quinta-feira, 14 de maio de 2020

O quintal do compadre na Lagoa da Ameixieira , em Ansião

Papoila e o jarro silvestre descascado das folhas revela na sabedoria ancestral como serão as colheitas, debalde já ninguém se lembra desse ditado...
A maravilha da pedra seca na paisagem
Das eiras, casas e muros, salpicada pelas oliveiras e o cultivo do quintal de minifúndio, o sustento do ano as batatas e couve galega, a tranca da barriga em tempos de antanho.

Será um marco de uma propriedade ancestral
Talvez da quinta da Ameixieira com a herdade de Ansião (?) apresenta uma inscrição que não consegui decifrar pelos líquenes, a fazer de ombreira a uma courela junto da Lagoa da Ameixieira.
 
Lages enormes, como foi possível serem colocadas em cima do muro...

sexta-feira, 1 de maio de 2020

O ritual de celebrar as Maias em Ansião!

O primeiro de Maio desde sempre muito respeitado pelos cristãos, foi  durante anos considerado Dia Santo de Guarda. Depois do 25 de abril é feriado, a celebrar o  Dia do Trabalhador. 
O ritual das Maias acontece no primeiro de Maio, com Cruzes feitas de flores campestres  espetadas nas sementeiras e outras colocadas  nas portas dos currais. No meu tempo eram deixadas de véspera, a 30 de abril, para a grande celebração se iniciar ao amanhecer do primeiro de Maio. A caminho da  Missa distinguia as flores, as maias, dispostas em forma de Cruz, na tramela dos currais e nos terrenos arados, ao Ribeiro da Vide, grandes  Cruzes feitas com flores ali senhoras e rainhas em campo semeado, sem ainda germinar . Também  havia a simbologia da Maia - um espantalho, nada mais que um boneco ou boneca feito de palha de centeio vestido com roupas velhas, para afugentar os pássaros e melros das sementeiras , porque da moléstia do pulgão, não havia remédio senão voltar a semear... Havia quem fazia as Cruzes com parte do Ramo benzido em Domingo de Ramos, a que juntavam outras flores;  Madresilva, lírios e jarros para abençoar as boas colheitas do  milho e do feijão. O ritual encontra-se aos dias d'hoje desvirtuado com a Cruz a ser colocada em Dia de Páscoa à porta de casa - sem as Maias - a flor tradicional do ritual, por florescer mais tarde. Em sua substituição usam outras flores em amarelo, porque a cor tem de ser mantida. Em pleno séc. XXI, a evolução normal no ritual ainda assim imbuído no mesmo espírito.

