sábado, 28 de maio de 2011

Emoções pela Arrábida na península de Setúbal!

Em final de sexta feira a minha filha presenteou os pais com a sua visita de fim de semana.
Mal abri a porta senti um sorriso enorme a dizer "que saudades deste cheirinho,assado no forno..."
Jantar:Cachaço de porco à italiana assado com batatinhas,acompanhamento de legumes salteados: brócolos, feijão verde, cenoura, pimento vermelho, cenoura e cogumelos inteiro e arroz integral.
Depois de uma voltinha noturna pela cidade em velocidade cruzeiro para conversa amena. A noite estava agradabilíssima.
Sábado. Passeio combinado na companhia da avó paterna a caminho da serra da Arrábida. com magníficas paisagens e bermas repletas de florzinhas cor de rosa. Fel da terra como a conheço, terá o seu nome cientifico.Muito usada para infusão de chá para diarreias e baixar a febre.
Paragem na serra a contemplar o mar e Tróia com a sua fina península ladeada de águas cristalinas muito azuis. Um fotógrafo amador com grande objetiva tirava grandes planos às flores.Passeios pedestres de jovens na rota do convento dos Capuchos da Arrábida.
Encosta acima capelinhas da via sacra do convento dos Capuchos.
Foto tirada do carro, notam-se as tiras de aquecimento do vidro traseiro...eheheh
Marco de pedra, merece maior plano do que a torre revestida a azulejo do convento. A estrada cortou o território dos capuchinhos que privilegiaram a encosta até ao céu...
Setúbal.Praceta com um solar em total abandono à venda de gaveto.
Incrível o brasão semi partido,mal se nota o elmo de cavaleiro envolto em ervas e cordas que deveriam sustentar o slogan de venda...digo eu.
Sem telhado, vislumbra-se o céu por entre as portadas semi abertas de vidros partidos e cortinas rotas.
Programa Polis contemplou no urbanismo da cidade árvores de Jacarandá, raiz profunda não estragam passeios, decorativas,flores lilazes,dão um ar à cidade magnífico.As primeiras que conheci no Funchal em maio quando festejei no barco dos Beatles os meus 30 anos.
Por força das alterações climatéricas florescem mais cedo.
No alto da colina a pousada de S. Filipe instalada no forte com o mesmo nome. Ofereci o almoço em dia de aniversário ao meu marido quando festejou 30 anos.
Na altura tínhamos um carocha 1303, a nossa filha pequenina.
O 1º restaurante que não tinha preçário afixado na entrada.
Passadeira vermelha. Entramos confiantes com outros que chegavam.
Ao meio da caminhada fomos interpelados por uma assistente, na mão mostrava a ementa e os preços.
Mulher de coisa pensada, nem pestanejei, continuei a caminhada ao invés de todos que voltaram para trás. No salão só estrangeiros. O meu marido por ter olhos azuis e a minha filha julgaram que seriamos também conterrâneos britânicos.
Lembro-me da loiça em porcelana brasonada, talheres que pareciam prata, muitos copos e carrinhos com a comida para se manter quente, finais de outubro, e ainda o carrinho com as sobremesas.
Vista sobre o rio e Tróia desafogada, magia de infinito, azuis,verdes e...
A minha filhota portou-se como se fosse uma princesa, comportamento de gente grande numa idade tão tenra. Coisa de nascença.
Paguei com o cartão, não sei quanto foi. Não voltei pela sostificação, julgo!
Uma chaminé de um antigo paço, seria a casa da Soledade que em 1750 acolhia órfãos e viúvas.Casa mandada construir por D João V tipo conventual com igreja na frontaria da casa, agora de cara lavada.Estranha,sempre que olho para ela me interrogo o porquê de tão estranha construção, deve ter na cozinha um grande chapéu.
Almoçamos numa praceta petinga, curiosamente em Setúbal chamam-lhe outro nome, por ser tão estranho nem decorei.Bom repasto!
De volta apanhámos uma trovoada de chuva grossa. Não se via nada no auto estrada, todos de pisca acesos...não me lembro de uma coisa destas!

sábado, 14 de maio de 2011

Sábado passado em Lisboa, mais um na rota da feira da ladra

Optámos por estacionar junto ao cais das colunas,gratuito.
Caminhada com sentido na feira da ladra. O costume, um vício.
Horta em plena baixa lisboeta de um restaurante logo a seguir à casa dos Bicos.
Couve galega, viçosas.
Feijão verde a enlearem pelas canas, para a semana devem florir.
Tomateiros, ao tocar na ramagem o aroma é mesmo biológico.
A feira não estava no seu auge.Concorria com outras nomeadamente com a primeira a realizar-se na av. da Liberdade.Dois dedos de conversa com o Miguel e a esposa, casal jovem simpático onde se compram na maioria das vezes pechinchas.
Comprei-lhes um prato cantão, colado por 5€, outro de Massarelos, raro encontrar em tonalidade de verde por preço igual. Lindíssimos. Ainda um lote por 3€, duas tampas, uma vista alegre e outra pintada à mão encimada com um leão em dourado ainda uma malga de faiança possivelmente de Gaia.
Hoje reparei em peças iguais em dois vendedores. Revela que foram à mesma origem comprar. Uma prova é algumas peças trazerem etiquetas brancas com preços e nº de lote.
A diferença é que o Miguel vende a última escolha do espólio e o outro vendedor, que por acaso não é nada simpático, sisudo, a penúltima escolha, mais caro claro.
