A foto a preto e branco do jovem poeta revela o rosto de um homem bonito, abençoado de
belo olhar lânguido, a lembrar um lago de nenúfares, transparente e
doce, com boca carnuda de encantar, no enlace maior o remate do
borsalino, o chapéu de felpo-, um fedora, de bela aba semi levantada e
copa de vinco bem marcada, ornado de bonita fita em seda que fecha com
laço.Sem dúvida alguma um homem galante e sedutor!
Nem ele nem a irmã deixaram descendência.
A fraca qualidade das fotos deve-se à sala museológica com espólio do poeta e da família receber muita luz vinda de fora, as janelas deviam ter cortinas em pvc e também porque andava um casal jovem a tirar fotos com uma boa máquina e não quis incomodar, os encontrei em dois dias...
Nem ele nem a irmã deixaram descendência.
A fraca qualidade das fotos deve-se à sala museológica com espólio do poeta e da família receber muita luz vinda de fora, as janelas deviam ter cortinas em pvc e também porque andava um casal jovem a tirar fotos com uma boa máquina e não quis incomodar, os encontrei em dois dias...
Em Ansião, em plena República nasceu até hoje o maior poeta conhecido - Políbio Gomes dos Santos.
Os seus pais quando casaram foram viver no r/c do solar dos pais do Coronel Vitorino Henriques Godinho onde nasceu num quartito nos fundos a 8 de agosto de 1911 .
Na década de 60 a GNR funcionava no 1º andar deste solar, e o r/c ao portão era a oficina de dois irmãos dos lados da Lagarteira que ali consertavam bicicletas e motorizadas.
Pais do Políbio Gomes dos Santos
Albertina de Sá e João Gomes dos Santos
O apelido "Sá" é oriundo de Soure e Montemor o Velho, por casamento aparecem no Alvorge, de onde a sua mãe supostamente terá nascido, o pai é de Ansião, nasceu no tardoz da Albergaria da Misericórdia.Tinha lindos tectos em estuque que os via da escola primária
As fotos possíveis pela luz que se crava nas fotos...
Os irmãos
Políbio Gomes dos Santos e Paulete de Sá Santos
Foto de família de Polibio com a mãe, a irmã e o avô paterno (?) por certo foi tirada no atelier do fotografo Manuel Freire Paz, pelo enquadramento do atelier, para enviar ao marido em África, um hábito para não se esquecerem da família...
Foto do pai do Polibio em África, julgo Moçâmedes (?), quando emigrou com outros conterrâneos que voltaram ricos. O fotógrafo é francês.
Foto tirada no atelier fotográfico do amador Adriano Freire Paz e Cª filho do 1º fotografo de Ansião que aprendeu a arte no Brasil.
Esta foto diz-nos ainda que o Manuel Freire da Paz já tinha deixado a arte de fotografo e passado ao filho que ainda conheci conhecido por "Adrianito da praça".
Políbio Gomes dos Santos após concluir o ensino primário em Ansião frequentou o Colégio
Militar dos Pupilos do Exército, em Lisboa, como aluno interno, no
período de 1922 a 1925. Interrompeu os estudos por motivo de doença,
regressando então a Ansião, para se restabelecer.
Retoma os estudos liceais, desta vez em Coimbra, no liceu Dr. Júlio
Henriques no ano de 1928. Mais tarde, entre 1933 e 1937, frequenta os
cursos de Direito e de Letras da Universidade de Coimbra.
Polibio vestido com a farda dos Pupilos do Exército
A sua mala dos Pupilos do ExércitoAo tempo da escola primária já indiciavam a sua veia poética .
José Marmelo e Silva, no prefácio à edição de Poemas, da Limiar, de 1981, inclui estas quadras simples da infância de Políbio, que mostram bem o seu talento precoce:
E minha terra Ancião
A terra onde eu nasci;
Dá-me baques o coração
Cuando me lembro de ti
Teus campos tem Olivedos
Encarados pelo sol;
E teus quintais tem Silvedos
Onde canta o rouxinol…
Os irmãos - Políbio e Paulete
Se o poeta Políbio tinha também o gosto pela pintura supostamente
herdou a veia da arte por parte do pai que desenhou a antiga Placa
em triângulo com bancos, o sitio de onde anteriormente já tinham
retirado o Pelourinho em 1902 para o local atual, com suporte de novas
esferas, que a filha Paulete, bem se empertigou nesse tempo. Teve
gosto também pela música. Nos últimos anos do ensino primário
tocou flautim na Filarmónica de Ansião, e chegou a compor músicas.
