segunda-feira, 14 de maio de 2018

Rota das Carmelitas desvirtua a essência do que é ser peregrino!


A Reportagem Sexta às 9 da TVI veio abordar o desagrado de peregrinos nos Caminhos de Fátima, que se viram confrontados à imediação da Ribeira de Alcalamouque, com nova sinalética. 
Segundo eles, alguma incorretamente mal colocada e, outra sobreposta, com outras; Caminho de Santiago de Compostela e de Fátima. Em virtude, da marcação da novíssima Rota - a das Carmelitas de Coimbra. Em protesto, os novos Caminhos, são mais longos, numa extensão aproximada de centena e meia de quilómetros e, que os Novos Guias de roteiros de 2018 não a contemplam. 
Entrevistado o Turismo de Portugal, denotou sobre esta temática nada saber…Dita à prior que a partir de Coimbra, ainda não há novas marcações nem sinalização, em prol do concelho de Ansião onde já foi colocada  a motivo do desagrado e contestação! 
 
Paisagem de Sicó com os lindos montes cónicos Germanelo a norte e Jerumelo a sul 
Quando os admiro me interrogo como foi possível Pier Baldi, o aguarelista da comitiva do Príncipe Cosme de Médicis, na passagem  em 1699 não os ter deixado retratados na aguarela da Fonte Coberta...
Tive conhecimento desta nova Rota das Carmelitas por volta de 1990, na ligação do Carmelo de Santa Teresa, junto ao Memorial Irmã Lúcia, ao local das Aparições, "apadrinhada" pelo presidente da CCDRC, o Dr. Alfredo Marques, natural das Cavadas. Onde mais tarde se deslocou  a Ansião, supostamente para assinatura do protocolo com apoios de fundos comunitários e do Feder com o anterior executivo PSD.
Em Maio de 2010, a CCDRC, assinava um acordo de cooperação com as Dioceses de Coimbra e Leiria, Entidades Regionais de Turismo, Santuário de Fátima e, os referidos seis municípios no percurso pelos concelhos de Penela, Condeixa, Ansião, Alvaiázere, Ourém e Coimbra, a última a aprovar, há dias (2018) a assinatura do protocolo que permitirá formalizar a obra...Em 2018, passou na televisão uma reportagem com peregrinos descontentes por falta de sinalética e outra sobreposta com novos troços a partir da Ribeira de Alcalamouque e desagrado por se mostrar mais longa que a tradicional para Fátima.De facto este novo traçado pode ser enquadrado em rota cultural sim, mas não no âmbito de rota religiosa, são coisas diferentes. 

Rotas a passar no concelho de Ansião é o  Caminho de Santiago de Compostela com séculos  e  o Caminho de Fátima com um século! O que pode haver agora são rotas históricas, de natureza e culturais!
 
Alegadamente houve supostos interesses. Sem saber de quem partiu a ideia original no acordar a mesma sintonia  - fomentar o turismo na região, em abono da verdade não me parece nada mal, mas existem outras vertentes a explorar, sem a necessidade de ter sido criada uma nova Rota porque altera os primitivos caminhos de Fátima e ainda por a cruzar com o Caminho de Santiago e por isso uma grande "salganhada" o grande motivo de insatisfação dos peregrinos…
 
Premeditada a criação de um produto turístico para dar maior ênfase a terras que não tinham nenhuma expressão ou pouca  e, noutras já a tendo se mostra agora mais engrandecida como Alvorge e Santiago da Guarda, esta além da Rota de Santiago já se mostra incluída no circuito da romanização!
E Avelar e Chão de Couce ficaram de fora? Não é justo!
 
Dizer que foi intenção de redireccionar os fluxos de peregrinos das vias de comunicação com tráfego para caminhos que ofereçam maior segurança é relativo, vale o que vale. 
A segurança mais eficaz é a das estradas, que há muito já deviam ter sido alvo de melhoramentos pela falta de bermas, praticamente não existem, isso sim é que devia ser gasto os dinheiros a fundo perdido e ainda a existência de albergues e de pontos de descanso. Foram os próprios peregrinos descontentes que não aceitam as escolhas com o cruzamento das duas Rotas numa nova, a das Carmelitas, ainda por cima mais extensa, que lhes desagrada substancialmente.
 
Em abono da verdade tudo parece valer para mero aproveitamento turístico no engrandecimento de algumas terras em lhes dar maior visibilidade desvirtuando a essência do que é ser PEREGRINO!
A palavra peregrino aparece pela primeira vez na língua espanhola nos poemas de Berceo, na primeira metade do século XIII, para denominar aos cristãos que viajavam a Roma ou à Palestina para visitar os lugares sagrados. O vocábulo originou-se do latim, mediante a contração de per- (através) e ager (terra, campo), que deu lugar ao adjetivo pereger (viajante) e ao advérbio peregre (no estrangeiro), o qual, por sua vez, deu origem a peregrinus (estrangeiro) e peregrinatio (viagem ao exterior). Incorporou-se ao português e ao espanhol como peregrino.
 
Na vez da Rota das Carmelitas o que podia ter sido feito era uma Rota na região de Sicó para os peregrinos que queiram cumulativamente fazer além do Caminho de Santiago também os Caminhos de Fátima. Isso sim seria o correto!
 