O 1º tinha um bule mandarim grande em quadrado com o bico partido sem asa. O outro tinha um bule igual só lhe faltava a asa, esta seria de bambu.
Naquilo assisti a uma brutal discussão, um homem de idade abeirou-se de uma banca a abarrotar de livros e quinquelharia a 50 cêntimos. Caiu parte. Partiu-se alguma coisa. Visivelmente nervosos o pobre homem não se livrou de ser maltratado pelo vendedor um jovem, pouco educado. Também não simpatizo nada com ele nem com a mãe. Mania de atafulhar tanto a banca. O material frágil não resiste.
Parei junto a um estaminé de ciganos. Tinham talhas de cerâmica e boas peças de faiança de Coimbra. Dois belos pratos grandes. Um deles todo em azul ajudou-me a certificar no caso duas peças minhas. O 1º que vi com parras pintadas, outro com umas flores iguais a uma travessa que não tinha a certeza ser de Coimbra.
Mais valia,ajudam e muito na certificação encontrar pinturas raras, que fogem ao tradicional e mais banal nas feiras, no caso nunca tinham vindo até à capital.
Comprei-lhes um penico igualzinho a um que a Maria Andrade postou à tempos. Irresistível não o comprar. Lindo.Vou sonhar com ele. Não é Coimbra, parece ser Cavaco, tal o brilho do esmalte na mistura da branco tem laivos de azul,azul cobalto das riscas, rebordo tão requintado, muito semelhante a uma infusa da mesma época.
Noutra banca, duas palanganas uma grande e outra mais pequena "ratinho". Curiosamente a maior gateada tinha o rebordo deliciosamente entrançado, nesta faiança nunca tinha visto. A outra tinha um grande cabelo com restauro, se a tivesse comprado tinha de a por em água para lhe devolver a traça antiga.
O vendedor afirmava que eram do alentejo. Tive de intervir, claro.Dei-lhe uma lição de ratinhos...à borla!
Comprei uma moldura antiga,ao retirar a foto do casal reparei que tinha a data de 1954. Quantos anos esteve ela a ornamentar uma mesinha de cabeceira ou cómoda?
No chão vendiam-se livros antigos .Pessoas com eles de baixo do braço, boas lombadas de carneira.Cheguei havia um muito antigo as primeiras folhas corroídas pelo bicho, nem consegui ver datas, só 2 €,fiquei interessada num catálogo Aechéologie, collecttion Jean-Alain Mariaud de Serres et à Divers Amateurs de 2000 em francês, o que me desmotivou a compra. Vinha embora o rapaz com ele na mão a fazer-me metade do preço, 1€. Não tive como não o trazer. Excelente coleção de arte.
Horas de almoço , descemos à baixa,junto à igreja de S. Vicente de Fora eram demais os turistas e os eléctricos cheios deles.
Almoçamos nas Portas de Sto Antao, numa transversal uma sardinha assada com salada, pimento, tomate, cebola e pepino. O vinho de Torres Vedras uma pomada. O queijo meio seco uma maravilha.A televisão passava um documentário sobre a floresta nas ilhas da Bretanha...na Papua de uma beleza ímpar,quedas de água a jorrar de gruta estonteante. Barato repasto, o empregado bonito.
Rumámos à av da Liberdade. De um lado feira do artesanato, do outro velharias.
Comprei uns belos brincos de pérola por 3.30€.
Travei conversa com o vendedor Manuel, uma banca só com material e do bom, muitas peças Cavaco, assinadas,faiança, companhia das índias.
O sócio foi passar férias ao Brasil, coisa de 2 meses, tem lá casa em Natal.
Ainda dizem que não dá...vou-me meter nisto, oh se vou!
Confidenciou-nos que tinha feito bom dinheiro.
A seguir a banca de uma também habitué, comprei-lhe um azulejo com a flor de Lis, 2 €.
Irrequieta, a freguesa fina queria saber o preço de um prato cheio de rolhas em vidro. Só uma delas era bonita, oca em casca de cebola. Curiosa, perguntei porque queria tantas rolhas. Visivelmente louca, apaixonada, tal como eu com outras peças, disse-me " adoro vê-las na vitrina em cima do prato sentir os reflexos das cores com a luz". Sem comentários.
Mais uma conversa com outro vendedor que conhecemos da feira de Belém, costuma ser alfarrabista, hoje faiança de Massarelos, da última fase, nada bonita. Um grande prato de faiança de Aveiro, nem conhecia.
Vi um bule de doentes por 300€ fazia 200. Sem dizer nada um abatimento de 100€.
Noutra banca a vendedora ruiva com 3 lindos pratos tipo cantão popular, recortados no rebordo, nunca antes nada assim visto, todos em azul e diferentes. Nem tenho palavras para atestar tanta rara beleza. Ainda um lindo pratão com um peixe.
Alguns vendedores com lojas de antiquários, e claro peças de coleção, caríssimas.
Encontro com a vendedora das rolhas, ria-se para nós, então não as vendi a bom preço, nem pestanejou...
Cansada sentei-me num banco de uma paragem de autocarros
A manifestação intitulada" abaixo a classe política"...tinha menos de meia dúzia de gatos pingados e um carro de polícia. Julgo que os outros estariam no tribunal no caso dos apanhados esta madrugada...Ossos do oficio!
