Viagens relâmpago vividas nesta última Páscoa com paragens pela serra da Lousã no costado de Castanheira de Pera onde descobrimos aldeias outrora em xisto com ardósia. Na Ribeira Velha só vislumbrei ruínas apenas a bela capela e o miradouro...
Aldeias encravados nas serras rodeadas de pinheiros, eucaliptos com salpico de carvalho alvarinho e castanheiros com aldeias a desvendar a magia das suas extasiantes paisagens em tonalidades verdes todas as estações do ano com os seus particulares e óbvios
pontos fortes do azevinho , cumes da serra com neve
no inverno, do forte caudal das ribeiras que se apresentam de maior espetacularidade com as suas magníficas quedas de água por aqui chamadas fragas com pequenas cascatas aos coloridos multifacetados do outono dado pelo encanto das folhagens dos castanheiros em tons pastel e carmesim e na primavera o clima e temperatura amena com as flores campestres do mato e giestas na cor carregada de amarelo a marcar a paisagem em puro suspense, com bons cheiros sem esquecer os hábitos faunísticos para no verão os banhos retemperadores nas várias praias fluviais desde o Coentral, Poço da Corga, Pera, Castanheira de Pera, Pé de Janeiro/Alge, Campelo, Mosteiró, Fragas de S. Simão, Aldeia Ana de Avis e Foz d'Alge.
Fotos registadas dentro do carro
Casebre típico em xisto ao lado de casa nova...
Capela
Largo defronte da capela com vista sobre o vale com o plátano muito bem podado, ao fundo corre a ribeira de mansinho...
Muito interessante constatar que os costados das serras se apresentam vestidos de "arroz" em amarelo, rosa, branco e lilás nesta época do ano...paisagem idílica, única!
Já lá vão anos que pela mão da minha irmã descobri nesta mesma altura da Páscoa a beleza imensurável dos costados cobertos destes pequenos arbustos que desconheço o nome e chamo"arroz", em deslumbre extasiante pelos contrastes de cores.
A aldeia de Pé de Janeiro pertença do concelho de Figueiró dos Vinhos onde uma colega tinha uma casa logo na entrada, em xisto, para venda.Ao entrar na aldeia seguindo estrada fora entra-se na aldeia de Alge que se apresenta o casario em aglomerado com ruelas estreitas, no vale corre a ribeira com o nome desta aldeia que ao longo do seu curso alimenta praias fluviais. Voltei mais tarde com o meu marido para banhos, aqui também se abastecem helicópteros para combate a incêndios, sendo a malha florestal por aqui muito densa.Foi a 3ª vez que aqui venho em visita.Não parámos.Reconheci o estacionamento do carro a céu aberto com portão em ferro forjado, o banco de jardim verde na beira da estrada, as casas de xisto na quelha altaneira, a placa de Alge em azulejo, a ribeira de poucas águas "nem viste-la"...corre funda entre o xisto negro, por isso não se distingue ao longe, sendo que a aldeia de Alge me pareceu na mesma com gentes e crianças para gozo da Páscoa.
Senti
algum desmazelo nas obras de requalificação de apoio à Praia fluvial de
Pé de Janeiro/Alge, onde foi feito algum investimento e se mostra neste
agora quase em abandono total...