Espólio do poeta doado pela irmã
Desde que me lembro sempre dele ouvi falar e da intenção da sua irmã o doar, e também da casa para nele se instalar um Museu . Por ter tido uma vida longa, julgo que chegou a concretizar a intenção para a desfazer várias vezes, para no último reduto a ter doado à Misericórdia, que a viria a vender posteriormente à sua governanta que dela cuidou até falecer.Para mim a ilação a retirar sendo mulher culta, não tendo descendência, a casa feita pelo pai e tão arreigada à terra deveria ter percebido que depois da morte o que fica é o legado do património, e se o tivesse doado à Câmara com contrato de apoio no complemento da velhice, hoje prevalecia em Ansião a Casa Museu Políbio Gomes dos Santos.
Suposto dizer que ao não ter feito o que devia, mostrou a meu ver arrogância e altivez, aliás postura defendida na boca de quem a conheceu, basta lembrar que exigia o trato à francesa "Paullete) que determinou ficasse escrito na sua campa fúnebre...
Senhora dona de personalidade vincada em manias e caprichosa.Na boca de outras pessoas a retratam de temperamento extremamente tímido, instável e de difícil acesso, solitária, nada dada a afectos, fechava-se no seu casulo com os seus papeis e memórias. Quiçá tenha sofrido de dor de cotovelo (?) , por não ter sido tão Grande, como afinal o seu irmão o foi em poucos anos de vida, em prol dela que teve uma vida quase centenária, mas pelos vistos vã de coisa válida, apesar de ter percorrido o mundo por duas vezes...
Em nova se apaixonou por homem da terra que a preteriu, que também não tratou nem respeitou a esposa, por a ter também trocado pela governanta que amou eternamente...
Conhecia a D.Paulete quando era miúda no dia de Todos os Santos, quando com os cachopos do Bairro de Santo António fomos a sua casa pedir os "bolinhos dos Santos", tanto ela como a mãe se mostraram sorridentes com a alegria das crianças, dando-nos uma nota de 20$00.
Obviamente teria qualidades, fui ao seu funeral, bem recordo o padre José Eduardo Coutinho que tendo convivido com a senhora na missa lhe teceu rasgados elogios, para também reparar que os primeiríssimos a abandonar o cemitério foram precisamente quem estava ao tempo na Provedoria da Santa Casa, a quem ela deixou o património...
Vitrines na sala museológica dedicada ao poeta integrada na biblioteca de Ansião
Exame de Admissão aos Liceus em 1923
Da esquerda para a direita de pé
Manuel Esteves Alves; Joaquim Rodrigues Maneira; Edmundo Dias; Júlio Gomes da Silva; Amaro da Costa Faria e José Esteves Alves
Sentados da esquerda para a direita
Alfredo Simões Lopes Silveira;o Sr José Maria Vaz Prof destes alunos, e Polibio Gomes dos Santos
Não ficou na fotografia António Caseiro por não estar na terra.Retrato tirado 4 anos depois em setembro de 1927.
O Professor José Maria Vaz, tio do Dr. Alfredo Simões Lopes Silveira natural da Venda Nova, no limite de Chão de Couce com Maças de D. Maria na beira da estrada ainda se encontra a casa na frente baixa em relação há chaminé que se mostra grandessíssima, no cemitério de Ansião há um jazigo de família onde se encontram sepultados.
Venda Nova, ao limite sul do concelho de Ansião com o de Alvaiazere
Dedicatória do poeta Fernando Namora, passou férias na casa de uma avó no Vale Florido no Alvorge
Casa
construída pelo pai da D.Paulete e de Políbio Gomes dos Santos
O pai do poeta nasceu num casario no tardoz da que foi a albergaria da Misericórdia de Ansião Este predio foi a albergaria
Poema Radiografia deste poeta maior ansianense, escrito em Fevereiro de 1939
O poeta que morreu entrou agora,
Placa toponímica prostrada no chão...
Suposto dizer que foi com o dinheiro trazido de África que o pai de Políbio comprou o lote de gaveto e construiu a casa em arquitetura romântica, airosa, onde não falta o telheiro no tardoz e as pedras laterais nas janelas.Na verdade naquele tempo os que voltavam da emigração com dinheiro as suas casas mostravam a diferença, em contraditório da década de 60, em que os novos emigrantes construiriam aberrações...
Homem
de grande habilidade manual e na arte do desenho. Nasceu num
casario atrás da taberna que no meu tempo era explorada pelo Carlos Antunes, e haviam no tardoz uns barracões da antiga estalagem que
aqui existiu na vila junto da ermida de Nossa Senhora da Conceição.