Junto ao rio apanhei mais um quilo de caquinhos de azulejos para o meu painel contemporâneo. Vantagem. Lavadinhos e roladinhos...
O melhor do dia foi gozado em casa a dois.
O meu Sporting ganha ao Braga e assegura o 3º lugar.
Posso dizer, um sábado digno de registo!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Massa sovada no meu aniversário de 54 primaveras

Massa sovada à Moda da Ilha da Terceira. Invenção minha esta de a abrir para levar a carne à mesa, como se usa com o bacalhau.

O meu marido surpreendeu-me com o primeiro beijo de parabéns. Meia noite e meia,meio sonâmbula..."balbuciava ainda faltam 12 horas para fazer anos, teimou e insistiu docemente, mas já é dia 5...
Insónias, não dormi muito bem.A ansiedade as tarefas programadas eram muitas.
Levantei-me passava pouco das 7.Tomei o pequeno almoço e em seguida fui tratar de fazer a massa sovada à moda da Terceira.Não dispenso o meu alguidar vidrado verde. Peneirei 1 kg de farinha, juntei 6 ovos inteiros, 250 gr de açúcar, 200 gr de manteiga açoriana e uma colher de sopa de canela, amassei bem, finalmente juntei o fermento feito de véspera; uma batata cozida com a pele reduzida a puré, juntei um ovo, 20 gr de levedura de padeiro e 125 gr de farinha.Bem amassada até ficar com a consistência de bola, empoei-a de farinha, benzi-a com a mão, fiz uma cruz para levedar bem como a minha avó me ensinou, não faltou a reza da ladainha, "São Vicente te acrescente, Santa Inês te dê boa vez. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo".
Antes de vir para aqui deixei-a pela segunda vez a levedar,de tarde faço a cozedura da massa sovada, que não é mais do que um pão doce.
Decidi ir descansando ao longo das tarefas. A melhor ideia foi sentar-me aqui, relatando o meu dia.
Intervalei a cozinha com outras tarefas de arrumação.Meio da manhã, horas de um bom duche,meio vestida ligou a minha filha para dar os parabéns, uma graça canta-los ao telefone tal como sempre o fiz a ela quando vivia cá em casa. Disse-me para ir passear, o dia estava lindo.Tinha em mente passar pelo banco e dar os parabéns à minha amiga de longa data, Isabel Picamilho, hoje tal como eu também é bebé. Mal dobrava a esquina do prédio, toca o telemóvel, era ela.Cumprimentamos-nos efusivamente, fomos até uma esplanada desenferrujar a língua, beber um garoto "à nossa saúde, comemoração de mais um ano, eu 54, ela 58"!
Despedimos-nos com promessas de um resto de dia muito feliz.
Horas de ir às cerejas.Saco na mão dei de caras com um mendigo norueguês, louro olho bem azul, homem que conheço há anos geralmente sentado à porta do mini preço, vestido de calções,ferida na perna a sarar,num ímpeto faz-me uma vénia tirando a cartola preta da cabeça ao mesmo tempo que emana um sorriso maroto irradiando luz azul mui doce no olhar. Adorei. Em tempos ao passar por mim deu-me um pernadinha de sardinheira que teria roubado de uma varanda.
De volta a casa, mudei de farda, espreitei o email,choviam parabéns do meu mui amigo Dr Manel Dias, no facebook da Ana Mestre e da Susana de Paris, toca o telefone fixo, a vez da minha mãe a chamar-me pequenina, "eras tão pequenina quando nasceste..."nisto toca o telemóvel a minha amiga Leonor Ceia a perguntar se tinha mudado a fralda...
Horas de retomar à cozinha, fazer o Pão de Ló. Depois de frio faço uma cobertura com merengue suíço regado com caramelo e decorado com granjeias minúsculas a imitar a barriga de freira da minha Coimbra.
No tabuleiro armei o pão de massa sovada em oval tal como na receita da Terceira,mais um nadita de repouso, já vão três as vezes de levedura, é obra, o alguidar estava lindo com a massa a querer sair pelo rebordo...
Sorri com a surpresa da equipa do Cellulem Block de Almada em se lembrar de me endereçar parabéns.
Etapa de pôr o pão no forno. Num repente ficou enorme, muito bonito.De seguida bati as claras que me tinham sobrado do arroz doce do Dia da Mãe e com açúcar fiz o merengue,nem usei a seringa de pasteleiro, foi mesmo com a colher.
Para uma das entradas cozi mexilhões 8 mn, dispus-os na assadeira de barro cobertos com uma mistura de gengibre, piri piri, ralei alho e queijo, juntei pão ralado à falta de miolo de broa e pus umas nozinhas de manteiga. Esta com a mistura do pão ralado é que faz a capa crocante.Servi esta entrada num prato lindissimo da SP de Coimbra. Outra entrada não me estava a correr de feição, com a forma dos canapés quis fazer cilindros de queijo do Rabaçal, escolhi mal a cura do queijo, devia ter comprado um de pasta mais mole.Exagero, ficaram cilindros sim, ao centro bacon tostado no forno, sobra do que meti no tacho. Servi num prato de acepipes da Vista Alegre. Noutro da mesma fábrica servi canapés em tosta integral para segurar o palito enfiei uma bolinha de melão encimada com presunto alternei com bola de mamão e mortadela de peru com azeitonas verdes.Esta entrada foi excelente, fresca para colmatar o picante do mexilhão crocante.
