Infelizmente no meu tempo de criança não tive o privilégio do convívio num Infantário, foi uma vivência com criadas. De quando em vez apareciam dois cachopos filhos da "Fernanda do Pau Preto", de Ansião, para me passearem no carrinho, usavam o corredor comprido da casa dos meus pais, sem cuidado a esmurrar o marmoreado, e logo fartos de ouvir os gritos e ralhetes da criada, o largarem para em passo de corrida só parar ao guichet do Correio velho de mão esticada com com a retórica "já passeámos o carrinho da menina" a jus de pedido para lhes pagar com uma moeda ...
Neste despoletar de lembranças de coisas boas de antanho, também recordar a minha avó paterna, Piedade da Cruz, padeira e bordadeira de mão cheia, por altura do Carnaval, Páscoa, Santos e Natal fazia uns bolinhos típicos em formato de ferradura ou redondos, com eles se enfeitavam os andores para se leiloarem nas festas, outros grandes para as madrinhas ofertarem aos afilhados, o tradicional Folar de Páscoa ou lembrança comprada nas lojas da vila ou no mercado.
Na sua ampla padaria a via de roda do grande alguidar vidrado em tons de amarelo torrado onde punha massa fresca de pão tirada da amassadeira a que juntava ovos, azeite e banha, raspa de laranjas e sumo, da latinha tirava canela e de outra maior erva doce, acrescentava aguardente a olho, açúcar amarelo, juntava mais farinha até a massa bem amassada ficar uma bola a despegar das mãos. Depois era polvilhava com farinha e deixava a levedar com uma criz que fazia com a mão e reza a S. Vicente, te acrescente...até dobrar de volume.
Saudade do tempo que sentia o cheirinho a erva doce, a deambular em fuso até à minha casa vindo da chaminé da padaria inundando o ar, a soar festa!
A Saudade de ver o meu tio Chico armado de pá a tirar a fornada do forno, do tabuleiro com os bolinhos douradinhos pincelados com ovo batido com muito bom aspeto, abrolhados ao cume deixando antever a massa amarelinha, ainda muito quentes...
Miúda atrevida levada pela gulosice logo me abeirava e roubava um para logo a avó me alertar que fazia mal ao esófago, tinha de os deixar arrefecer...
Iniciei a arte de padeira com a minha irmã, com aprendizado do nosso pai, fez-nos atrás da casa um fornito , por altura que mandou abrir um poço no quintal. Aproveitou o barro branco saído do buraco. Foi muito giro enquanto durou, o barro não seria de qualidade, era magro e apesar de filho de mestre de pedreiro, o fornito ruiu, mas as boas lembranças perduram.
Nunca me atrevi a fazer bonecas!
Miúda atrevida levada pela gulosice logo me abeirava e roubava um para logo a avó me alertar que fazia mal ao esófago, tinha de os deixar arrefecer...
Iniciei a arte de padeira com a minha irmã, com aprendizado do nosso pai, fez-nos atrás da casa um fornito , por altura que mandou abrir um poço no quintal. Aproveitou o barro branco saído do buraco. Foi muito giro enquanto durou, o barro não seria de qualidade, era magro e apesar de filho de mestre de pedreiro, o fornito ruiu, mas as boas lembranças perduram.
Nunca me atrevi a fazer bonecas!
Ensinar e entreter os meus netos mais velhos
Vicente e Laura, nas visitas a minha casa, o gosto de meterem mãos na massa. Aprendizado na arte de fazer pão e bolos, tradição familiar herdada de Ansião, na Cabeça da Vintena no Bairro de Santo António, continuada no Alto, ao Vale Mosteiro, pelo meu bisavô Elias da Cruz, continuada pelas filhas, entre as quais a minha avó Piedade da Cruz, entre irmãs e tias Lopes.
Bolachas para o Dia do Pai
Um fez bolachas normais com sabor a limão e outro com chocolate
Verifica-se com agrado além de empenhados, aprendem rápido e tem jeito
Um fez bolachas normais com sabor a limão e outro com chocolate
Verifica-se com agrado além de empenhados, aprendem rápido e tem jeito
A rivalizar a tradição com amor à laia da avó Piedade Cruz
Receita
Meio quilo de farinha, 125 gr de açúcar, 15 gr de fermento, 3 ovos, 50 gr de margarina, 1 dl de água morna.Poe-se a farinha numa taça com um buraco ao meio para pôr o fermento , a água e sal.
Misturam-se os ovos, o açúcar e a manteiga derretida . Amassa-se bem e vai a levedar.
Eu doseio uma colher de sopa de azeite com a margarina , junto a olho erva doce e canela.
Depois da massa levedada é moldar a gosto e vai ao forno 180 º à volta de 20 mn.
Receita
Farinha 250 gr, 2 ovos, pedrinhas de sal, 150 gr de açúcar, uma colher de sopa de azeite, 1 de banha, um nadita de manteiga, erva doce e canela a gosto , uma colher de chá de fermento, e um nadita de água tépida . Amassar bem, até ficar bola e vai levedar normal ou 15 mn em saco fechado no frigorífico. Depois trabalha-se a massa fazendo rolos que se cortam em pequenas porções e fazem-se as ferraduras, ou com moldes ou caracóis. Pincelar com ovo ou leite. Estas nem as pincelei, esqueci-me .
Farinha 250 gr, 2 ovos, pedrinhas de sal, 150 gr de açúcar, uma colher de sopa de azeite, 1 de banha, um nadita de manteiga, erva doce e canela a gosto , uma colher de chá de fermento, e um nadita de água tépida . Amassar bem, até ficar bola e vai levedar normal ou 15 mn em saco fechado no frigorífico. Depois trabalha-se a massa fazendo rolos que se cortam em pequenas porções e fazem-se as ferraduras, ou com moldes ou caracóis. Pincelar com ovo ou leite. Estas nem as pincelei, esqueci-me .
Forno 180 entre 15/20. Atenção quando começa a cheirar, desligar, para não ficarem secas.
O meu neto Vicente com as fogaças no feitio de bonecas compradas em Dornes
Folares salgados
Receita do folar salgado
0,5 kg de farinha , 25 gr de fermento, 75 gr de margarina,75 de banha e 0,25 de azeite. 5 ovos, sal, e carnes a gosto.
Poe-se a farinha numa bacia e abre-se um buraco ao meio para desfazer o fermento em agua tépida, tal como os ovos também devem ser aquecidos em água tépida. Depois de os juntar , sal e amassar. Juntar as gorduras derretidas. Amassar ate despegar das mãos, fazer uma bola e fica a levedar.
Preparar as carnes desde frango assado, tiras de bacon, chourição ou presunto.
Armar o folar; num tabuleiro por camadas, ou forma redonda ou à mão como na foto.
Pincelar e vai ao forno 180º, cuidado para não crestar pôr folha de papel vegetal.
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