segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Vila Couto de Alvorge, na Ladeia

Resumo publicado no Jornal Serras de Ansião em novembro de 2023

Aparece com ortografia Alçoforge na Corografia Portuguesa de 1708, pág. 33 com cem vizinhos, vigário e coadjutor, com apresentação da Universidade de Coimbra. 
                          
Nas Memórias Paroquiais de 1758
A menção do Concelho do Couto de Alvorge, a mesma apresentação no direito do Padroado da igreja e de todos os lugares desta freguesia, tem foros laudémios, rações e dízimos dos frutos das fazendas, por ser o direito senhorio delas, por cessão ou trepasse que (fez por autoridade do Pontífice Paulo III a instancia de El Rei D. João III) na dita Universidade o Real Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra a quem, em reconhecimento do primeiro domínio, pagam ainda hoje os caseiros da Universidade os foros que são aves e carneiros. Estas terras foram doadas ao Real Mosteiro de Santa Cruz pelo sempre memoriável rei de Portugal D. Afonso Henriques. A Câmara Municipal não tem juiz ordinário, mas sim vintaneiro e almotacés, sujeitos ao juiz de fora de Coimbra. O pároco recebe de côngrua anual 216 alqueires de trigo, 12 almudes de vinho e oito mil réis.

Conferência Comemorativa , em 1937,  do 8.º centenário do Foral de Penela 

Salvador Dias Arnault com cerca de 24 anos, ainda estudante de Medicina, mas já amante e cultor da História . A partilha relevante do padre Coutinho; quem cursava história era a  namorada  do autor, de onde seria natural? Da Ladeia ? Não sabemos , faleceu cedo com tuberculose, o que leva em crer o vai motivar a cursar história , algo de bom ela lhe deixou para defender “a alma da [sua] terra é a instituição concelhia” desafiava assim os seus conterrâneos: “É preciso que definitivamente os penelenses saiam do marasmo, da apatia contemplativa em que mergulharam. 
Este o lema: tornarmo-nos dignos do que fomos”. 

Arroja Ladeia, Ladera de 1939 do Dr. Salvador Dias Arnault a sua obra não é perfeita; falta-lhe mesmo muito para o ser. 

Volvidos 90 anos, sem a pretensa de o julgar, grata à fascinação lírica a destaque do vale do Rabaçal Germanelo e Penela, a fatal contraste: cegueira, ego ou deslumbre? Algo o reteve e toldou a visão ao Todo da Ladeia, então com mais evidências ao passado, sem coligir  a sua chave - a riqueza da água em terra cársica. Região sulcada por vários corredores de vias romanas e suas derivações da via principal de Bracara Augusta para Olissipo, a entroncar com outras vindas de Espanha .

Acresce o inestimável apoio de prospeção no terreno do conterrâneo  padre António Brásio, de Penela e do amigo, o Dr. António Baião, diretor da torre do Tombo, no momento fazia pesquisa para o seu livro sobre Ferreira do Zêzere e o que localizava com informação da Ladeia lhe enviou. Portanto informação de alto valor histórico dos primórdios da nacionalidade a ressalto das herdades do Alvorge e da de Ateanha, com os seus proprietários e limites.

O autor sobre o topónimo Ladeia aponta dois problemas se podem pôr:

Um, o saber-se o que foi a Ladeia outro, o que foi a Ladera do documento de 1139. 

Qual a origem do nome Ladeia? Ensina ainda que “a Ladeia, sob o ponto de vista fiscal, subdividiu-se em duas grandes zonas: o Franquio e o Regaengo ou Reguengo.

O Padre Brasio atestou “na vertente oriental do monte do Castelo Sobral um sítio chamado Ladeia” e ”na vertente ocidental do monte de Vês, entre Lagoa de Rabarrabos, Aljazede e Ateanha, uma leira chamada Ladea. 

Na vertente oriental da cordilheira do Monte Vês, temos o topónimo : torre de D. Jerónima.