O meu amigo João de Hamburgo também não se esqueceu de me enviar uma mensagem privada pelo facebook.
Tacho barrado com banha e louro, à volta colei tiras de bacon, despejei a vinha d'alhos , tapei com folha de alumínio.Expectante, a minha aventura num prato não típico no continente, a minha primeira vez. Alcatra no forno, começava a lenta assadura da carne regada só com vinho rosé, cebola roxa, alho e uma mistura de condimentos, pimenta, paprika, cominhos, noz moscada, piri piri africano, tudo isto à falta de pimenta da Jamaica.
Tempo de acabar a arrumação da casa,outra vez o telefone, a Lurdes Matos, há um ano que não falávamos, pusemos a conversa em dia, mal retomei o trabalho toca novamente o outro, a minha irmã com as mariquice dela..."tens de começar a alterar hábitos alimentares.. e resto de um bom e agradável dia, não te mando a prenda, depois dou..." Esquece-se quase sempre...maldade!
Parabéns do meu amigo Dr. Luís Montalvão do blog Velharias. Também de amigos virtuais blogistas; Dra Maria Andrade, Dra Maria Paula e uma Maria amiga da Marília que me mandou uma longa mensagem de véspera,também um anónimo habitué nos comentários do blog do Luís o IF .
Surpresa,a Leilões Net e a senhora da limpeza do prédio, a D. Julieta estava eu de telefone na mão quando esta me bateu à porta, desejando-me parabéns.
Chegou a hora de engalanar a mesa para o jantar.
O apetite avassalou-me, tirei uma pontita de carne...picante e muito macia.
Hora de tomar conta de mim, outro duche, do guarda fato tirei um vestido.
Deixei por último o papelote de frutas, bolinhas de melão e de mamão, uvas, cerejas e ananás com um nadita de mel e uma folhas de hortelã para dar um sabor fresco,no forno coisa de 10 minutos para servir com bolas de gelado de chocolate.Contraste de morno com frio...
Ainda receberia mais surpresas.Desta vez uma mensagem no telemóvel do meu bom amigo e conterrâneo a viver em Ermesinde Dr Manel Dias, de manhã enviou um email, e ainda haveria de enviar outro com a minha prenda de aniversário, a correcção da primeira parte do livro de memórias que um dia destes será publicado.Atrevo-me a dizer...Manel você é um homem soberbo,ter frequentado o Seminário talvez o tenha toldado num jeito requintado que não passa despercebido a nenhuma mulher de bom gosto!
O dia todo foi fantástico.À noitinha ainda uma mensagem de parabéns no telemóvel do meu marido da minha amiga Dra Alcina Leitão.
Adorei ter todo este trabalho, tudo feito com muito carinho e com a ajuda daqueles que se lembraram de mim e foram muitos ao longo do dia.
Dois ou três por razões que conheço bem, nem lhes passou pela cabeça.O importante é que sabemos que estamos sempre no coração uns dos outros e isso é o mais importante.
Mágoas?
Apenas uma...
Alguém de quem fui muito amiga, optou por não falar comigo neste dia tão especial.
Adiante com a procissão. Cantam 54 anos!
Tal maturidade engrandece-me, faz-me sentir ser Mayor!
Ainda parabéns de um amigo no facebook o Jonas Alexandre.
Bem hajam a todos sem excepção amigos de coração.
Acreditem,nesta idade senti ao longo do dia um misto de orgasmos:aventura, sem medos de falhas,mistério,invenção, grumet, até intelectual!
Só possível com a panóplia de amigos que tenho e da família que adoro.
Uma achega, a carne acho que se chama alcatra porque fica muitíssimo tenra.Comparei-a com a nossa chanfana. Melhor porque não tem ossos nem gorduras, servia-a dentro do pão de massa sovada, não é mais do que um bolo festivo muito tradicional nas festas e que varia com a adição de erva doce,também de nome e consistência.A manteiga deu-lhe macieza, a canela um aroma agradável.Talvez estranho acompanhar a carne com este pão adocicado. Eu francamente gostei.
O meu marido vaidoso repetia incessantemente..."a carne está maravilhosa"
Uma nota em jeito de remate.
Gosto de programar, no caso escolhi a ementa aproveitando o tempo do forno que foi de 3 horas e nele fiz quase tudo.
A todos sem excepção o meu bem haja por fazerem parte da minha vida!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pombal continua a fazer-me sonhar!

A estação da CP em Pombal no seguimento da quina da estação onde a carruagem 23 pára...
No meu tempo de estudante nos anos 76/77 na escola secundaria, por aqui deambulei minutos, horas...
Habitualmente apanhava no terrado da frente da estação a carreira para Ansião. 
A fazer tempo conversava com colegas de Vila Nova de Anços, Soure , Vermoil e Albergaria dos Doze...Isabel, Lurdes, Ana Duque, Benbinda,Júlia, Adélia, Serrano e...
Mal havia eu de pensar...de me lembrar destes tempos que os colegas usavam aquele meio de transporte e no futuro eu também o haveria de usar para embarque ou desembarque... continuo a sonhar no compasso dos segundos do relógio, e a estremecer todinha com a passagem rápida do alfa...
Pormenor da casa defronte da estação com a parede forrada a ardósia.
Continua a fascinar-me este revestimento nas casas.
Há qualquer coisa de encantador na imitação de escamas pretas a luzir ao sol...
Frondoso sabugueiro em flor no que resta do quintal desta casa abandonada.
