segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Visita arqueológica à Quinta do Almaraz em Almada


Visita à Quinta do Almaraz com concentração agendada junto ao castelo de Almada na companhia de uma arqueóloga.A Quinta do Almaraz foi descoberta em 1987, dela já falei noutra crónica .Um dos maiores e mais bem conservados povoados de ocupação fenícia da Península Ibérica,com vestígios que remontam há cerca de 2700 anos.
Castelo de Almada
Na entrada da quinta do Almaraz o muro entestante a norte foi decorado com cerâmica alusiva ao tempo e actividades fenícias, o povo que aqui deixou marcas da sua passagem.
 
 



Foi construído um centro de interpretação com Atelier de Olaria onde também se observam artefactos cerâmicos recolhidos no sítio arqueológico  para enfim despertar a criatividade nos participantes, os induzindo a construir uma peça de barro, inspirada nos objetos encontrados nas escavações. arqueológicas. Ou como nasce uma ânfora? No apelo à descoberta como os fenícios faziam a loiça do dia-a-dia, o vasilhame para o comércio de vinho, azeite , frutos secos e cereais em demonstração no convite a viajar no tempo, até ao século VIII antes de Cristo...
A quinta do Almaraz encontra-se situada logo abaixo da alameda onde está o castelo e se prolonga pelo costado em descida sobre Cacilhas, com vistas surpreendentes a rondar os 360º. A escolha preferida dos fenícios aquando da entrada triunfante no estuário do Tejo e nas palavras da arqueologa - a mais importante estrada de acesso antigo à autoestrada que era o Oceano Atlântico, para aqui se terem fixado na Margem Sul, em detrimento de Lisboa, que foi ocupada há cerca de 2700 anos e teve grande impacto na região, tornando este local num dos maiores e mais importantes povoados do Ocidente da Península Ibérica.
Do cimo da arriba avista-se em profunda ruína e agonia o que resta de grande empreendedorismo que existiu na beira do Tejo.Aguarda-se a todo o  momento pela sua reabilitação, julgo pendente pela abertura de novas acessibilidades a sul onde se encontra a Casa da Juventude e um Centro de Idosos.
 As minhas selfies ...
Caminhar pelos trilhos por meio das hortas ressequidas pelo calor...O pouco chão arável da quinta tem sido há anos explorado por vizinhos em pequenas hortas, apesar de não haver água.Continuam a agricultar, mas em espaços ordenados para não colidir com os trilhos e o centro de interpretação da mais importante escavação fenícia até hoje encontrada em Portugal.
Casa fenícia
Encontra-se a descoberto uma área de habitação na parte mais alta do povoado que se apresenta de planta retangular e não redonda, com divisões dentro de casa. As paredes seriam em adobe e os pavimentos em argila. Dentro de algumas divisões identificaram-se lareiras com pedra fossilizada do costado.
 
Ao longe na chegada distingui as manobras da saída de um paquete do cais para aqui o voltar a ver a caminho do mar...
Por todo o lado funho alto a invadir o espaço...
 A quinta ao meio mostra-se em declive ligeiro a caminho de Cacilhas

Fábrica do óleo fígado de bacalhau
Eu, jamais o provei!

Aqui algures vai nascer a nova acessibilidade para se reabilitar o Ginjal e toda a frente ribeirinha de Cacilhas.
Olhar o Mar da Palha deslumbrante!
O povoado fenício era delimitado por um fosso e uma muralha servindo de defesa contra as invasões de outros povos e de animais como o urso. Durante a escavação do fosso foi recolhido  importante espólio que vai servir para enriquecer o futuro Museu de Arqueologia numa habitação devoluta no costado a sul e ainda fornecendo conhecimentos do quotidiano deste povo.Em destaque peças de cerâmica de mesa e de cozinha e instrumentos utilizados nas atividades artesanais; tecelagem, pesca e olaria. Para além disso foi possível descobrir que a população se dedicava também à agricultura, pastorícia e à metalurgia, explorando minas de ouro, ferro e cobre. E ainad se encontraram muitos ossos de cães...
Pé em cerâmica de uma panela
 
Neste local até ao início do séc. XX laborou uma pedreira que destruiu muitos vestígios, cujo nome ficou atestado na toponímia - Calçada da Pedreira que vem de Cacilhas para Almada.



Um muro feito com pedra fossilizada, caracteristica de Almada.

Óbvio que tabelei as expectativas altas, para enfim as sentir em parte goradas. No grupo andava um fotografo freelancer  que me questiona se sou dona do Blog Coysas e Loysas. Sim sou.Para confidenciar que admirava o meu carisma aventureiro em me meter em locais quase inacessíveis sem medo a descobrir património e a registar fotos...
A arqueóloga ainda acrescentou que o actual morro de Cacilhas onde está implantado um parque de estacionamento vai ser explorado julgam aqui foi o chão do cemitério fenício.

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