em Penela, casou em Ansião com D Maria Delfina de Lima.Tiveram um filho Dom João de Mascarenhas Vellasquez Sarmento e de Alarcão  nascido em Ansião.

Apelidos Velasquez Sarmento
Na Pedadura Portuguesa Nobiliário de Famílias Portuguesas
Velasquez - Sarmento

D. Manuel  Velasques Sarmento filho 2º de D. Thomas Velasques Sarmento
Sucedeu a seu pai na Comenda de S João Batista de Casével e viveu no Espinhal, termo de Penela  casou com D Sebastiana de Almeida  .Tiveram
  • D João Sarmento e Velasques e morreu mancebo
  • D Luís Manoel Sarmento
  • D Aº  Sarmento de Vasconcelos
  • D Thomas Velasquez Sarmento
  • D Mª  Marga_na Sarmento, freira em Semide
  • D Josepha Michaela , freira no mesmo convento
  • D Jª Sarmento (mulher de Pª Botelho da Motta 
  • D Francisca de Velasquez
  • D Thereza que morreu menina
D Luís Manoel Sarmento 
Filho 2º sucedeu na casa de seu pai por morte deste e do seu irmão mais velho, ambos morreram numa semana em Leiria  em 1676.

D. P.° Velasques Sarmento 
Filho 3° de D. Thomas Velasques Sarmento sucedeo a seu pae na Comenda de S. Eufemia de Penella na ordem de Aviz a qual teve cõ o habito de Christo. 
Casou em Penella cõ D. Anna Mascarenhas filha de Gaspar Coelho e de sua mulher Leonor Maz.
Tiveram  4 filhos 
D. Thomaz Velasqs. Sarmento 
D. João Velasques Sarmento ( casou no concelho de Unhão cõ D. I.* f.* de Chrlstovào da Maya Coimbra E de sua m." D. Mag.n)
D Manuel Velasquez Sarmento

D António Velasquez Sarmento  teve fora do casamento D Michaela

D Matheus Velasquez Sarmento
Filho 2º de D Jº Velasquez Sarmento, foi mestre de Campo na Catalunha. Casou em Lisboa com D Isabel Bravo da Cunha , filha de Manuel de Campo João Bravo da Cunha e tive D Pº que morreu Capitão na Flandres, solteiro.

D João Velasquez Sarmento,filho 3º de D João Velasquez Sarmento, casou em Alanquer com D Catharina de Barros de Vasconcelos 

Excertos de terras do Convento de Celas
 
Hoje fazem parte de vários concelhos: Miranda do Corvo, Penela, Figueiró dos Vinhos e Ansião
Num  hiato desde a centúria de 200 a 600 com abadessas ou afectas  à  casa real ou na ligação aos Condes de Penela
D Beatriz d'Eça,  Dona Catherina Deça, Dona Fillppa  Deça  (seu sobrinho Dom Afonso de Vasconcelos  Senhor de Penella Vasconcelos, dos Condes de Penela) Margarida deça , Dona Leonor de Vasconçellos filha da Condessa de Penella, Dona Elena de Noronha, no anno de 1621 foy elleita a SJ Dona Lourenca de Tauora , no anno de 1636 foy eleita terceira vez Prelada a S D. Loureça de Tauora terceira vez foy eleita Abbadessa a S." D. M.* Manoel.

Apelido Mascarenhas
  • « Ant.o Mascarenhas. Reconhesimento que fez Ant. Mascarenhas da reçaõ de seu lagar, e azenhas. Disse que pagaua de conhecença de huãs azenhas q tinha na sua quinta no termo de Coimbra, que tinhaÕ três pedras, e pagaua ao mosteiro de Çellas quatro alqueires de paõ meado trigo, e segunda forros para o dito mosteiro pagos por Saõ Miguel do mes de Setembro. Disse que pagaua mays de hum lagar de azeite q tem na dita quinta que tem quatro varas pagaua do dito lagar cada dous annos, que vem a ser á çafra quatro alqres Je azeite forros para o dito mosteiro Isto com declaração, que botando ambos os lagares, e botando hum so, e naó lançando mays que duas varas naõ paga mays q dous alqueires de azeite forros para o mostr»: 
  • Sentença contra Ignacio Mascarenhas q abaixe a leuada do seu moinho. 
  • Sentença contra Brás Nunez Mascarenhas, q pague .4. Alq.res ao Bp.o dous. 
  • 1552. Lugar dos moinhos termo de Miranda. Prazo fatiosim de meo casal no lugar dos moinhos termo de Mirada com seus matos rotos, e por romper: Pagando de foro de seis hum, mays quatro alqueires de paõ meado, trigo, e çeuada de todo monte, e de fogaça hum alqueire de trigo do próprio do laurador, e duas galinhas boas,; de receber, e seis ouos, oito brilhos, .e quatro pães caseiros: E dos matos q se romperj depois de dous annos pagarão reçaõ. 
Pretendia-se com a  pesquisa  encontrar informação nos apelidos Velasquez, Mascarenhas, Sarmento e Alarção, com terras na região.Localizei António Mascarenhas a reconhecer o seu lagar e azenhas, na sua quinta no termo de Coimbra, e pagava foro ao Mosteiro de Celas.
Sentença contra Inácio Mascarenhas para baixar a levada do seu moinho .
Sentença contra Brás Nunez Mascarenhas.
Parece claro que só aparece menção ao apelido Mascarenhas.