Lindo arbusto, geralmente encontra-se nas margens dos rios, ribeiros ou terras húmidas como neste caso.
Sabem que tem imensas qualidades medicinais?
O famoso chá de sabugueiro, especialmente das suas flores, pode e deve tomar-se para tudo, em especial para combater o reumatismo, pneumonia, gripe e doenças da garganta.
Tomado bem quente é excelente para combater o frio que se sente no peito, sobretudo nas mulheres, também usado como desinfectante seguro para irrigações vaginais, tal e qual como o vinagre no passado uma mezinha barata, igual à infusão de malvas.
Duma maneira em geral qualquer casa tinha na arrecadação vinagreiras em barro ou grés.
Lembro-me em miúda fazer cola com farinha e vinagre.
Pensavam que o usavam apenas para temperar a salada?
Mulheres e homens lavavam-se com vinagre contra as infecções...
Embora as propriedades funcionais do vinagre não estejam totalmente esclarecidas, propala-se o seu efeito positivo no controle da pressão arterial e do pH do estômago para combater a gastrite, tem efeito bactericida, e acção antioxidante nas células ataca os radicais livres, evitando a manifestação de certos tipos de cancro. As manhas amarelas da roupa branca tiram-se numa infusão de água fria com vinagre branco. E na comida quando está adocicada pelo tomate e pimento põe-se vinagre.

Lembranças saudosas da grande taberna de paredes meias com esta casa. Valadas!
Os pipos a rondar o soalho da casa com letras vermelhas. Nos anos sessenta, sentada nos mouchos de madeira com as pernitas a abanar...comia amendoins.Serviam travessas ovais de faiança com carapaus e sardinhas de escabeche. Os meus pais saciavam-se com os amigos.Enquanto eu e a minha irmã comíamos sandes de atum e bebíamos copos altos com laranjada.
Nos bolsos guloseimas escolhidas no expositor giratório na quina do alto balcão.
Ao sairmos olhava sempre para trás...
Os pipos fascinavam-me de que maneira pela imponência...Adorava aqueles pipos.
A mesa ficava imunda marcada com o lastro dos copos de três saídos da torneira de madeira a transbordar, emborcados num virote enquanto o diabo esfregava um olho...
Voltei à taberna em 76/77 com os colegas beber sumos e comprar pastilhas elásticas.
Nesse tempo ainda era exactamente como a tinha conhecido.
Até ao dia que a deitaram abaixo...
Continua o espaço vazio, feio, sem graça, num tempo que foi tão castiça!
Continuo a sonhar naquela estação...Tantas vezes Pombal,Coimbra,Lisboa...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Museu da Casa Rego Vasconcelos em Almofala de Cima

Tive conhecimento deste Museu através do meu amigo Dr. Manuel Dias, sabendo do meu agrado por estas coisas de velharias e afins, não hesitou na sua divulgação. Fez muitíssimo bem!
Surgiu a oportunidade no último sábado, uma tarde maravilhosa na companhia da minha mãe.
Tijolos burro da cerâmica de Almofala
O Museu localiza-se no limite do concelho de Ansião com o de Figueiró dos Vinhos a escassos 3 km da saída do nó do IC 8 para a Aguda na direção de Almofala de Cima em  lugar cimeiro, um paraíso envolto com milhares de árvores plantadas pelos proprietários, oliveiras, pereiras e vinha.
Deparamos com uma casa restaurada de sobrado, alva de sanefas de pedra acima das portadas, lindíssima, onde habitam os digníssimos donos do Museu, ao fundo do jardim avista-se um refúgio alpendrado, aqui e ali na parede branca pequenos painéis de azulejos século XVIII, motivos zóomorficos, flores e outros que um dia embelezaram a Quinta do Vinagre em Colares , quis o destino que ficasse famosa pela grandiosa festa ocorrida a 3 de setembro de 1968, conhecida pela festa do Schlumberge de um alemão alsaciano milionário do petróleo casado com uma portuguesa, a Saozinha que lhe pediu para comprar a quinta quinhentista ricamente decorada para o evento, mais de 1.200 convidados ilustres, rei Umberto de Itália, Duque de Bedford, princesa Ira Von Furstenberg, Vincente Minnelli, Zsa Zsa Gabor, Audrey Hepburn, Francoise Sagan, Gina Lollobrigida, rainha Soraia da Pérsia e...muito glamur e uma segurança de 250 militares da GNR e 200 criados vestidos elegantemente de libré, repórteres do Times, Paris Match, e paparazzis. Não menos celebre ficou para a história o fato do Dr. Salazar não ter autorizado nenhum Ministro participar, no entanto as filhas do almirante Tomás não faltaram...
Não me recordo da marca do faustoso automóvel que serviu para transportar os convidados do hotel Estoril Sol para a Quinta hoje pertença desta família de Almofala de Cima.
Defronte desta casa há outra mais baixa com 100 anos englobada no espaço museológico onde decorrem exposições temporárias, no momento com  A vida de Cristo. De apreciar a abertura das portas interiores bastante larga à época, tectos com remates de rosetões na sala e na entrada a escada em caracol elegante e delicada, virada a sul um largo patamar em lajes calcárias com vista luxuriante a perder de vista em múltiplos verdes matizados a espraiarem-se em deleite na pequena albufeira da propriedade.