Fulcral tenham sidos supostos interesses na Região de Sicó, que abarca Coimbra e, se estende a Ourém, para fazer nascer  uma Rota nova, com nome sonante  Rota das Carmelitas. 
Sem pejo,  a deliberar subestimar arbitrariamente traçados ancestrais,  alterando alguns troços por outros, em chão  que nunca foi de Rota nenhuma. Com aposta em novos e  com fusão das duas Rotas, no claro objetivo de maior centralidade em algumas terras e, nestas,  onde estão a nascer novos núcleos turísticos, como na Granja em Santiago da Guarda, até há anos praticamente desconhecida, não fosse a minha partilha no Blog..a grande influência, embora fosse Rota do Caminho de Santiago, que deixou de o ser alguns anos, em prol de outros interesses...De novo reposta!
 
Notório os muitos anos de espera da chegada de apoios financeiros, para a rota se vir a credibilizar mas,  a meu ver, foi  desvirtuada da sua essência religiosa. Porque a se-lo, devia manter o trajecto que as freiras faziam, o certo, e não o sendo, determina aposta em privilegiar pontos e locais com panóplia de interesses turísticos e históricos, por isso lhe chamam e bemm rota cultural, ainda assim,  se mostra incompleta, sem respeitar o traçado romano. 
Santiago da Guarda, contempla vários troços da via romana, um deles catalogado em Vales, no Vale de Boi,  sendo de lamentar o PSD depois do 25 de abril, roteou uma nova estrada de ligação a Ansião, e destruiu parte da calçada romana que foi a muito custo um troço de 150 metros catalogado pelo Professor universitário a pedido dos seus alunos do concelho, então estudantes em Coimbra, e que até hoje não mereceu sinalização tão pouco manutenção, tendo caído no esquecimento. Com o agravo da JFSG, ao seu limite tem um terreno julgo baldio  e, sem cerimónia colocou manilhas para fazer uma passagem… Distingui na intercessão dessa estrada no Lousal, para poente, a continuação do caminho de calçada romana, cheio de ervas, por limpar, mas, a sinalização da rota continua na nova estrada roteada depois do 25 de abril, entre outras aberrações já distinguidas noutros locais, a denotar falta de conhecimento do que foi o trajeto da via romana e depois medieval para Ansião .Indo intercetar já o final do Pinheiro,  uma rua com marcação da rota Carmelita .
A remate os autores que a retraçaram no concelho de Ansião, denotam falta de arcaboiço cultural  do     que foi o passado de Ansião e sobretudo deslumbramento, sem humildade de pedir ajuda, alicerçado aos interesses já aflorados...
 
A Vereadora da Cultura Cristina Bernardino, na pagina Facebook de Ansião, em novembro de 2019 respondeu  - A Rota Carmelita é, tão só, uma rota cultural. Sabemos bem que a Carmelita, Irmã Lúcia, nunca por aqui andou. Mas teria gostado...
 
A minha resposta:
Cara Vereadora do Pelouro da Cultura de Ansião, apraz-me acrescentar sobre o que afirma sobre a conduta da irmã Lúcia ter gostado destas paragens, tenho sérias dúvidas...após o milagre, então com 10 anos, analfabeta, sem saber ler nem escrever, foi o bispo de Leiria para a proteger dos peregrinos que a meteu num colégio de Doroteias no Porto, andou depois por Tui, para em 1946 se fixar nas Carmelitas em Coimbra. Pertinente perguntar o que conheceu do Mundo globalizado? Teve espaço para aperfeiçoar a sua sensibilidade?Freira, a viver em clausura, onde as boas emoções que tenha sentido o foram apenas para Deus e suas rezas. Pois falo do que conheci, estudei um ano num colégio religioso...
 
Concidadãos com cultura no seu Direito à Cidadania, esperam do atual executivo da nova missão autárquica PS, tenha sapiência, humildade e faça obra digna a melhorar e retificar erros culturais praticados no passado de Ansião. 
 
Fecho com evocação à ilustre ansianense, a Senhora D. Amélia Rego, que esclarecia dúvidas clamando - uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Ao jus assim neste contexto a retratar - Uma Coisa é uma Rota Religiosa fidelizada pelos peregrinos e Outra Coisa é uma nova Rota Cultural concelhia, o que seja plausível acontecer em pleno século XXI.
 
Há mais de um ano encontrei em Ansião um peregrino solitário perdido ao Ribeiro da Vide 
Vindo da Igreja velha que me pediu ajuda, minutos de conversa e lhe expliquei a nova Rota e a antiga, tendo optado pela antiga. Na despedida  me deixou muda "pessoas com dom e destreza a falar sobre tantos assuntos como a senhora deviam fazer parte das câmaras"...
 
A Rota dos Caminhos de Fátima com 100 anos. Os peregrinos a prestigiar as terras de onde partem  para  entroncar nos Caminhos de maior expressão, no sentido do Santuário de Fátima. De certeza que o Caminho que a minha avó Maria da Luz, percorreu na sua  peregrinação a Fátima, não foi o mesmo que eu fiz, no tempo dela não havia estradas que mais tarde foram abertas. No meu tempo de criança via chegar grupos de pessoas com paragem certa ao Ribeiro da Vide, onde degustavam o farnel junto da fonte descansado no escadatório da capela, alguns ficavam todos os anos na casa da eira do "Ti Zé André" para dormirem. E de manhãzinha seguiam caminho. Como depois das cerimónias os via virem de volta-
Só o ano passado constatei admirada as substanciais alterações que esta Rota sofreu. 
Ao Ribeiro da Vide, distingui muitos peregrinos perdidos entre  o Vale Mosteiro  e o Bairro-
Remarcaram o caminho pela rua da casa da minha mãe, na toponímia atestada - Travessa- uma afronta...contorna o Largo do Bairro, desce para norte uns metros com corte  à esquerda para o quelho do Vale Mosteiro, atestado Travessa Avª Sá Carneiro, de nome sonante, debalde, sem  preservação pela JFA, apenas cortaram as pontas das silvas de uma propriedade confinante, porque o chão em terra sem bermas, mostra-se uma lástima lamacenta em tempo de chuva, pior do que isso, jamais foi caminho de Fátima, a única rota que atesta a sua abertura tem 500 anos e foi dada pela fixação de judeus no Escampado de Calados, na ligação à estrada real!
 