Diz o autor que  o topónimo Ladeia foi perdendo com o rondar dos anos a sua significação primitiva.

Acrescenta : atravessando o período de denominação sarracena o nome de Ladeya seria substituído pelo do Alvorge – para ambos figurarem nos primórdios da Monarquia. Um árabe, outro com certa feição latina.

Alvorge é vocábulo grego, trazido a nós pelos árabes, com o significado de pequeno forte, fortim – ou seja de torrinha, em árabe.  

Sem associar a torre na origem do topónimo. Glória ao Alvorge por velar Ladeia!

Os limites da Ladeia?

Seguindo para nascente à  Ribeira de Ceras e Ribeira do Rego da Murta, Porto de Cães, no Zêzere, Dornes, S. Simão, Podentes, Albarrol, em Miranda (Corvo) a fecho em Ulmar e Pombalinho, no Rabaçal.

Diz o autor que tentou Ricardo Simões dos Reis: Depois de dizer que a extrema segue o curso da Ribeira de Alge, no Porto das Lages em Almofala, Cabeça da Ovelha em Pousaflores, ao Vale do Pito, na Lagarteira, e Figueiroa, as Vendas das Figueiras em Penela, e entra na Ladeia até Ulmar com a Cabeça da Mata Furada.

A riqueza da água em terra cársica da Ladeia

Sobressai na Ladeia a herança de arquitetura ligada à água, de cabal importância, a salpico de poços de chafurdo, fontes de mergulho e cisternas, à servidão da rede de villas romanasRabaçal, Santiago da Guarda, S. Simão, em Penela, entre demais habitats classificados em Ansião, Alvaiázere, Pombal com Abiul, e outros a poente de Ferreira do Zêzere.  A par da abundancia de outros recursos naturais indispensáveis para a sua sobrevivência; agricultura, pastorícia e floresta, ideal para a fixação.

Aduz o étimo Ladeia
Franquear a defesa de nascentes com torres, a par da de Alcabideque, a da Ladeia ou Fonte do Alvorge, a de Ateanha mencionada no Foral de 1137 de Penela, perdida no séc. XX, defendeu a fonte de mergulho dos Mouros e o poço de chafurdo do Carril, na várzea de Aljazede. 
O autor aborda a Torre de Val de Todos (teria havido ali uma torre, uma defesa?) 
Admito a existência de uma torre no atual morro do Curcialinho, sem estudo aos alicerces, na defesa do poço de chafurdo do Minchinho ( admito origem romana, um belo exemplar de grande e larga escadaria até à boca do algar, dado por mim a conhecer), na Lagoa do Pito. Pela cabal importância de centralidade da  extrema poente da Ladeia e do Foral de Penela . 

No mesmo admito que a Torre da Murta, tem a mesma origem romana, tal como as outras torres, na defesa de uma nascente entre pedras - chamada fonte da Lage -  ainda existe a sul das antas, em campo aberto, defronte do Tojal, outrora foi centralidade de vias e da barragem na ribeira de Ceras, a fatal sensação quando conheci o local  à muralha do Pego de Pias. 

Nascente de Alcabideque

Os romanos implementaram a cidade de Conímbriga com abastecimento de água a 5 K, na única nascente perene, em Alcabideque, a norte da Ladeia.

Torre e o espelho de água em Alcabideque

As demais nascentes na região cársica que engloba a Ladeia secam a partir dos meados de junho (Arrifana, Ramos, Anços, nasce em Vale Florido, no Alvorge e rebenta na Redinha, Ribeira de Alcalamouque,  fonte do Alvorge ou da Ladeia, Dueça, Nabão, Olho do Tordo, em Alvaiázere, Olho da Quebrada, Chãos, Ferreira do Zêzere, e a Fonte Grande, no passado chamada Fonte das Bogas, ao limite da Botelha com Formigais .