Fotos retiradas do goole
As flores não são maias, e sim giestas
A minha escolha de dois exemplares da pagina facebook de amigos de Ansião 
Dra Teresa Fernandes 
A Cruz com jarros , hera , trepadeira branca e alecrim e oliveira 
Isilda Simões de Ansião
Cruz  de jarros e um estrelícia engalanada de fita de seda, mote para pintor fazer uma tela!
A minha Cruz
Vivo a maior parte do tempo num andar. Por isso a  minha Cruz tem um significado especial, é perene, feita pelo meu marido em  madeira com o Cristo uma vida guardado num  envelope na gaveta de uma mesinha de cabeceira da sua avó Rosa da Mouta Redonda. Depois de limpo o  engalanei  à moda do Minho. Faz parte de um dos meus três  oratórios.
Não me recordo de ver danças nem cantares neste primeiro dia de Maio. Todas estas demonstrações do ritual abarcam um único objectivo - celebrar "As Maias" na boca dos mais antigos afastava o diabo encapuçado de mau olhado, quem traz a desgraça, a doença e a fraca colheita para encher o celeiro  e se suprirem no inverno, então  personificado com alcunhas "O Carrapato", "O Maio", "O Burro" . O burro associado às castanhas «Quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro». A região de Ansião foi inicialmente povoada por celtas, nórdicos, moçárabes vindos da Galiza, Minho e Trás os Montes,  trouxeram a  tradição da castanha  para a  Lousã que se estendeu à serra de Nexebra, Pousaflores e em Ansião, recordo um enorme castanheiro, no Pinhal, na beira da que foi a estrada real. Nos meados do século XX uma moléstia dizimou os castanheiras da Nexebra , mas em Pousaflores perdurou o topónimo  Chousa , nome transmontano dado a  buracas feitas  junto aos pés dos castanheiros onde se guardavam as castanhas tapadas com folhas para durarem até ao dia das Maias, onde eram finalmente comidas. Ritual ancestral celta ainda vivo num misto cristão e pagão. Segundo a tradição, Maio é o mês dos burros ...Para afastar a moléstia aos animais, então a sua  maior riqueza, os leitões e os bois, para os livrar da esfoira e outras doenças obra do diabo... Nada mais que resulto da incultura e do atraso no País, tanto ontem como hoje o mesmo dilema de bactérias, vírus , viroses e várias gripes que atacam o homem e animais .Sem nada saberem continuavam a dar ênfase à tradição ancestral  herdada dos seus antepassados no intuito de afastar os malefícios do diabo, no seu julgar ingénuo, o ritual na pretensa em proteger as suas maiores riquezas- os animais e as sementeiras, para os livrar de um ano de fome. 
O primeiro de Maio celebrizado por deus Maius , ou o deus da Primavera e ainda de Maia, mãe de Mercúrio com reminiscências da herança romana das celebrações em honra de Flora, a deusa das flores e da juventude (mãe da Primavera), no novo ano agrícola na Roma antiga, atingiam o ponto alto nos três primeiros dias de Maio. Por isso no dia 3 de maio era celebrado o dia de Vera Cruz , da descoberta do Brasil. Também o dia das Maias era lembrado a fuga de Jesus para o Egipto."Herodes soube que a Sagrada Família, na sua fuga para o Egipto, pernoitaria numa certa aldeia. Para garantir que conseguiria eliminar o Menino Jesus, Herodes dispunha-se a mandar matar todas as crianças. Perante a possibilidade de um tão significativo morticínio, foi informado, por um outro "Judas", que tal poderia ser evitado, bastando para isso, que ele próprio colocasse um ramo de giesta florida na casa onde se encontrava a Sagrada Família, constituindo um sinal para que os soldados a procurassem e consumassem o crime... A proposta do "Judas" foi aceite e Herodes tratou de mandar os seus soldados à procura da tal casa. Qual não foi o espanto dos soldados quando, na manhã seguinte, encontraram todas as casas da aldeia com ramos de maias floridas nas portas, gorando-se, assim, a possibilidade do Menino Jesus, ser morto."
A mística do ritual profano e pagão  foi proibida várias vezes em Lisboa no ano de 1402, por Carta Régia de 14 de Agosto, onde se determinava aos Juízes e à Câmara "que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse Maias ou Janeiras e outras coisas contra a lei de Deus...". 

O ritual  das Maias de raiz profana/pagã, da herança romana e celta , ainda vivo em muitas partes de Portugal, onde Ansião não é excepção. 