Construiu esta casa ao estilo art déco, quando se avizinhava fazer a avenida. A filha Paulete começou por ser professora na Ameixieira, no seu funeral apreciei antigas alunas do Ribeirinho.
Um episódio que me contou a D. Piedade Lopes- a sua filha Tininha teve um azedume com a D.Laura Simões e não queria voltar à escola, era o marido Sr Diamantino que a levava à Ameixieira dando boleia também à professora D.Paulete.
Citar excerto de https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/category/polibio-gomes-dos-santosConstruiu esta casa ao estilo art déco, quando se avizinhava fazer a avenida. A filha Paulete começou por ser professora na Ameixieira, no seu funeral apreciei antigas alunas do Ribeirinho.
Um episódio que me contou a D. Piedade Lopes- a sua filha Tininha teve um azedume com a D.Laura Simões e não queria voltar à escola, era o marido Sr Diamantino que a levava à Ameixieira dando boleia também à professora D.Paulete.
"Apesar de uma vida curta e de uma obra não muito extensa, não deixa de ser reconhecido como um grande poeta. Segundo os críticos, a sua poesia possuía influências presencistas caracterizada pelo seu tom intimista. Apesar destas influências não deixou de fazer emergir uma intenção social, o que o aproximou do Neo-Realismo.Apesar de uma vida curta e de uma obra não muito extensa, não deixa
de ser reconhecido como um grande poeta. Segundo os críticos, a sua
poesia possuía influências presencistas caracterizada pelo seu tom
intimista. Apesar destas influências não deixou de fazer emergir uma
intenção social, o que o aproximou do Neo-Realismo.
O movimento do Novo Cancioneiro constituiu-se a partir da publicação de uma colecção de poemas, por parte de um grupo de jovens poetas que, enquadrados no movimento do Neo-Realismo, tentaram criar uma poesia de carácter social de oposição ao regime de Salazar. Deste grupo faziam parte: Políbio Gomes dos Santos, Manuel da Fonseca, Fernando Namora, Joaquim Namorado, João José Cochofel, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, Álvaro Feijó e Francisco José Tenreiro."
O movimento do Novo Cancioneiro constituiu-se a partir da publicação de uma colecção de poemas, por parte de um grupo de jovens poetas que, enquadrados no movimento do Neo-Realismo, tentaram criar uma poesia de carácter social de oposição ao regime de Salazar. Deste grupo faziam parte: Políbio Gomes dos Santos, Manuel da Fonseca, Fernando Namora, Joaquim Namorado, João José Cochofel, Mário Dionísio, Sidónio Muralha, Álvaro Feijó e Francisco José Tenreiro."
Tem dois livros publicados
Um, em vida, “As Três Pessoas”, editado em 1938
A “Voz que Escuta” publicado postumamente em 1944, pelo grupo do Novo Cancioneiro.
Era um tempo novo com gente ilustre
Jovens escritores e poetas, como o nosso ansianense Políbio Gomes dos Santos, em cada terra pelas desigualdades, começaram a fazer eco a um mundo novo ( em Ansião, o pai do poeta insurgiu-se com a mudança do Pelourinho da frente dos Paços do Concelho) .
Estes jovens solitários começaram por se agrupar em cafés; Coimbra, Vila Franca de Xira, Lisboa, Porto etc, por esse pais fora, onde se discutiam ideias a um novo movimento ou acontecimento, nascido pela espontaneidade, assente na pobreza e profunda injustiça que se vivia em Portugal, emergido na Europa e Américas, nos anos 30 do séc. XX. As obras do Neorrealismo social representam os oprimidos na sociedade, sendo imortalizado na fotografia, escultura, teatro, cinema , desenho e na pintura : O trabalho infantil, os ferroviários, as varinas, as carquejeiras, a mulher e a criança em sofrimento pelo desemparo do homem ir para o mar, os Trolhas...Etc
Temos de ler os poemas do Políbio, para perceber o seu neorrealismo. Os seus poemas são espolio no Museu do Neorrealismo de Vila Franca de Xira. Já o livro Gaibéus - com um herói coletivo - de Alves Redol, o texto que me saiu no exame de português do 5ºano. A minha primeira visão a um mundo de trabalho, sacrifício e dor!
Interprete: Maria Barroso Ano: 1966
Radiografia
Não sei se era uma esplêndida loucura.
Porém a noite escura, àquela hora,
Veio pôr-me nos olhos
Uma super-visão de Raios X.
Tudo transparente e sombrio!:
Nas caves os criados trintanários,
Sonolentos, senis, alquebrados,
Como em pego profundo, no fundo dum rio,
Deitados.