Do antigo celeiro e adega nasceu um Museu alusivo à casa rica, remediad, e pobre da região. Uma terna homenagem aos familiares da esposa da Família Rego cujo pai foi empresário da Cerâmica de Almofala cujo retrato com a esposa está patente no espólio, assim como o dos tios solteiros -, um Professor e o irmão diretor das Estradas de Portugal, ainda de uma irmã tragicamente falecida em acidente de viação.
Muito bom gosto na disposição dos vários ciclos em exposição: Fotografia com a máquina de tirar retratos à la minute, fotos a preto e branco a contrastar com um belíssimo quadro onde o fotografo não faltou à feira, tendas e miúdos com moinhos de papel que curiosamente teimaram deixar no espaço e assim enriquecer na analogia este ciclo. Loiceiro Arte Nova recheado com peças sublimes da Companhia das Índias, talheres em prata, por cima uma caneca de parras branca com tampa da Vista Alegre, no loiceiro em frente travessa do Juncal pintada a azul, pratos em faiança falantes de Coimbra, um com flores todo a azul alusivo a Maria -, o outro alusivo à Alegria e ainda outro...arte sacra, José Franco, e uma Santa Clara lindíssima de manto escuro com dourados é arrebatador.
Jarro Vista Alegre 
VISTA ALEGRE AZUL -, PEÇA RARA
Prevalecem as paredes em xisto com mistura de calcário,barro e telhos.
Nas paredes alguns belos óleos, com o cuidado de o visitante fazer ele próprio a alegoria ao ciclo que aprecia.
TRAVESSA RARA EM AZUL DO JUNCAL E PRATO JULGO BORDALO PINHEIRO(?)
Na entrada sob a secretária um belíssimo conjunto de peças cobertas a marmoreado verde raiado de preto; mata borrão, tinteiro, suporte das canetas ainda a mala do tabelião e numa gaveta muitas escrituras antigas...
Um belo conjunto de bengalas com incrustações a prata, algumas de rapé.
Alguns instrumentos musicais, um violino vindo do Brasil Stradiuvarius? e um pequeno órgão que terá outro nome, julgo que se usava nas feiras mais no estrangeiro, feitio de caixa -, gentilmente o Dr. Vasconcelos o fez tocar para nos abrilhantar o ouvido ...soou melodia intensa que nos tocou na tarde soalheira com mais de 30 graus, sorrateira esgueirei-me a olhar pela grande vidraça a contemplar o lindo cenário, sob o parapeito cortiços ressequidos usados numa apicultura tradicional, na lateral da parede da casa um lindo painel de azulejos azuis também da quinta de Colares que já falei.
Refinado o ciclo do linho, não vi que faltasse algum dos instrumentos; fuso, roca, andarilho, maço, espadana, linho, ainda a máquina Singer e uma cabeça de máquina que a costureira transportava no alforge do burro quando andava à jorna na casa do freguês . Vários ferros de engomar e de brasas. Na parede cangas de juntas de bois desde o Minho até às usadas na região.Lindíssimas as duas colchas em seda delicadamente bordadas durante anos...oito de beleza asiática incomum ricamente bordada, fina, com espectacular buliço de cores e franjas a combinar em desenhos figurativos e florais num misto doce e encantador, uma com fundo amarelo torrado e a outra num cerise a puxar a Senhor dos Passos do século XVIII. Na outra sala improvisada uma escolinha com duas carteiras, quadro de ardósia, mapa de Portugal, livros, foto do Professor e cartas que este escrevia ao Reino com arte e sabedoria.Homem inteligente e sagaz , não falta a cana da Índia de encosto à parede tal e qual como no meu tempo ...
Enquadra o Museu uma Ara de criança em terracota visigótica, algumas notas do Mundo vivem guardadas numa gaveta.
Loiceiro com loiça de Sacavém com pratos, bacias, travessas, sob o tampo loiça do Bordado Pinheiro e gavetas com Cristos crucificados, dentes de marfim trabalhados, e...
Igualmente belo um loiceiro à pobre; alto e estreito, nele loiça de Aveiro, bacias, pratos, malgas Cavaco, bacia de Coimbra, em baixo palanganas Ratinho, talheres de ferro numa alusão ao tempo que o pessoal de fora ou contratado sazonalmente para a lavoura e ceifas nelas picavam o aferventado de couve galega com chicharo e migas de broa regadas com azeite- , o conduto um dente de alho, sardinha para três ou postita de bacalhau...
No espaço não falta o banco de carpinteiro e todos os utensílios da arte: inchós; plainas, grolopa, limas, e arca que viajou algumas vezes ao Brasil, atracou em Santos e continua inteirinha ainda visível na frente a inscrição do nome do seu dono gravado, por dentro do tampo coladas duas fotos do seu genro, o que é no mínimo curioso...expostas mantas de tear, toalhas de linho e duas vassouras artesanais de painço feitas por o último artesão em Almofala de Baixo - também tenho duas!
O culminar de êxtase foram algumas peças que foram em tempos pertença do altar mor da Aguda a igreja da freguesia. Há coisa de 30 anos o padre lembrou -se de o substituir e o vendeu a um antiquário da Vidigueira. Tinha sido obra de artesãos da terra, quis o destino que um dia o Dr. Arménio Vasconcelos o encontrasse por mero acaso numa trivial conversa com o antiquário que lhe confidenciou a sua origem -, estarrecido ficou porque naquela igreja a esposa tinha sido batizada. Entabuou conversa de negociante, ajustou preço razoável com a condição de no dia seguinte o pôr no mesmo lugar de onde um dia a tinha levado. Assim foi, o altar voltou a casa!