Outros ilustres de  Penela com estes apelidos; D. João Vellasquez Sarmento, Desembargador e Conselheiro da Fazenda e D. Luíz de Alarcão.

Em 1800 num registo de batismo temos  Belchior Joam Ferreira de Andrade e sua mulher D Francisca Caetana Velasques Sarmento do Lugar da Fonte Galega.

Em Ansião o jazigo no cemitério para despertar num registo vincular da família
 
http://www.uc.pt/auc/fundos/ficheiros/GCC_RegistoVincularDistritoCoimbra num «Pedido de Registo Vincular nº 17 Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento de Alarcão da Quinta de Além da Ponte, concelho de Ansião para três capelas e três morgados de que é o actual administrador, senhor e possuidor, em 21 de Fevereiro de 1863.
Filho de: Dom João Casimiro Mascarenhas Velasques de Alarcão Sarmento. Este vínculo é constituído por três morgados e três capelas, todos no concelho de Penela.
Morgados:
a) o instituído por Gaspar Coelho Mascarenhas, em 17 de Junho de 1691;
b) o instituído pelo reverendo padre Dom Pedro Coelho Sarmento Mascarenhas, por escritura de 3 de Fevereiro de 1692
c) o instituído por Dom Manuel Velasques Sarmento, em 7 de Setembro de 1713.
II Capelas
a) a instituída por Pedro Fernandes de Pontes, em 3 de Abril de 1607;
b) a instituída por Dona Margarida Simões, em 14 de Março de 1641;
c) a instituída por Dona Isabel de Mascarenhas, em 2 de Fevereiro de 1676."

Para que não se percam as memórias dos locais e das suas gentes
 
Desde miúda às quintas feiras quando me deslocava ao cemitério com a minha tia Maria do Bairro para  enfeitar as campas dos familiares extasiava no jazigo de  garboso rendilhado em pedra, a imitar crochet,  sem conseguir decifrar a letra e o porquê do Dom, tão pouco nenhum dos apelidos me ser familiar em Ansião. Anos mais tarde em Almada  descobri a Quinta da Torre, no Monte de Caparica , que foi do Conde dos Arcos, com os mesmos apelidos, em o associar a um ramo familiar numa quinta  no Espinhal, e hoje  com descendência de  Professores Doutores em História, Arqueologia  e ainda da nobre que viveu em  Vale da Couda, sepultada no cemitério de Almoster num jazigo capela, entre outros. 

Jazigo da Família no cemitério de Ansião
De Dom João de Mascarenhas Sarmento e de Alarcão 
Na entrada do cemitério à direita encontra-se um belo jazigo da família de Dom João de Mascarenhas Sarmento e de Alarcão , juiz de Direito, natural da freguesia e Comarca de Ancião.
Na lateral apresenta  placa de perpétuo, não pode ser trasladado.Através da cortina de renda  distinguem-se gavetões fechados tendo pela frente uma prateleira com fotos.
Requinte da escultura em pedra
O pináculo floral da direita  partiu-se, encontra-se actualmente em cima de um cepo de um cedro cortado junto ao muro...
Depois do pináculo ter estado anos na frente da porta do jazigo, que denunciei,  alguém o deslocou para o canto junto ao muro...
Tardoz do jazigo
Pequena portada com dois puxadores
Dom João de Mascarenhas Velasquez Sarmento e de Alarcão
 
Nascido em Ansião, na Quinta de Além da Ponte, filho de Dom José Casimiro de Mascarenhas Velasques Sarmento e de Alarcão  E Dona Maria Delfina de Lima. 
Filha do Dr. Francisco José Mendes Lima, bacharel em Medicina  a mãe  Ana Umbelina Godinho Freire, naturais de Ansião.