Olho do Tordo, Alvaiázere, em secura

Exsurgência da Fonte das Bogas, hoje Fonte Grande na Botelha

Olho da Quebrada , Ferreira do Zêzere, em secura

Fonte da Ladeia ou Fonte do Alvorge 

O Autor mostrou-se alheio à notícia clara que extraiu das Memórias Paroquiais de 1758, junto ao Lugar de Alvorge está a Torre-da-Ladeia numa quinta, a pouca distância nasce a fonte. 

No tempo de Trajano fizeram esta Torre e Casa forte para defesa da fonte…

Pelas muitas requalificações, ainda distingui pedras romanas defronte da fonte, a indiciar foi uma fonte de mergulho. 
Pedras romanas desaparecidas na última requalificação...


Adverte atenção a citação aquando a requalificação da ruína da Ladeia
Torre e Casa forte, à laia na Sardenha, as torres-fortaleza – Nuragues, se não tem nelas inspiração. 

Em 1896  Pedro Azevedo publicou  sob o título de “ Alvorge (Extremadura) 
“ será talvez difícil de provar” a origem romana do fortim. – Torre do tempo de Trajano”
Transcreve excerto das memórias paroquiais de 1758:
” Este Lugar não he murado, nem he Praça de armas. 
Junto ao Lugar esta a Torre-da-Ladeia que esta na quinta, em pouca distancia da qual, nasce a mencionada fonte. 
Os Romanos no tempo de Trajano fizeram esta Torre e Casa forte para defesa da fonte…
Esta Torre principal tinha no tempo de Pedro de Figueiredo da Guerra três andares e pela demasiada altura se redúzio a somente dois que ainda existem, com 4 Pirâmides nos Cantos e o resto da fortaleza a deixou ficar em hum só sobrado fazendo lhe galeria e ornandoa com a varanda na Entrada…esta na posse della Pedro José de Salazar Jordão da Cunha de Eça de Sousa de Azambuja, senhor da casa de Salazar”.

Ruina do paço da Ladeia com o brasão
Não coligi a extrema nascente da Ladeia
Acaso teve a mesma função na defesa da água, dado o topónimo ao Espinhal da Torre de Chão do Pereiro,  e a oriente do Monte Vês a Torre D. Jerónima, seguida a sul o velho reino árabe de Monsalude com o topónimo castelo na Aguda e a torre de Donas, que se fidelizou em Dornes? 

Alegado ceticismo inibe o autor ao não refletir de onde viemos
Sem abertura a um passado mais vasto com povos do mar Mediterrâneo, desacreditou Jarnault na sua monografia de Penela de 1919, ao evocar a lenda grega dos Germanelos.  Como desvirtuou a origem grega  do vocábulo, torrinha a ditar Alvorge.

Na Ladeia, inspira ao Rego da Murta, o topónimo Gontijas raiz em Gigantija, na ilha de Gozo, com gigantes assentes na Ladeia: Germanelo e na Torre de D. Gaião e a suposta sepultura ao Vale do Brio, a norte do Agroal, que visualizei numa caminhada em janeiro de 2023.

Torre da Murta
Ruina, apenas duas paredes de pé.
A via de Antonino beijava-lhe o sopé na defesa da fonte da Lage na centralidade de vias ao Tojal, a uns 5 km da barragem de Pias.
Os blocos de pedra só podem ser de origem romana, nada tem de medieval, e isso nenhum historiador ou arqueólogo avançou...Ente as pedras tipo arredondadas a argamassa tem cal.

Foto no Vale do Brio

O bloco de pedra  descomunal e a abertura, com cavidade, teria sido vandalizada, a merecer estudo.