Em 2019 a Santa Casa da Misericórdia de Ansião revitalizou o ritual das Maias
Presenteou o público com magníficos exemplares -  fantásticos e desafiadores carregados de muita imaginação e criatividade.A exposição esteve patente no Jardim  da Vide, a rivalizar a falta de estátuas em Ansião e que bem,  naquele contexto histórico de antigo baldio e feira quinzenal do gado  ganhou novo espaço requalificado,  pese não ter sido idealizado ao jus de La fabrique de jardin- com pedras antigas no seu embelezamento ( por onde andarão os despojos de demolições de pedras antigas, do portal gótico do Vale Mosteiro e dos arcos de volta perfeita, apenas sei  do estaleiro das pedras do hospital...)
A Santa Casa da Misericórdia de Ansião  fez-se representar  no stand das Festas do Povo em agosto do ano passado, em instantes o stock dos  delicados e graciosos souvenir de íman com os mini espantalhos, foram vendidos. Na passagem da comitiva do cerimonial da abertura das festas, sem porta moedas, não cabia na pochete, voltaria  após o jantar, debalde só  restavam  parcas peças e a simpatia e franco acolhimento das suas anfitriãs ...por isso nem fotos tenho!
Brutal sucesso desta iniciativa em artes plásticas de elevada estética e confecção, ninguém fazia melhor tanta obra de arte, a merecer louvor, só possível pelo muito querer que a equipa teimou colocar em topo e, ainda armada de espírito comunitário  empenhada em sistema empowerment  a dar mote a  levantar uma tradição, quase perdida em Ansião, só por isso, tanto deve orgulhar novos e mais velhos,  agora renascida das cinzas qual Fénix em  ribalta, para não mais se perder, ao apelo do que foi o  nosso passado. Iniciativa de âmbito cultural de extraordinária importância ao avivar os valores herdados, em vias de  extinção, pelo progresso e globalização,  na pretensa os evocar, ao se afirmar no contínuo Compromisso a SCM de Ansião, valorizou um ritual e o enriqueceu com mãos de utentes, os que quiseram ajudar, se sentindo úteis a recordar outros tempos e suas emoções. Grande lição a retirar desta Provedoria a dar passos largos ao progresso e inovação  liderada pela Dra Teresa Fernandes, sua coadjuvante, a minha irmã Mena, directora e demais staf da direção e colaboradores, equipa imbuída neste desafio com tanta dedicação no seio da comunidade da Instituição concretizando um projecto de sucesso, afinal veio a granjear tamanha  admiração a todos.
Em  Ansião, empresa  inédita a dar palmarés à CULTURA  em se afirmar quer no concelho quer se mostrar ao Mundo onde chega pelas novas tecnologias e imprensa.
Resta-me formular PARABÉNS a todos os que contribuíram para concretizar tão grande e gratificante objectivo onde imperou sapiência ao envolver a equipa para  se distinguir  em excelência o alto resultado, além de coesa, organizada, motivada e feliz com produção de excelsa qualidade, sem quaisquer conflitos, aos dias d'hoje raro, para invocar a capacidade de licença  de craveira e  excelência, a premiar!
Slogan da SCM de Ansião
 "Não contes os dias, faz com que cada dia conte!"
Os maios
A simbologia da flor do girassol a rivalizar na cor as maias em agosto...
O site da Santa Casa da Misericórdia tem muitas fotos das suas obras de arte
Tarde de expressão plástica na Santa Casa da Misericórdia de Ansião

Os girassóis no quintal da minha mãe

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Padre José Rodrigues Portela do Casal de S Braz