Descobri a página https://josequintino66.wordpress.com/2009/07/15/falar-sobre-alge-pe-de-janeiro/
Gostei de ler estas memórias por isso as transcrevo «O que deixo atrás exposto são conhecimentos do povoado onde nasci e de alguns que rodeiam Alge - Lisboa,3 de Abril de 2008 - Pelo que a vida me ensinou e por alguns escritos que verifiquei e li, cheguei a algumas conclusões sobre a origem do povoado em que nasci: Alge, uma aldeia situada na Freguesia de Campelo, no Concelho de Figueiró dos Vinhos. Tenho para mim que este povoado é anterior à nacionalidade Portuguesa, tendo em conta que se sabe que a ribeira, que abraça com os seus dois braços o povoado e se reúne numa só ribeira ao fundo do lugar, tinha o nome de Ribeira Fria que, traduzida para árabe, seria Ribeira Alge. Este povoado é, por conseguinte, muito antigo e, com o passar dos séculos, fez parte do Condado de Miranda do Corvo. Desconheço o destino dado a alguns documentos historicamente muito valiosos que existiam em casa do meu avô Aires Henriques de Campos. Lembro-me de, entre outros documentos, ter lido uma escritura que descrevia que o gado de Alge podia ir em pastoreio até beber água no Rio Eça, rio que atravessa a Vila de Miranda do Corvo. Alge foi nesse tempo, há alguns séculos, sede de junta de Paróquia, como então se denominava. Nessa altura, pertencia a Miranda do Corvo. Com as sucessivas mudanças administrativas, passou a pertencer a Pedrogão Grande e, posteriormente, a Figueiró dos Vinhos. Campelo era nessa época o lugar de Pontão Cimeiro e só mais tarde adquiriu o nome de Campelo por ali ter residido Frei Gaspar Campelo, altura em que passou a ser a sede da Junta de Freguesia. Nesse tempo, o cemitério era onde actualmente se situa a igreja, a qual foi mandada edificar pela família Amaral do Fontão Cimeiro, que também criou as escolas primárias. Na minha meninice, ainda não existia escola primária em Alge e as crianças dos povoados em redor que podiam ir à escola confluíam para as escolas de Campelo, tendo de percorrer todos os dias vários quilómetros a pé por caminhos de terra batida ou por atalhos pelo meio dos pinhais, fizesse chuva ou sol. Em Campelo, existia a Capelinha do Senhor Jesus. Foi pena que os habitantes de Campelo deixassem que fosse destruída porque era uma obra de arte do povoado. O apogeu do povoado de Alge terá sido por volta de 1650. Henrique de Sousa Tavares foi o terceiro Conde de Miranda do Corvo e o primeiro Marquês de Arronches, bem como estribeiro-mor do Príncipe D. Teodósio (1626-1706), filho do Rei D. João IV. O Conde estava em Madrid quando rebentou a Revolução de 1640 em Lisboa. Embora fosse muito novo, quis vir desde logo para Portugal, mas, vigiado de perto pelos Espanhóis, só em 1643 conseguiu sair de Madrid com o pretexto de se vir bater pelo Rei de Espanha. O navio em que embarcou para Portugal foi atacado pelos corsários e naufragou por alturas de Vila do Conde. Apenas se salvaram três pessoas, sendo o Conde um dos sobreviventes. Chegado a Lisboa, alistou-se logo no exército nacional e fez toda a campanha do Alentejo. Foi depois mestre de campo do terço da armada e embaixador extraordinário na corte de Madrid e de Inglaterra. Aquando das suas estadias em Miranda do Corvo, passava muito tempo no solar que possuía em Alge, que era no seu tempo, uma bela residência. Nas épocas de caça e de pesca, convidava pessoas da Corte, que se dirigiam a Alge em grandes cavalgadas. Na ribeira, devido à sua água muito limpa e fria, pescavam a truta, o robalo e a enguia mais saborosas do país. Não foi por acaso que as autoridades de Figueiró dos Vinhos, por volta de 1940, fizeram na nossa ribeira uma zona de viveiro e para aí convidavam ministros -alguns dos quais eu conheci- para virem cá pescar. Em tempos mais remotos, Alge teve outro modo de vida, sendo a alimentação principal constituída à base de castanha, caça e pesca. Sabe-se que o milho e a batata apenas foram conhecidos como alimentos há cerca de 400 anos. As propriedades que produziam os alimentos que eu comi em criança tinham sido antes vastos soutos de castanheiros. Com