E em sobrados nos altos das casas
Pessoas suspensas e presas
Nas invisíveis asas.
O clarão dos escuros e silêncios
Apunhalava as coisas indefesas
E era o meu guia.
E eu via, via tudo, entretinha-me a ver,
Aplaudindo em meus olhos
A tragédia funérea de ser.
A mulher que eu amava dormia.
E lá estava perdendo a magia
Das formas,
O mistério das coisas opacas.
Ai, eu via os seus órgãos medonhos, eu via,
Comprimidos boiando em fluidos
De estranha alquimia.
As donzelas! as puras donzelas!
– Como eram iguais seus esqueletos
E gesto de guardar a virgindade
Num halo,
Fechadas nas casas, sonhando!
E aqui, ali, além, de quando em quando
As cenas abismais,
Infiltrações letais – promiscuidade!:
Nos ângulos mornos de alcovas solenes,
Dormiam, jaziam casados,
Ventrudos, coitados, casais de burgueses!:
Um respirava o ar que o outro expira,
Cantado, resfolgado,
Como o vapor em máquinas cansadas
Ou moléstias em papos de reses;
E na parede, sobre a mesa de pau-santo,
O cuco do relógio veniava
Quatro vezes.
E ó ruas, ó ruas viscosas,
Dormindo venenosas, como cobras
Digerindo!
Ó casas leprosas,
Envenenando o ar amigo meu e deles!
– O ar já gás emagrecido, manso mas cansado,
Azul e quente,
E lá estava perdendo a magia
Das formas,
O mistério das coisas opacas.
Ai, eu via os seus órgãos medonhos, eu via,
Comprimidos boiando em fluidos
De estranha alquimia.
As donzelas! as puras donzelas!
– Como eram iguais seus esqueletos
E gesto de guardar a virgindade
Num halo,
Fechadas nas casas, sonhando!
E aqui, ali, além, de quando em quando
As cenas abismais,
Infiltrações letais – promiscuidade!:
Nos ângulos mornos de alcovas solenes,
Dormiam, jaziam casados,
Ventrudos, coitados, casais de burgueses!:
Um respirava o ar que o outro expira,
Cantado, resfolgado,
Como o vapor em máquinas cansadas
Ou moléstias em papos de reses;
E na parede, sobre a mesa de pau-santo,
O cuco do relógio veniava
Quatro vezes.
E ó ruas, ó ruas viscosas,
Dormindo venenosas, como cobras
Digerindo!
Ó casas leprosas,
Envenenando o ar amigo meu e deles!
– O ar já gás emagrecido, manso mas cansado,
Azul e quente,
Pairando sobre as camas a gemer,
Piedosamente!
Ó gente,………………. E lá vinha, e lá vinha a elevar-se do rio,
Um calmo doentio nevoeiro grosso!
Tão velho rio!
Cantado pelos bárbaros poetas…
Tão límpido!
Mostrando-me as enguias nas buracas
E os cadáveres inchados
De afogados,
Espetados nas estacas.
E o silêncio!
Eu e uma cidade!
Apenas o rumor de traças infernais,
A roerem humanos, ocultas, danadas,
Como caruncho em madeiras
De casas abandonadas.
Eu e uma cidade…
Que a lava da noite veio sepultar
Dentro de mim…
Esta Pompeia que me entrou plos olhos,
Com suas mil estátuas e cenas do fim…
Este burgo dos ídolos partidos e painéis
Cruéis, sumidos,
Que a minha alma ansiosa anda a escavar,
E que o loiro dinheiro dos Lords
Não pode comprar.
Piedosamente!
Ó gente,………………. E lá vinha, e lá vinha a elevar-se do rio,
Um calmo doentio nevoeiro grosso!
Tão velho rio!
Cantado pelos bárbaros poetas…
Tão límpido!
Mostrando-me as enguias nas buracas
E os cadáveres inchados
De afogados,
Espetados nas estacas.
E o silêncio!
Eu e uma cidade!
Apenas o rumor de traças infernais,
A roerem humanos, ocultas, danadas,
Como caruncho em madeiras
De casas abandonadas.
Eu e uma cidade…
Que a lava da noite veio sepultar
Dentro de mim…
Esta Pompeia que me entrou plos olhos,
Com suas mil estátuas e cenas do fim…
Este burgo dos ídolos partidos e painéis
Cruéis, sumidos,
Que a minha alma ansiosa anda a escavar,
E que o loiro dinheiro dos Lords
Não pode comprar.
Em 1938 é internado no Sanatório Sousa Martins (Guarda) com tuberculose, doença que o levaria, prematuramente, à morte apenas com 27 anos de idade a 3 de Agosto de 1939.
