segunda-feira, 7 de maio de 2018

Arquivo Municipal de Ansião!

Infortúnio o que sempre ouvi sobre o incêndio ocorrido nos Paços do Concelho de Ansião para sentir há dias em deslumbramento a tamanha descoberta, afinal nem tudo se perdeu!Bendita a  dupla de emoções vividas por segundos de dois estados antagónicos, perplexa e estonteada a deixa na vontade de mais vir a descobrir...Afinal no fatídico incêndio de 1937 ocorrido no Tribunal nem toda a documentação  referente ao passado de Ansião e da Igreja se perdeu, por isso  não seja  totalmente verdade!
Aconteceu por acaso numa  conversa sobre Ansião onde sempre se partilham saberes sem qualquer obrigação, apenas pelo prazer apaixonado de falar desta terra amada que num acaso tomei conhecimento da existência do Arquivo Municipal. Tinha acabado de  publicar uma crónica sobre a Casa da Roda. Mal eu sabia que no arquivo há documentação anterior a 1937...  Por falta de tempo e da leitura difícil em decifrar apenas retirei aleatoriamente dois excertos de dois Livros, um deles de capa parcialmente queimada e outro  que se salvou inteiro que vim a acrescentar à posterior. Fácil perceber que os Livros de actas da Câmara se abrem a novas pistas de investigação, quem sabe para melhor entendimento da razão de ter sido instaurada por volta de 1679 na Cabeça do Bairro a sede do poder da Vintena de Ansião com a sua primeira Casa da Câmara e prisão, para depois por volta de 1875 o abandono para a instauração da Comarca na centralidade da Vila no solar que tinha sido da família de Dom Luís de Menezes, o Senhor de Ansião, onde ainda se mantém. Igualmente outras pistas se abrem como mais saber das individualidades ligadas ao poder politico nesse tempo que seguraram as rédeas do concelho, sobretudo dos que enriqueceram com os bens afectos à Herdade de Ansião do Mosteiro de Santa Cruz vendidos em em haste pública e o Largo do Ribeiro da Vide, então um baldio, a razão de ter sido retirado a pensar e bem no empreendedorismo com abertura de novas acessibilidades, e a escola primária a laborar em casa em regime de aluguer e o recreio na frente, hoje uma pequena praceta a norte da praça do Município, e demais projectos em 1960 com estudos que não foram avante, como o da Estação Rodoviária e outros mais recentes que deles devia haver documentação e não existe...
Qual será o documento mais antigo deste arquivo? O Inventario do Município de 2013 compilado pela Dra Teresa Leonor Falcão Ramos contempla em suporte de papel livros e cadernos com datas extremas de 1835 a 1939 composto por correspondência, registos de testamentos, Autos de cumprimento legados pios, autos de posse, entre outras.Com condições de acesso de consulta livre.Há anos uma suposta estagiária dela se fala se fartou de rasgar e deitar fora papelada que nem ela própria sabia avaliar os conteúdos, apesar da licenciatura... Óbvio que não pode voltar a acontecer perder-se mais do manancial documentário deste concelho.Desloquei-me ao Arquivo Municipal para me deixar deslumbrar num espaço retratado de boas memórias de infância, onde não tinha voltado depois do falecimento do meu pai que ocorreu em setembro de 1972. Muito brinquei no jardim do solar, hoje lamentavelmente não existe e nos gabinetes dos magistrados com mobílias pretas com torcidos, gavetas de imitar e cortinas vermelhas, também recordar a sala de audiências, hoje auditório. A secretaria do Tribunal onde o meu pai trabalhava com os seus colegas de balcão abarrotar com resmas de processos judiciais de lombadas cozidas a guita em ziguezague, como se fosse uma obra de crochet...E o horror que pairava no ar em casa quando era chamado a fazer penhoras e autopsias!