Para não se perderem as memórias dos Lugares e das suas gentes
Casa do padre Portela ao alto do Casal de S Braz
Quando soube que esta linda casa tinha sido do Padre Portela, avassalou-me o espírito perceber porque razão o Dr Manuel Dias, historiador, nascido mais acima nas Manguinhas, aqui passou por certo tanta vez para jamais ter aprofundado a vida deste padre , afinal seu vizinho...
A falta deste perspicaz e curioso estar determinou no tempo o esquecimento do que foram as suas gentes, e não devia.Encontrei em 1866 o seu registo como Irmão da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Ansião. Tinha interpretado na caligrafia Casal das Sousas... O conterrâneo Armando Duarte  teceu comentário que transcrevo « sobre a reprodução fotográfica da assinatura revela que é do Casal S. Brás, e não do Casal das Sousas. Habituado a ler estes documentos, não tenho dúvidas do que está reproduzido. » A quem se agradece o carinho e a atenção e o rigor que a história nos deve merecer, e me falhou, por não ter a perspicácia neste tipo de documentação.
A casa é bastante antiga, de gente abastada, com  lagar e propriedades.
Filho único de estranhar o terem mandado para o seminário, e assim ficar sem descendência para tanta riqueza. A casa permanece quase intacta, de sobrado, típica traça judaica, com balcão telhado e varandim em ferro, de grandes janelas em guilhotina, e por baixo porta para arrecadações, mui castiça.
Cortesia do Raul Botas 
Hoje a casa que foi do Padre Rodrigues Portela hoje de herdeiros da Srª D Augusta
O Padre Portela era filho único de Manuel Rodrigues Portela e de Ana Marques da Conceição. Família  rica, com muitos terrenos, a maior parte do Casal S. Brás, era do padre. O meu avô materno ( e julgo que o seu pai),assim como a minha avó eram empregados do padre; o meu avô era o boieiro. Como sabe, naquela altura não havia tractores e como o padre tinha muitos terrenos tinha duas juntas de bois era o meu avô( Augusto Mendes Gaspar) o cuidador das terras . O curral dos bois era no espaço contíguo onde actualmente é a minha casa e onde havia um Lagar de Azeite (de varas) e onde ainda se encontram as pedras das prensas. Por morte do padre, como não tinha herdeiros, todos os bens foram "deixados" à governanta e quando da sua morte , cerca de 30 anos após a do padre, os bens ficaram para os empregados , não sei se por vontade própria da governanta se por ordem expressa do padre. foi assim que os bens  ficaram na posse da minha família. Resta acrescentar que a governanta,era madrinha de baptismo de minha MÃE, e de algumas das minhas tias.
Nesta casa viveram os meus avós e nasceu a minha mãe e seus irmãos. Morou lá a minha avó até 1992, ano do seu falecimento o Sr. Mário Tomé e D. Augusta, sua esposa. Já morreram os dois há alguns anos. Essa parte da casa pertence actualmente a um primo meu e a outra parte à minha tia, irmã da minha mãe, ainda viva.   

Eira antiga em pedra
Grande, de chão lajeado, seguramente dos finais da centúria de 500 com a casita de apoio em local altaneiro onde o sol, se fina mais tarde , sobre o lintel  a meia lua  em laje cerâmica.Amei.
A imagem pode conter: árvore, relva, planta, céu, ar livre e natureza
Lageado do chão da eira
O pôr do sol é fantástico...
Apelido Portella em Ansião
Em 1833 aparece um registo de uma mulher Feio Portela .O meu bisavô paterno Elias da Cruz nascido a 2 de junho de 1881 o seu padrinho de batismo foi Anastácio Rodrigues Portella, escrivão da administração do concelho de Ansião e madrinha Maria da Conceição Feio Portella.
O apelido Portela se tenha perdido em Ansião (?) o investigador Dr Miguel Portela com raízes no Alvorge e Figueiró dos Vinhos, sem saber se existe costado.
O padre usou também o apelido Rodrigues, dos mais antigos em Ansião e nos Casais, o mesmo do meu compadre que nasceu a escassos 15 metros desta casa, pese não o ter dado ao seu filho, porque o seu pai deixou de usar o Tomé, alusivo à imigração para S Tomé e Príncipe no final do século XIX para trabalharem como capatazes nas roças de café. Por uma qualquer razão familiar não abonatória, optou pelo apelido Moreira do seu lado materno. Prova inequívoca qualquer pretexto ou razão servia até aos meados do século XX para de livre vontade se alterar a contento o apelido do pai herdado a dar aos filhos .Nesse pressuposto o meu genro devia ser Rodrigues Tomé e é Moreira, e no mesmo os meus netos.

O Padre Portela paroquiou a igreja da Torre de Vale Todos e depois Ansião nos finais do século XIX. Excerto de acta municipal, transcrita pelo Dr Manuel Dias, nos Ilustres Ansianenses sobre o Dr Domingos Botelho de Queiroz  

«(...)Uma outra obra, que se ficou a dever, igualmente, a este insigne medico Dr Domingos Botelho de Queiroz, ainda na década de 1890 , foi o alargamento do cemitério de Ansião, após a compra de um terreno confinante com o mesmo - Um olival chamado o S. Lourenço. 
Compra essa que voltou a estar na origem  de várias acusações a imprensa contra o Dr Botelho de Queiroz.»