No ano passado pelo Santo António, numa caminhada reparei que a Rota dos Caminhos de Fátima passou a integrar Albarrol, tamanha surpresa por jamais ter feito parte.Para passar junto do Nabão, onde vim a constatar uma estrada nova, estreita, perigosa, sem bermas,e os peregrinos junto do estradão do Nabão, que  nem o enxergam, tão pouco o que foi o buliçoso do ritual dos moinhos de água, pelas margens entupidas de vegetação...Havima de ser limpas mais tarde...
 
Outra vez podava os arbustos no quintal da minha mãe, quando subia um grupo de ciclistas em forte alarido, logo depois os ouvi a virem de volta aos gritos,  com os atrasados a dar conta da sinalização ...
 
Com inauguração de parque de merendas nas Cavadas. 
Quem remarcou esta Rota não sei se alguma vez fez a peregrinação a Fátima e se conhece de facto todos os caminhos do concelho que tem sido os percursos da Rota,  que deviam manter as bermas, limpas e devidamente sinalizados. Sendo certo, que hoje já há peregrinos munidos de GPS,  tem ao momento as coordenadas dos pontos para comer, dormir e carregar bateria dos telemóveis. 
 
A minha tia Maria, foi durante anos ao 13 de maio a Fátima, tanta promessa aquela mulher cumpriu, cujo quintal com entrada pelo Largo do Bairro nunca o usou, sempre passava pelo adro da capela de Santo António, para seguir pela estrada de Alvaiázere, essa sim a rota dos Caminhos de Fátima, num tempo de poucos quase nenhum carros, com muitos atalhos em Rota com um século de altos fluxos para vir a decair e voltar a renascer a fé nos últimos anos com peregrinações de grupos que trazem apoio de carrinhas para alimentação e até dormida. 
 
Em criança fiz uma promessa de ir a Fátima a pé 
Só em idade tardia a  cumpri, estávamos em outubro de 2000, apesar da chuva copiosa de madrugada ouvia os peregrinos na sua caminhada de grande sacrifício e devoção. Recordo a força que precisei para convencer a minha mãe e o meu marido...Armados de chapéu de chuva sempre aberto muito para lá de Almoster no chão da estrada real sem bermas, com os carros e camiões sem pedir licença escandalosamente nos molharam ficando os ténis a fazer chiadinhos. De facto, constatei a falta de sítios onde se comer mas que hoje já não bem assim, passámos por duas estalagem doutros tempos, uma com de 17.. de porta fechada, o que nos valeu foi o parco farnel levado de casa e a custo chegámos a Caxarias, onde a minha mãe cansada depois de comer uma sandes decide saciar a sede numa fonte onde logo se sente muito mal, o meu marido queixava-se de uma íngua na brilha e, eu com os ossos dos pés descadeirados, outro remédio não tive e  me socorri de telefonar à minha irmã , gentilmente nos foi salvar …Em maio do ano seguinte, a decisão de acabar a Rota, deixando o carro em Caxarias, sem ter encontrado gente afável para nos dar indicação de atalhos, tão pouco sinalética, o certo foi seguir  o sentido de orientação antes experimentado a caminho do Fárrio, evitando a Freixianda e, de novo evitar Ourém, seguindo por uma estrada acabada de rotear ao entroncamento para a Memória. Sempre a medo por atalhos, valendo o sentido de orientação para chegar a bom porto na saída de Ourém , onde paramos na esplanada de um café para logo levantar e seguir o rasto de um grupo que tomou uma estrada oposta à habitual para Fátima. Alcançado o costado da serra,  no alto encontrar casario novo salpicado de pedra crua com jardins a transbordar para a rua, onde deliberadamente fui roubando rosas que deixei aos pés de Nossa Senhora em Fátima. O que senti?
A rota é desgastante. Senti pena de gente no santuário de joelhos a cumprir promessas duras.
De perceber finalmente que o motivo da minha promessa em criança ali se mostrou no cumprimento sem sentido, o motivo não merecia tanto esforço, apenas valeu pelo conhecimento e pela caminhada e poder dizer que também tinha sido peregrina.
Pois se a minha avó Maria da Luz da Mouta Redonda fosse viva gostaria de saber, uma fervorosa devota de Nossa Senhora de Fátima, tal como a minha mãe e irmã, e sim por todas elas valeu a pena ter feito o sacrifício. Mas, eu não acredito em milagres religiosos. Só acredito em Santos.
 
Filme produzido o ano passado "Fátima" 
De João Canijo, cuja parte final filmada no concelho de Ansião; Lagarteira, recinto do mercado onde a roulotte sediou a base, pavilhão dos chineses onde uma foi comprar roupa e por fim o Ribeiro da Vide, no apoio de enfermagem aos peregrinos. Por incrível que pareça não tinha menção no final à Câmara Municipal de Ansião, e pelo menos o stand montou ao Ribeiro da Vide…
Atores no filme Fátima
 
Também nas vezes que me desloco à Biblioteca me tenho cruzado com peregrinos na Rota do Caminho de Santiago.
 