Diz-nos a história que os Gigantes do Mediterrâneo, existiram, tinham 4 metros com sepulturas na ilha de Malta . E foram mencionados pelos romanos antes da erupção do Vesúvio. Também sabemos que eram mercadores e chegaram até á península ibérica. O cruzamento de gerações proporcionou mutações, o que se conclui ao aventar medirem à volta de 3 metros na idade média 
No séc. XX, no concelho de Ansião, houve e há indivíduos a rondar os 2 metros. 
O meu lado paterno com genes fenícios, alta silhueta a rondar os 2 metros de mãos e dedos compridos .
                   
A  herança do chícharo, na grafia grega  latyrus à laia a mesma origem de ladeia?
Leguminosa trazida pelos gregos. Atesta a sua chegada antes dos romanos.
Nos anos 30 do séc. XX, era repasto diário até anos 60, do séc. XX, e hoje festival gastronómico de Alvaiázere. 

Muralha da barragem na ribeira de Ceras, em Pias
Abertura do açude, que chamei barragem
Apesar do silvedo, é notável a barriga onde se enchia  de água para ser aberta para a moagem, numa linha de azenha e moinhos de água que desce até Ceras. Sem estudo, pese ter a Cruz de Cristo, foi de facto da Ordem, mas é mais antiga, e teria sido requalificada na idade medieval. Os romanos é que introduziram a moagem com a força motriz da água, continuada pelo legado Al Andaluz.
A  Ladeia finava  na fonte das bogas, em Formigais
O Dr. Arnault tomou a diligência de enviar carta ao Prof. Carlos Reis, de S. João de Brito, Pousaflores, em Ansião, se a conhecia - não conhecia, existia a 2 Km o Vale dos Bogados na margem direita do Nabão. O Nabão brotava das entranhas bogas e outros peixes na menção nas Memórias Paroquiais de Ansião e de Ourem, de 1758. Nos séculos o nome evoluiu para Fonte Grande, exsurgência na Botelha, no termo de Alvaiázere, com Ourém. 
Verossímil  que a Ladeia teve fecho ao Castelejo, fortificação na passagem do rio Nabão, do Tomarei e da Fonte das Bogas, no chamado Porto de Tomar, defesa de que hoje não há vestígios em Formigais, descrita na monografia de Ourem de João Alvim.

Ponte viaduto da Fonte Grande, antiga Fonte das Bogas, a desaguar a metros no Nabão
Falta saber se aqui houve uma ponte romana?
Fonte das Bogas

(...) Encontrámos referências a esta fonte num documento do Códice 736 da Biblioteca Nacional (fls. 274) «D. Frei Lopo Dias de Sousa mestre da cavalaria da Ordem do Templo nos disse que a dita sua Ordem ha uns moínhos e herdades no Rêgo da Murta da parte de alem do Ribeiro, em termo de Alvaiazere, acerqua da Torre da Murta, e outro si tres casaes a fundo da dita Torre, contra Pellemá Fonte das Bogas, onde chama a Lagea junto com a Fonte das Boogas, que são pertença da dita Torre». A Fonte das Bogas nessa zona se deverá encontrar. Tratar-se-á, pois, da fonte intermitente que fica a pequena distância e a norte de Formigais, a qual, quando rebenta no Outono, dá origem a um ribeiro afluente da margem esquerda do Nabão, cujas águas moviam o lagar de azeite que a Ordem de Cristo possuiu em Formigais - provàvelmente o «Lavoriza» que em Ladeia e Ladera se vê relacionado com a Fonte das Bogas. 

Sobre a nota Lagea, na Fonte das Bogas

A fonte da Lagea era a nascente defendida pela  Torre da Murta e mais acima vimos Ladea, na vertente ocidental do monte de Vês, entre Lagoa de Rabarrabos, Aljazede e Ateanha. Não me parece que aos Formigais, hajam grandes lajes a determinar o topónimo Lagea, apenas onde irrompe a fonte. Em crer será deturpação de Ladea, ou baralhação do autor que escreveu a nota, sendo que lagea era a nascente e não a poente do limite da Ladeia ...

