sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Voltar sempre a muito gosto ao Alvorge, em Ansião.

Vinda de Santiago da Guarda prestes a chegar ao Alvorge
Pedi ao meu marido para abrandar a marcha e armada de olhos bem abertos na procura do monumento iconográfico de raiz popular na fé cristã - "Alminhas" na sala de visitas a poente do Alvorge. Em 2015 ou antes, quando o distingui isolado no meio da estrada pelo rasgo da nova acessibilidade para o Vale Florido.Na altura não a fotografei e disso fiquei com imensa pena, debalde, jamais  pensei que desaparecesse, ou não, e foi guardado - diga-me quem sabe. Desesperada olhei em todas as direções e constactei uma construção nova em formato semi circular, moderno, a imitar  "Alminhas" no gaveto do  antigo segundo hospital  da Misericórdia, e agora Lar de cuidados continuados. Saltou-me  hediondo dilema, será possível  que foi ponderada a sua substituição?Não apreciei a obra, nem a fotografei pela vulgaridade da qualidade dos azulejos, em detrimento de um belo painel azulejar e não banal, desculpem a franqueza, e por isso de parco valor em prol da suposta irremediável perca de  monumento histórico e cultural, ali erigido, em local estratégico para  aparentemente ninguém o ter valorizado ou quis preservar, ou o foi? Porque há anos, na estrada de Pousaflores, ao entroncamento de Lisboinha com o Pereiro, outro assim igualzinho e pelo mesmo  motivo de alargamento da estrada acabou por ser trasladado para a outra berma e lá continua ...O que se constacta no concelho? Dois pesos e duas medidas sobre a preservação de património cultural. O projecto da abertura da nova acessibilidade devia vir à baila para se ter conhecimento do que o projectista decidiu sobre o destino do monumento, sim, porque não o podia ignorar, estava no meio do caminho...Quando surgem dúvidas e é  bom sinal existirem, o certo passa por serem dissecadas, em última instância pedindo conselho ao Pelouro da Câmara, enquanto órgão mãe, a obrigação de estar assessorado por  panóplia de  gente com visão, estética, conhecimento e cultura abrangente sobre o todo do concelho!
O segundo hospital do Alvorge , hoje Lar de cuidados continuados

Cruzeiro do Alvorge com terminus em trevo
Escola Primária
Nesta casa de gaveto vivia a primeira criada que tomou conta de mim, a Helena tinha 14 anos...
Um olhar na envolvente
Um prédio novo não colide a meu ver com o património histórico da vila do Alvorge que deve ser mantido...há poucos anos uma casa por aqui com uma janela de avental foi perdida.
A glicina deve ser antiga, a única espécie, a desta cor roxa que se aguenta em qualquer terreno.
Os candeeiros de braço em ferro forjado a engalanar o centro histórico.
A placa toponímica pequena para um grande apelido com raiz no Alvorge na avó do poeta e médico Fernando Namora
O reboco velho da parede a pedir ser descascado e de novo rebocado e caiado  para se engrandecer com a vila...Recordo uma amiga da minha irmã, colegas no Preparatório em Ansião, de apelido Namora, vinda do Ultramar depois do 25 de abril. A  chegou a convidar para ir ao Alvorge.
Antiga aldraba...
Vista sobre as cumeadas a nascente
A vila abre-se em harmonia com os candeiros de braço  em ferro forjado...
O muro na sala de vistas do Alvorge a nascente,  a necessitar de ser caiado...
Conselheiro Abílio Duarte Dias de Andrade  
No Tribunal da Relação de Coimbra com mandato 1938  e fim  1940
                            
Os meus postais que comprei em Évora na feira de velharias
Sr Bonito, disse-me - escolha aí o que quiser,   escolhi estes com apelido Freire d'Andrade, por me lembrar de uma amiga a Dra Maria Andrade, a sua avó  dos lados de Penela ao limite do Alvorge. 


Cortesia de Henrique Dias
António Manuel Freire de Andrade
É certamente o Farmacêutico nascido no Alvorge em 1823, que à data destes postais teria cerca de 72 anos. E o Adriano e o César ali referidos eram seus filhos, e com estes dados conseguirá por certo compor melhor a história. 
Veja o Grupo Familiar:
Grelha a estudar dos seus descendentes
No Livro Alvorge Terra Alta de Jaime Tomás
Nada se refere sobre este farmacêutico, nem de nenhum.
Em Ansião o apelido Andrade, existiu pelo menos na centúria de 800, mas perdeu-se.