«(...) tinha sido acusado de usurpar terrenos públicos e profanar sepulturas (...)

« (...) conceder licença ao Dr Domingos Botelho de Queiroz para rectificar e alinhar  o muro do seu quintal, junto da rua Direita desta vila.»

(Para mim a defesa bem alicerçada para sair ganhador o médico ) do Pároco José Rodrigues Portella a 4.12.1895, que o tinha já casado em Ansião

« (...)  1º não me consta que o terreno com oliveiras , próximo do cemitério d'esta vila, cujo domínio útil V. comprou a José Maria Pereira de Carvalho tivesse vedação ou signal que indicasse ter sido destinado a enterramento de cadáveres;
2º que esse terreno é considerado profanado há mais de 40 anos;
3º que não podendo precisar o ano, mas em 1879, pouco mais ou menos, anos antes de V. fazer a compra, ao poente do cemitério vi, em uma escavação, que tinha sido feita quando se construiu a estrada próxima , ossos humanos,que mandei remover para o cemitério;
4º que a parte do dito terreno com que, há anos, foi ampliado o cemitério, foi comprada pela Junta da Paroquia desta freguesia ao falecido José Maria Carvalho, sendo presidente da mesma Junta Manuel Freire dos Santos.»

« (...) o Dr Domingos Botelho de Queiroz era um grande proprietário dentro e nos limites da vila de Ansião.»

« (...) talvez tenha sido esse um dos motivos por que colaborou no alargamento do cemitério e de algumas ruas na vila. »

A venda em haste pública dos bens afectos ao Mosteiro de Santa Cruz beneficiou directa e indirectamente a família e o próprio  médico Dr Domingos Botelho de Queiroz, ao adquirir  dentro e fora da vila , terras do Mosteiro e a particulares. O imbróglio  refere-se a uma grande quinta com limite a poente com a estrada real, a norte a margem da ribeira do Nabão, a nascente a Rua Direita,  e a sul o baldio do Ribeiro da Vide, estando na mesma inserido  o cemitério medieval, para  ali voltar em 1875 até hoje, conforme ostenta o portão de ferro. O médico mandou murar a quinta a poente a entestar com o caminho, ainda recordo os altos muros, onde foram encontradas ossadas humanas gerando  grande confusão no povo a sua profanação. Este mau estar foi solucionado pela  Junta da Paroquia ao adquirir essa fasquia de  terreno com barreira natural alta com a estrada real onde se veio a construir a capela e ao lado, a sul,  foram construídos o jazigo da família do Dr Domingos Botelho e o do cunhado Dr Alberto Lima. Portanto aventa tratar-se de acordo entre cavalheiros, em que as partes saíram satisfeitas.  Agora a certeza se colaborou assim tão bem com as expropriações para abertura de novas acessibilidades, ao Fundo da Rua e Rua Combatentes Grande Guerra, não acredito, embora logo o viesse a beneficiar com a venda de lotes a entestar essas vias. Mais tarde outra expropriação  da vila, para o Ribeiro da Vide, esta sim,  onde ficou atestado na toponímia...Já tinha passado um mau bocado com intrigas do povo não sendo letrado, sem o ser destituído, enxergava longe  os ganhos só para alguns e o médico neles incluído, e claro  não aprovava...