Perdida por segundos nas minhas doces memorias para voltar à realidade e perceber onde foram os gabinetes dos magistrados com porta para a rua, local não totalmente limpo, devidamente organizado e arrumado, o será a breve trecho com enriquecimento do seu mobiliário que foi pertença dos magistrados, para receber condignamente os visitantes. Por mais incrível que pareça ao mais incauto seja atitude lamentável do último executivo PSD que lhe destinou o armazém, de onde teve de vir de volta a pedido da Dra Teresa Leonor Falcão Ramos, porque mobiliário também é elemento de Cultura!
Quando pessoas com deveres nas autarquias não detém a panóplia cultural necessária assim vai mal o património que é do povo, neste caso salvou-se, ao que parece faltam ainda um ou duas cadeiras, voltou o relógio de pé alto que foi da câmara , quadros a óleo de dois ilustres ansianenses , a merecer restauro, o do Conselheiro, o Padre António José da Silva a merecer ocupar o seu lugar de direito, o Salão Nobre e o do Pascoal dos Reis  no futuro Museu, e ainda distingui  fotos de antigos presidentes e da Assembleia Municipal guardadas em caixotes que me transmitiu as expôs no corredor onde voltaram a ter dignidade. A antiga secretaria do Tribunal  e a sala do Oficial de Diligências foram os espaços intervencionados para receber as estantes do Arquivo Municipal . O gabinete do Escrivão actualmente o espaço onde se manuseia toda a documentação para ser arquivada e se procede a pesquisas onde estava no momento o funcionário Alberto na procura sobre o nome antigo de S. João de Brito, pela divergência e controvérsia existente de morada referente a Casal Novo, dada por alguns moradores à EDP e CTT, e sim esta era a designação antiga . Suposto este nome caiu em desuso pelo beatismo e haja alguém que o queira de novo reabilitar . 
Antes do Arquivo  há muitos anos que  um historiador  de Ansião já tinha levado  para o conforto da sua casa , Livros e actas do conselho municipal  de 1937/ 1974, para vir a escrever sobre personagens que considerou ilustres ansianenses.
Por último entendo que os Livros e actas da câmara  deviam ser digitalizados, mostra-se trabalho dispendioso, contudo há que considerar dois factores, o primeiro pelo local do arquivo antigo, já sofreu no passado um incêndio, onde existe matéria altamente combustível, do próprio arquivo e da estrutura do edifício pelo que não deve ser descuidado, em segundo plano a pesquisa do passado de Ansião estando digitalizada no que se mostra mais essencial, confere ao investigador a possibilidade mais acessível para investigação no conforto da nossa casa, ao jus do arquivo distrital de Leiria, Torre do Tombo entre outros, e claro digitalizado está a salvo!  
O caminho a descobrir e revelar mais do passado ainda encoberto de Ansião abrindo hipóteses a novos investigadores, contrariando de vez que nem toda a documentação desse passado foi perdida. 
A placa deve ser aposta junto da porta  na direita
O Arquivo Municipal ainda não se encontra devidamente arrumado para permitir visitas e consultas a investigadores em ambiente calmo de silêncio, pese embora o permita na sala onde se manuseia a documentação, não sendo o melhor, mostra-se o possível. Na verdade já muito se mostra feito pelo que seja de esperar que em breve o espaço fique de cara lavada para ter finalmente  a visibilidade estética adequada ao visitante e ainda enobrecer em honra os Paços do Concelho com o seu rico mobiliário que foi dos magistrados.  O que ainda falta? Placa de ARQUIVO MUNICIPAL afixada na parede no exterior na porta a norte, pese embora a entrada se continue a fazer pela porta principal.Urge ser colocada rapidamente porque é demais merecida e Ansião deve honrar e dignificar o seu Arquivo Municipal .

2 comentários:

  1. Se calhar não é a melhor forma de comunicação, mas aqui vai. Dia 26 deste mês almoço de confraternização dos antigos alunos do Externato.
    Lá estaremos.
    Carlos

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  2. Caro amigo muito obrigado pelo convite que declino por ter outra agenda que não posso falhar. Para o ano quem sabe. Votos para que seja espetacular. Bjo

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