terça-feira, 20 de outubro de 2020

O malfadado adágio a Ansião

 Artigo publicado em 15.10 de 2020 no Jornal Serras de Ansião

A importância da Cultura aos dias que correm interpretando o excerto do Livro “Estremadura Portuguesa”, do polígrafo, aquele que escreve sobre várias coisas - Alberto Pimentel, na sua estadia em 1902, em Ansião (…) Assim, não obstante o seu povo ser trabalhador, pacífico, religioso e respeitador dos bons costumes há um adágio tópico deprimente para eles: Em Ansião 30 habitantes e 31 ladrão. O autor não alude à sua fonte, a voz que lhe declamou o adágio - sem cautela, ao tamanho enxovalho a Ansião, até ali corria na oralidade, agora eternizado. Pior, invoca origem errónea (…) da época que aqui houve uma audaciosa quadrilha  de salteadores, de que era capitão, um preto, o famoso Escarramona, decapitado no Vale do Judeu com a cabeça espetada num pinheiro”. Sugere o nome do malfeitor alcunha à ligação do topónimo em perda; Escarramoa, a sul da Chã Galega, no Caminho de Santiago de Compostela. Bem antes, existiu outro mais famoso; Rui Mendes de Abreu, decapitado em 1679 em Lisboa. Viveu-se o terror em 1810 dos invasores franceses e as quadrilhas de salteadores na Guerra Liberal. Na cadeia de Ansião passaram ladrões famosos; Zé do Telhado e o Zé do Traço. Concluir sobre o delator do adágio - um tonho, vaidoso e iletrado. Jamais falar do que mal se conhece e não se sabe explicar; bem melhor ficar calado!

O Livro do Padre Coutinho em 1986 desmistifica o adágio. A dúvida se foi ou não conseguida? Usou sinónimos; provérbio e axioma “Ansião, terra de 30 moradores e 31 ladrão (…) Este axioma é, de imediato, interpretado e aplicado segundo os termos do enunciado, todavia, em abono da verdade, enferma de grave deturpação resultante da depreciação efetuada no seu sentido original. Corretamente deve ser: Ansião, 30 povoadores, 31 lá estão (…) o Mosteiro em 1216 fez aforamento da sua propriedade de Ansião a 30 bons povoadores (…) leva a afirmar que 31 lá estão pois, a presença deste adiciona-se à daqueles. É este o único e verdadeiro sentido de tal proposição intrinsecamente histórica e elaborada a partir de factos da nossa história medieval.”

Inegável o cerne do adágio entronca em 1216. Em pluralidade a necessidade de questionar a palavra onerosa – ladrão; nascida com o adágio ou no tempo apodo e, como sobreviveu a 8 séculos? Desde cedo no aprendizado a destrinçar carismas adversos; em crer, pessoas, de maus fígados. No curioso querer; enxergar mais sobre a origem dos seus avoengos, ao jus quem sai aos seus não degenera. No vasto panorama e rol; quezílias nas partilhas entre irmãos; casórios de tios e sobrinhas em agregar fortuna; núpcias com viúvos ricos no ganho de herança; o moço vindo da serra para tomar conta de porcos a um fintão; o costume não pagar contas, nem honrar compromissos, a sorte do guardador que acabou por lhe ficar com os bens; o dinheiro a tilintar na gaveta de qualquer negócio, alicia o ajudante de caixeiro a roubar aos bochechos; no logro enriquecer ao jus do ditado - grão a grão enche a galinha o papo. A má-fé; em chão de um e a oliveira de outro, o dono do chão descarnava o pé até a fazer secar; mudança de marcos de extremas; corte de serventias; quintal de irmãos, um deles muralhou a casa ao outro, até o fazer desistir e ainda proveito de chão público. Em panóplia ao carater; manhoso, impostor, ardil, ladino, cobiça, ganância, inveja, hipocrisia, mentira e somítico, em agoiro filhos de mau piçalho… Indivíduos de olho gordo, a reivindicar bagagem moura, adensada no cruzar de gerações com outros genes, nas artes de surripiar e atazanar a vida aos vizinhos.De almejo o supremo poderio, segurança e riqueza, sem pejo anular até os de sangue, qual guerra de titãs. Nessa claridade compreender a natureza do adágio. O Mosteiro, em 1216 tinha de ter hierarquia em Ansião, além de supervisionar a herdade a incumbência de levar os foros para Coimbra. Quem de fato recebe as 30 novas famílias e, fez a sua distribuição. Credível, cada família veio a instituir no perímetro de cada quinta, o seu sítio de morada delimitado, onde passou a viver com os filhos. Em crer, deu-se o início de novos Lugares em Ansião, denominados Casais, a se destrinçar uns dos outros acrescidos do nome do foreiro, ou da sua origem, a título de exemplo Casal do Galego, a sul de Ansião, por cabal ignorância cultural mudou para Pinhal.