Vitorino
Nemésio
Dedica a Políbio um poema, integrado na obra “Eu, Comovido a
Oeste”. É muito significativo do afeto e da consideração que por ele
sente.Este poema está escrito na sua sepultura.
À Memória de Políbio Gomes dos Santos
O poeta que morreu entrou agora,
Não se sabe bem onde, mas entrou,
Todo coberto de demora,
No bocado de noite em que ficou.
As ervas lhe desenham
Seu espaço devido:
Depressa, venham
Lê-lo no chão os que o não tenham lido.
Que o sorriso que o veste
Já galga como um potro
As coisas tenebrosas,
E esquecido – só outro:
Este
Nem precisa de rosas
A sepulturas no cemitério de Ansião
Os pais e os dois irmãos: Paulete e Políbio Gomes dos Santos jazem lado a lado eternamente!
As Três Pessoas
Testamento Aberto
Só para ver curar minhas pernas partidas
Nas dores eternas
Dos saltos gorados,
Eu amo a aparente inconsciência dos loucos,
Embora fique aos poucos nos meus saltos
Desabridos e falhados.
Apraz-me, no espelho, esta face esmagada,
À força de querer transpor o além
Da minha porta fechada...
Porém,
Seja o que for, que seja,
Se uma CERTEZA alcanço
E uma mulher me beija.
Que importa
Que eu fique molemente olhando a minha porta
Aberta,
Ou que eu parta e a morte me espreite
Num desfiladeiro?...
E quem virá chorar e quem virá,
Se a morte que vier for a de lá
Certeira e minha...
E merecida como um sono que se dorme
Após a noite perdida?...
E que piedade anda a escrever um frágil,
Na embalagem dos ossos
Que trago emprestados...
Que deixarei ficar ao sol e à chuva
E que serão limados
No entulho dos calhaus que também foram rocha?...
Para quê, se mil vezes provoco
Os tombos do chegar e do partir?!
- A minha fragilidade
Foi-me dada
Para me servir.
Recorte do jornal Serras de Ansião (Ano XVIII, nº 206, 15 de Agosto de 2007, p. 17)
"A Câmara Municipal de Ansião instituiu e retomou este ano, no âmbito da sua política cultural, o Prémio Literário Políbio Gomes dos Santos. O prémio, dedicado exclusivamente à poesia e tendo como "patrono" aquele poeta natural de Ansião, é promovido com a colaboração da Associação Portuguesa de Escritores, que indica dois dos três membros do júri.No passado dia 13 de Agosto podia ler-se o seguinte na página de entrada do site do Município de Ansião: Foi revelado no dia 12 de Agosto, em cerimónia integrada nas Festas do Concelho 2007,o vencedor do Prémio Literário Políbio Gomes dos Santos. O vencedor foi Porfírio Simões de Carvalho e Silva, de Lisboa, com o trabalho Horas do Tempo Comum. Para além do prémio monetário de 2.500 Euros, o autor teve a satisfação de, logo no momento de revelação da sua vitória, uma editora ali representada ter manifestado interesse na publicação do seu trabalho.
Este Prémio Literário tinha 68 trabalhos admitidos a concurso, um sinal inequívoco do seu mérito e do interesse que suscitou."
Não consegui apurar se este prémio literário foi descontinuado...(?)
O poeta publicou no jornal Novo Horizonte do concelho de Ansião no dia 1 de Janeiro de 1931, o poema “Soneto”.
Agosto de 2017, o prédio de gaveto onde estava a placa toponímica com o nome do poeta foi retirada por o prédio ter sido recentemente requalificado, tendo sido a placa retirada, não fazendo sentido, só se a pretendem renovar, senti profunda tristeza ao vê-la prostrada no chão jazendo em abandono sem honra nem brilho...Anda muito mal o nível cultural de muitos, e não menos parca ou nenhuma fiscalização nesta terra!
Foi reposta uma nova em metal em finais de 2019.
FONTES
Fotos da sala museológica do poeta na biblioteca de Ansião
http://maquinaespeculativa.blogspot.pt/2007/10/prmio-literrio-polbio-gomes-dos-santos.html
http://www.coisas.com/
https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/category/polibio-gomes-dos-santos
Jornal Serras de Ansião (Ano XVIII, nº 206, 15 de Agosto de 2007, p. 17)
https://aviagemdosargonautasdotcom.files.wordpress.com/2015/02/soneto-de-polc3adbio-gomes-dos-santos.jpg
Museu do Neorrealismod e Vila Franca de Xira
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