Graças ao testemunho de peregrinos estrangeiros que deixaram memorias escritas
As estradas medievais por onde passava a Rota do Caminho de Santiago vindo de sul de Alvaiázere,  Venda do Negro, Gramatinhas, Barreira, Escarramoa (Cavadas) Barranco, Casal Galego (Pinhal), Bairro de Santo António (Ansião), Vale Boi, Santiago da Guarda e, ...
Hoje depois da Venda do Negro,  a Rota foi retraçada na direção a Casais Maduros, Casal Viegas, Vale Perrim, entra na Garreaza, sem placa de toponímia, para se fazer chegar à vila pelo Cimo da Rua.
O Caminho de Santiago é maioritariamente percorrido por gente solitária, quando os encontro e os percebo trocamos dois dedos de conversa, a ultima vez foi na Fonte Coberta (Rabaçal) dizia-me o espanhol com a gaita de foles às costas quando o interpelei sobre a dificuldade -  um passeiozito de 700 km...
Fonte Coberta
Os caminhos de Santiago intensificaram-se no século XII dando azo ao aparecimento de povoados uns maiores que outros, onde não faltavam os símbolos religiosos como as Igrejas, mosteiros, Capelas, Alminhas , vivendo em seu redor o povo. A peregrinação do Caminho de Santiago acabou por vir a perder significado nos séculos seguintes para no século XIV ter mesmo decaído pelos saques, guerras, epidemias e catástrofes naturais. Por isso no meu tempo não me recordo de se falar nesta Rota. Em Portugal,  havia de ser reinventado no norte do País em 1992, e nos anos seguintes outras associações jacobeias nascerem, fazendo uso de trajetos antigos, das vias romanas e medievais que cruzam matas, campos agrícolas, aldeias, vilas e cidades históricas, atravessam rios com pontes, algumas deixadas pela ocupação romana com a miscelânea de paisagens marcadas pela diversidade de capelas, igrejas, conventos, alminhas e cruzeiros, nos quais não falta a imagem do Apóstolo Santiago com a sua concha, cajado e grande chapéu. 
Na torre medieval de Santiago da Guarda, encontra-se esculpida sobre uma porta uma concha conotando a passagem indubitável desta Rota dos Caminhos de Santiago-
A Imagem do Apóstolo quinhentista em pedra, que foi retirada da antiga matriz da Orada para a actual matriz de Santiago da Guarda, no século XVI, juntamente com a Imagem da Senhora da Graça e suas respectivas pienhas também em pedra, delas há referencia nas Memorias Paroquiais. 
Terra rica desta Rota ancestral ainda conserva em reservas bem guardadas parte de uma Imagem do Apóstolo que foi mote a ser retirada da minha crónica da capela da Orada, e só mais tarde percebi para integrar o novo libreto da rota, por alguém que precisa de se mostrar ...em que vale tudo!
O Caminho de Santiago é também uma oportunidade de descobrir a hospitalidade das gentes de Portugal e da Galiza, povo irmão, o único da panóplia espanhola mais parecido connosco na ligação e forte intercâmbio que desde sempre existiu até aos dias de hoje com o êxodo de galegos para Portugal para se estabeleceram sobretudo na restauração. Conheci alguns. A que se junta a vastidão e diversidade do património arquitetónico, as variadas paisagens;  frondosas e verdejantes, a forte contraste da aridez, granítica e de calcário,  lameiros e de secura . Com seculares tradições culturais e a riquíssima gastronomia e, os vinhos. Fatores dominantes do atrativo da Rota, pela panóplia cultural que oferece nos seus itinerários ancestrais a respeito aos milhares de peregrinos que neles já durante séculos convergiram em peregrinação no intuito do comungar o espírito religioso, por isso Caminhos que devem ser preservados por respeitarem os primitivos da Rota. Ou pelo menos os que se conhecem e não inventar alternativas, só porque foi alvitrado por um grupo iluminado que pensou no hipotético progresso de massificar as Rotas, com nova rotulagem, quando o certo seria a aposta na redescoberta de troços que se tenham perdido no tempo. Isso sim, o que deviam patrocinar como outras autarquias estão a investir no Alentejo. Os peregrinos devem ser respeitados no retiro da sua espiritualidade e ainda promovidos na sua passagem de caminheiros pelas nossas terras que tanto engrandecem, e ao que parece a novíssima Rota das Carmelitas, não seja bem o que acontece, que os confunde e desagrada!
 

Fontes
Wikipédia
Livro do Padre José Eduardo Reis Coutinho
Livro de Memorias Paroquiais Setecentistas

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Arquivo Municipal de Ansião!

