terça-feira, 8 de março de 2011

Fonte da Costa em Ansião aventura alucinante a descida da serra

Remoer  almoço em domingo gordo a caminho da Serra da Fonte da Costa em Ansião 2009.


A minha mãe presenteou as filhas com um bom frango do campo de cabidela, como só ela sabe fazer.Também não degusto o de mais ninguém...nada melhor para o remoer do que subir à serra da Fonte da Costa com os três cães da minha irmã - cada um levava o seu pela trela. Uma aventura. Tomámos o caminho antigo ladeado por veredas em barro assoreado pelos temporais e pelas raízes dos pinheiros que resvalam com a erosão, o vão entupindo e ninguém se importa. Matagal. Já não há quem se aventure a palmilhar este caminho do costado da serra para atalhar ao endireito da Costa. Continuamos a fazê-lo, como o fizemos no passado em miúdas -, ao cimo temos uma grande fazenda onde íamos buscar sacas de pinhas para abrir no forno, fazer saltar pinhões, apanhar erva de Santa Maria para retalhar as azeitonas, ainda ramos de madressilva e lenha claro.
Ao meio da encosta deparamos com uma terraplanagem. Nela muita pedra semeada toda branquinha, ideal para fazer cal, no terrado plantio recente de eucaliptos. Os meus olhos impeçaram numa pedra que me pareceu um machado do paleolítico, trouxe-o comigo. Antigamente no local existiu uma pedreira que já a conheci desactivada, ao lado corria o carreiro para atalhar para a nossa fazenda. Por aqui cheguei a encontrar micas que ainda tenho guardadas num tempo que estudei fosseis e minerais.
Problema? A serra é reserva de rede Natura...ninguém fiscaliza o que nela se planta.
O que não gostei? O dono do terreno roteado marimbou-se para o caminho da travessia da serra, cortou-o sem dó nem piedade, continua a poente na extrema até à Costa que lhe dá a serventia para vender  a madeira daqui a 10 anos. Isto sim é que está mal. Faz falta, deveria ser roteado mais largo para nele nos passearmos e regalar com as vistas duma paisagem linda e panorâmica com os Casais ao fundo e,...
Chegadas à Costa entramos noutro caminho em direcção ao picoto que nos leva mais à frente à nossa propriedade.Vista magnífica sobre a vila de Ansião e o Anjo da Guarda.
VISTAS DA COSTA
Em 1962 para se fazer o poço da fábrica CUF foi aberta uma estrada ao longo da nossa fazenda,desde esse tempo ainda persiste o troço, apesar do matagal, urze, carvalhos, medronheiros, eucaliptos, pinheiros, azinheiras, oliveiras e outras espécies. Tomámos esse caminho e chegámos à extrema , como quem diz a um terço da barriga da serra que teimamos aventurar-nos em continuar a descer até à estrada de maquedame que corre ao sopé por detrás da antiga CUF. Decidida foi no momento a maior aventura dos seis, contando com os cães -, cheio de medo, o Camões, um medricas, encolheu o rabo, só a pontapé desceu o muro alto, mata fechada, poucas clareiras, muito embrenhada de silvas e silvões entrelaçados em árvores sem poda. Para trás e para a frente à procura de melhor caminho, rastejamos, descemos muros, caímos todos, escorregamos, o cão pequeno ia ficando debaixo do meu marido, o Serra da Estrela só desceu depois da minha irmã ter descido primeiro e por ele ter puxado a trela com força, que remédio teve senão se aventurar no abismo, vali-me do  machado de pedra que antes encontrei na subida e tantas vezes usei para cortar silvas e fazer caminho, com o cão mais pequeno ao colo -, um leitão, pesado e traquinas, resvalava do braço, outras vezes ficava preso nos ramos das árvores, trela pequena, cão do caraças tanta arrelia me deu. Loucura tal odisseia na descida da serra da Fonte da Costa. Pior seria voltar para trás. Nada se via, a encosta engana -,tem patamares com muros em pedra solta descaídos pelas raízes e pelos animais que por lá passam, ao olhar em redor não se tinha a percepção onde se estava, apesar de nunca termos perdido a orientação. Foi incrível tal a sensação. Ninguém passa nesta serra há que anos. O que mais gostei? De ver a persistência das velhas oliveiras -,outrora toda a serra coberta por elas deveria ser muito mais bonita do que agora infestada de mato, carrascos com carvalhos, medronheiros, praticamente inacessível, a pedir desmatagem urgente!
Antigamente havia e ainda existe um troço de um antigo caminho ladeado de muros de pedra solta -, paguei 50€ ao Zé Maria dono do pinhal à esquerda que confina com o meu para o limpar até ao limite  da sua courela abaixo da minha a meia encosta parece que se fez de esquecido com o dinheiro no bolso...o pinheiro cresceu no caminho que atravessa a serra  e confinava atrás da fábrica nas imediações  a nascente do Sr. do Bonfim. Quem por aqui passava? Os ranchos de gente a caminho do turno da fábrica. Acabou-se a fábrica e o modo de se fazerem transportar. Abandonado, nele nasceram árvores e arbustos, se fosse limpo, seria um itinerário para caminhadas, exploração da serra, das vistas, dando-lhe a dignidade que teve no passado e se perdeu.
Descobrimos a saída quase em frente à quinta do Saul - sorte a nossa o dono do carvalhal tinha-o limpo,deixou ficar as silvas secas entrelaçadas que sendo altas ainda nos arranharam as mãos - sangravam a bom sangrar, ainda picos metidos na pele, roupa cheia de folhas, cavacos, calças com marcas de barro e terra fresca ainda marcas do verdum das folhas -, cabelos desalinhados repletos de folhagem e os corações a vibrar de gaúlio por termos conseguido achar a saída com sucesso!