Percurso académico retirado de http://pesquisa.auc.uc.pt/details?id=221500
D João de Mascarenhas Alarcão Velasques Sarmento
Datas de produção
1860-10-03 a 1865-07-14
Produtor Universidade de Coimbra
História administrativa/biográfica/familiar
Filiação: José Casimiro de Mascarenhas Alarcão Veslasques Sarmento (D.)
Naturalidade: Ansião
Faculdade: Direito
Matrícula(s): 03.10.1860
Exames: 3.º 17.06.1863 Aprovado Nemine Discrepante, Atos n.º 23, fl. 51v.
4.º e grau de Bacharel 09.07.1864 Aprovado Nemine Discrepante, Atos n.º 24, fl. 108
Formatura 14.07.1865 Aprovado Nemine Discrepante, Atos n.º 24, fl. 192


Formado voltou a Ansião, foi confrade da Irmandade do Santíssimo Sacramento em 1866
Dom João de Mascarenhas Vellasquez Sarmento e de Alarcão


Árvore genealógica elaborada por Henrique Dias
Actualização em 14 de janeiro de 2020
Segundo comentário de um descendente de apelido "Alarcão" a quem agradeço a partilha
«A senhora Dona Maria Mascarenhas Sarmento Velasquez de Alarcão, única filha de Dom João Alarcão, viria a receber em testamento além deste jazigo de Ansião, o de Almoster e outro em Penela,  propriedades, e a casa de família da Quinta do Arinto no Espinhal  e outra em Penela, à sua morte sem filhos, a herança foi repartida pelos seus sobrinhos.» 

Quinta do Engenho no Espinhal  em venda, foto retirada do Google
O certo na toponímia da Rua S Pedro em Ansião ?
Atestar com menção a  ao Juiz D João de Mascarenhas Vellasques Sarmento e de Alarcão
A Quinta das Lagoas
A primitiva quinta das Lagoas já existia antes da aquisição pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1175, vindo a fazer parte depois de 1176, com mais quatro da  Herdade de Ansião.Hoje faz-se mais claro apontar o que foi o seu chão - a norte a água da Sarzedela, inscrita na escritura, a poente a linha do Lousal , Anacos, para nascente pela Mouta, lombo da Fonte Galega,  fechar na margem norte do Nabão. Aforada pelo mosteiro pela família dos Menezes, depois de 1216 foi povoada com gente vinda de norte em Casais; Casal do Netro, hoje Netos; Casal do Constantimo, hoje Constantina, Areosa, Fonte Galega, Casal do Serrabino. Na centuria de 800 a quinta divide-se em  ramos familiares, em quintas mais pequenas; Quinta da Bica,  Quinta de Além da Ponte, Quinta dos Barreiros ou Lameiras .
 
O rendimento da quinta das de Além da Ponte foi a actividade moenga, com   moinho de água e capela.

Quinta de Além da Ponte, em Ansião

Segundo um excerto das Memórias Paroquiais "(...) de 1792 sobre a nova circunscrição ansianense o corpo da vila tinha 61 fogos, o Bairro de Santo António 10 e Além da Ponte 2". 
Se em 1792, em Além da Ponte, apenas viviam duas pessoas, instiga a dizer foi morada  do casal  - Alarcão do Espinhal que se casou em Ansião com uma senhora de apelido apelido  Lima, que  ainda não tinha filhos.
Maria Delfina de Lima natural de Ansião e José Casimiro de Mascarenhas, Capitão mor de Penela, por o filho João Vellasquez Mascarenhas e Alarcão ter nascido em Além da Ponte. 
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 Onde viveu a família Alarcão na Quinta de Além da Ponte ?

1- Ruína de casa no gaveto da rua  atrás de um muro com uma janela de avental e pedras a ladear a mesma. De quem teria sido esta casa?  
Aqui viveu a família conhecida dos "Saguins"
Saguim é uma espécie de macaco, teria sido trazido de África por Abel Falcão quando comprou a quinta e quem cuidada dele ficou com a alcunha? Pois não sabemos...
 