O Padre Portela, que tanto o defendeu  não foi atestado na toponímia !
Antes de o adro ter sido calcetado nos finais de 60, inicio de 70, havia uma pedra sepulcral na entrada do portal da igreja descarnada do saibro, mas não recordo que tivesse inscrição. Assim, e a não ter ficado no adro  de quem seria  a sepultura - se deste padre ou de outro. 
A sua sepultura está no passeio público quase logo na entrada do cemitério de Ansião. Faleceu a 7 de fevereiro de 1912 e o assento diz que foi no cemitério publico. O povo dizia que foi sepultado no adro da matriz , defronte do portal, ainda recordo o saibro descarnado da pedra. Debalde a laje do cemitério não é a mesma,  que se encontra no passeio público do cemitério. Alvitra que a  laje que se encontrava no adro foi de outra pessoa.
Desconheço se teve oratório em casa ou vinha rezar à capela de S Brás

Jornal O Imparcial de Pombal a noticia de Ansião em 1919

Jornal Pombalense 
O Imparcial
3 de Agosto de 1919 

Partilha de excertos 
Paulo Alexandre Baptista Silva no Grupo Ansião
(...) Provavelmente monárquico dos sete costados... O Imparcial era um jornal republicano (feroz contra a monarquia) e o correspondente em Ansião sofria da «mesma doença»... aparecem muitas «noticias» do correspondente em Ansião seguindo  sempre a mesma bitola... malhar na monarquia e nos padres...»
A notícia pese pequena, desperta a curiosidade em mais se deslindar do passado de Ansião, por isso a partilha se mostra tão estimulante, a quem se agradece a cortesia.  
Dissecar a noticia exarada no Jornal de 1919
Referencia em 1919 à Festa de S Pedro em Além da Ponte
Comissão 
Dr Cezar Mendes d'Almeida
Não sei quem foi esta individualidade, a sua profissão quando esteve em Ansião, seria juiz (?). Encontrei na Torre do Tombo menção a César Augusto Mendes de Almeida  em 1888-03-19, transferindo-o para o lugar de Juiz de Direito da Comarca de Santiago do Cacém, desta para a de Alcácer do Sal, nomeando-o para a Comarca de Moncorvo.Será a individualidade que se pretende encontrar, teria sido  juiz em Ansião depois dos cargos acima referidos (?).
- A. P. Nogueira 
Pedi no Grupo de Ansião se alguém sabia quem foi esta individualidade - ou o comerciante que viveu  na correnteza a norte do adro , natural da Fonte Galega  Abel Pereira ou Pires ? Nogueira, ou então do Cimo da Rua, o pai ou avô do saudoso Sr César Nogueira.

Prédio de gaveto a sul do adro, da família Veiga Figuiredo, onde funcionou nos anos 40 o Externato António Soares Barbosa e mais tarde foi vendido ao comerciante Porfírio Monteiro.
                            