Infortúnio o que sempre ouvi sobre o incêndio ocorrido nos Paços do Concelho de Ansião para sentir há dias em deslumbramento a tamanha descoberta, afinal nem tudo se perdeu!Bendita a  dupla de emoções vividas por segundos de dois estados antagónicos, perplexa e estonteada a deixa na vontade de mais vir a descobrir...Afinal no fatídico incêndio de 1937 ocorrido no Tribunal nem toda a documentação  referente ao passado de Ansião e da Igreja se perdeu, por isso  não seja  totalmente verdade!
Aconteceu por acaso numa  conversa sobre Ansião onde sempre se partilham saberes sem qualquer obrigação, apenas pelo prazer apaixonado de falar desta terra amada que num acaso tomei conhecimento da existência do Arquivo Municipal. Tinha acabado de  publicar uma crónica sobre a Casa da Roda. Mal eu sabia que no arquivo há documentação anterior a 1937...  Por falta de tempo e da leitura difícil em decifrar apenas retirei aleatoriamente dois excertos de dois Livros, um deles de capa parcialmente queimada e outro  que se salvou inteiro que vim a acrescentar à posterior. Fácil perceber que os Livros de actas da Câmara se abrem a novas pistas de investigação, quem sabe para melhor entendimento da razão de ter sido instaurada por volta de 1679 na Cabeça do Bairro a sede do poder da Vintena de Ansião com a sua primeira Casa da Câmara e prisão, para depois por volta de 1875 o abandono para a instauração da Comarca na centralidade da Vila no solar que tinha sido da família de Dom Luís de Menezes, o Senhor de Ansião, onde ainda se mantém. Igualmente outras pistas se abrem como mais saber das individualidades ligadas ao poder politico nesse tempo que seguraram as rédeas do concelho, sobretudo dos que enriqueceram com os bens afectos à Herdade de Ansião do Mosteiro de Santa Cruz vendidos em em haste pública e o Largo do Ribeiro da Vide, então um baldio, a razão de ter sido retirado a pensar e bem no empreendedorismo com abertura de novas acessibilidades, e a escola primária a laborar em casa em regime de aluguer e o recreio na frente, hoje uma pequena praceta a norte da praça do Município, e demais projectos em 1960 com estudos que não foram avante, como o da Estação Rodoviária e outros mais recentes que deles devia haver documentação e não existe...
Qual será o documento mais antigo deste arquivo? O Inventario do Município de 2013 compilado pela Dra Teresa Leonor Falcão Ramos contempla em suporte de papel livros e cadernos com datas extremas de 1835 a 1939 composto por correspondência, registos de testamentos, Autos de cumprimento legados pios, autos de posse, entre outras.Com condições de acesso de consulta livre.Há anos uma suposta estagiária dela se fala se fartou de rasgar e deitar fora papelada que nem ela própria sabia avaliar os conteúdos, apesar da licenciatura... Óbvio que não pode voltar a acontecer perder-se mais do manancial documentário deste concelho.Desloquei-me ao Arquivo Municipal para me deixar deslumbrar num espaço retratado de boas memórias de infância, onde não tinha voltado depois do falecimento do meu pai que ocorreu em setembro de 1972. Muito brinquei no jardim do solar, hoje lamentavelmente não existe e nos gabinetes dos magistrados com mobílias pretas com torcidos, gavetas de imitar e cortinas vermelhas, também recordar a sala de audiências, hoje auditório. A secretaria do Tribunal onde o meu pai trabalhava com os seus colegas de balcão abarrotar com resmas de processos judiciais de lombadas cozidas a guita em ziguezague, como se fosse uma obra de crochet...E o horror que pairava no ar em casa quando era chamado a fazer penhoras e autopsias!
Perdida por segundos nas minhas doces memorias para voltar à realidade e perceber onde foram os gabinetes dos magistrados com porta para a rua, local não totalmente limpo, devidamente organizado e arrumado, o será a breve trecho com enriquecimento do seu mobiliário que foi pertença dos magistrados, para receber condignamente os visitantes. Por mais incrível que pareça ao mais incauto seja atitude lamentável do último executivo PSD que lhe destinou o armazém, de onde teve de vir de volta a pedido da Dra Teresa Leonor Falcão Ramos, porque mobiliário também é elemento de Cultura!
Quando pessoas com deveres nas autarquias não detém a panóplia cultural necessária assim vai mal o património que é do povo, neste caso salvou-se, ao que parece faltam ainda um ou duas cadeiras, voltou o relógio de pé alto que foi da câmara , quadros a óleo de dois ilustres ansianenses , a merecer restauro, o do Conselheiro, o Padre António José da Silva a merecer ocupar o seu lugar de direito, o Salão Nobre e o do Pascoal dos Reis  no futuro Museu, e ainda distingui  fotos de antigos presidentes e da Assembleia Municipal guardadas em caixotes que me transmitiu as expôs no corredor onde voltaram a ter dignidade. A antiga secretaria do Tribunal  e a sala do Oficial de Diligências foram os espaços intervencionados para receber as estantes do Arquivo Municipal . O gabinete do Escrivão actualmente o espaço onde se manuseia toda a documentação para ser arquivada e se procede a pesquisas onde estava no momento o funcionário Alberto na procura sobre o nome antigo de S. João de Brito, pela divergência e controvérsia existente de morada referente a Casal Novo, dada por alguns moradores à EDP e CTT, e sim esta era a designação antiga . Suposto este nome caiu em desuso pelo beatismo e haja alguém que o queira de novo reabilitar . 
Antes do Arquivo  há muitos anos que  um historiador  de Ansião já tinha levado  para o conforto da sua casa , Livros e actas do conselho municipal  de 1937/ 1974, para vir a escrever sobre personagens que considerou ilustres ansianenses.
Por último entendo que os Livros e actas da câmara  deviam ser digitalizados, mostra-se trabalho dispendioso, contudo há que considerar dois factores, o primeiro pelo local do arquivo antigo, já sofreu no passado um incêndio, onde existe matéria altamente combustível, do próprio arquivo e da estrutura do edifício pelo que não deve ser descuidado, em segundo plano a pesquisa do passado de Ansião estando digitalizada no que se mostra mais essencial, confere ao investigador a possibilidade mais acessível para investigação no conforto da nossa casa, ao jus do arquivo distrital de Leiria, Torre do Tombo entre outros, e claro digitalizado está a salvo!  
O caminho a descobrir e revelar mais do passado ainda encoberto de Ansião abrindo hipóteses a novos investigadores, contrariando de vez que nem toda a documentação desse passado foi perdida. 
A placa deve ser aposta junto da porta  na direita
O Arquivo Municipal ainda não se encontra devidamente arrumado para permitir visitas e consultas a investigadores em ambiente calmo de silêncio, pese embora o permita na sala onde se manuseia a documentação, não sendo o melhor, mostra-se o possível. Na verdade já muito se mostra feito pelo que seja de esperar que em breve o espaço fique de cara lavada para ter finalmente  a visibilidade estética adequada ao visitante e ainda enobrecer em honra os Paços do Concelho com o seu rico mobiliário que foi dos magistrados.  O que ainda falta? Placa de ARQUIVO MUNICIPAL afixada na parede no exterior na porta a norte, pese embora a entrada se continue a fazer pela porta principal.Urge ser colocada rapidamente porque é demais merecida e Ansião deve honrar e dignificar o seu Arquivo Municipal .