2 -A casa inicial com lintel  no r/c 1676
Teria sido nesta casa em Além da Ponte que viveu a família Alarcão e Lima
O seu moinho com capela a nascente
Nas Memórias Paroquiais Setecentistas  o  juiz, Manuel Rodrigues em 1721 faz referência a uma"Capela que instituiu Joana Baustista do Moinho d'Além da Ponte termo desta vila  a dita instituição aos 13 de setembro de 1696 annos; he possuidor e administrador della Manoel Matheus do mesmo termo; manda dizer quatro missas cad'hum anno."
O excerto revela em 1696 Manoel Matheus era possuidor e administrador da capela mandada instituir por Joana Baustista. Não tenho dados se os focados eram marido e mulher. Podiam ter sido, na possibilidade dele ter ficado viúvo o seu  dono e administrador da capela, o que explica a data do lintel da casa virado a sul de 1676 (?), na Quinta de Além da Ponte, a data da institucionalização da capela pela mulher. Hipótese a investigar se é verdade, que me parece verossímil de afirmar!
A capela ou foi instituída dentro do solar no r/c com lintel de 1676, por baixo N S...mas, na verdade a capela foi instituída por uma Joana Batista com orago a S. João Batista
 
Ou foi instituída fora, adoçada ao moinho,onde ainda  resistem umas paredes, com uma janela pequena a norte e porta a nascente, onde pode ter sido a capela.
O solar foi abafado por construção nova, que lhe retirou a dignidade da centúria de 600, e não devia...
Não deslindei brasão...
Casa com o tradicional balcão com varanda de belas pedras de avental e colunatas de suporte ao telheiro
Reutilização de lintel posto ao contrario 1790 ?
O moinho de Além da Ponte 
Parte do moinho , segundo a Carmita, filha, do Sr Pires da Sarzedela, a quinta era de uma senhora da Granja, que a vendeu ao seu pai. O moinho ou munho, como também era conhecido ainda laborou no meu tempo. Ainda na penumbra as transacções desta quinta, instiga a pensar se a senhora que vendeu da Granja, seria herança dos bisavós Domingos Mendes e Luísa Freire do Porto do Alvorge que tiveram  entre outros filhos todos nascidos na Quinta da Bica - Manuel Mendes de Lima veio a ser Sargento mor. Aconselharam-me a falar com a Ti Celeste da Constantina.
O moinho  e a sua capela em ruína e atrás onde foi o solar agora revitalizado em franco casario
A ribeira vinda da Constantina abastecia o moinho de Além da Ponte

3 - Solar rural conhecido pela "Quinta da D Fernanda 29"
Janela quadrada com cantaria trabalhada em rectilíneo, esculpida com a data de 1844 onde foi a adega do solar no séc XIX e hoje funciona um Bar e discoteca. A cantaria mostra-se algo semelhante ao padrão existente  ao Fundo da Rua erigido em 1686 , instiga que teria sido aqui a capela ou oratório a S. Pedro?
Possivelmente a cantaria e o óculo são as pedras mais antigas à vista reutilizadas da casa primitiva, antes da requalificada nos finais do séc. XIX quando foi vendida a novo proprietário. 
A extinção dos Morgadios por D. Luís e a guerra liberal ditou a muitos nobres  tomaram partido de D. Miguel, saindo perdedor do trono de Portugal para o seu irmão, precipitou aos simpatizantes miguelistas a venda de  património e a fuga sendo perseguidos e alguns mortos,em  Midões, Arganil foi uma carnificina, lembrava o Dr Travassos. 
Aporta a Ansião em finais do século XIX um conterrâneo da família Alarcão, dos lados de Miranda do Corvo, chamado Abel Falcão ( irmão de Rosa Falcão ) regressado rico de  Moçâmedes, julga-se que comprou  a Quinta de Além da Ponte, onde se instalou com supostos afilhados mulatos na boca do povo filhos (?) e tenha sido para calar o cliché  que tomou a iniciativa de mandar erguer na margem da ribeira uma capelinha para o povo, onde antes houve outra e se tenha perdido com o vendaval de 1706, que deixou em ruína a capela da Misericórdia e esta por ser particular integrada num Morgadio e o seu instituidor falecido em 1704, perdeu-se no tempo, mas não a sua memória. Por isso a fez pequenina, doando as Imagens de S Pedro do oratório da sua quinta e o S. João da capela que foi do moinho, e se destacam na capela em relação à Imagem da Rainha Santa Isabel, mais moderna. Segundo informação oral a Rainha Santa Isabel, veio dentro de um oratório, talvez oferta do Dr Vitor Faveiro. Na verdade a capelinha de Além da Ponte, nada indicia do seu passado setecentista, nem estela, apenas viva na tradição oral dos familiares do Padre José Eduardo Reis Coutinho, seu descendente. O que se destaca  é uma construção ao género das Alminhas, espalhadas pelo concelho do séc XX  da sua requalificação meados anos 30 do séc. XX, pelo Dr Vitor Faveiro. 