Que ninguém se choque ao sair da minha base de conforto sem brando vaticinar. Os foreiros residentes não viram os novos povoadores com bons olhos, sem lhes dar afável acolhimento. Sentiam-se donos e senhores das suas quintas, sem o serem, afinal onde viviam com a sua família há mais de 40 anos. Ora, se atender que aos dias de hoje isto é passível de acontecer, não se mostra leviano o ajuizar. Sem amistosas boas vindas, tão pouco préstimo ou ajuda a potenciar conflitos. Só Deus sabe as agruras infringidas, para os ver desistir…Debalde, a inesperada cabal resiliência; carater firme, obstinado, corajoso, abnegado e lutador. A inspirar o audaz e sábio ripostar do refrão; curto e grosso; nu e seco; título bastardo aos 31 ladrões, os que cá estavam à sua chegada, na vingança justa, servida fria! O perpétuo louvor aos seus pais, a memória futura aos vindouros - jamais esquecerem o que foi o inferno singrar em Ansião!

Porém, corria outra versão do adágio – Ansião 30 moradores e, com o padre, 31 ladrão. Deturpação maldosa, pela correlação num estudo de Metrologia do Dr. Mário Viana dos Açores da contenda de Ansião arquivada na Torre do Tombo “ (…) A 17 de Janeiro de 1359, na alcáçova da cidade de Coimbra, Afonso Martins Alvernaz, seu juiz, fez pronunciar uma sentença no processo que opunha o concelho de Coimbra ao mosteiro de Santa Cruz quanto à jurisdição dos almotacés sobre o lugar de Ansião, e que decorria desde inícios de Dezembro de 1358. Vicente Esteves, prior de Ansião, enquanto procurador do mosteiro, assume a defesa dos moradores, argumentando que a jurisdição cível pertence ao mosteiro, nele tendo juiz, mordomo e almotacés próprios, e não ao concelho, pelo que os almotacés não podiam tomar conhecimento do feito relativo às maquias dos moinhos. Sem respeitar as leis do concelho e por isso se manifestar Domingos Eanes “rendeiro da almotaçaria, o qual, tendo detetado que os moleiros de Ansião não tinham colheres nem medidas novas destas que agora el rei mandava ter por seu senhorio”. A maquia de farinha nas mãos do povo sob o olhar do Prior? Quem de fato conhecia o seu árduo laboro para tirar uma fanega (alqueire) de farinha e, se contradiz “ A fio rouba o moleiro e mais dão-lhe o pão “ mas se revê, na oração do moleiro, na voz da minha mãe “ Deus te salve saco, 4 maquias te rapo - um pró burro comer, outra para te moer, outra para te levar, e outra para te trazer”.

A ladroagem perdura aos dias d’hoje com novos meandros. Tema da próxima crónica.

Concluir, o adágio cifra a negligente hospitalidade aos novos povoadores, em época específica. Ansião pauta-se por ser terra anfitriã, de gente boa. Cabe a cada um, agora mais esclarecido, o papel de erradicar o adágio. 

domingo, 6 de setembro de 2020

Espantalhos na sala de visitas sul de Ansião

2020 em tempo de pandemia, ainda assim saiu à rua e que bonito, os meus netos Vicente e Laura adoraram e divertiram-se.

                            
Encanado o Ribeiro da Vide, apenas este canal aberto, serviu no passado para retenção de águas para a atividade moenga

Ribeiro da Vide, mal amado seco ou molhado...

Fotos de varias estações do ano da Sala de Visitas a Sul de Ansião
                  
Poço público do Ribeiro da Vide
                                       
Placa a merecer substituição...
                 