domingo, 29 de abril de 2018

Moinhos e Lagares desde a Lagarteira à Constantina

No rasto dos ribeiros artificiais que no passado tiveram nomes diferenciados; valongueiros, ribeiros do munho ou levadas, abertos à força de mãos, serviam para canalizar a água da ribeira principal para os moinhos de água ou azenhas,  lagares e pisões. Depois de cumprir a sua tarefa a água voltava à ribeira para fazer o mesmo trabalho noutros e assim sucessivamente. Quem deixou esta herança? Os romanos , visigodos ou os mouros? O que transparece é que se trata de herança romana pela arquitectura e técnica em aproveitar a parca água na região de Sicó, zona cársica, por no verão escassear .A parca água em Ansião , só corre de inverno até junho, admite-se a actividade moenga e lagareira com  inicio antes de 1175, pela organização de quintas já existir quando foram adquiridas pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e  muito evidente em 1359. Grande foi a actividade de moinhos de água, lagares e pisões, em Ansião desde os Olhos d'água no Nabão , Ribeira da Mata, Ribeirinho, Ribeiro da Vide, Ribeira do Açor,  Ribeiro da Fonte do Alvorge, Avelar e Pousaflores.
No horizonte a visita apressada à Ribeira do Açor, no concelho de Ansião, em semana de Pascoela  para me deslocar à nova oficina do Sr.Luís Sá, de onde parti com sede e deslumbre mais uma vez por estas bandas sem medo desafiar o chuvisco em tempo de  estrebanta a caminho da Lagoa do Pito no ensejo maior regalar mais uma vez o olhar com a  abundância d'águas...Dizia-me o meu marido, mas ainda há pouco tempo lá foste - a que respondi - foi em agosto sem água e agora está cheia!
Já noutra crónica expliquei o topónimo - Lagarteira com  versão diferente do Padre José Eduardo Reis Coutinho, para mim o nome reporta a Lagares de azeite a correr de bica em regateira, herança deixada pelos romanos, porque ao lado da Torre  passou  a via romana com derivação ao Vale Figueira, hoje Fgueiras Podres a passar pela  Constantina e Ansião.
Em 1758 segundo as Informações Paroquiais sobre a freguesia de São Domingos da Lagarteira "compunha-se dos seguintes lugares: Casais da Póvoa 15, Outeiro dos Casais 1 , Coelhosa 16, Vale da Figueira 1 , Carrascos 9 , Mouta e Igreja 8 , Lagarteira de Cima 9, Lagarteira de Baixo 7 , Vale 4 , Poço Menchinho 1 , Galegas 2, Pião 13, Casal dos Barrozos 3 , Machial 6 e Curcial de São Bento 22, da jurisdição do Couto de Torre de Vale de Todos) num total de 448 a 512 indivíduos) ".
Hoje muitos dos Lugares com o nome antecedente de casal, o perdeu. E Outeiro dos Casais não sei se existe. Perdeu-se o nome de Portela e Vale - e a Fonte do Carvalho, hoje apenas Fonte Carvalho.
Lagoa do Pinto
Aparece referenciada nas Memórias Paroquiais com a designação de Lagoa do Pinto, tenha sido corruptela do linguarejar que se adulterou da sua primitiva designação  para Lagoa do Pito. 
Segundo o testemunho de Silvina Gomes "a conheci antes de fazerem os muros em volta do poço e da fonte que abastecia a população, em volta havia relva fresca onde as pessoas estendiam a roupa a corar lavada na lagoa, que hoje essa lagoa está imunda, de águas escuras. Lamental que a junta de freguesia não proceda à sua limpeza e de outras)". 
Trata-se de uma dolina ou geoforma cársica  felizmente ainda  características do Maciço de Sicó que o povo lhes chamou lagoas.No meu tempo assisti a algumas a serem entupidas, outras quase assoreadas se não lhe acodem vão-se perdendo!

 O que seria a construção de formato quadrado na margem poente da Lagoa?
No interior não se vislumbram ruínas de paredes apenas esta porta e as paredes exteriores, teria sido um  lagar? 
A ribeira  vem dos lados de Aljazede com o Nabão  tiveram  muita actividade de lagares e moinhos .
Corre a poente da actual estrada outra em terra batida julgo a primitiva usada como rota do caminho de Santiago (?) na ancestral ligação às aldeias.
Ribeiro parcialmente encanado para a lagoa virá da ribeira de Aljazede que lhe passa do outro lado da estrada.