o correr dos séculos, Alge também foi evoluindo e, ainda antes de eu ter nascido (1919), já era conhecida pelo seu associativismo: as ovelhas e as cabras eram pastoreadas em correlação e no fim do dia eram recolhidas dentro do povoado. Todos os casais tinham um curral para recolher o gado do povoado, num local que ainda actualmente é conhecido por Currais da Lomba. O pequeno povoado de Alge também teve o seu papel no decurso da Guerra Peninsular (1808-1814), mais concretamente por alturas da terceira invasão francesa a Portugal, comandada pelo Marechal André Masséna (1758-1817).André Masséna era um militar francês de origem burguesa, que fez carreira na Marinha Mercante antes de aderir à Guarda Nacional. Durante as guerras revolucionárias de França ascendeu rapidamente na hierarquia militar devido aos seus feitos durante a campanha de Napoleão Bonaparte na Itália. Já durante o império foi feito príncipe d’Essling por Napoleão, que cognominava de "filho querido das vitórias". Masséna tinha vencido em Rivoli (1796), em Zurique (1799) e no cerco de Génova (1800), mas foi nas batalhas de Essling (1809) e em Wagram (1809) que ele se celebrizou. Daí que Napoleão o tenha escolhido para a 3ª invasão a Portugal, em 1810, chefiando três corpos de tropas, comandadas por Junot, Ney e Reynier, mas no nosso país não foi muito feliz. Com efeito, em 1810 as tropas portuguesas e inglesas coligadas sob o comando do Duque de Wellington derrotaram os cinco ataques dos 65 000 homens comandados por Masséna na Batalha do Buçaco (Bussaco na grafia do tempo), tendo perdido, entre mortos e feridos cerca de 4 500 homens. Ao ver as suas tropas desorganizadas, Masséna viu-se na contingência de ter de fugir. Como oficial experiente, resolveu de imediato abandonar a luta e refugiar-se num lugar ermo no centro do país a fim de poder dar algum descanso ás tropas esgotadas depois do esforço despendido, retemperar as forças, estudar novas directrizes e reorganizar-se para uma nova oportunidade. Quando as tropas invasoras surgiram no cabeço de Miranda, em Alge, num Domingo de manhã, estava a rezar-se a missa na nossa capela. O povo fugiu precipitadamente para as matas circundantes a fim de evitar o perigo e, só a coberto da noite, alguns vinham ao povoado para tentar levar alguns alimentos de que careciam para si e para as suas famílias. Nesse tempo, o povoado era mais pequeno e não tinha as casas de alguma grandeza como as que existem actualmente. O cimo do povoado era uma travessa serventia, que ficava um pouco acima da casa onde reside o Senhor Jales e que ainda hoje se chama o Castelo. As tropas francesas acantonaram-se durante algum tempo em Alge e escolheram para quartel-general uma pequena casa construída à base de pedra ribeirinha.O último casal que residiu lá foi o Senhor Manuel da Varanda. Esta casa foi destruída e depois reconstruída e é habitada actualmente pela minha sobrinha Rosalina e pelo seu marido Abreu. Não se conhece o motivo por que respeitaram não tomar para quartel-general o solar da Condessa de Miranda do Corvo, mas tenho para mim que pretenderam não hostilizar mais o povo que habitava o lugar onde puderam descansar e reorganizar-se para a próxima e última batalha. Nunca se soube quanto tempo as tropas invasoras estiveram em Alge e não se conhece a data em que deixaram o povoado, mas podem ter ali permanecido muitos meses ou quase um ano. Também não se sabe ao certo o trajecto que seguiram para enfrentar as tropas portuguesas e inglesas coligadas. As tropas de Masséna queriam conquistar Lisboa, mas foram travadas e destroçadas nas linhas de Torres Vedras, tendo deixado Portugal em 1811. Por alturas de 1850, Alge tinha, entre outras casas mais pequenas, duas casas de agricultura já com alguma dimensão, que pertenciam ás famílias dos Campos e dos Lourenços. Em certas épocas, estas duas famílias casavam muito entre si. Prova disso foi o meu avô Aires Henriques de Campos que casou com a minha avó Anita dos Santos Lourenço. Por sua vez, a mãe desta, minha bisavó Maria Joaquina dos Santos Lourenço casou, em segundas núpcias, com um