                             Vistas sobre os Outeiros
Das ruas e becos avistam-se os outeiros e cumeadas
Um telheiro  de belas e antigas colunas em pedra abrigado por encanastrado de tabuinhas a lembrar um caramanchão, em Ansião ainda recordo d eum assim, as tabuinhas em verde...
Excerto retirado da Página do Facebook do Centro Etenográfico do Alvorge
"(...) Desde 1984, data da fundação do Centro Social, Cultural e Recreativo de Alvorge, tem a sua secção cultural vindo a fazer uma recolha do património etnográfico da freguesia do Alvorge com vista à sua preservação. O espaço, na sede da associação, reservado para a conservação do material recolhido, tornou-se insuficiente a ponto de já não ser possível comportar mais peças. Colocou-se então a necessidade de encontrar um local, com condições dignas e espaço suficiente, para colocar o espólio existente e proceder a uma exposição permanente do mesmo.
Essa oportunidade surgiu quando se encontrou para venda um edifício em ruínas, situado no centro histórico do Alvorge, com interessante historial, do ponto de vista cultural, merecedor de uma reconstrução, pois, embora sem dados documentais que o comprovem, é voz corrente que o mesmo edifício serviu como prisão e como celeiro da Universidade de Coimbra.
Ora, se recordarmos que o Alvorge foi julgado da Comarca de Coimbra, nos princípios do séc. XVI, com juízo próprio e que em finais desse mesmo século, as terras do Alvorge, que pertenciam ao convento de Sta Cruz, passaram para a Universidade de Coimbra, será fácil acreditar que essa convicção popular, relativamente à antiga utilização desse edifício, seja real.
Perante estes factos, foi decidido, em 2010, adquirir o citado imóvel, procedendo-se agora à instalação do Centro Etnográfico do Alvorge, cuja exposição permanente abrangerá variados aspetos da vida quotidiana das gentes Alvorgenses ao longo dos anos.
Um projeto, um sonho, um caminho de muitos, preconizado pela paixão e dedicação de um Homem Grande, mas que será certamente de todos, e para todos!

Venham visitar, vão ver que vale a pena!
Quando passei estava fechado.
Deram-me o contato de uma senhora que mora defronte, chamei, chamei, debalde só o cão ladrou...
Debalde, vim embora sem ver, apenas espreitei pelas janelas!
Recriando essencialmente a vida rural do Alvorge até à década de 70 
O espaço está organizado em ambientes que retratam os ofícios e as lavouras bem como os espaços das casas rurais e instituições. Pretendeu-se proporcionar aos visitantes uma viagem no tempo com recriações do modo de vida quotidiano.
Grades da antiga cadeia do Alvorge do século XVI
Espólio visto da rua
Encontrei este gato no beco...
Dei  conta do comedouro, um prato de plástico, mas sem comida, por isso miava...
Porque razão o Garfo mereceu atenção na toponímia? Enxertia por garfo? ou garfo de comer ou? 
Vistas a perder de vista
Janela antiga de casa pobre, o rebate em xisto
A típica argola de prender os animais, burros e cavalos
No adeus ao Alvorge por terras de Santiago da Guarda
Fotos tiradas em movimento no adeus ao Alvorge!

Mostra-se necessário haver gente com olhar peculiar para nos falar da cultura e da historia dos nossos avoengos, para melhor nos identificarmos o que foi a sua vida e o seu  passado, que muito nos deve engrandecer em mais cultura. De facto as minhas primeiras memórias do Alvorge são iguais a outros em muita viagem para Coimbra e de volta a Ansião, com passagem na vila, na carreira do Pereira Marques, a que acrescento a boa memória das criadas que me criaram, do posto telefónico, lamento já não recordar o seu nome, do carteiro Ferrete e da padeira do Alvorge, mulher linda de cara alva e bom pão, o vendia na frente da igreja aos sábados em Ansião!


FONTES 
Página do Facebook do Centro Etenográfico


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