Com o espólio das colunas, retábulos, e outros entalhes fez uma capela na sua outra Casa Museu Maria da Fontinha em Além Rio em Castro Daire. Outras peças tem na sua quinta sobranceira ao Lis em Leiria, as restantes deixou aqui neste Museu expostas para enaltecer os artesãos da terra que um dia as fizeram, e assim o visitante poder apreciar a beleza do talhe que curiosamente se encontra igual nos tectos da casa.
Ainda um banco de rezar, um Senhor pregado na Cruz e,...
Descemos à cave e na parede uma alegoria ao cofre dos pobres, na esguelha da parede uma púcara partida e nela moedas....apreciámos o ciclo do pão, do vinho, do azeite, do milho, de outros cereais e leguminosas.Talhas em cerâmica, asados em vidrado verde, alguidares em amarelo torrado, vinagreiras em grés, alfaias,almudes, medidas em lata e madeira, alqueire, selamim, enxofradeira, máquina de sulfatar em cobre, balança de madeira, serra do serrador, regador em cobre, panelas de ferro, a grande colher de pau, o chamaril em madeira para pendurar o porco a escorrer e,...nos jardins canteiros com azulejos indicam as plantas aromáticas. Uma grande dorna de madeira no alpendre o 1º tractor que entrou em Portugal, uma carroça e dois carros marca Ford que foram pertença do sogro. Ainda uma charete de pónei. Na entrada do jardim uma furgoneta cinzenta que espera melhores dias naquele enquadramento.
Vale a pena visitar, quer pela obra apresentada, pelo brio dos donos em enaltecer as gentes da terra, os artífices, os trabalhadores da cerâmica de Almofala cujo empresário pai da benfeitora Dra Rego. Todos os seus nomes estão inscritos a preto nas paredes, sob as ripas dos tectos inclinados constam frases da Ilíada, de Atenas...Teimaram preservar e homenagear as artes; marcenaria, cerâmica, vida rural e,...
A simpatia do casal é inexcedível. A obra que teimam deixar ao presente e gente vindoura é grandiosa.Bem hajam pelo carinho com que tratam o património e as lembranças dos seus antepassados. Grandioso feito que deveria ser seguido por outros...mas isto de fazer é mote só de alguns de coração grande, dose de humanismo e simpatia.Só podiam ter raízes de nascença e adquiridas no concelho de Figueiró dos Vinhos!
Adorei conhecer tanto a senhora como o esposo que não sendo da região se encantou por esta terra da Beira Litoral inserida no Pinhal Interior.
Na garagem vi um jipe e Mercedes, apreciei o jeito desportivo do Dr ao volante da sua moto quatro, percorre calçadas estreitas e caminhos de terra batida a esvoaçar o seu chapéu tipo cowboy.
Amável, ofereceu em rota de adeus um livro de poemas, um a mim, outro a um visitante com raízes na Serra do Mouro que nos acompanhou assim como a sua esposa ribatejana.
Deixo aqui um convite!
Venham visitar. No final subam à Aguda e desçam ao Olival - , contemplem os verdes, as serranias, as aldeias perdidas nas veredas dos outeiros.
Acreditem, tal beleza emociona a sonhar, chegados ao entroncamento de Vale Tábuas se forem horas de almoço viram à esquerda a escassos 3 km algum restaurante estará aberto, trutas e não só, degustadas sob o alpendre dos varandins a mirar a água da Ribeira d'Alge a caminho do Zêzere.
Eu optei por tomar o rumo de casa direito ao Pontão. Afrouxei, existem muitas lombas para cortar a velocidade. Ao longe vi uns velhotes encostados à sombra esperando freguesia para o mini mercado.
Soltei a voz " boa tarde, em tempos vi aqui na beira da estrada umas vassouras em painço..." 
-diz o homem, "ainda aqui tenho umas duas ou três..."
Enfeirei logo duas uma grande e outra pequena, para enriquecer uma arte tradicional desta minha terra que adoro. Sorte a minha que no Museu estavam duas - logo me lembrei delas, sorte que tive, caramba!
Um reparo. A fábrica de sinalética situa-se na zona industrial do Camporês a escassos 5 km, e no entanto as placas toponímicas são manuais...Caso para perguntar o que anda a Junta de Freguesia a fazer que não repara? Afinal vale a pena fazer críticas construtivas depois de mais de 1000 visualizações temos placa!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Um olhar sobre Alhandra, o rio, os vieiros, a serra...

Viagem no dia 1 de Abril de 2006 .Segui a rota da A1 em direcção à Vialonga pela antiga estrada N1 percorrendo as várias localidades: Sta Iria Azóia e Póvoa e parei em Alverca, para visitar a nova igreja dos Pastorinhos. Ouvimos o som do carrilhão.Já dentro da igreja reparei que os padres confessavam crianças que se acotovelavam na sua vez, imagem arredada de mim há muito tempo e que de repente me fez lembrar a época que se aproxima - a Páscoa ! Também eu enquanto criança , na quaresma tinha de ir à confissão para comungar no dia de Páscoa.Gostei de sentir tanta veneração em crianças de tão tenra idade, eram muitas, pareciam tão inocentes. Percorremos muitas ruas, vários centros comerciais, muito comércio tradicional ,recantos de lazer ,alguns a lembrar a forte tradição partidária esquerdista tão enraizada naquelas gentes pela  mostra desenfreada de esculturas de ferro, tão ao gosto imperial da grande e pesada indústria representativa de trabalho árduo e mal remunerado.