irmão do meu avô, António Henriques de Campos, mas existiram mais casamentos entre as suas famílias, tanto em Alge como na Ponte Fundeira, bem como noutros povoados. O primeiro Campos que veio residir para Alge foi o meu trisavô João Henriques de Campos, natural de Aveiro. Na disputa pelo poder entre D. Pedro e D. Miguel, ele foi apoiante de D. Miguel e, como este perdeu, começou a ser perseguido politicamente. A sua madrinha, a Condessa de Miranda do Corvo, como tinha residência em Alge; fez com que ele viesse residir para cá. João Henriques de Campos era um homem de muita categoria e de muito bom trato, detentor de alguma cultura e inteligência. Era muito respeitador e sabia, quando necessário, fazer-se respeitar. Era também um homem com algumas posses financeiras e comprou herdades em Alge, Jestosa, Camelo, Figueiró dos Vinhos, Miranda do Corvo, Tábuas e Espinho. Chegou a ter 16 caseiros, que vinham todos os meses a Alge um dia, sendo uma das missões informa-lo acerca das herdades que se vendiam nos povoados onde estavam a residir. Deve-se ao espírito activo e empreendedor deste meu trisavô a construção do lagar de azeite e da azenha de moer o milho, o centeio e o trigo, que trabalhavam com rodízio hidraulicamente já que a ribeira tinha uma forte corrente de água. Actualmente já não trabalham, mas ainda existem. Na sua construção, o meu trisavô teve de trazer bois, ribeira acima ribeira abaixo, para acarretar pedra. Como estes animais não podem andar mais do que um certo tempo com os cascos dentro de água, teve de mandar abater duas juntas de bois antes que os mesmos adoecessem e a carne ficasse imprópria para consumo.Quando mandou executar essas obras de arte, também no local onde hoje existe a piscina, mandou que se fizesse um açude na vertical para que, com a levada, a água fosse conduzida ao lagar e à azenha. Este açude teve de ser reconstruído por duas vezes porque, no inverno, não resistia ás enxurradas e ficava destruído. Só na terceira vez é que se fez um novo estudo e fizeram-no em calçada. Foi uma obra de arte que resistiu durante muitos anos. Foi pena que, para se construir a piscina, tivessem que destruir este açude. A água represada também era utilizada para a rega das terras agrícolas que possuía depois do lagar e da azenha. Não sei quantos filhos teve, mas, onde tinha herdades, ali foi residir um filho e, ainda actualmente, existem nesses povoados descendentes do senhor meu trisavô. Também possuo documentos que provam que havia pessoas que trabalhavam para ele que quando iam receber a soldada, lhe pediam que ele a trocasse por algumas terras e casas, solução que ele aceitava muitas vezes. Quando existiam queixas contra ele e os advogados sabiam a quem estas se dirigiam, recusavam-se a aceitar os casos porque não queriam escrever uma linha contra uma pessoa tão justa e que tanto respeitavam. No meu tempo de criança, e mesmo depois de mais crescido, Alge chegou a ser quase independente, auto-suficiente em relação ao exterior. Por volta de 1929, foi publicado um decreto lei estabelecendo que os residentes na freguesia de Campelo podiam comprar alguns baldios a mato.Este decreto-lei ficou a dever-se ao Sr. Dr. Martinho Simões, que ao tempo Secretário Geral do antigo Ministério do Interior e que nasceu no lugar de Três-Postos.Os meus pais compraram 45000 metros quadrados na Lomba do Singral e 35000 metros quadrados ao cimo do barroco do Vale do Ninho.Como o mato era roçado fazia-se "a cama" para os animais :cabras, ovelhas, porcos, bois, mulas e outros, os quais, com os seus excrementos, proporcionavam bom estrume para fertilizar as terras de agricultura. Minha mãe,todas as noites varria a lareira com uma pá e vassoura para apanhar a cinza,que deitava numa tulha. No tempo das sementeiras, comprava algumas arrobas de cal,que misturavam com a cinza. Estes dois produtos misturados eram espalhados por cima da terra e proporcionavam assim melhores colheitas.Os alimentos eram muito mais saudáveis e puros do que aqueles que actualmente ingerimos. Nesse tempo, vendiam-se os comestíveis excedentes e, com o dinheiro