O que aconteceu à pedra da toponímia da Rua Cidade de Santos? 
Ainda aqui está, mas depois desapareceu...e ainda não foi reposta.
Como se verifica a quem estiver na fonte ao Ribeiro da Vide não enxerga a capela de Santo António pelo alto arvoredo em toda a sua envolvente. Com os plátanos a necessitar de regenerar com forte atarraque e corte dos choupos a poente.
Ainda ontem dei conta de alguém a encher garrafões pese o letreiro de água imprópria. Óbvio que tendo pouca saída de água, nem limpeza, pode ser prejudicial e claro a autarquia com o letreiro está a salvo.
O espaço por ser delgado pode ainda albergar um estacionamento sob o comprido e relvado como o defronte.
A casa da minha mãe quase tapada...
Sugere-se a faixa lateral com a estrada arrasada de duas árvores que são prejudiciais à nascente da fonte como os arbustos, que podem depois de podados ser transplantados para outros locais. O chão tem terra a mais, depois de retirada será fácil ser encontrado o poço da nascente da fonte que deve ser limpo e com nova canalização para pelo menos esta e outras fontes voltarem a dar de beber como o foi no passado.
A imensa cúpula da árvore que nunca viu poda e devia!
A norte  da fonte há perigo que jamais foi reparado e já devia
O certo onde está o meu neto Vicente é fazerem um canteiro com os lancis em pedra  em sobra da regeneração urbana.
A  fonte do Ribeiro da Vide 
Suplica intervenção, deve ser subida, limpa e na envolvente com canteiros e flores


O muro do adro a necessitar intervenção de arte urbana
Passagem pedonal invadida pela árvore que cresceu torta além de folhagem enorme
Necessidade de parceria com a Fabrica da Igreja. Solicitei autorização ao Sr Padre João Fernando,  para podar as três árvores no enfiamento da casa da minha mãe, a fim de libertar visibilidade no horizonte,que se mostra fechada,  e da intenção em se intervencionar artisticamente com arte urbana no muro de suporte do adro a nascente com temáticas alusivas ao passado - ao Santo António o patrono dos viandantes da estrada real pelo Bairro e aos namorados.
As águas
Foz do Ribeiro do Cimo da Rua no Ribeiro da Vide 
Piso cimentado,mas, as terras acumulam-se e nascem espécies de agriões
Canal estreito do Ribeiro da Vide com uma macieira ali a  nascer...
Foz do Ribeiro do Cimo da Rua, encanado
Chegada das águas do Ribeiro da Vide ao lugar que lhe tomou o nome
Falta limpeza do canal, que sendo estreito...
                   
                                        
Enxurrada
Lençol de água com sarjetas entupidas...
                   
                    
Depois de eu a desentupir...
Limite do caudal a centímetros da estrada...
O rasto da enxurrada arrastou os agriões e terras....
Depois da enxurrada de junho de 2021, passado o fim de semana, na 2ª feira seguinte depois de um reparo no facebook a câmara limpou o canal, debalde esqueceu -se a partir da ponte pedonal em frente do lar e para nascente...
                     
Esqueceram-se de limar o canal todo...
Sarjeta de comunicação com o canal do rio mais alta e por isso o mar de +agua à sua volta....
Capela de Santo António
Culto vetado hoje a novena, rezas, velas e  flores na soleira da porta...
Também o adro com arvoredo sem poda... que devia ser apenas de oliveiras
Adro da Capela de Santo António
Completamente fechada a vista pelo alto arvoredo
O que precisa o adro?
Ter iluminação e desafogado da alta vegetação para norte e para nascente, para maior segurança dos vizinhos e de meliantes que no verão deambulam neste cenário ao relento em praticas desabonatórias. Exige-se a reposição da sua vista de 180º.
2021 a minha irmã cortou a erva maior do adro...


Assalto em 2020, ainda está assim mais de um ano depois...
Toponímia incorrecta. é uma rua e não uma travessa e o nome é inadequado não respeita as tradições de uma estrada que foi importante quando a Casa da Câmara esteve instalada no Bairro
Sugere-se poda nos ramos dos plátanos  menos de um metro, mais baixos produzem menos lixo
Ao cimo do escadório cedros que tem de ser cortados e a sua madeira por ser nobre a usar em mobiliário estilo D. Maria, em carpintaria no Camporês para embelezar o futuro Museu Municipal de Ansião. Pelo corte da relva anual do adro pese o esquecimento da poda das árvores...
           

 No passado deixaram subterrados 4 degraus do último lanço do  escadório...Sem necessidade!

