A Quinta Trindade encontra-se localizada a nascente da baía do Seixal com origem nos finais do século XIV aquando da fundação de um Convento da ordem religioso-militar da Santíssima Trindade que também fundou no mesmo espaço uma ermida denominada da Boa Viagem, tendo sido doado por D. Brites Pereira, viúva do Almirante Rui de Melo e sobrinha de D. Nuno Álvares Pereira - a Quinta da Sanctíssima Trindade, como era chamada no século XVI.Ainda resistem os pilarestes na frontaria que durante um tempo delimitaram o edifício.
A chaminé muito interessante revestida azulejos, deve ser primitiva do Convento(?).
O Terramoto de Lisboa de
1755 danificou não só a ermida mas também o Convento, embora
a ermida tenha recebido durante algum tempo o sacrário com o Santíssimo
Sacramento, enquanto se procedia à reparação da igreja matriz da vila.Em 1834 com o decreto de extinção das ordens religiosas em Portugal e a nacionalização dos respectivos bens a Quinta da Trindade passou a integrar a Fazenda Pública, tendo sido vendida em hasta pública ao conselheiro Joaquim Inácio de Lima que introduziu alguns melhoramentos e continuou a sua exploração agrícola.A ermida desapareceu no sentido de religiosidade, como tantas outras no concelho na sua maioria no século XX. A poente encontrei uma ruína , pode ser da antiga ermida da Boa Viagem, por ainda apresentar uma cúpula .
O jardim conta com várias espécies de árvores exóticas, das quais se destaca um dragoeiro com idade de cerca de 200 anos, uma árvore-borracheira de grande porte e palmeiras das Canárias, entre outras espécies.
Em 1908 estava na posse de Manuel Martins Gomes Júnior, conhecido como o «Rei do Lixo» dono de outro com torre acastelada em Coina para avistar outra propriedade em Alcácer do Sal, chamou a si a reconstrução do solar apalaçado e construiu ainda uma estrutura mais pequena de planta quadrada, semelhante a um pequeno castelo e por isso chamado de «Castelinho».
Por todo o edifício podemos encontrar exemplares representativos dos mais diversos géneros e tendências decorativas e significativo património azulejar, além de restos de estatuetas de Conventos, Mosteiros e Igrejas que ficaram abandonados após a extinção das Ordens Religiosas em 1834, e que Martins o «Rei do Lixo» recolheu e aplicou nesta Quinta da Trindade.
Interessante constatar o gosto pelo património antigo na sua procura e aquisição na mesma atitude lembro o Dr Bacalhau, umas décadas mais tarde comprou as pedras da casa que foi do Gulbenkian onde se fez o Hotel Sherton, para na sua terra na serra do Espinhal em Miranda do Corvo realizar um sonho que a morte o surpreendeu antes da obra finalizada.
"Percorrer os dois andares do edifício principal da Quinta da Trindade é, ao mesmo tempo, fazer uma viagem pela história da azulejaria em Portugal. Trata-se de um espólio riquíssimo, de cerca de 8000 azulejos, com uma abrangência cronológica bastante ampla.
Na quinta dos finais do século XIV encontram-se azulejos hispano-árabes do século XV, enxaquetados do século XVI, azulejos de padrão do século XVII, raríssimos painéis de transição da policromia para os azulejos azuis e brancos dos finais desse mesmo século"
Na frontaria um painel com o topónimo da Quinta da Trindade,da fábrica Lusitânia, já do século XX.
Na frontaria um painel com o topónimo da Quinta da Trindade,da fábrica Lusitânia, já do século XX.
"De origem, o palacete tem pinturas setecentistas com elementos arquitetónicos de várias épocas, e uma sala com teto de madeira policroma, no
espaço que se julga ter sido uma pequena sala de leitura do Convento, com cenas
mitológicas da «Concórdia e Discórdia», e que foi restaurado após a posse da
autarquia. Merece ainda destaque os exteriores com elementos diversos, como um brasão pertencente à família Noronha."
Um pombal octogonal(?)
Depois da morte do «Rei do Lixo» o palacete passou para a posse da filha, Cibele Martins Gomes Duarte.Segundo o comentário de Sérgio Montez a CMS veio depois a comprar a quinta a outros particulares e o PS teve usufruto em 1975, já com o edifício residencial classificado como Imóvel de Interesse Público (1971).
Derrube de uma antiga fábrica que estava adossada ao palacete.
Curioso as telhas terem sido fabricadas na fábrica de PALENÇA, na margem sul do Tejo, talvegue do Vale de Palença (Almada)
MasterplanPalacete
Onze condomínios fechados
Centro de estágio do Benfica
"Em 1982 iniciam-se os primeiros estudos para o processo de urbanização desta zona. O projeto urbanístico final – da autoria do gabinete Pedro George e Associados – conduziu a que uma parte da Quinta (a que encerra o jardim e o edifício residencial) fosse municipalizada e integrasse Ecomuseu do Seixal. A restante área destinou-se a múltiplos usos, entre eles, o Centro de Estágios do Sport Lisboa e Benfica, a futura Cidade Desportiva do Seixal, um empreendimento residencial homónimo – constituído por vários quarteirões, zonas comuns para praticar desporto, ciclovia e áreas privativas para cada quarteirão que incluem parques infantis – para além de vastos espaços verdes e de interacção com o Rio Tejo e o esteiro de Coina."
Citando http://a-sul.blogspot.pt/
"Quantas crianças desfavorecidas têm frequentado o Centro de Estágios do Benfica ao abrigo do protocolo que permitiu a instalação daquela estrutura e de mais 24 hectares de construção em terrenos parte reserva Agrícola e Ecológica?"