A nova estrada que quis fazer dentro da minha propriedade e da minha irmã com o muro alto de extrema da Celeste Lopes Borges atravessa o pinhal da família do Artur latoeiro e confina no tal caminho com serventia para outra fazenda nossa e a do Zé Maria.
Linda com a chegada dos medronhos em tons amarelo e laranja

Aventura inesquecível!!!!

O rio Nabão de Ansião até ao Marquinho

Olhos  d'Água
As obras de requalificação em infeliz projeto
Ponte Galiz
Saudade eterna ao"Promenade", alcunha  que dei ao vizinho da minha irmã, o Sr Manuel, de belo olhar azul, muito simpático, dá-me flores , uma tarde quandotive de abreviar a conversa para ir com o meu marido buscar as bicicletas para o passeio, desejou-nos " boa promenade"...resquícios de ter vivido por França.

Fomos de bicicleta a olhar o Nabão florido de agriões em meados de fevereiro pelo carnaval da Ponte Galiz até ao Marquinho. Nas bicicletas da minha irmã, enchemos os pneus de ar, mudámos o carreto das mudanças e ala que se fazia entardecer em direcção ao rio Nabão na ponte Galiz. Primeira paragem na velha ponte romana desativada da Ponte Galiz onde comecei a registar fotos.
Dique do espelho de água
As duas pontes
O assoreamento sem limpeza dos tanques de chafurdo
Os blocos de cantaria dos arcos da ponte da Cal  com marcas de canteiro
Para nascente o chamado quebra mar, aqui quebra rio
Rosas junto da capelinha de S Pedro e Santa Isabel
Caminho pedonal para nascente
Nabão para nascente

Espaço Verde, para poente
                                       
Moinhos João da Serra
Moinhos de água ou azenhas com ponte pedonal de lajes em que uma das pedras se mostra caída no Nabão. Haviam destas pontes ao longo do curso do Nabão .A 1ª que conheci fazia a ligação do Canil Municipal onde hoje são os sanitários junto ao parque de estacionamento para o Fontanário da Bica e Lagoas na antiga estrada real.

Mouchões 
Onde o Nabão se mostra na sua primeira cascata, açude, dique, comporta ou represa depois da nascente. Tantos nomes para segurar águas para os moinhos, lagares e azenhas, e para as regas no verão das courelas. As tamargueiras na floração dão uma beleza singela em cor de rosa pálida, aqui as mulheres dos Anacos e do Pinheiro, lavavam a roupa e as ovelhas para depois venderem a lã a melhor preço.
 
 
Poios 
Antes do Marquinho com uma bela ponte. Na encosta da frente, a Gruta do Calais.
 
O nosso passeio de bicicleta.

Há que anos não me deliciava, pena estar tão perra... Vi jeito de não conseguir vir de volta, voltámos a custo...eu, claro!
Selim duro deu-me cabo do traseiro, as forças para pedalar? Músculos sem exercício...até pensei ligar à minha irmã para me ir buscar,valeu-me a fé, levei- a a reboque pela mão , consegui!
  
Pedra de fuso de lagar
No terreiro junto ao antigo lagar no Marquinho.
Curioso. A segunda que vejo igual em altura. A outra por detrás das ruínas do mosteiro no Vale Mosteiro.
As curvas, os meandros do Nabão e os agriões....lindos!
 
O rio e ao lado o caneiro que levava a água para o lagar no Marquinho
O rio a fugir por detrás do lagar no Marquinho. Ao longe uma ovelha a espiar-me...estava em propriedade privada...
 Marquinho junto do balogueiro que alimentava o lagar

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