Silvas a nascer entre as raízes do plátano...
O pinheiro deve ser cortado, além de torto aqui não faz sentido. E sim foi cortado depois da publicação da cronica.
Choupos infestantes devem ser arrasados                                                             
Lixo...Faltam caixotes  e dispensadores para os excrementos caninos
Sugere-se agilização de funções para manter o espaço aprazível com um recado - "quem passeia os seus cães deve apanhar os degetos dos mesmos", no caso não vi ninguém com o saco na trela ou ao pulso....tão pouco de dispensadores camarários com sacos para o público. Estou farta de olhar para o chão para não atolar os sapatos... E no adro igual.Teve de se incutir  cidadania a respeitar o meio ambiente e os outros.
No relvado joga-se a bola, o meu marido com o meu neto Vicente
O caixote do lixo devia ser subterrâneo
Como regenerar a Sala de Visitas do Ribeiro da Vide?
O pelouro urbanístico dos espaços verdes, lavadouros, fontes e rotundas deviam estar continuadamente  asseados, com equipas personalizadas e bagagem cultural dos locais e suas memórias. A manutenção é parca nesta Sala de Visitas a sul de Ansião, muito pela moldura  dos plátanos, não basta a poda anual, urje a necessidade de atarraque, há ramos com  3 metros, o certo é manter copas pequenas e airosas, ao produzir menos lixo.A necessidade de parceria com a Fábrica da Igreja e a Câmara, para se melhorar o adro  e revitalizar o escadatório,  interligado ao  jardim,  em bem os  iluminar e apetrechar  com canteiros de  flores, proceder à elevação da fonte com bica de água potável para saciar a sede,  renovando a canalização e a limpeza da  nascente , retirando  terra que cobre o poço fechado com lajedo, e apelo criativo  em arte urbana  ao pintar Mural na parede do adro a nascente e pela frente parque verde seguido de estacionamento ao longo da estrada . Substituir o pedestal do nome do Jardim por outro em pedra, com colocação de dispensadores de sacos para dejetos de cães, guiados por trela!
Mais,o costado a poente do adro precisa de intervenção regeneradora, com degraus sobrepostos para subida alternativa ao adro, no sopé reinstalar o Parque  geriátrico, e o atual espaço se exalte  gabarito autárquico a bem mudar, para melhor, com a devolução do chão à Santa Casa da Misericórdia, para nele fazer nascer um Centro de Dia, moderno, funcional,  envidraçado, engalanado pelos plátanos em redor de bom atarraque sugerindo o telhado com painéis solares para aquecimento de ambiente e águas, pela substancial  ligação pedonal ao ribeiro pela ponte.Isso sim, seria revitalizar espaços com  interajuda camarária, o apoio a premiar a comunidade, estando atenta a críticas construtivas para atuar sem medo. Assim, há que pesquisar no arquivo municipal a documentação que há poucos anos esteve em debate em cima da mesa, a legitimidade de quem era o seu dono promulgada pelo então Provedor em exercício da Misericórdia que o reclamava , tendo sido agilizado a contento, por  a Câmara, também o reclamar por ter sido palco da Feira do Gado, mais de 40 anos, e assim  nasceu a instalação do parque geriátrico. De convir o respeito que a todos bem merece a Instituição de apoio assistencial mais antiga em Ansião -  a Santa Casa da Misericórdia,  fundada na centúria dos meados de 600, sendo extinta no séc. XIX, os seus bens na vila foram vendidos, apenas resta a atual Igreja.O início do séc. XX  marca a escolha do morro do baldio do Ribeiro da Vide , ao ser improdutivo ali foi edificado o 2º hospital da Misericórdia, debalde, o seu zelador no tempo deixou perder chão do seu limite a norte. A regeneração dos antigos caminhos que contornam a antiga Cerca, hoje ruas alargadas, sempre em chão da Misericórdia, a que acresce  a poente e a norte parque de estacionamento, a contribuir na perda substancial de metragem a favor do público, agora a se reclamar justa a nova revisão na sua devolução. Fica tudo bem, o jardim é grande e suporta a nova infraestrutura. Haja vontade, empenho e atitude a corrigir erros do passado!
Quando os ouvidos e olhos nos ignoram resta-nos a Palavra no direito à Cidadania!
O repto  do desafio, aqui deixado à nova Provedora, a minha irmã!

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