Grémio Dramático Ansianense
Jamais tinha ouvido falar da sua existência  -mostrou viver ainda e com alma, fazendo subir um balão com oito metros. Alberto Pimentel escreveu sobre Ansião em 1903  (...) Não existe Theatro. Fez-se a tentativa de criar um Club- tentativa que não sei ao certo se chegou a vingar . Até essa época , e talvez ainda hoje, o ponto de reunião às noites era a Pharmácia Lima. Entenda-se que tenha sido criado ao gosto do Grémio Pombalense - Clube Cultural e Recreativo. Em Ansião  o Club  era vivo em 1919. A sua sede teria sido no Ensaio? Porque tinha um palco.
A Extremadura Portuguesa de Alberto Pimentel
Continuando a ler a noticia (...) subiram muitos mais balões, sendo digno de especial menção um colossal verde-rubro que o Sr Virgílio Roriz Valente fez subir e no qual se lia, distintamente pintado em letras descomunais, - Lloyd Peninsular - Companhia de Seguros»
Fulcral notícia com o nome do Mediador de Seguros numa vila de interior - Ansião-  Só podia ter sido o comerciante fundador do Café Valente conhecido por Virgílio Rodrigues Valente para aqui se levantar uma dúvida premente ao apelido Roriz, ter sido no tempo aportuguesado para Rodrigues, tal como o meu...
Em verdade o passado e Ansião na centúria de 500 a  existência de muitos com o apelido Roiz e Roriz, de origem espanhola, judeus, entrados pelas Beiras após a expulsão de Espanha em 1492 com alguns a se encaminhar para o interior e na região se fixaram . Na Confraria de Nossa Senhora da Paz da Constantina muitos dos seus juízes  tinham este apelido. O apelido Rodrigues é anterior a 1175 quando um vendedor Osório Rodrigues vende a sua quinta ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.O que deve ter acontecido e quem escreveu a noticia escreveu Roriz na vez de Rodrigues...
Nos registos paroquiais o apelido Roriz aparece com muita  frequência . O Renato Freire da Paz disse-me que o apelido continua vivo num ramo saído de Ansião, no concelho desconheço se ainda persiste.
Interessante analisar na notícia a mediação de Seguros ser uma evidência em 1919 em Ansião
Em criança ia  passar alguns dias à Mouta Redonda, na freguesia de Pousaflores, aldeia dos meus avós maternos e como sempre fui curiosa recordo de ver umas placas de metal acima do lintel das portas com o nome desta Companhia de Seguros, sem entender a palavra e a sua serventia na década de 60, já velhas e escuras, mas sobretudo por não as distinguir em Ansião na mesma visibilidade como na aldeia na casa da mulata, dos Lopes e da tecedeira e da filha Maria, ao Vale, a este propósito contou-me a minha mãe, elas seguraram a casa vivendo da costura, a máquina era o seu ganha pão.A mulher viúva almejava um casamento rico para a sua "broa inteira" a filha era mulher enxuta e bela e os vizinhos, os irmãos da minha mãe - o Carlos e Alberto Lucas, com o diabo no corpo e por despeito da velha os rejeitar no namorico com a filha, pese serem ricos, decidem no leirão acima da casa delas fazer uma borralheira para as amedrontar . Mal elas deram conta das labaredas assustadas tentam salvar o único bem que tinham, a sua mánica...porque pese serem analfabetas sabiam de antemão se a casa ardesse o seguro a pagava...
Sociedade Filarmónica Ancianense
(...) a festa foi altamente abrilhantada pela Sociedade Filarmónica Ancianense que se fez ouvir com um magnifico programa habilmente regido pelo maestro Artur Maria Coutinho.
O Dr Prates Miguel faz uma observação se não seria Armando Maria Coutinho ? Este trabalhou no Tribunal, também podia etr seguido a musica e igualmente ter sido maestro mas em data posterior (?).
A Sociedade Filarmónica Ansianense foi fundada a 18 de fevereiro de 1903. Mudou a denominação para Sociedade Filarmónica Ansianense de Santa Cecília - SFASC

Artur Maria Coutinho abre-se a especular a origem do apelido Coutinho em Ansião
Os progenitores  de Artur e Augusto Maria Coutinho, naturais e residentes em Ansião, filhos de António Maria casado com Maria da Conceição , nenhum a usar o apelido Coutinho - alegadamente alcunha, ou do pai de António Maria,  filho incógnito (?) ou do avô materno por a mãe não recebeu por ser mulher  mas teimou dar aos seus  filhos? 