Cortesia do Engº Hugo Neves da Sabacheira

Em Formigais a fortificação do castelejo continua visível e presente, apesar de só se conseguir visualizar do ar, já que o mato tomou o espaço.


Poços de chafurdo
Graças ao poço ovalado de escadaria, no quintal dos meus pais, em Ansião, o mote para saber a razão da sua diferença, em relação aos demais poços em redondo, pese diâmetros diferenciados. 
Associado ao meu gosto nato de partilhar a  reverso da medalha, tem sido uso a belo prazer e gáudio de muitos, sendo pioneira.
Notável a falta de respeito ao meio século que demorei para catalogar um poço de chafurdo. 
A primeira vez que li a palavra - chafurdo, foi numa nota de rodapé do Padre Coutinho no seu livro de 1986, a perdida fonte de chafurdo, no quelho do Lombardo, nas Lagoas. Quiçá foi uma fonte de mergulho, sita no corredor da via romana secundaria vinda da várzea de Aljazede, Constantina e Lagoas, onde se localizava, seguida de outra na quinta das Lagoas e uma terceira ao alto das Lameiras, hoje soterrada  . 

Nos últimos 5 anos aduzi outros poços de chafurdo junto ou perto de vias romanas, em visitas e caminhadas no concelho de Ansião e nos de Pombal, Condeixa, Penela, Figueiró dos Vinhos, Pedrogão Grande, Sicó, Alvaiázere e Ferreira do Zêzere.

Poço de Chafurdo da Aroeira em Sicó

O arqueológo Martins Sarmento, destronou o ritual dos banhos atribuído aos romanos, nos balneários da idade do ferro, na citânia de Briteiros. Remete para quão importante foram e são os castros como o  de Trás de Figueiró, Ateanha e pedras com arabescos, em Aljazede, a merecer estudo. 

Classificação de sítios arqueológicos no Alvorge publicados em Diário do Governo de 19.11.2015

Quintal da Velha, habitat romano

Mata de Cima habita romano

Vale da Abrunheira achado isolado

Monte da Ateanha povoado fortificado

Poço do Carril habitat romano

Tras de Figueiró povoado fortificado

Pardieiros indeterminado pre historia

Agostinhas- Chãs romano


Várzea de Aljazede, cortesia de Carlos Anastácio PJF de Alvorge
Á partida a pedra pode ter sido  um miliário.
Para confirmar é preciso contar desde Tamazinhos se é uma légua e meia. 
Contudo é estranha a concavidade na parte superior. 
Diz o povo que é pedra de lagar. A mim não me parece. 
Esta pedra ancestral como outras isoladas em Aljazede, devem ser alvo de estudo.
O  sítio certo para as guardar é no Museu que tarda em ser inaugurado em Ansião.
A Citânia de Briteiros tinha pedras esculpidas  com arabescos com alguma semelhança...

Os carreteiros da proto-história foram calcorreados pelo exército romano.
A via militar de Braga /Lisboa, do itinerário de Antonino, o Dr. Arnault o pôs, a passar por Penela, e o Dr. António Baião, em Rio Maior.

Nenhum deles dissecou a notícia a via romana distancia-se das cabeceiras do rio dos Mouros e, após o diverticulum de Aljazede, entra na bacia do Rio Dueça. 

O Rio de Mouros

Recebe a água da  Ribeira de Alcalamouque, e do riacho da Fartosa , e foi no passado chamado Rio Pau, trazia paus nas enxurradas que ainda hoje deixa presos na ponte romana a sul do Zambujal, e bem os distingui.  Entre esta ponte e outra a norte , ambas romanas, há uma terceira, será de 1888, a data do cemitério, pela ligação à igreja do Zambujal, com sinalética atestada ao  rio do nome romano Carálio, e na voz do povo rio do carl...de inverno tudo e de verão nada

Sobre o nome Carálio diz o Dr. Arnault, que na década de 30 do séc. XX, por decência era mais conhecido por rio Pau.