recebido,comprava-se aquilo que a terra não produzia e de que as pessoas necessitavam, tais como roupa, arroz, massa, bacalhau e outros géneros. Nessa época, para se ter uma vida razoável, tinha de se ter um bom rebanho e de se trabalhar muito. As pessoas levantavam-se muito cedo e trabalhavam de sol a sol. Noutros tempos, Alge tinha 7 azenhas, que trabalhavam com rodízio hidraulicamente.Havia muito milho e centeio.Também havia muitos colmeais. As abelhas pastavam nas flores do mato, principalmente na urze ou mosgurice, também conhecida por mongariça. Este pasto era combinado com as substâncias retiradas da água muito pura da nossa ribeira, substâncias que só elas conhecem para produzir um mel dos mais puros do país. Quase todas as pessoas tinham colmeias, mas havia algumas que tinham para cima de 300 ou 400 colmeias e faziam com isso negócio. Por volta de 1930, Alge tinha para cima de 450 habitantes e alunos suficientes para manter uma escola primária.O primeiro professor a vir para cá foi o Sr.Leite de Lencastre. Foi com ele que eu aprendi o que sei e foi o meu pai que fez o quadro, as carteiras e os bancos para a escola. Perto de Alge existe o casal do Pé-de-Ingote. Penso que lhe atribuíram este nome por ali ter residido um casal com esse nome. Com o passar do tempo, foi havendo mais pessoas. Eu conheci a residir ali cinco casais de família num total de dezassete pessoas. Actualmente, creio que está desabitado. Para o casal de Singral Cimeiro, do mesmo modo, creio que foi para lá viver um casal,que teve filhos e casaram.Assim, o povoado foi crescendo.Conheci o Singral Cimeiro com cerca de 15 habitações e cinquenta pessoas. Creio que ainda habitam lá dois casais. No casal de Singral Fundeiro, conheci a viver lá cinco pessoas, mas está desabitado há muitos anos. No casal das Cigarrinhas, conheci lá um habitante, até se dizia que era o lugar mais rico da freguesia, só um morador é que comprava milho. No casal das Cearas, conheci cerca de oito ou nove moradores. Era um povoado com vida difícil. Houve no entanto, alguns filhos de lá que imigraram para Lisboa.Actualmente também está desabitado. Para terminar estas memórias,vou contar uma história verídica. A minha bisavó Maria Joaquina dos Santos Lourenço era uma mulher de armas, muito inteligente e corajosa.Teve um neto que não descansou enquanto não a convenceu a ir residir em sua casa. Assim que isso aconteceu, conseguiu assenhorar-se de tudo o que pôde e depois indicou-lhe a porta da rua. E, não satisfeito com isso, fez acusações contra ela na Câmara de Figueiró dos Vinhos dizendo que ela tinha coisa em casa de que não tinha dado manifesto. Algum tempo depois, apareceu-lhe à porta com dois guardas-republicanos e dois funcionários do Tribunal para lhe fazerem uma busca à casa. Ela com toda a calma, pegou num chapéu-de-chuva, abriu as portas para trás e disse aos guardas indicando o neto: "Entrem, mas mandem esse à frente, pois é o primeiro a quem quero tirar os olhos! "Chamando uma pessoa que trabalhava para ela disse-lhe: "José, pega num machado e arromba as tampas dos três pipos que estão na adega! "Pouco depois, o vinho jorrava com ímpeto por baixo das portas. Havia pessoas com alguidares e cântaros a apanhar o vinho que podiam para o levar para casa. Esta atitude custou-lhe ser detida e responder no tribunal de Figueiró dos Vinhos. O mais interessante é que durante esses dias nunca lhe saiu dos lábios e do rosto um sorriso.Durante o julgamento, o juiz condenou-a a nove dias de cadeia, mas autorizou-a a estar num quarto e sempre acompanhada por amigos e familiares e a comida era-lhe levada pelas pessoas de família. »
Entendi melhor a invenção da chanfana no tempo da última invasão francesa alojada nestes lugares ( em detrimento do palacete da Condessa do Espinhal na Lousã) o povo para se suprir matou as cabras, guardando a carne em alguidares "acarbada" em vinho e, assim se conservar.
Em rota de saída de Pé de Janeiro, descobrimos a Ferraria de S. João enquadrada nas aldeias de xisto, onde passa a ribeira, num pulinho já estávamos no Espinhal.
Ferraria de S. João