Citando http://a-sul.blogspot.pt/
"Quantas crianças desfavorecidas têm frequentado o Centro de Estágios do Benfica ao abrigo do protocolo que permitiu a instalação daquela estrutura e de mais 24 hectares de construção em terrenos parte reserva Agrícola e Ecológica?"
A câmara dona do imóvel devia sem demora proceder à limpeza em redor, murar como deve ser, dando vida ao palacete, restaurar o pombal e a ermida para visitas e uma parte do solar apalaçado a ser explorada como hotel de charme (?) aproveitando a vizinhança rica do Benfica , algo que dê lucro para as despesas de manutenção de todo o espaço, e assim dignificar o local pela beleza idílica na frente da capital em chamar o turismo por estar enquadrada numa urbanização de luxo, sendo o luxo a excelência paradisíaca das águas calmas do Tejo e dos seus emblemáticos moinhos de maré em franca agonia como a emblemática estação de caminho de ferro que deveria voltar a ter vida...
O Seixal tornou-se um misto de aberração construída após o 25 de abril com desprezo pelo património herdado e o novo como o Mercado, modelo sem estética, nem vida, a morrer...
Tendo a vila e hoje cidade recebido uma herança de quintas solares e palacetes como outra igual é difícil atestar onde ainda proliferam esqueletos de fábricas e casario em abandono...
Acompanho de longe a evolução positiva da viragem lenta na requalificação da quinta da Fidalga em que a renovação da frente ribeirinha me deixou triste pelo abandono do jardim onde tanta vez levei a minha filha para brincar e ver os patos no lago - lugar de emoções e afectos, e o ver transformado em parque verde...A mudança implica atenção no fiel da balança em dosear o peso do passado e o futuro onde a atenção e valorização do património deve manter o equilíbrio estético na paisagem, e claro as acessibilidades , para mim o maior busílis.
Em 28.02.2019 o comentário de Sérgio Montez -actualmente o espaço é conhecido como arquivo histórico do Ecomuseu mas será no futuro um hotel , afinal a mensagem que deixei quando escrevi a crónica em outubro de 2015...
Fontes
Wikipedia
http://www.cm-seixal.pt/
http://www.quintadatrindade.com/
Já olhei vezes sem conta para este palácio, e imaginei um hotel ou uma quinta capaz de organizar grandes eventos. Se tivesse o apoio da Camara Municipal adorava investir nesta magnifica obra de arte. Cumprimentos, excelente artigo. PGandara
ResponderExcluirMuito obrigado pela sua resposta. O potencial do imóvel é comparável a qualquer monumento nacional em Lisboa. Infelizmente quem tem vontade para fazer algo não tem capital para investir. Como seixalense que sou, vou tentar investigar um pouco mais sobre o imóvel. Qualquer novidade que tenha pode entrar em contacto para o meu email gandarap@gmail.com. Mais uma vez obrigado e boa sorte com as suas coysas e tralhas velhas. Cumprimentos
ResponderExcluirCaro Pedro Gandara, quando vi o seu comentário tinha acabado de fazer uma crónica sobre a Torre de Coina, e precipitei-me ao responder sobre ela e afinal é a do Seixal...O imóvel foi na mesma do "rei do lixo" que uma filha doou ao partido socialista e este à câmara. Na crónica deixei claro a urbanização da quinta da Trindade com o campo para o Benfica, apartamentos e as contrapartidas que deveriam ter sido feitas e não foram...só a Câmara lhe poderá dizer o que tenciona fazer com o imóvel e a disponibilidade para a sua recuperação.
ResponderExcluirVou enviar-lhe por email esta informação
Isa
Cara Isa,
ExcluirTenho muito interesse em saber o que a autarquia de seixal pretende fazer com o prédio da Quinta da Trindade. Um hotel de charme?
Como você disse, só a autarquia pode dizer.
Vc poderia me dar o site da autarquia para que eu entre em contato e encontre resposta?
Grata Irene Martins
Cara Irene Martins
ExcluirObrigada pela cortesia da visita. Sobre a sua pergunta desconheço o que a camara do Seixal tenciona fazer do palácio.O Pedro Gandara no seu comentário acima referenciou que se tivesse apoio da autarquia poderia investir num hotel ou na quinta, do que dela sobrou, para grandes eventos. Entre em contacto com o Espaço Cidadania: dias úteis, das 9 às 12.30 horas e das 14 às 17 horas - telefone 212 276 700 ou email cm-seixal.pt
Peço desculpa mas o PS não doou nada à CMS. A CMS comprou a outros particulares. O PS só teve usufruto.
ResponderExcluirCaro Sérgio Montez bem haja pela cortesia da visita e pela partilha de informação . Não tem nada de pedir desculpa, apenas escrevi o que retirei da net, a CMS é que deveria quanto a mim se mostrar mais transparente e no seu site ter essa informação . Fica sem se perceber a razão do PS ter tido usufruto, sem se saber agora já não o tem? Já alterei a crónica. Obrigado.
ExcluirQuanto ao que a CMS pretende fazer com o espaço é conhecido que o mesmo é actualmente o arquivo histórico do eco Museu mas será no futuro um Hotel.
ResponderExcluirCaro Sérgio Montez na sequência do outro comentário agradeço a informação que corrobora a mensagem que deixei escrita em 2015, e se olhar à forte visualização da crónica faz pensar que a ideia do hotel se tenha inspirado nela...
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