Uns metros para sul distingui um casario que só quando cheguei ao local percebi foi um lagar com data no lintel  de 1892.
Se não se encontra junto a nenhuma linha de água teria sido movido a vapor (?). 
Do lado de fora encontra-se uma Mó diferente de outras mais antigas que encontrei em pedra mais pequenas e mais altas, uma no que foi o Mosteiro em Ansião e outra no Moinho do Marquinho.
 Alminhas na Rua do Sobreiro
Caso intrigante na toponímia
Rua do Sobreiro e uns metros a sul um pedestal com Rua Principal - duas designações na mesma estrada suposto que uma anulou a outra, deve merecer reparo...
Olival salpicado de calhaus de calcário onde se avista o novo cemitério da Lagarteira.O velho encontra-se defronte da Igreja. Junto do ralis da estrada o muro de pedra seca da Ribeira das Matas assim referenciada nas "Memórias Paroquiais de 1758 pelo pároco da freguesia Caetano Rodrigues."
Depois da Lagoa do Pito e antes da Fonte Carvalho encontra-se o  Poço Minchinho  também aparece referenciado nas Memórias Paroquiais .
Ostentação da placa toponímica de Boas vindas ao Curcialinho, a única nas redondezas em detrimento das demais normais, a razão de aqui ter sido colocada? 
Na divisão dos dois lugares com a ribeira da Mata, na margem norte o Cursialinho e na margem sul a Fonte Carvalho.Nas Memorias Paroquiais  à frente mencionada« há nesta freguezia hum piqueno arroyo, à que se chamam Ribeyra do Assor, o qual tem seo principio á uma moderada fonte chamada do Carvalho que nasce nesta freguezia» Justifica que a fonte do Carvalho hoje apenas Fonte Carvalho .
As voltas e a canalização da ribeira no trajeto da nova estrada...
 
Como reparos lamentável o poste da EDP ter sido colocado no leito da ribeira, e o mesmo desta não se encontrar de leito limpo.E já que o Curcialinho dá as Boas Vindas aos forasteiros devia encetar substancias melhorias em parceria com a Fonte Carvalho alindando as margens da ribeira daqui até à Lagoa do Pinto, apetrechando o espaço com um circuito pedestre, bancos, jardim infantil e espaços ajardinados para as gentes poderem desfrutar da ribeira com águas e em leito de secura apreciar toda a beleza dos campos de olival debruados a muros de pedra seca.Enfim nada enxerguei para descansar!
Foz de um ribeiro encanado vindo de nascente, técnica usada pelos judeus para  terem mais terra arável para cultivo, ainda se encontra em Ansião na quinta que foi de Belchior dos Reis ao Ribeiro da Vide , na Mouta Redonda no quintal do meu marido e,...Aqui seria chão da antiga quinta da Ribeira do Açor que teve capela particular com Imagem a Nossa Senhora da Piedade em pedra bem ornada. A capela foi demolida em meados do século XX segundo testemunho da minha amiga Silvina Gomes.
 A ribeira do Açor corre ao longo da estrada onde seguia a pé a desafiar a chuva a minha mãe...
Lamentável a falta de manutenção das bermas da ribeira entupidas de vasta vegetação...
 
A chuva atormentou-me menos do que a densa vegetação e falta de limpeza da ribeira, na verdade quase não deslindava os suportes em pedra da bela ponte tradicionais nesta ribeira e na do Nabão , que se dizem ser romanas(?) infelizmente a maioria foi substituída por cimento armado...
Figueiras Podres
Aqui viveu o Capitão António Freire e sua mulher Maria Inácia, foram pais de Pascoal José Freire que veio a casar com Margarida Caetana, do lugar do Paço, freguesia da Lagarteira, deste casamento nasceu D. Teresa Maria Freire da Conceição, baptizada na Lagarteira a 6 de Abril de 1815.Junto da capela que ditou o nome ao Lugar há uma casa de sobrado com janelas de avental, não sei de quem foi, tenho de voltar perdi as fotos...
Ribeira do Açor
Graças aos testemunhos de vida de uma amiga daqui natural, a Silvina Gomes " cresci ali ao lado da ribeira que vêm do referido poço Menchinho da Lagarteira, onde as donas de casa lavavam a roupa na água límpida, curtiam tremoços na água corrente que ficavam uma maravilha onde antes também punham o linho de molho para depois ser trabalhado, também naquela água limpa cresciam agriões que a população apanhava para saladas e sopa..."

" na Ribeira do Açor também existiu um moinho movido a água que tinha desvio da água por um Ribeiro (levada), ainda existem as ruínas desse moinho, e o último moleiro ainda é vivo."