Fontes
http://www.uc.pt/auc/fundos/ficheiros/GCC_RegistoVincularDistritoCoimbra
https://almada-virtual-museum.blogspot.pt/2014/11/conde-dos-arcos.html
http://www.jf-espinhal.pt/historia.php
https://play.google.com
Livro das Memórias Paroquiais Setecentistas de Mário Rui Simões Rodrigues e Saul António Gomes
Livro de Ansiâo do Padre José Eduardo Reis Coutinho 
Arquivo da Universidade de Coimbra  RegistoVincular n 10
Alberto Pimentel no seu Livro Estremadura Portuguesa.  
Árvores de genealogia de Henrique Dias 
https://www.vortexmag.net/talvez-tenha-origem-judaica-e-nao-saiba-lista-de-apelidos-judaicos-em-portugal-e-no-brasil/3/ 
Partilha de dois descendentes "Alarcão"

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Exposição sobre os 500 anos da Misericórdia de Lisboa

A caminho de Lisboa em tarde de calor com tempo a visita à exposição temporária a decorrer na Igreja de S.Roque, ao fundo, na lateral esquerda até 10 de setembro. Gratuita.
A primeira Casa das Misericórdias de Portugal foi fundada em Lisboa instituída no dia 15 de agosto de  1498.
" Para além da divulgação das peças em exposição, o catálogo inclui textos de vários autores, que revisitam e dão a conhecer a investigação feita sobre o Compromisso de 1516 e suas contrafações, a sua iconografia e os primórdios do mercado da impressão de livros no século XVI, bem como o papel fundamental que este texto tem na história da Misericórdia de Lisboa e das confrarias homónimas em todo o país. Declarando a missão social da Santa Casa nas catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais, o Compromisso de 1516 é aqui divulgado não só como documento histórico mas também como “bússola para fazer o Bem”, no passado como no presente e no futuro.
Na exposição fazem parte, entre outras peças, um exemplar da primeira edição impressa do Compromisso, datada de 1516."
São 14 as "Obras de Misericórdia"
Sete corporais - "Dar de comer a quem tem fome", "Dar de beber a quem tem sede", "Vestir os nus", "Dar pousada aos peregrinos", "Assistir aos enfermos", "Visitar os presos" e "Enterrar os mortos" .

Sete espirituais - "Dar bons conselhos", "Ensinar os ignorantes", "Corrigir os que erram", "Consolar os tristes", "Perdoar as injúrias", "Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo" e "Rogar a Deus por vivos e defuntos".
 

Exibição de duas pinturas quatrocentistas "nunca antes exibidas em Portugal;
"Opere di Misericordia: Seppelire i morti", de Olivuccio de Ciccarello, pertencente aos Museus do Vaticano, e "Virgen de la Misericordia", atribuída a um pintor anónimo referenciado como "Maestro de Teruel", que faz parte do espólio do Museu de Arte Sacra de Teruel, na região autónoma espanhola de Aragão.
Museu de Aragão -atribuída ao Mestre de Turuel  da 1ª metade do séc.XV madeira
Virgem da Misericórdia
Santa Casa da Misericórdia de Montemor o Velho, séc. XVII Nossa Senhora da Misericórdia. Óleo sobre madeira
 
 Bandeira da Misericórdia de Alcochete - Pietá  1550 óleo sobre madeira Francisco de Campos
Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra atribuída a Gregório Lopes 1490"
"representativa da grande qualidade das encomendas efetuadas pelas Misericórdias portuguesas".

Interessante é que em 500 anos continuam a prevalecer os compromissos assumidos; dar pousada aos peregrinos, dar comida e saciar sede, vestir os nus, assistir os enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos e sempre em paz misericórdia. Faz pensar!
Não há dúvida que no passado muitos sem descendência deixaram os bens ou parte deles às Misericórdias, e o devem continuar a fazer, de modo geral é bem aplicado!


FONTES
http://www.scml.pt

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