Seguimos para Alhandra. A minha primeira vez.
Guarda ainda alguns vestígios da vida de antigamente dos vieiros,das paliçadas rio dentro, paus enfiados na lama ,barcaças e telheiros improvisados com mesa em madeira e bancos corridos, o último ainda de pé.
Um vieiro em dia de domingo de visita ao telheiro, depois de ter olhado o rio e o mouchão.
O monte de areias estragou a margem primitiva ribeirinha
Saímos borda fora...novamente até ao rio ver barcaças e passadiços em ripas de madeira quando a maré está alta servem de transbordo para a margem dos pescadores.Na margem do Tejo, paliçadas de paus e passadiço de ripas para os vieiros atracarem as barcaças.
A frente ribeirinha ajardinada, aprazível para caminhadas.Estão a nascer nos grandes armazéns, espaços de restauração e de lazer, num repente fez-me lembrar Matosinhos...muito devagarinho, aqui mais lenta. Desfruta-se um bom dia nesta terra, ainda a sub serra, verdejante, o campo ali tão perto dispara em tantas direcções.
Degustar o sável com açorda, uma iguaria que não dispenso.
A vila enquadra-se num cenário de engaixamento entre o rio, caminho de ferro e a auto estrada.Optámos por deixar o carro logo na entrada, para a descobrir a pé, a vila, de traça ribatejana, pitoresca, repleta de ferro forjado, azulejaria variada com a zona ribeirinha quase totalmente requalificada.
Falta aproveitar os antigos armazéns e criar infra-estruturas de sucesso como restaurantes, discotecas à semelhança do que Matosinhos fez ao reaproveitar as enormes fachadas dos velhos armazéns para seduzir o turista com lonas gigantes a anunciar, ementas e eventos...
Muito agradável aqui os passeios pedonais e de bicicleta. Muitos bancos cobertos por lonas de cor crua para dias de muito calor. Paisagem deslumbrante sobre o mouchão de Alhandra, a que eu teimo chamar de sapal, mas não o sendo ,pois é uma ilha, o que difere do sapal com meandros de água envolta de terra...era chegada a hora do almoço.Passámos defronte da casa onde viveu o escritor Soeiro Pereira Gomes, onde escreveu o livro " Esteiros" , a quinta da Escusa, das janelas vêem-se laranjeiras, o rio e a lezíria.
Adorava ter uma casa igual a esta, forrada a verde...linda de beirais alternados.
Fachada de uma pequena casa com azulejos arte nova.
Já tínhamos escolhido o restaurante mesmo no canto da Praça 7 de Março, dia de nascimento do Dr. Souza Martins, cujo busto está patente com o pedestal cheio de flores oferecidas pelos agraciados nas suas preces. Entrámos, e já era a última mesa. O repasto como não podia deixar de ser foi Sável frito com açorda e ovas raladas , houve quem quis provar as enguias fritas com arroz de grelos, de sobremesa uma soberba fatia de bolo de bolacha rematada com um bom brandy, o preço foi uma pechincha. Voltámos a caminhar mais um pouco para degustar o repasto.
Praça Dr Sousa Martins
Tirei mais umas fotos  e visitámos o Museu implantado na casa onde nasceu o Dr Souza Martins de carisma pessoal. O espólio algo pobre, com aproveitamento para relembrar outros filhos da terra que também foram grandes no desporto e tauromaquia, no r/c pode-se observar vários tipos de cerâmica outrora fabricados em Alhandra, como os tijolos de 2 e 4 buracos, as telhas de canudo que na beira se chamam de mouriscas e as telhas Merselha, a arte de carpintaria, miniaturas de barcos típicos do Tejo e por fim a emblemática fábrica do cimento ainda em laboração.
Lindo painel em azulejos na frontaria de uma casa com varandins em ferro forjado século XVII na praça com o busto do Dr. Sousa Martins, sempre enfeitado com flores.
Placa em mármore identificativa da casa onde viveu o escritor Soeiro Gomes, aqui escreveu o livro " Esteiros", em frente do Tejo,e de lado, a quinta Escusa.
Pormenor do painel da frontaria da casa onde viveu o escritor.
O que resta da fábrica da descasca do arroz...somente a fachada. De lamentar falta de simbologia da antiga fábrica de descasque de arroz inaugurada em 1932 .
Gosto de mercados, lugares de cores garridas, apaixonantes pelo buliço das pessoas e dos pregões.
Um pormenor da fachada da farmácia com a placa em pedra publicitária com o nome à antiga.
Seguimos para o sub-serra em direcção a S. João dos Montes.
Paisagem magnífica muito verdejante toda emoldurada por flores amarelas e brancas das árvores de fruto, subimos o morro onde está a Junta de freguesia, ali mesmo o cemitério, uma igreja rematada com uma cruz em pedra do tempo dos Templários, e uma grande casa de quinta do outro lado, em avançada fase de construção um conjunto de grandes vivendas cuja arquitectura agradável e muito bonita com remates de tijoleira antiga , lindas ...Apanhámos logo a CREL e viemos em trânsito sossegado até casa.
Valeu a pena!
Rico passeio, rio, serra, arte tradicional e bom almoço!

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