"na Ribeira do Açor ainda existe outro lagar de azeite mais antigo do que outro também na beira da estrada, foi  convertido numa empresa de ...??
Na beira da Ribeira ao lado do lagar que já não existe existiu outro moinho , ainda me lembro do ver laborar, o meu avô tinha um terreno pegado.Esse lagar antigo, pertenceu a um senhor que morava em Ansião ,em Além da Ponte, que se chamava, Alberto Ruivo, talvez a amiga tenha conhecido" 

De facto em Além da Ponte viveu Alberto Ruivo, casado com Helena Cruz, irmã da minha avó paterna Piedade Cruz. Ainda não deslindei a origem dos meus ascendentes paternos de apelido "Cruz", apenas sei que o meu bisavô Elias da Cruz nasceu no Bairro de Santo António num tempo que ali viveu gente oriunda daqui dos lugares circundantes, cuja linhagem de alta silhueta e deu o nome de "Piedade" a uma das filhas, a minha avó, que foi mulher lindíssima , e seja também essa a ligação, o nome da Imagem que havia na capela da  quinta da Ribeira do Açor.
Se calhar o lagar foi aqui onde está o portão?
Estela em pedra 
Na frontaria de uma casa ao limite da Ribeira do Açor que desde sempre me intrigava ao passar de carro sem perceber os dizeres, pois tive de fazer o percurso a pé sob chuva copiosa para me deixar ficar francamente satisfeita. Apesar da construção da casa de 1955 retrata casal com ascendência judaica, pelo apelido "Dias" a que lhe acresce a estrela de David ao meio, no final diz CRUZEIRO supostamente alusivo  à extrema da que foi a quinta do Açor (?) para Figueiras Podres.
Lagar da Ribeira do Açor na beira da estrada passando-lhe a ribeira pelo tardoz
Vista a nascente da Ribeira do Açor
Testemunhos de Silvina Gomes da Ribeira do Açor a viver em Vila Nova de Gaia a quem agradeço a cortesia da gentil partilha  
"quanto à capela que diz ter existido na Ribeira do Açor lembro-me de ver uma casinha pequenina ao cimo da estrada ao fim da povoação, que a minha Mãe dizia ali foi uma capela, e mais tarde o dono do terreno ao lado a demoliu." 
"A casa grande que se avista ao fundo sita na margem da ribeira  foi construída pelo meu avô materno José Costa onde nasci e vivi com os meus Pais até aos 23 anos data em que casei e vim para o Porto .Em partilhas coube ao meu irmão David Gomes que a deu a uma neta, que tem feito obras, está linda!"
Foto tirada em movimento 
"casa à beira da estrada em frente propriedade que pertenceu ao Sr. Alfredo Marques pertenceu ao Sr. Eduardo Freire que nunca a acabou e foi reconstruída por um neto que por vezes a habita, julgo tem residência em Coimbra."
Propriedade que foi de Alfredo Marques havia de deixar assinalada com placa em mármore com os nome dos filhos, os meus primos a Dra Lila e Dr Carlos
Constantina
Ao deixar a Ribeira do Açor cuja ribeira passa por debaixo da estrada para o lado da Constantina onde me falaram existem ruínas do que foi um lagar, havendo na ribeira pedras grandes onde as mulheres lavavam a roupa, a que o povo chama Serrabino. Interessante deslindar este nome, se era assim escrito se possa aventar seria de um "Albino Serra" ou Sabino, nome que ainda conheci nos Matos do penúltimo habitante e aqui dito Serrabino pelo costado... Aventa ligação ao povo judaico que viveu na região e nesta ribeira da Mata soube aproveitar os parcos recursos da água de inverno para fazer mover moinhos e lagares. Sábios em abrir ribeiros à força de mãos a partir da ribeira da Mata onde a inclinação desse com ajuda de açudes para desvio da água para os moinhos e depois voltar a engrossar a ribeira principal. 
Na Constantina ainda existe um lagar que foi restaurado, pelo menos por fora , antigamente tinha uma mini hídrica para produzir luz eléctrica, " segundo me testemunho a minha amiga Maria de Fátima Fernandes, seria da família onde muito lá brincou e ainda me disse que existem três açudes na ribeira na Constantina" . Apenas conheço o que se localiza a sul onde desta vez descobri a sua serventia - para elevar a água para um moinho com caneiro para desvio de água que  atravessa a propriedade do Fernando  Paz, "Paciência" para sul , apesar da farta vegetação e da chuva  num percurso a olho medido de 50 metros.Parei de novo junto ao que chamei véu de noiva  com algumas pedras desmoronadas ao meio por isso o fulgor do véu se perdeu nestes últimos três anos, por a queda d'água não se mostrar uniforme como devia.
Fotos de 2003
 O véu de noiva 
Depois de 15 anos o véu de noiva encontra-se quebrado ao meio...sem o seu esplendor de antanho
O açude com o véu de noiva desmoronado ao meio, é necessário limpeza das bermas para se apreciar a beleza com as águas em correria sob a sombra dos carvalhos milenares, outra grande riqueza desta terra, impressionante como aqui a berma da estrada até à ribeira se encontra desalmadamente invadida de farta vegetação e ao lado para sul está limpa!
De chapéu aberto na ponte  do "Fernando Paciência" onde deslindei o moinho apesar da vegetação se mostra dificil de visualizar na esquerda cujo ribeiro aberto a braços para desvio da água com açude, lhe corre vindo da direita para desaguar depois abaixo na ribeira.
Disse adeus à Constantina com chuva.

FONTES
Livro de Notícias e Memórias Paroquiais
Arquivo Municipal de Ansião, acta nº 10
Testemunhos de Silvina Gomes, Maria de Fatima Fernandes e Renato Freire da Paz
Transcrições do Padre Manuel Ventura Pinho das Memórias Paroquiais
José Eduardo Reis Coutinho, in Ansião, Perspectiva global da Arqueologia, História e Arte da Vila e do Concelho
Manuel Severim de Faria - Discursos Vários - in Vida de João de Barros
Arquivo distrital de Leiria 
Testemunho de Sérgio Medeiros

Seguidores

Arquivo do blog