Ponte a sul do Zambujal com sete canais de água admito serviu a vila de Rabaçal

Ponte a norte do Zambujal com oito canais na saída do Caminhod e Santiago para a Fonte Coberta 

Ponte mais recente , à semelhança das antigas com 7 canais de acesso ao  Zambujal

A via de Antonino seguia paar sul por Tamazinhos
Onde há anos foi descoberto um belo e  fálico miliário, patente no Museu do Rabaçal. 
Deslindei em 2022, na caminhada de Alvorge, um belo troço de calçada, a nascente de Vila Nova. Atesta a sequência da via de Tamazinhos  para sul,  pelo campo nascente do morro da Ateanha e varzea de Aljazede, deixando o concelho de Ansião para entrar no de Penela.
A via depois do poço dos Mouros, junto de umas Alminhas desativadas teve derivação junto a uma dolina cársica, vulgo lagoa, julga-se para a vila de S.Simão em Penela.
O caminho que contorna o morro a sul, será  mais recente para a Ateanha. 
Segue a via para sul pela várzea de Aljazede, onde houve um habitat na imediação do poço de chafurdo do Carril . Já mereceu escavação arqueologica pelo Dr. Manuel Cravo em  2010. 
Desconheço o local de depósito do espólio arqueologico.
Há poucos anos queria o povo alcatrão nesse caminho para  se deslocar a Penela. 
Graças à herança romana que encerra e tanto reclamo, mantêm-se virgem, como deve ser, a par de outro a sul da ponte romana do Pontão. 
Únicos corredores da via romana VXI, no concelho de Ansião. 

Ao limite de Aljazede, a via derivava às Alminhas requalificadas para poente seguia  para o concelho de Ansião, e a nascente entrava no concelho de Penela pelo algar da Póvoa, Venda das Figueiras, onde voltava  a entrar no de Ansião na Togeira - Avelar, pela ponte romana do Pontão, até voltar a sair depois do Bairro, de Chão de Couce entrando no concelho de Alvaiazere.

A falta de miliários até Tomar dificulta acreditar o total traçado até Tomar. 

Carta enviada ao Dr. Arnault que não deu seguimento
O Sr. Armando Duarte Moreira de Avelar enviou carta ao Dr. Arnault “a cerca de 150 metros ao sul da ponte romana do Pontão há uma pedra em forma de paralelepípedo com um metro por 14 de espessura. Parece ser muito antiga e ter certas letras”
Teor creditício, sem visita, o que não se compreende. 

Na presunção de encontrar a ponte a partir do troço catalogado na Togeira, onde estive, admiti a passagem pelos Cômoros, onde mora um tio  do meu marido - Acácio Veríssimo, a quem solicitei ajuda para indagar junto dos vizinhos mais  velhos sobre a lembrança de uma ponte dentro de um terreno. Apesar dos esforços nada se apurou. Numa  caminhada com o  Grupo às 9 na Pastelaria de Chão de Couce, por a Ponte Freixo, alvitrei que ainda ia entrar no leito seco da ribeira para descobrir a ponte, pois só a podia encontrar naquele intervalo... No dia seguinte voltei de carro com o meu marido às  Casas Novas, segui uma estrada de chão plano para o Pontão, sem achar jeito de nada. Na semana seguinte graças a outra caminhada, para conhecer o chão da que foi a quinta de Mouta de Bela - e aqui agradecer um  bem haja ao meu primo Alexandre Valente na comum raiz paterna na Constantina, acedendo dar-me esse prazer.  Teve o grupo a sorte da companhia da Dra. Cristina Marques da JFCC, que à chegada antes do Pontão, partilha a ruina de um lagar pertença da sua família, onde logo a questionei se não havia água por ali, para fazer andar o lagar, ou se tinha sido movido a força de sangue - onde me diz  que há água logo à frente e uma ponte romana. 
Excelente cortesia a partilha de conhecer a ponte romana, que de outra forma pese tão próxima do Pontão, jamais alguém a enxergaria, sendo deixada em abandono em plano inferior da nova ponte .