Pedidos de Passaporte
Artur Maria Coutinho emigrou em 1908 para o Brasil. O seu  irmão Augusto, lhe seria muito afeiçoado para ter dado o nome dele ao seu primeiro filho. Verossímil que lhe deve ter arranjado emprego e cómodos para o chamar em finais de 1912, pedindo passaporte em 21.01.1913, para emigrar para Santos com a mulher Cecília da Assunção Coutinho, e seus filhos Maria, Clarinda, Artur, Maria Augusta e José Maria. Há época não era usual a esposa tomar o apelido do marido, ou foi engano no preenchimento do impresso ou seriam primos (?). Portanto, aparentemente sem intenção de voltar. A data que emigrou Augusto coincide com a chegada do Brasil de José dos Santos Franco, sendo plausível dizer que vindo com dinheiro se proporcionou o negócio na venda do lote no gaveto poente ao adro da igreja por Augusto Maria Coutinho e seria uma herança de ascendentes do Mestre Dr. António dos Santos Coutinho - por o sitio ter sido invocado pelo Padre José Coutinho .
O novo dono, o Sr José dos Santos Franco, da área útil da casa primitiva juntou o quintal para construir uma bela e grande casa ao gosto neoclássico em ostentação arquitectónica, de sobrado, embelezada de belas portas emolduradas de cantaria com varandas que muito orgulha de brio e prestigio a Praça do Município, não aventam ter maior antiguidade que do inicio do século XX, no r/c uma  franca loja no sentido do gaveto norte/ nascente um com duas pequenas montras onde montou negócio, seguida de garagem . Teve dois filhos, a filha foi regente escolar e a loja foi continuada pelo filho o Sr António Franco que bem conheci, solteiro, sem filhos.
Desconheço quando o Artur regressou. Sim será ele que em 1919 já tinha regressado a Ansião .

Dois belos exemplares de chalets  ao limite do Cimo da Rua com o largo do Cruzeiro
Julgo seja este prédio com a bela varanda ao gosto dos novos ricos com o ouro verde do Brasil mandado fazer por Artur Maria Coutinho depois de regressado do Brasil

Na vila o gosto pela música e pelas artes sempre foi vivo, tocavam-se vários instrumentos, inclusive violino. Por isso tenha nascido a fundação da Sociedade Filarmónica  em 1903. A sede nasceu depois da Republica com a nacionalização da casa do padre no gaveto do quintal a poente onde foi construída a sede do emblemático Ensaio .

Ensaio de gaveto ao Beco
Sem estar atestado na toponímia e devia.
Ao limite a nascente era o quintal da casa que foi dos pais do Mestre jesuíta o Dr António dos Santos Coutinho, hoje da pastelaria Diogo.
Inicio do Cimo da Rua 
Na esquerda a casa baixa onde nasceram outros Coutinhos
Os manos Coutinho nascidos ao gaveto no entroncamento na casa que conheci da Ti Matilde,  solteira.Uma bela casa do inicio século XX se atender a pormenores iguais na frontaria ao Café Valente.Tem costado com a minha família paterna, a mãe destes Coutinhos, nascida no Canto,  irmã  do meu bisavô Francisco Rodrigues Valente 
Mavilde Beatriz Valente , os filhos - Albertino Maria Coutinho , avó paterna da Milú de Além da Ponte 
Armando Maria Coutinho
Júlio Maria Coutinho
Matilde solteira  
"São gorda" mãe do "Armando girafa"
Por desconhecer a descendência de Júlio Maria Coutinho- talvez os pais do "Ti Zé Piloto" e do irmão Jerónimo?
Para apurar se em Ansião  existem dois ramos de apelido Coutinho ou apenas um  (?).
Casa de família de Armando Maria Coutinho
Conheci o Sr Armando Maria Coutinho, viveu ao limite do Canto (remanescente da quinta da Maria Francisca do Vale Mosteiro expropriada a nascente para abertura da Rua Dr Domingos Botelho de Queiroz ) onde a sua mãe nasceu construindo a sua casa entre onde a mãe nasceu e a casa dos seus pais.
O  Padre José Eduardo Reis Coutinho nasceu em chão no que foi o palco do Morgadio, do seu ascendente Dr António dos Santos Coutinho, onde também por costado tenho chão com a minha irmã.Não sei a relação de parentesco aos Coutinho acima, a terão (?)

Manuel Coutinho será irmão do avô do Padre Coutinho de Além da Ponte
As semelhanças deste homem alvitra nascido em Ansião
Foto retirada do livro Alvorge Terra Alta de Jaime Tomás 

Falta saber se os Coutinhos tem parentesco com os Rodrigues Valente 

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