Euzinha em cima do arco da ponte romana
Na Monografia de Chão de Couce o Dr. Manuel Dias menciona a ponte da antiga estrada real...mas antes foi romana, e isso não pesquisou.
Ponte romana no Pontão
Bem-haja o Grupo às 9 na Pastelaria de Chão de Couce com a interajuda da Dra. Cristina Marques ao seu reconhecimento. 
Costado de pedras megalíticas
Veleidade em achar o miliário, voltei mais tarde com o meu marido para o encontrar, debalde o novo muro de costado cravado a calcário e arenito amarelado , à laia do complexo megalítico de Alvaiázere. até ainda por lá pode estar...

Em fevereiro de 1141 doou D. Afonso Henriques ao mosteiro de Sta. Cruz de Coimbra a herdade Aluorge et est in ladeia (…) a poente no cimo de Fazalamir ia até ao Pedrogão de Pelagio Dolios, depois do que chegava à Mata das Pias.  

Diz o autor pode-se conjeturar que a atual Pia Furada, a sudoeste do Alvorge, não seja alheia à Mata das Pias… Acima nos limites da herdade de Alvorge, pelo norte o limite da herdade seguia pelo lombo dividindo com Munio Ladrão, e pela barreira que ficava sobranceira às Lapas.

O autor reconheceu as Lapas do Mogadouro, mas náo reconheceu o toponimo Vale da Pia, a sul do Marquinho, que foi atestado num testamento de 1869, de Manuel Mendes e sua mulher Maria Freire.  
A serra da Barca limita a norte Santiago da Guarda e a ilha de chão que é hoje a Mata de Cima, na freguesia do Alvorge, cujas Covas da Barca, não sejam alheias às pias, escavadas no lajedo, como outras no Cabeço da Urgeiriça. Esculpidas na pré-história ou erosão? A merecer sinalética. 

Cortesia do Sr. Carlos Anastácio, PJF de Alvorge
Covas da Barca na Mata de Cima
Em 2022, acordei para uma nova realidade no Alvorge com o ladrar de um cão junto a uma coluna acima de um alto muro. Que me deixou a pensar. Em 2023, graças à cortesia da D. Leonilde, pedi para entrar e distingui prostrada no chão, uma bela coluna – admito foi o Pelourinho da Vila Couto de Alvorge, pelo diâmetro e altura, com falta do topo.
Presume foi erigido ao centro do canteiro retangular adornado por 4 colunas, unidas a ferro, como recorda quando há 50 anos para ali veio morar. Merece estudo e a ser legítimo, reposto!
                  
                                                    
Ao lado uma escada com acesso à Rua dos Loureiros

Auspicio d’oiro aposta turística e cultural de Alvorge, à exaltação do seu rico passado com Fórum d'artes no paço da Ladeia, priorar a pedra na Ateanha e aclamar o troço da via XVI. 

Predistinou o Dr. Arnault  (1937: 52-53) "para cá os dirigentes conimbricenses do turismo e mostrar-lhes o que Penela e a região têm de notável: as belezas do burgo, os castelos e os panoramas, a aspereza exótica dos montes do Rabaçal e a doçura da paisagem do vale do Dueça…”

“Não perdi a esperança de ainda ver Penela foco de atração de quem visite Coimbra .

É um sonho … agora! 

Mas há-de ser realidade. 

O essencial é querermos."

Inegável  a perca no Alvorge ao velho foro do carneiro a  gáudio gastronómico de Penela!

Fontes
Corografia do Padre Cardoso
Livro Ladeia, Ladera do Dr Salvador Dias Arnault.
Testemunho do Padre Coutinho
Memórias paroquiais de Ansião e Ourem de 1758
Mapa enviado pelo engº Hugo Neves

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